The Twilight Saga: Sunset escrita por Ludymila Leal


Capítulo 1
Acordos


Notas iniciais do capítulo

Personagens Novos:
Evelyn (Meghan Ory): http://25.media.tumblr.com/tumblr_m3vc5uKPff1rvk0sao1_500.jpg
Joseph (Matthew Settle): http://1.bp.blogspot.com/_HepcmxqtjFE/TIK5n0ttqjI/AAAAAAAAAFs/eeacqhd2qsM/s1600/82364-matthew_settle_rufus.jpg
Laurie (Jenny Garth): http://cdn.abclocal.go.com/images/otrc/2010/photos/8600819_600x338.jpg
Nate ( Pen Badgley): http://tengossip.com/wp-content/uploads/2008/12/pennbadgley3.jpg
Liberty (Michelle Trachtenberg ): http://www.whedon.info/IMG/jpg/michelle-trachtenberg-against-the-current-movie-2009-sundance-photoshoot-hq-05.jpg



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Evelyn Wright


–Atenção passageiros, o comandante acionou o alerta de turbulência. Por favor, coloquem seus cintos e aguardem em seus assentos até que o alerta seja desativado.

Suspirando, eu apertei os cintos e fechei os olhos. Não por medo, mas por hábito, mera atuação ou o que quer que fosse. Nos assentos de trás, Laurie fingia dormir apoiada no ombro de Joseph e ao meu lado, Libby, sentada no meio, assistia um filme e Nate, no corredor, jogava algum joguinho em seu celular. Abrindo os olhos, encarei a janela que nos mostrava o céu noturno. Calmo, sereno. Diferente do clima de turbulência que ocorria entre os humanos dentro do avião. E da turbulência que eu sentia em meu coração há muito tempo parado.

Como o filme que Libby assistia, a história de minha vida começou a correr perante meus olhos. Desde minha transformação até o motivo que me levava até Forks.

Há 236 anos, em 1776, na França... Era onde tudo se iniciava.

Evelinne Le’Grand Gauthier, essa era a pessoa cujo eu costumava ser. Nascida no dia mais frio do ano, isso parecia até ser um pressagio sobre o resto de minhas vidas. Havíamos vivido por anos no Sul da França, mas as revoltas e guerras que ocorreram em minha juventude fizeram com que apenas eu e meu pai, únicos sobreviventes da família, e nós migrássemos para o norte, sendo abrigados por um fazendeiro gorducho chamado Berthold. Mas não de graça, é claro. A primeira condição foi garantirmos que trabalharíamos para ele, cuidando de sua fazenda, mas logo a condição mudou. Eu deveria me casar com ele.

Eu neguei desesperadamente, dizendo a meu pai que só casaria com quem eu amasse, mas com argumentos vindos de meu pai, reforçando a idéia de morrer de fome e frio fizeram-me aceitar o matrimônio. Nesse meio tempo, me pai adoeceu e Berthold colocou um rapaz para ser meu “guarda-costas”, acompanhando-me o dia todo e vigiando-me a noite. Meu noivo provavelmente queria certificar-se de que minha honra estaria a salvo, porém ele não sabia que colocando Pierre como meu protetor, estava nos sentenciando a uma paixão sem limites. A principio, eu o achava terrivelmente chato. De cara fechada e sempre sério, eu detestava sua presença, porém quando começamos a conversar sobre artes e livros, percebemos que havia muita afinidade ali. Conversávamos horas e horas juntos e após termos a certeza de nossos sentimentos, decidi que fugiria com o pálido e gélido rapaz uma semana antes do casamento. Em 1793, o casamento estava marcado para um mês após eu concluir meus 17 anos mas o que não contávamos era com a morte prematura de meu pai, uma semana após meu aniversário.

De imediato, obtive o respeito de meu velho noivo, porém, faltando uma semana para a cerimônia de casamento, o homem decidiu embebedar-se de vinho e visitar-me na casa onde eu vivia, nos fundos de sua propriedade, onde eu estava morando sozinha a essa altura. Nessa noite, Pierre havia sido “dispensado” por seu velho patrão e eu estava sozinha, costurando alguma coisa na cadeira de balanço. Sem importar-se em bater antes, ele arrombou a porta e correu em minha direção. Assustada, corri para a cozinha e busquei alguma coisa afiada o suficiente, mas o gorducho era forte o bastante para conseguir arrancar a faca de mim e levar-me a força para o andar de cima. Lágrimas agoniadas rolavam em meu rosto quando atingimos o topo da escada e a porta de entrada se abriu. Pierre havia chego lá, não sabia eu como ou porque, mas em uma velocidade assustadora, ele correu em direção de Berthold, mas não antes dele cravar a faca em minhas costas, fazendo com que eu me desequilibrasse de dor e caísse escadas a baixo. Com a visão turva e caída aos pés da escada, afundada em dores, pude ver vagamente Pierre desmembrando Berthold. Julgando ser um delírio, imaginei que a morte seria o próximo passo.

Eu estava errada.

Pude sentir a faca sendo arrancada de seu corte profundo e um vento rápido em meu rosto depois de vislumbrar a casa em chamas. Quando o vento cessou, eu estava em meio a floresta escura e fria, mas algo estava errado. Eu estava queimando.

Chamas por dentro de mim, em cada vaso, cada veia, cada artéria... Cada milímetro de meu corpo incendiava, aparentemente sem chama alguma em meu corpo. Tudo que me fazia acreditar que aquilo não era um sonho era a nítida voz de Pierre pedindo-me perdão.

Após cansar por implorar a morte, eu me calei, afundando minhas unhas nas palmas de minhas mãos até as mesmas sangrarem... Mas logo isso parou. Eu não sangrava mais. Não respirava mais. Meu coração não batia.

Eu havia morrido.

Era o que eu pensava.

–Evelinne?

A voz de Pierre fez com que eu abrisse meus olhos para um mundo novo onde cada detalhe era nítido, cada cheiro era extremamente forte, cada marca era incrivelmente perceptível.

–Bem vinda a sua segunda e eterna vida.

O tom dele, apesar de brincalhão, era sério.

Eu havia me tornado uma vampira.

Pierre explicou-me tudo quando me vez encarar minhas novas e vermelhas íris no espelho. Chocada com a beleza alarmante diante de meus olhos, ele me ensinou a caçar animais, sua fonte de alimento, explicando-me que haviam outros de nós e que se alimentavam de sangue humano.

Os meses foram se passando e eu aprendi a conviver em sociedade, sem querer atacar ou matar ninguém. Havíamos abandonado a França após a morte de Berthold em um incêndio sem explicações e partido para a Alemanha e em seguida, Estados Unidos, sem saber ao certo onde estávamos, Vivíamos felizes, fingindo ser humanos quando necessário.

Éramos completos e felizes, apesar da eterna sobrevivência forçada. Foi ai que fomos atacados.

Era noite. Caminhávamos tranquilos quando um bando de cães nos atacou. Pensamos em ficar e lutar, mas eles eram nove lobos. Enormes lobisomens querendo nos devorar.

Foi ai que Pierre me fez correr. Disse que eu deveria correr o máximo que pudesse e que não olhasse para trás. Tentei contrariá-lo e lutar, mas o olhar que meu amado me lançara fora tão marcante e suplicante que não pude simplesmente desobedece-lo. Eu parti, mas não antes de arrancar a cabeça de dois lobos. Eu conseguira mordê-los instintivamente e acabara descobrindo o quão letal meu veneno era. Dias depois, buscando por meu parceiro, pude sentir seu rastro e tudo que encontrei foi um monte de cinzas. Os lobos sabiam como nos matar e naquele momento, eu jurei vingança eterna aquela raça miserável.

–Tudo bem, Eve?-Joseph indagou, retirando-me de meus pensamentos.

–Ah, hm... Sim, tudo.

–Ansiosa pelo restaurante, querida?-Laurie indagou. Os dois estavam sem os cintos, inclinados sobre minha poltrona.

–Extremamente.-menti para agradá-los.

A minha mentira pareceu convencê-los a ponto de voltarem a seus bancos e eu a meus pensamentos.

Dez anos depois, Joseph fora o primeiro vampiro com quem eu havia socializado depois de Pierre. Se eu estava congelada em meus eternos 17 anos, Joseph congelara-se em seus 34 anos. Eu o havia transformado em 1803. A casa do jovem cozinheiro havia sido atacada por ladrões que mataram sua noiva grávida e ele estava sendo espancada quando eu senti o cheiro de sangue fresco. Imediatamente, ataquei os ladrões, quebrando seus pescoços sem piedade ao perceber a maldade que havia sido feita alí. Só então percebi que Joseph estava vivo e encarando-me assustado. Minhas opções eram mata-lo ou trasformá-lo. A principio, a primeira opção seria a mais viável, mas ao ver aqueles olhos carregados de dor e choque, não pude fazer outra coisa a não ser mordê-lo.

Três dias de intensos gritos e xingamentos me fizeram arrastá-lo para longe da sociedade e pronto, quando a fase terminou, eu pude me apresentar a ele como Evelyn, sua criadora, e treiná-lo, ensinando-o a jamais “comer humanos”.

Passamos mais alguns anos assim, apenas os dois, porém Joseph apaixonou-se por uma nômade que encontramos vagando em Roma. Laurie, uma loura usado roupas brancas sujas de sangue e terra encontrou-nos e após encantar-se com Jospeh, ela uniu-se a nós em 1807, com três anos de criada, transformada aos 32, contando sua história. Havia sido mordida e drenada, mas não totalmente, já que dias depois, com a transformação completa, Laurie tornara-se uma imortal.

Vendo que estávamos nos expandindo, estabeleci a lei de que não traríamos mais ninguém para nosso clã, mas 15 anos depois, em 1822, na última noite de nossa temporada na Europa, Laurie nos confidenciou que em sua vida humana, havia sido casada e tinha um filho vivo, chamado Nate. Ironicamente, o jovem de agora, 18 anos, ainda vagava pela cidade em busca da mãe enfermeira que desaparecera sem explicações. Nessas buscas, ele havia sofrido um acidente de carro e estava preso nas ferragens do carro, pronto pra morrer. Eu mesma acabei sentindo o cheiro do sangue ali perto e fui acompanhada dos dois. Assim que encontramos o carro e o jovem, Laurie não sabia o que dizer, portanto eu não pude dizer a ela para deixar o filho morrer ou transformá-lo e cai fora com ele. Laurie pediu-me para transformá-lo e assim, ele se tornou o quarto integrante do clã Wright, afinal, era o sobrenome de Joseph, o chefe da família para todos os efeitos.

Permanecemos anos assim, convivendo “tranquilos” por mais 27 anos, até que em 1848, durante uma de nossas caçadas, Laurie sentiu-se extremamente atraída por sangue humano e logo encontramos a fonte do odor.

Uma jovem em cima das pedras, totalmente ferida, mutilada e a beira da morte.

Mas seus olhos... Ah, seus olhos! Eram exatamente iguais aos de Vivienne, minha irmã caçula já falecida. Então, não pensei muito e a mordi, trazendo Liberty, a mais nova e última integrante do clã. Libby, paralisada aos 16 anos,era de uma família bastante rica e com a morte dos pais, ela saira pelo mundo em busca de aventuras radicais, até as cordas de seus equipamentos arrebentarem e ela cair sobre as pedras, machucando-se letalmente.

–Acho que logo chegaremos.-a própria Libby me cutucou no avião e eu a encarei.

–Sim, logo logo.-respondi sorrindo.

Agora estávamos indo para Forks, após meses de negociação e ajustes, havíamos comprado uma bela casa e um restaurante na cidade graças a gorda herança de Libby, o dinheiro de Berthold que eu roubara sem pena, as economias de Joseph, a enorme conta bancária do falecido marido de Laurie e a extrema inteligência de Nathaniel, -seu dom, como eu julgava- para calcular e prever os números da loteria, as ações nas quais deveríamos investir e bingo, lá estávamos nós, ricos e felizes. Fixaríamos moradia, teríamos um “negócio” na família e agiríamos como seres humanos em uma cidade quase sem sol. Era perfeito.

Essa era a versão publica, contada a meus familiares vampíricos, mas havia uma longa história por trás. História essa, embasada nos Volturi.

Como todo e qualquer recém-nascido, Liberty tinha muitos problemas de se adaptar a dieta vegetariana. Além de Laurie, em nosso clã, ela era a única que havia provado sangue humano um dia. E ela havia adorado.

Libby fugira de nós por meses, caçando desenfreadamente. A principio, deixei-a de lado mas aqueles olhos me impediam de abandoná-la, então em uma noite, quando estávamos na região da Toscana, na Itália, Libby atacou uma mulher em praça pública, expondo nossa raça.

Sete humanos presentes viram, mas não antes que eu os silenciasse, quebrando seus pescoços, contragosto. Estávamos prestes a sair dalí, levando pertences das vítimas para simular um assalto quando uma figura andrógena surgiu vestida de negro. Uma vampira, sem dúvidas, devido a suas íris carmesins, pele alva e “cheiro próprio de nossa espécie”. Nós duas a encaramos por alguns instantes, até vislumbramos o semblante sem expressão da pequena garota que nos encaravam.

–Aro não vai gostar nada disso.-ela sibilou e só então percebemos que ela falava com dois vultos atrás de sí. Dois homens igualmente trajados de mantos negros.

–Sigam-me.-a menina disse mas eu nem ao menos me movi.

–Uma ova que a seguiremos.-segurando minha mão como uma criança assustada, ela tentava me puxar para sairmos dali, mas eu sabia que se nos movêssemos seria pior.

Como se lesse meus pensamentos, a garotinha encarou a nós duas e imediatamente caímos no chão, sendo atingidas por uma onda de dor que eu jamais havia sentido, nem quando humana.

Então a dor passou. E a garota foi ao chão sob os olhares chocados dos homens atrás dela.

–Essa é a minha surpresinha.-sibilei a ela que se contorcia no chão e deixava Liberty em paz. Os dois homens moveram-se para nos atacar, mas eu já havia captado o dom dela. Já havia entendido como os mesmos funcionavam e como o bom espelho que eu era, tratei de refletir e irradiar a dor que anteriormente me fora causada.

Logo os dois estavam no chão e eu e Libby nos preparando para correr, mas em questão de segundos, a fulga foi cancelada. Estávamos cercadas. Cercadas por mantos negros.

–Tragam-nas para mim, amigos. Sem machuca-las. Uma voz fria, porém pacífica congelou o ar a nossa volta. Forcei minhas vistas e logo encontrei o dono da voz, escondido na escuridão dos becos da praça do Palazzo dei Priori. Enquanto eu tentava vê-lo, fomos levadas como prisioneiras até a entrada do que eu julgava ser, a moradia dos vampiros de preto. Depois de alguns minutos, passamos por uma espécie de túnel escuro e subterrâneo, chegando por fim ao que parecia um salão real com três tronos. Dois estavam ocupados e um logo foi ocupado pelo vampiro que havia impedido que fôssemos executadas.

Aro, eu descobriria mais tarde. Um ótimo leitor –eu diria até mesmo vasculhador- de mentes que conseguiu ler a mente de minha irmã e entender tudo. O que ele não contava era que eu leria a dele e verbalizaria seus planos, contando a todos que ele na verdade, planejava matar-nos, porém meus dons agora lhes eram úteis, então ele mataria minha irmã e tentaria ficar comigo, por isso, eu lhe fiz uma proposta: se ele liberasse minha irmã e jurasse que jamais faria mal algum a minha família, eu me juntaria a ele.

–Temos um acordo. Jane...-ele sibilou, mandando a garota baixinha levar Libby para fora que se pudesse chorar, estaria se debulhando naquele momento.

Após isso, eu fiquei dias, semanas, talvez meses ou anos em uma das câmaras dos Volturi, parada, como uma estátua.

Estar com eles era estar morta.

Todos os dias eles me jogavam um humano ferido, querendo que eu drenasse o mesmo, mas tudo o que eu fazia era quebrar-lhes o pescoço e livrá-los da dor. Havia se tornado um costume, então eles me castigaram, não oferecendo-me mais nada.

Passei um bom tempo parada, sem me mover um centímetro. Em uma das visitas de Aro, antes que ele partisse, usei seu dom contra ele próprio e o aticei, segurando-o por sua canela e impedindo-o de sair da espécie de masmorra onde eu me encontrava.

–Lembra-se dos Romenos? Vladimir e Stefan? Você ateou fogo nos castelos deles, não foi... Bem, eles estavam quase petrificados por se acharem tão dignos da realeza que não se moviam... Experimente me deixar mais um mês assim... Fraca, sem alimentos, sem sair daqui... Vai perder sua arma poderosa.

Isso foi o suficiente para que todos os dias ele enviasse um de seus servos para me alimentar, levando-me animais diversos.

Até que um dia, Sulpicia Volturi, sua esposa o fez. Quando toquei nela, li seus pensamentos e vi que ela queria conhecer-me e falar comigo há tempos. Ela havia escutado falar sobre a história da vampira que sacrificara-se por seu clã, o qual se referia como família.

E seu sonho era ter uma filha.

Ótimo.

Acabei por aproveitar do lado sensível de Sulpicia e todos os dias, ela estava me visitando. Até convenceu Aro a dar-me um quarto decente e lá, passávamos horas conversando.

Um dia em especial, ela veio com muitas histórias sobre um Clã em especial. Os Cullen.

–O vampiro apaixonado pela humana que morreu e agora quer que Aro o mate.-ela me contava enquanto escovava meus cabelos.

–Trágico.-murmurei enquanto lembrava-me de Pierre.

–Ele é filho de um amigo de Aro. Eles são do tipo de vampiros que acreditam em famílias, não em clãs.

–Como eu.-ainda sem emoção em meu rosto, eu murmurei, fazendo-a parar com a escova.

–Oh querida... Eu sinto muito, não foi o que eu quis dizer...-se fosse possível corar, ela estaria totalmente ruborizada naquele momento.-Na verdade, eu os invejo. Você e sua família, os Cullen... Eles tem algo que não temos.-ela admitiu.

–Não somos unidos por interesse, existe carinho.-expliquei a ela que apoiou as mãos em meus ombros.

–Eu sempre quis ser mãe.

–Você é minha mãe... Uma delas, de um jeito ou de outro.-tocando as mãos gélidas em meus ombros, eu disse, lhe despertando um sorriso.

Horas depois, eu e ela descobrimos que o rapaz e a humana, cuja viva, haviam sido liberados por Aro sob a condição que a garota fosse transformada e Sulpicia saiu de meu quarto, orgulhosa do esposo.

Foi ai que minha missão teve sua base.

Meses depois, agora que eu havia ganho a liberdade de andar pelo “Palácio Volturi”, com a desculpa de me habituar a meu novo clã, eu pude perceber uma movimentação maior que a costumeira.

–Algo está acontecendo?-indaguei a Renata, a qual Sulpicia havia se referido como escudo de Aro.

–Alguns membros da guarda estão viajando.-ela respondeu-me seca.

–Por que?

–Parece que há um exercito de recém-criados sendo criados em Seattle. Nada de grave, mas vamos averiguar.

–Vamos não. Eles vão, você e eu estamos ficando, inútil.-alfinetei-a antes de voltar a biblioteca.

Semanas depois, houve uma reunião da “guarda principal”, na qual eu estava presente, sentada ao lado de Sulpicia. Na reunião, a pauta era os Cullen, sua falta de respeito e graças a Jane, a andrógena garota que havia contado há pouco que a tal Bella continuava humana.

Então a missão foi designada. Jane havia tido a idéia.

Ela pensara e compartilhara com Felix, então ela fez Aro mostrar-me em suas lembranças Alice Cullen e seu poder extremamente fascinante de ver o futuro.

–Ótimo, sua missão agora é conseguir bloquear as visões dela.

Como se fosse fácil.

Foram semanas de prática cega, afinal como eu saberia se estava ou não funcionando?

Então Jane teve a idéia mais arriscada e genial possível.

Ela escreveria sua idéia em um papel e mostraria a Aro enquanto o atacava, para que ele pensasse em sua dor e não no plano, porém ele lutaria contra as dores para aprovar a idéia, sem desconectar-se dos pensamentos doloros.

Foi, sem dúvidas, maravilhoso vê-lo contorcendo-se de dor.

Mas na folha onde Jane escrevera sua idéia, estava um trêmulo sim, assinado por ele.

Eu deveria partir para Forks e permanecer disfarçada, se preciso, fingir-me de amiga. Isso, claro, porque eu podia manipular os próprios dons do famoso leitor de mentes, Edward Cullen, e fazer com que eles não vissem perigo em mim.

Então, se até o prazo marcado no calendário dos Volturi, escolhido por Jane e aprovado por Aro, eles não a transformassem, o casal seria levado a Volterra e eu deveria executá-la e Felix executaria Edward. Sem contar que deveríamos trazer a tal vidente Alice conosco, como um presente para Aro.

–Eu aceito, mestre.-Felix disse imediatamente e todos voltaram seus olhares a mim, esperando uma resposta também positiva. A resposta veio, mas acompanhada de alguns detalhes, quase que exigidos.

–Minha família virá comigo. Será mais fácil deles acreditarem que estou em missão de paz e que não farei mal a tal humana.

Os dois grandes, sem Aro junto, que estava sendo vigiado pela Cullen, se entreolharam e a resposta veio de Caius, carregado de raiva.

–Faça o que quiser, mas execute sua missão. Uma falha e sua família pagará.

Engoli o veneno que acumulou-se em minha boca e o encarei, superior.

–Se a missão for executada com perfeição, estarei livre?-indaguei. Caius preparou-se para negar, mas Marcus colocou-se de pé.-Se nos resolver esse problema, terá sua liberdade, minha cara... Mas sempre haverá a possibilidade de a recrutarmos para alguma tarefa, mas de fato, poderá viver longe de nós.-quando ouvi a resposta, sorri exultante, mas logo me contive ao ver a reação tristonha de Sulpicia,

–E se a missão falar? Por minha culpa... Ou por Felix?

–Se por sua culpa, ele lhe sentenciara como bem escolher... Se ao contrário, você fará dele o que desejar.

–O que desejarmos?-Felix arqueou as sobrancelhas, encarando-me malicioso. Eu fingi não ver.

–Perfeito.-murmurei seca.-Quando começo?

Novamente, Caius me respondeu.

–Agora.



–Chegamos!-Laurie disse animada assim que aterrissamos no aeroporto de Seattle.

–Terra firme!-Nate emendou, quase beijando o chão quando terminou de descer as escadas. Um vampiro com medo de avião. Essa é boa.

–Com medinho, Nathaniel?-Libby zombou, socando-o de leve.

–Chega de show, crianças.-Joseph disse assim que terminou de descer as escadas, colocando os óculos escuros.- O sol está vindo.

–E a tempestade também.-Nate referiu-se a mim.

–Qual parte de ficarem neutros não entenderam?

–Vamos lá, não irritem a irmã de vocês.-Laurie interviu, fazendo com que os dois fossem andando na frente e ela e Joseph, mais atrás, me acompanhavam, fazendo-me lembrar da última parte da história que havia me trazido até alí.


–Toc toc.

–Ah meu Deus!-após ouvirem minha brincadeira, simulando um bater de porta, Laurie correu humanamente em minha direção, abraçando-me como se fosse a primeira vez em séculos.

–Mamãe!-emocionada, eu murmurei trazendo-a para mim, totalmente feliz.

–Eve!-em uníssono, Libby e Nate disseram, tomando o lugar de Laurie. Primeiro, Nate me abraçou e girou-me no ar.

–Eai nerd!?-brinquei enquanto ia abraçar Liberty.

–Mas... como?-ela me indagou e eu me preparei para responder.

–Evelyn.-Joseph murmurou, surgindo na sala da pequena casa onde eles mantinham residência fixa, agora na Itália, em um campo afastado da cidade.

–Pai.

E então, um forte abraço, cheio de emoção , foi o que eu recebi. Joseph era o mais próximo a mim, com quem eu vivera por mais tempo e o primeiro membro do clã com quem eu havia criado um verdadeiro laço.

–Como conseguiu voltar?-ele perguntou, puxando-me até o sofá da sala.

–Aro viu que eu morreria se continuasse como eu estava, em uma das masmorras, sem alimento, afinal eu me negava a sugar o sangue dos humanos que eles me davam todos os dias...-contei a metade da verdade enquanto Laurie repousava as mãos no coração, cheia de dor.-Mas ai, eu conquistei Sulpicia, a esposa dele. Uma boa mulher que o convenceu a me libertar. E aqui estou eu.

–Oh meu anjo, você foi muito corajosa.-abraçando-me, Laurie me elogiava sem parar.

–Bom, o próximo passo é arrumarmos as malas.-anunciei.

–Por que?

–Estamos partindo para os Estados Unidos, para uma cidade sem sol, ideal para vampiros e longe dos Volturi.-usando meu lado melhor lado artista, contando uma mentira descabida, eu focava em proteger-me das visões pós-cognitivas de Laurie que poderia ver a reunião e colocar tudo água a baixo.

–Mas Eve...-Nate começou.

–Estamos bem aqui... O papai até trabalha em um restaurante.-Libby argumentou.

–Ah, é fácil dizer que tudo está bem... Vocês não ficaram com os Volturi por sei lá, quase dois anos. Não ficaram presos, tendo que sentir sangue humano em baixo de seus narizes, ouviram gritos de dor de pessoas que eram devoradas por eles e viram vários vampiros serem mortos injustamente!-colocando-me de pé, eu expus um resumo real de meu tempo com os Volturi.-Vocês continuaram juntos, aqui, bem... Mas e eu? Pensem em mim! Eu nos uni e estou dizendo que vamos partir agora!-irada, usando aquele tom odioso que era minha especialidade, eu gritava. Sentia-me péssima, mas aquilo era para o bem deles. Se eu não fosse, os Volturi me matariam e se eu fosse sem eles, provavelmente Aro os mataria, só para garantir que eu voltaria para eles, após a missão ser cumprida com excelência. Então, deveríamos estar juntos, Eu deveria protegê-los.

E isso eu faria, nem que fosse a última coisa de minha segunda vida.

–Nós vamos.-Laurie disse colocando-se de pé ao meu lado em milésimos de segundos.- Joseph, ela salvou sua vida, Nate, ela permitiu que eu lhe trouxesse para essa família e não que vivêssemos isolados como outros nômades. E Liberty... Se ela passou por tudo isso, foi em sacrifício por você. Para salvar sua vida, para nos poupar dessa dor... Por favor, sejam menos egoístas e vamos pensar uma vez em Evelyn.-ela chamou-me pelo nome que eu aderira com o tempo, tentando livrar-me do passado. De Pierre.

–Vamos com ela.-Joseph colocou-se de pé e em seguida, os dois fizeram a mesma coisa.

–Vamos?-sendo ironicamente compatível com meus pensamentos atuais, Joseph abriu a porta do taxi para que eu entrasse e balançando a cabeça para dissipar as memórias, eu entrei no mesmo. O táxi nos levou até Port Angeles, onde nos hospedamos por uma noite e no dia seguinte, partimos de táxi para Forks, chegando finalmente a nossa casa, escondida entre as montanhas do chuvoso Olympic Park.

–É aqui que tudo começa.-murmurei a mim mesma, encarando a casa enquanto os outros a admiravam maravilhados.

Para eles era o inicio de uma nova vida.

Para mim, era tempo de honrar alguns acordos.



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Notas finais do capítulo

Eai, gostaram? Espero loucamente que sim!
Já sabem que comentários são o que me movem, então comentem bastante! ;)