O dia se passou e Annabeth não queria comer e nem conversar, estava começando a ficar preocupada, pois minha menina nunca deixara de conversar comigo.

– Vamos, Annie, converse comigo ou pelo menos coma alguma coisa. – Pedi, pela milionésima no dia.

E pela milionésima vez no dia também, Annie balançou a cabeça negando. Estava a ponto de matar Justin, ele causara isso.

Ouvi uma batida na porta, então uma cabeça grisalha entrou no quarto.

– Srta. Broke, o Sr. Blindon gostaria de falar com senhorita. Pode deixar a Annie comigo. – disse Berta, uma senhora que cuidava de Justin desde pequeno, mas mesmo assim concordava que o que ele estava fazendo era errado.

– Onde ele está?

– No escritório.

– Tudo bem. Obrigada, Berta. – disse já saindo. – Ah, se Annie falar, me conte, por favor.

Berta deu um sorriso e eu saí. Sabia que nada de ruim aconteceria com Annie.

Chegando ao escritório, Justin estava olhando pela olhando pela janela, bebendo alguma coisa com cor amarronzada. Ele olhou em minha direção, mas eu não consegui ver o que ele estava sentindo.

– Fala, o que você quer? – perguntei, ainda encostada na porta.

– Queria saber se está tudo bem com você e com a Annabeth.

Eu fiquei de queixo, sem acreditar no que eu acabara de ouvir.

– Você está brincando comigo, não é? Porque você só pode estar. Você nos deixa trancadas no seu apartamento o dia inteiro. Annabeth não come e muito menos fala alguma coisa comigo, minha filha nunca, NUNCA fez isso comigo. Não sei mesmo o que está se passando na sua cabeça, o que você quer fazer com a gente, mas para, por favor, para. Annabeth é só uma criança, você sabe que não é o pai dela. – eu estava frente a frente com Justin. – O que você quer, Justin? Você já tem tudo.

Ele soltou um suspiro longo e passou a mão em seu cabelo.

– Não, Elena, eu não tenho tudo o que eu quero. Eu não tenho você.

– Você já me teve e você sabe qual é o final desse história.

– Eu não sei como... – Justin deixou a frase morrer.

– Não sabe como o que? Justin, me deixe entender você, porque eu não consigo.

Justin engoliu em seco e virou o rosto pra janela de novo. Ele estava segurando o copo com tanta força que eu pensei que ele ia quebrar com as mãos.

– Eu não sei como você ama ele. Elena, ele te traiu duas vezes, DUAS VEZES, ELENA! Eu sei que não fui nenhum príncipe com você, mas pelo menos o que eu fiz não se tornou noticia mundial, eu não fiz você passar tanta vergonha. Elena, - ele olhou pra mim com lágrimas nos olhos – eu posso te dar tudo o que você quer, tudo o que a Annabeth quer, você sabe. Porque eu não posso ter uma segunda chance? Porque ele pode ter uma terceira chance? Você não se lembra do quanto ele te fez sofrer? Quem estava lá na hora que você estava sofrendo? Quem te abraçou enquanto você chorava? Quem te ligava para saber se estava tudo bem? Quem, Elena, me diz quem estava lá na hora que você mais precisava?

Eu não tinha forças para falar, para chorar, para nada. Estava em choque depois de ouvir todas aquelas palavras, porque no fundo, no fundo eu sabia que era verdade.