Mais um dia da semana nasce... E cá estou na mesa com a minha Tia Miller, tomando o café da manhã. Estou exausta! Não dormi direito. Na verdade não preguei os olhos à noite passada... Fique pensando naquelas palavras do Ikuto. Será que ele ficou tão irritado comigo ao ponto de não quer mais me ver?

Balancei a minha cabeça pra esquecer isso. Fiquei encarando o meu café.

— Amu. – Chamou-me a minha Tia. – Algum problema?

— Ahn? Bem, não... Porque a pergunta? – A encaro.

— Não tocou na comida. – Respondeu ela colocando a xícara na mesa. – Se não comer. Não sairá hoje. Falando nisso... Para onde é que você vai todo Santo Dia?

— Eu... Bem... – Tenho que pensar em algo. – Ler, e rabiscar umas coisas... Hum, perto de... – Engulo em seco. – ... atrás da mansão.  Onde fica o jardim dos fundos! É lá que eu fico.

— Atrás da mansão, hein? O jardim dos fundos é onde fica a entrada  da Floresta Proibida. – Ela me olha. – Você não está indo lá, está?

— Claro que não Senhora Miller! Que bobagem! Porque eu iria? – Respondi suando frio, o que deu nela pra fazer essas perguntas? – Ahn, bom, já terminei. Então, com licença. Irei esperar o Senhor Fujisaki na sala de estudo.

Retirei-me da sala de jantar e fui direto para a sala de estudo como avisei a minha Tia. Rima como sempre me acompanhou. Entrei, e sentei-me em uma cadeira, fiquei encarando o nada. A loira falava umas coisas, mas eu não estava prestando atenção em nenhuma das palavras ditas.

— Senhorita! Senhorita!! – Rima quase grita por mim. – Faz tempo que estou a chamando!

— Desculpe-me... O que você estava falando mesmo?

— Estava dizendo que você tem que parar de ir para aquela floresta! A Senhora Miller já está ficando desconfiada... E tenho um mal presentemente sobre isso. – Falou Rima.

— Hum... Entendo. Estou te preocupando, não é? – Falei com a voz baixa. – Você sempre está cobrindo as minhas aventuras... Só vou este dia. Vou me despedi dele!

— Verdade? Graça aos céus! – Diz Rima, parecia bastante aliviada. – Você falou que quase foi roubada por umas pessoas... E o Rapaz da Floresta impediu. Bom, faz tempo que queria perguntar... Eu o conheço?

—Hum? – Eu a olho. – Ah, claro! Quando chegamos aqui. Ele é a pessoa que tentou nos roubar na carruagem quando chegamos. - Falei com um sorriso.

— O quê?! A Senhorita esta se encontrando com um ladrão delinqüente?!

— É. Até que gostei dele... Ele é chato, misterioso e resmungão, mas... Não deixa de ser uma boa pessoa...

— E sem falar que ele é agressivo! - Reclamou a loira. – Você tentou esconder, não foi? Aquelas marcas vermelhas em seu pulso!

— Aquilo é o jeito dele de me "tirar" daquele lugar... – Respondi com uma gota na cabeça. – Ele não é nada educado! Nem um “obrigado” ele me dá pela a comida que levo pra ele!

— Você gosta dele?

— Q-Que pergunta é essa, Rima? – Perguntei corando rapidamente. – Claro que não! Ele nem sequer me vê como uma garota... Só sabe reclamar, e reclamar!

— De quem as Senhoritas estão falando? – Perguntou uma pessoa com a voz masculina.

— Professor?! Fa-Faz tempo que você está aí? – Perguntei nervosa.

— Não. Acabei de chegar... Então vamos começar? – Perguntou ele com um sorriso.

— Claro!

O Nagihiko colocou a sua maleta na mesa e tirou uns livros da mesma. Abriu em alguma página e começou a lê-lo e eu notando tudo. Estava quase dormindo com isso.  E olha que nem fazia 3 horas de estudo. Rima me cutucava toda vez que eu abaixava a cabeça.

Que coisa chata! Ele falava e falava e eu não entendia nada. Não estava me concentrando direito!

— ... E então Senhorita. – Falou ele olhando para mim. – Quantos países foram descobertos?

— Hum... Bem, foram... – Fiz um esforço danado para a resposta. – Foram... Ah!! Não dá! Desculpe-me professor mais hoje não estou me concentrando para esta nossa aula. Tenho uma coisa importante para resolver. Com a sua licença.

Levantei-me da cadeira e fui direto para o meu quarto pegar umas coisas. Quando estava descendo lá estava a minha Tia com uma cara nada agradável. Ou talvez era a dela normal mesmo.

— O que pensa que está fazendo? – Perguntou ela.

— Sinto muito, Senhora Miller... – Falei abaixando a cabeça. – Prometo recuperar esta aula em outro dia...

— E pra onde pretendi ir?

— Ah, bem... Na cidade...(?) – Eu disse rapidamente, não sabendo se eu estava afirmando ou perguntando.

— Você hein. – Suspirou ela. – Igual à Midori fugindo das aulas. Bom, quero que volte cedo, teremos visitas.

— Claro. Quando eu voltar me comportarei! – Passei por ela. – Até mais Tia Miller.

Não acredito!! Ela deixou mesmo eu sair? Bom, isso não importa.

 Quando estava atrás da mansão olhei para os lados e não vi ninguém, e novamente fui para a floresta. Já não precisava mais das marcas que fiz nas árvores, agora já conhecia muito bem o caminho. A pesar de tentar inúmeras vezes sem olhá-las, e os resultados eram sempre o mesmo: Segui-las...

Bom, acho que ele não estará, já que ainda é cedo. Quando cheguei perto da árvore onde eu sempre fico, vejo que tinha umas roupas pretas e eu reconhecia muito bem de quem era. Mas, onde estará o dono delas? Ando mais um pouco pra frente perto da cachoeira vejo uma figura de um rapaz moreno de cabelos azulados de costas dentro da cachoeira se banhando. Espera aí! As roupas deles estão na árvore. En-Então quer dizer que... Ele está nu?! Quando pensei nessa hipótese rapidamente fiquei vermelha e gritei:

— AAAHHHH!! – Cobri os meus olhos dimidiatos.

— Quem... Ah, é você. – Falou Ikuto. – O que está fazendo aqui nesta hora da manhã?

— É bem... – Me virei ficando de costas para que assim não olhá-lo. – Te trouxe uma lembrança... Mas, por favor, se vista primeiro!

— Humf! Sorte é que estou com roupa de baixo. – Ele se aproximava. – Você é uma garota atrevida, sabia?

— E você é um pervertido! – Rebati cruzando os braços e com os olhos fechados fazendo um pequeno bico.

Ikuto se vestiu. Agora estamos no lugar de sempre. Eu debaixo da árvore e Ikuto em cima de uma. Retirei uma folha de papel dobrada de dentro do meu vestido e estendi para o rapaz, o mesmo ficou olhando, e em alguns segundos ele desce e pega a folha. Ele fica encarando por um tempo o que tinha nela.

— Você que fez isso? – Perguntou ele abaixando o papel e mim olhando desta vez.

— É... Faz um tempo que estava tentando te desenhar. – Sorri tímida olhando para baixo.

— Hum... Mas, alguém mais além de você viu este desenho?

—Ah, não! – Agora estava o olhando. – Porque a pergunta?

— Humf! – Ele suspira. – Você é uma idiota mesmo, né? Eu sou um ladrão, isto é um retrato meu.

— Não se preocupe, não mostrei pra ninguém...

Depois dessa conversa ficamos em silêncio, eu queria ficar. Fechei os olhos e fique calada, não queria falar mais nada. Queria ficar assim e apreciar o momento. Porém o Ikuto chamou-me:

— Ei, garota. – Eu o olho. – Definitivamente... Não te quero mais aqui!

— Hum? Como assim? – Perguntei.

— Tive problemas ontem por sua culpa. – Respondeu ele simplesmente. – Por isso essa vai ser a sua ultima visita. Se você aparecer aqui novamente, não irei responder por mim mesmo!

— Mas... – Abaixo a cabeça e penso. Eu sempre arrumo problemas para as pessoas... – Então, tudo bem. – Sorri para ele. – Ah, é! Tenho que voltar terei visita hoje. Bom... Será que dá pra você me acompanhar?

— Se isso for para me livrar de você... Tudo bem.

Levantei-me e ele também. Começamos andar pela floresta, mas não falamos nada. Quando chegamos ao final, eu virei para ficar de frente para ele, ficamos nos olhando por alguns minutos. Depois eu me aproximei um pouco e beijei a sua bochecha, eu estava corada e sem graça tanto quanto ele

— Adeus, Ikuto Tsukiyomi. – Sorrir. Então fui voltando para casa da minha Tia Miller.

Quando eu estava chegando perto da porta de entrada, acabo me esbarrando em alguém e quando o olho fico surpresa.

— Você?! — Falei.