O raio do sol que passava pela a brecha da janela velha de madeira, batia em meu rosto, fazendo com que eu me sentisse um pouco incomodada. Então, abri os meus olhos e vejo um rapaz de pé, estava de costas para mim. No momento não estava entendendo nada e nem reconhecendo o lugar. Quando ele se vira, logo o reconheci. Rapidamente me cobrir com o pequeno cobertor velho que estava em cima de mim.

— Ahn, então você acordou... – Falou ele

— Você está melhor? – Perguntei me levantando. Lembrando-me da noite passada.

— Estou... – Respondeu ele hesitando

Então me aproximei dele. Fiquei o encarando, deixando desconfortável com a situação e desviando o seu olhar.

— Mesmo? Não está mentido? – Perguntei o encarando.

— Já falei que estou bem!

Para confirmar, e ver que ele não estaria mentindo, tentei pôr uma das minhas mãos em sua testa, como sou um pouco baixa comparada a altura dele, eu tive que ficar quase nas pontas dos pés. Ikuto parecia que não queria que eu o tocasse. Tentando qualquer toque ou aproximação. Quando eu finalmente conseguir pôr minha mão em sua testa, ele segurou meu pulso, se desequilibrou e sem querer ele escorregou em um pedaço de pano que estava no chão, me levando junto a ele. Ficando por cima de seu corpo, nossos lábios estavam quase se tocando um no outro, ambos eu e ele sentíamos nossa respiração quente se misturando. Ficamos nos encarando, meu coração batia cada vez mais rápido com a repentina aproximação.

Ficamos assim por alguns segundos, assim que ele acordou do transe, me empurrou para o lado, fazendo eu despertar também. Os

— Ei, está na hora de você sair daqui. – Disse Ikuto desviando o olhar novamente..

— Por quê? – Perguntei.

— Como assim ‘por quê’ ?! – Ele me encara.  – Não se esqueça que você dormiu fora de casa.

— Ai, céus! Como fui tão descuidada? Tia Miller... – Fiz cara de choro pensando no pior. – Não quero enfrentá-la! O que direi a ela?!

Fiquei imaginando varias coisas, gritos, e todos os tipos de castigos. Virei-me para Ikuto, e comecei a bater nele – tapas leves -  ainda com cara de choro.

— Isso é tudo culpa sua! Se eu não tivesse preocupada com você, não teria dormido fora! Seu idiota, idiota! – Parei de bater nele. E suspirei.

— Você bate como uma garota. – Riu Ikuto.

— Eu sou uma garota! Arg! Isso não é hora de piadinhas... Eu estou frita, eu estou frita! 

Levantei-me e fiquei para lá e pra cá. Estava completamente desesperada! Deveria pensar em algo o mais rápido possível, alguma desculpa que aquela mulher aceite sem que eu sofra muito com as conseqüências... Então dei um "tchau" rápido para o Ikuto e sai da casa abandonada. Comecei a caminhar na vila, até que uma carruagem para perto de mim.

— Amuuu!! – Uma garota de dentro chamou-me.

— Yaya. – Me aproximei. – Yaya! Eu preciso de sua ajuda!

— O que você andou aprontando... – Perguntou ela desconfiada. – Bom, entra e conte-me tudo no caminho.

A filha da Baronesa, Yaya Yuiki. A ruiva abriu a porta da carruagem e eu entrei. Contei sobre o que havia acontecido. Deixando suas expressões faciais mais visível de como estava desconfiada com toda a minha historia.  A ruiva cruzou os braços e ficou pensativa, ela até que quase pulou quando conseguiu ter uma idéia. 

— Olhe, minha mãe viajou com meu pai. Então fiquei em casa com o meu irmão. Então eu posso falar que eu a vi na cidade e te convidei para dormir em casa, só que isso vai custar algo... – ela sorrir maldosamente.

— O que você quer? – Perguntei

— Quero aqueles biscoitinhos de leite que só a Rima sabe fazer! – Falava ela quase babando ao se lembrar do doce – Sem contar que quero a receita dos biscoitos e da torta de maça!

— Feito!

Além disso, no caminho ela ainda me pediu uma porção de biscoitos quando chegássemos à mansão. Em poucos minutos, nós já estávamos nas propriedades de Tia Miller. O cocheiro de Yaya abriu a porta e nos ajudou a descer. Respirei fundo e engoli em seco me preparando. Coloquei a mão na maçaneta e abri a porta. E dei-me de cara com minha tia, comecei a suar frio.

— Bom dia, Senhora Miller – cumprimentou Yaya saindo de trás de mim. – Como passou o Natal?

— Oh, Yaya. Passei bem... – Respondeu Tia Miller sem desviar o olhar severo de mim. - Amu, onde você passou a noite? Fiquei preocupada.

— Ahn... Bem, eu... eu passei a noite...Foi...Ahn... – Mal eu conseguia falar uma palavra sem suar.

— Ela passou a noite em minha casa. – Yaya me salvou. – Meus pais viajaram, então quando eu vi a Amu na cidade eu a chamei e ela aceitou, sinto muito por nós não mandar alguma noticia... – Explicou fazendo cara de culpada.

— Entendo. Estão perdoadas. Bom, Amu, o Tadase lhe espera na sala... Yaya sinta-se à vontade! – Disse a Senhora Miller.

— Ah, claro, irei vê-lo agora. – Eu disse

Eu e a ruiva fomos para a sala, e lá estava o loiro e a Milady Temari sentados no sofá, Rima estava atrás do sofá e quando ela me viu, suspirou de alivio. Tadase parecia estar um pouco nervoso – algo que ele não ficava. Aproximei-me e ele rapidamente se levantou ao me ver.

— Amu você está bem? Fiquei preocupado quando a Senhora Miller disse que não sabia onde você estava. – Disse ele me olhando preocupado.

— Sinto muito por preocupá-los. Mas passei a noite passada na casa de Yaya. – Sorri – Ahn, bom, vou ao meu quarto, espere só um pouco. 

Tadase voltou para o sofá e minha dama de companhia veio ao meu encontro. A loira foi preparar o meu banho quente enquanto eu escolhia o meu vestido. Peguei um amarelo clarinho com babados e fitas de ceda da cor rosa. Fui até o banheiro tirei o meu vestido vermelho e entrei na banheira. 

— Onde você estava? – Perguntou Rima. Quando eu ia abrir a boca pra falar ela acrescenta: - A verdade!

— Bem... Passei a noite com o Ikuto... – Falei um pouco despreocupada brincando com a espuma.

— Quê? Vocês dormiram juntos? Na mesma cama?!

—  É... Não!! – Dei-me conta do que ela estava falando. – Bom, dormimos na mesma cama sim. Mais não aconteceu nada. Eu juro!

— Amu, Amu, Amu! Pensei que você tinha esquecido aquele garoto.

— Mas eu o encontrei por acaso...

Terminei o banho e sai da banheira, enrolei-me em uma toalha e fui para o quarto e Rima logo atrás de mim. Ela me ajudava a por o vestido.

— Ele estava mal. Então fui ajudá-lo. – Tentei explicar. – Então ele me falou que sabia onde havia uma casa abandonada, o levei até lá, e acabei ficando. Como só tinha uma cama dormi com ele...

— Hum... – Rima finalizava o seu trabalho com um laço atrás de mim. – terminei.

Fomos para a penteadeira, sentei-me e a minha amiga pegou a escova e tentou arrumar o meu cabelo que não via um pente desde ontem a noite.

— Mas eu juro, não aconteceu nada!

— Tá. Eu acredito. Sei quando você está falando a verdade ou esta mentindo.. – A loira sorrir. 

Terminei de me arrumar. E fomos para a sala, sentei-me do lado de Yaya, a mesma me cutucou fazendo com que eu me lembrasse do nosso pequeno acordo.. Mandei Rima trazer biscoitinho com chá. A Condessa olhou para mim com seus olhos rosados brilhantes.

—Mocinha, eu quero lhe fazer um convite. Bom, para você e a sua amiga. – Falou ela se referindo a ruiva ao meu lado. – Quero que vocês vá para o Baile da Rosa em minha casa.

— Yaya vai! – Disse a garota animada.

— Claro que irei. – Respondi. – Posso levar uma pessoa comigo?

— Claro. – Disse Temari. – Ah, pode levar a sua Dama de Companhia junto. – Sorriu gentil.

Rima em alguns segundos chegou com uma bandeja com um prato cheio de biscoitos, xícaras de porcelana e um bule com chá. Colou na mesinha de centro e serviu. Yaya logo atacou os biscoitos.

— Quem é o seu amigo Amu? – Perguntou Tia Miller.

— Bom a Senhora ainda não o conhece... Mas o apresentarei no Baile. – Sorri. – A propósito, quando será?

— Daqui a uma semana. – Falou Temari. – Desta vez foram eu, Miller e a Baronesa, que é sua mãe Yaya, que o organizamos!

— Sério?! Mamãe não falou nada sobre isso. – Disse Yaya fazendo biquinho.

— Bom o chá e os biscoitos estavam ótimos, mas já está na hora de eu ir. – Falou a Milady. – Vamos querido?

Tadase e Temari se levantaram, eu e minha tia os acompanhamos até a porta. Depois voltei para sala e ficando apenas eu, Yaya e Rima conversando. Além disso, a ruiva energética estava ficando amiga de da loira baixinha, que surpreendeu muito a mesma. Já que onde eu morava minha amigas nem se quer a olhava. Yaya é sempre tagarela e engraçada. Nos divertimos muito quando ela vem nos visitar. Então Senhora Miller nem se importava com as suas visitas.

Passamos a tarde conversando. Quero dizer, com os interrogatórios das duas. Sim, eu contei sobre o Ikuto a Yaya. E acredite se quiser, ela achou fantástico sobre os meus encontros às escondidas com Ikuto.