Assim que ouviu a porta do quarto de Rachel bater, Santana pausou o episódio, recebendo um irritado “Que porra?” de Kurt, que foi totalmente ignorado enquanto a latina lutava com os inúmeros cobertores que os cobriam para conseguir alcançar o bolso de seu moletom e puxar seu celular, para finalmente desbloqueá-lo e fazer a ligação.

“Pra quem você está ligando?” perguntou Kurt, apenas para ser ignorado novamente pela latina, que estava focada nos toques de chamada. Um...dois....três...Porra, atenda! “Santana, pra quem está ligando?” tentou novamente o garoto ao mesmo tempo em que a pessoa do outro lado da linha atendia a ligação com um “Alô” sonolento.

“Shhh, ele atendeu.” sussurrou Santana. “Hey!” disse ela novamente, dessa vez para a pessoa do outro lado da linha.

“Santana?” perguntou a pessoa confusa.

“Você não sabe olhar o identificador de chamadas não? É claro que sou eu.” disse ela irritada “Enfim, não te liguei para conversarmos sobre sua incapacidade de ler um nome na tela de um celular. Se lembra do que falamos semana passada?” perguntou a latina, o entusiasmo óbvio em sua voz.

“Sim...ainda está de pé, certo?” perguntou a voz do outro lado da linha, soando um pouco preocupada.

“Claro! Essa segunda às 13:40 no Central Park, na fonte, está bom para você?”

“Claro, está ótimo.” Santana sorriu ao ouvir a resposta, fazendo Kurt sorrir também.

“Ok então, tchau.” despediu-se a latina, sem nem esperar a resposta vir do outro lado da linha antes de desligar.

“Prontinho, tudo certo para o nosso plano, agora é só sentar e esperar.” disse ela, juntando o punho com o de Kurt em um cumprimento, antes de tornar a dar play no episódio em que assistiam.

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“Deus, Berry! Eu entendo que está com saudade da Quinn, mas precisa mesmo dessa animação toda a essa hora da manhã?” perguntou Santana, segurando os ombros da baixinha impedindo-a de tornar a andar em círculos envolta dela, Kurt e Harmony enquanto eles esperavam o trem da baixinha chegar.

“O trem está atrasado.” disse Rachel pela centésima vez nos dez minutos em que eles estavam ali.

“Não, não está, você que é doente e nos fez chegar aqui meia-hora adiantados.”

“Eu tô com fome.” disse Harmony pela quinta vez, esperando que alguém finalmente desse atenção a ela e a levasse para comer em uma das lanchonetes da estação de trem.

“Harmony está com fome.” repetiu Kurt fazendo a menina sorrir, finalmente alguém a escutou.

“Tá vendo? Você vez a pobre criança sair de casa sem comer.” falou Santana em tom de reprovação, fazendo Rachel revirar os olhos.

“Ai meu Deus, Harmy! Me perdoa! O que quer comer?” perguntou a baixinha desesperada, se abaixando para poder fazer contato visual com sua filha.

“Posso comer um hambúrguer?” perguntou a menininha esperançosa.

“Harmony! São sete e quarenta e da manhã.” censurou a baixinha, fazendo Harmony revirar os olhos até que um biquinho surgiu em seu rosto, deixando Rachel em estado de alerta.

“Mas mãããããe....” começou a menina, prolongando a palavra “se não tivesse feito a gente chegar aqui meia hora adiantados, eu teria ficado mais tempo na cama, quentinha e ainda teria comido um café da manhã gostoso vendo desenho, então acho que o mínimo que você pode fazer para recompensar isso tudo é deixar eu comer um hambúrguer.” insistiu a menina, o biquinho voltando ao seu rosto quando terminou de falar, dessa vez acompanhado por um olhar de cachorrinho.

“Não adianta fazer essa carinha, mocinha! Você já vai ficar praticamente três dias sozinha com Santana e Kurt, vai comer besteira o suficiente para um ano todo, nada mais justo que comer alguma coisa saudável em sua última refeição comigo.” negou Rachel, fazendo o biquinho de Harmony se transformar em uma carranca.

“Tá bom.” concordou a menina ao sentir sua barriga roncar “Mas eu quero bolinho Ana Maria.” completou e Rachel concordou, então Santana, Kurt, Rachel e Harmony seguiram para a lanchonete que a pequena escolheu.

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Depois de chegar adiantada, Rachel acabou quase perdendo o trem por estar muito entretida na conversa que ela, sua filha, Santana e Kurt estavam tendo, se não fosse pelos auto-falantes situados na estação, ela teria perdido o trem. E depois de finalmente ter alcançado o trem a tempo, Harmony se pendurou no pescoço dela e a baixinha quase foi obrigada a levar a menina junto, que só se soltou ao ouvir Santana dizer “Você pode ir com a sua mãe e não fazer nada com ela e a Quinn, ou ficar aqui comigo e o Kurt e ir no cinema mais tarde para ver Frozen e depois esquiar no gelo.” o que fez Rachel sorrir ao pensar que Santana seria uma ótima mãe algum dia.

Rachel passou as duas horas da viagem de trem estudando e estava tão imersa no livro que nem percebeu que o trem já havia parado, por sua sorte um menino que havia se sentado perto dela a cutucou levemente, avisando que eles haviam chegado em New Haven.

“Obrigada.” ela agradeceu sorrindo e recebeu um sorriso de volta, o que fez seu sorriso crescer.

“Imagina, eu sei como é estar desesperado para as finais.” respondeu o menino, levantando a mão esquerda onde se encontrava uma mochila tão cheia de livros que a mesma nem conseguia ser fechada.

“Pois é, pelo menos depois disso temos uma pausa antes do início do próxima semestre.” disse Rachel enquanto se levantava e os dois seguiram em direção ao corredor que levava à saída da cabine.

“Sim, aleluia! Se eu fosse menos teimoso não teria que carregar todos esses livros, mas estava morrendo de saudades da minha namorada.” ele comentou, sorrindo ao dizer a palavra namorada.

“Há! Somos dois, estou aqui por pura teimosia, meus colegas de apartamento fizeram de tudo para me convencer a não vir.”

“Então está aqui visitando o namorado?” perguntou o menino curioso.

Rachel abriu a boca algumas vezes mas nenhum som saía, ela podia muito bem apenas dizer “namorada”, mas ela e Quinn não estavam nem ficando, quem dirá namorando. Elas estavam......trocando mensagens de texto extremamente fofas e um tanto enjoativas de uma maneira total e unicamente amigável. Se Santana pudesse ouvir seus pensamentos ela com certeza diria que isso não existe e que é melhor você aceitar logo o fato de que vocês agem COMO SE ESTIVESSEM NAMORANDO. Pela milésima vez, eu já disse que nós não, n-ã-o estamos namorando! Há-há, fala isso pra mensagem de bom dia que você mandou para ela hoje de manhã...como foi mesmo? Ah sim...Bom dia, Q. Não vejo a hora de te ver, cinco dias longe de ti é muito tempo, daqui a pouco estou aí para matar a saudade Xx. Olha só, eu acho que não é exatamente a melhor hora pra a gente ter essa discussão interior, o pobre menino ainda está esperando a resposta.Então responda-o, oras! Diga que está aqui para ver a menina por quem você está perdidamente apaixonada e que seus sentimos são recíprocos mas as duas são franguinhas e não fazem nada a respeito. Quando minha consciência virou a Santana? Falando em Santana, você devia escuta-la as vezes, sério, ia me poupar bastante trabalho. Já chega. pensou Rachel enquanto chacoalhava a cabeça como se isso fosse impedir que começasse a discutir com sua consciência novamente. O garoto a encarava com um olhar confuso no rosto e ela então se lembrou que ele ainda esperava por sua resposta o que fez com que ela simplesmente concordasse com uma aceno de cabeça enquanto os dois saíam do trem.

O garoto abriu a boca para falar algo, mas logo cabelos ruivos cobriam seu rosto e braços pálidos se agarravam a seu pescoço. Rachel estava prestando tanta atenção no casal ao seu lado que não viu uma loira seguindo em sua direção, por isso se assustou quando um par de braços se esgueirou ao redor de sua cintura, levantando-a do chão e girando-a.

“AH MEU DEUS!” gritou ela, se debatendo, apenas para sentir o hálito quente da pessoa em sua orelha esquerda enquanto as palavras “Calma, pequena! Sou eu.” Eram sussurradas em seu ouvido.

Ao ouvir aquela voz todos os seus músculos se relaxaram imediatamente e um sorriso enorme surgiu em seu rosto ao abrir os olhos e se deparar com mechas loiras, e logo ela fechava os olhos novamente e se apertava mais contra a loira. Como ela sentira falta desse abraço. As duas estavam tão perdidas uma na outra que nem perceberam que uma pessoa as observava, e quando Quinn finalmente a colocou no chão uma voz masculina disse com um tom divertido:

“Eu odeio quebrar o momento, mas eu acho que esqueci de perguntar seu nome.”

Rachel se virou imediatamente para encontrar o menino que conhecera no trem com um sorriso no rosto e uma sobrancelha arqueada, a ruiva que o abraçara não estava com ele e por um minuto a baixinha acreditou estar ficando louca, até que pelo canto do olho viu uma cabeça ruiva no meio da fila de sorvete e suspirou aliviada. É, parece que o único sinal de loucura eram as discussões consigo mesma.

“Rachel.” respondeu ela, sorrindo de volta para o garoto antes de perguntar “E você é?”

O garoto riu antes de responder “Peter.” ele ia comentar mais alguma coisa, mas seus olhos se focaram em algum ponto à esquerda da baixinha e Rachel logo se virou para ver o que o menino olhava. Lá, do lado da barriquinha de sorvete, estava uma ruiva acenando as duas mãos no ar, cada uma segurando um sorvete de chocolate. O menino sorriu para ruiva e concordou com a cabeça antes de dizer “Te vejo por aí, Rachel.” piscar um olho e seguir em direção a barraquinha de sorvetes.

Rachel se virou para Quinn e sorriu para ela antes de se jogar em seus braços de novo, fazendo a loira rir.

“Também senti saudades, baixinha.” disse a mais alta em seu ouvido antes delas quebrarem o abraço e seguirem andando em direção ao carro de Quinn. No meio do caminho Rachel virou a cabeça para trás e se deparou com Peter e a menina ruiva andando a direção contrária a que elas iam e um sorriso pequeno surgiu em seus lábios ao ver as mãos dos dois entrelaçadas, balançando no meio deles enquanto eles caminhavam. E seu sorriso se abriu quando ela sentiu a mão esquerda de Quinn segurando sua direita, entrelaçando seus dedos. Ela se virou para a loira que sorriu ao ver o sorriso da mais baixa que piscou um olho, fazendo Quinn rir. E se Rachel tivesse virado para trás outra vez, ela teria encontrado Peter sorrindo por cima do ombro ao ver as duas caminhando lado a lado, seu sorriso se expandindo ao perceber as mãos entrelaçadas.