Three Federations: R-103 escrita por Aria S


Capítulo 9
Capítulo 8: Forget - Part 1


Notas iniciais do capítulo

Olááááá! Desculpem a demora! Estava ocupada com a minha outra fanfic, fazia tanto tempo que eu não a postava enquanto fiquei um bom tempo cuidando dela.
Bem, como hoje é meu aniversário, me presenteei postando um novo capítulo kkkk.
Ah! Como muitas vezes tenho duvida se vocês lembram das aparecias dos personagens e entre outras coisas, criei um tumblr para colocar coisas sobre a história.
Aqui ele: http://threefederations.tumblr.com/
Agora chega de enrolar! Vamos aproveitar o capítulo! o/



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Federação Submersa – R-103

O líder da R-103 Submersa, Erick Bauer, se encontrava em seu escritório. Era bem amplo, mas quase vazio, e havia uma parede de vidro atrás da mesa que estava, revelando a imensidão azul do oceano, deixando o ambiente mais exótico.

Erick falava no telefone no momento, parecia ser algo importante. Mas de repente, a luzes são cortadas, junto com sua ligação, e a única iluminação do ambiente são as vindas da claridade do oceano.

Não se preocupe. Tenho certeza que a governadora irá ligar de novo. – informou uma voz feminina vinda de uma poltrona longe de sua mesa.

A mulher girou sua poltrona, revelando a mulher a qual eles – os membros da R-103 - denominavam Clio, e que Erick tinha plena certeza que estava morta.

– Há quanto tempo, Erick. – cumprimentou a mulher, enquanto ela bebericava um chá em sua xícara.

Erick reencostou em sua poltrona. Não acreditava que Alex estava certo, que ela estava realmente viva depois daquilo há 12 anos. Também não acreditava que ela passou por toda a segurança e ainda conseguiu entrar em sua sala sem que ele percebesse.

– Você mudou bastante, Norah. – ele respondeu de volta, tentando parecer o mais tranquilo possível.

A mulher sorriu, colocando sua xícara sobre a mesa de centro a sua frente.

– Faz muito tempo que ninguém me chama assim. – ela continuou a sorrir. – Soube que você me declarou realmente morta. Fiquei muito desapontada ao saber disso.

– A culpa não é minha se você sumiu por 12 anos. – ele respondeu.

Enquanto eles verbalizavam tranquilamente, como se nada estivesse acontecendo, Erick procurava discretamente uma pistola que escondia em baixo da mesa. Por mais que eles se conhecessem, ele sabia que ela era uma ameaça, e também sabia que ela não era mais a Norah que ele conheceu há muitos anos.

– Se está procurando sua arma, está perdendo seu tempo. – ela então tirou de seu colo a arma que Erick procurava e a colocou sobre a mesa de centro.

Ele engoliu o seco ao ver aquela arma bem ali.

– Não se preocupe, eu não vou atirar em você. – ela garantiu.

– O que você quer Norah? – ele foi direto ao assunto. – Será que eu ainda posso lhe chamar assim?

Ela se levantou e a caminhou até ele. Mais de perto, Erick pode ver como ela tinha mudado. Seus olhos verdes estonteantes continuavam os mesmo, mas seu cabelo agora estava mais comprido e castanho claro, e a idade parecia não lhe fazer efeito, ela continuava formosa e belíssima como sempre foi.

– Quero que você dê um recado – ela continuou. – Quero que avise que o que aconteceu há 12 anos não ficará só por aquilo. Que o grande espetáculo ainda estar para vir.

– Está falando o “acidente” que matou seu marido há 12? – ele perguntou retoricamente, tentando atingi-la de alguma maneira.

– Às vezes, sacrifícios são necessários. Você sabe disso. – ela respondeu mostrando como aquilo não a afetou.

– Enquanto a sua filha? Ela também é um sacrifício necessário? – ele respondeu.

Desta vez, Norah ficou calada, deixando-o sem resposta.

– Espero que possa entregar meu recado Erick. – ela dá as costas para ele e se preparou para sair.

Antes de sumir das vistas dele, ela parou diante da porta, e apenas disse:

– Ah, quanto ao meu nome... – ela continuou. – Pode me chamar do que quiser. Afinal... Eu sou um “fantasma”, não é mesmo... – então sumiu de suas vistas.

Quando finalmente pensou que estava livre da presença daquela ameaça que ele conheceu a tantos anos, ele percebeu que as luzes do local ainda não haviam voltado. De repente, um apito abafado começou a ecoar pelo escritório. Erick olhou para todos os cantos a procura do som, até que finalmente ele olhou para cima e notou uma pequena e fraca luz vermelha piscar.

Antes que pudesse fazer algo, todo escritório explodiu, fazendo as chamas da explosão logo serem apagadas pelas enormes ondas de água que invadiram o escritório através da parede de vidro atingida.

Federação Subterrânea – Cidade Nº 5

Nina se encontrava em um bar, sozinha em uma pequena mesa redonda. Aquele lugar era uma espelunca, se chamava Deep & Dark, o que era um nome apropriado. Se localizava na Cidade Nº 5, uma das cidades mais precárias da Federação Subterrânea. Era uma cidade longe de onde Nina morava, mas ela gostava de vagar por várias cidades diferentes da Federação. Porém hoje em dia aquilo já havia perdido a graça, porque Nina já conhecia todos os cantos de todas as cidades da Federação.

Mesmo Deep & Dark sendo uma espelunca, ele estava ótimo para Nina, pois ele era afastado da cidade grande e era isso que era queria.

Nina não estava enchendo a cara, nem mesmo álcool ela estava tomando, era apenas refrigerante. Ela não acreditava que ficar embriagada resolvia algum problema.

Fazia três semanas que ela não aparecia na R-103. Continuava indignada com Alexander, estava se sentindo arrependida durante todas essas semanas. Se arrependia de ter que fazer parte daquilo, de ter escutado Alexander e até mesmo Saphira. Como ela podia ter sido tão idiota? Claro que uma agencia daquela só ligava para si mesma e não para outros, mesmo que isso custasse à vida de centenas de pessoas. Não queria mais pensar nisso, não aguentava mais pensar nisso.

Veja só quem está afogando as magoas na bebida. –uma voz familiar disse para Nina.

Ela ergueu o rosto e reconheceu quem era. Seu nome era James, o apresentador do UnderGame. Fazia tempo que Nina não o via, porque Nina não passava pelo UnderGame desde quando ela se juntou a organização. Ele não havia mudado quase nada, estava com o mesmo cabelo raspado com um desenho tribal feito nas laterais, corpo forte de definido que era visível por causa da camiseta justa preta que ele vestia.

– Não estou afogando as magoas e isso nem é cerveja. – ela respondeu ao comentário anterior com um sorriso nos lábios, balançando a garrafa de refrigerante em suas mãos.

– Por onde você andou? Seus fãs sentiram sua falta, e eu também. – ele informou, se sentando em uma cadeira vazia daquela mesma mesa.

– Estive ocupada. – ela respondeu, bebendo um ultimo gole de seu refrigerante.

– Ocupada com o que? – ele perguntou curioso.

– Coisas. – ela respondeu cínica.

– Sei... Coisas... – ele ergueu a sobrancelha, curioso com aquela resposta vaga. – Bem, mudando de assunto, me diga logo: o que é que está afligindo esse seu coraçãozinho?

– O que? Não tem nada afligindo meu “coraçãozinho”. – ela riu.

– Qual é, ficar sozinha e quieta em um bar mal acabado como esse não é o comportamento da Nina Callaway que eu conheço.

– Se é mal acabado, por que você tá aqui? – ela perguntou com um sorriso irônico no rosto.

– Não mude de assunto. – ele insistiu.

Ela suspirou, pensando se contaria e como contaria o que estava passando por sua cabeça nos últimos dias.

– Tudo bem. – ela cedeu, se ajeitando em sua cadeira. – Você já se arrependeu de alguma coisa? Uma coisa que não teria mais volta?

– Claro. Penso isso toda vez que acordo na cama de um estranho que nem me lembro de ter visto na noite anterior. – ele brincou, rindo de si mesmo.

– Qual é, James. É sério.

Ele parou de rir e pensou em uma resposta mais sensata para ajudar a garota.

– Acho arrependimento uma coisa inútil. O que foi feito, está feito. Não tem como mudar, e não vai adiantar nada ficar martelando isso na cabeça. – ele continuou a explicar. – Mas se você tivesse a chance de mudar, de desfazer o que você fez, você realmente mudaria? É nisso que você tem que pensar. Escolhas, boas ou ruins, mudam a gente. Talvez a escolha que você fez não seja tão ruim.

Nina pensou naquilo. Talvez ele estivesse certo, mas ela ainda continuava com raiva de Alexander. De repente, o P.M. em seu pulso começa a vibrar, era uma mensagem de Saphira pedindo para ela ir até a instalação urgentemente.

Já fazia três semanas que não ia para lá, e ainda não queria ir. Mas Saphira não havia pedido para ela voltar nenhuma vez até agora, então deveria ser importante.

– Eu tenho que ir agora. – ela avisou James, enquanto respondia Saphira através de mensagem. – Mas valeu pelo conselho. – ela se levanta e se prepara para sair.

– Sabe... Você realmente mudou. – ele comentou enquanto ela ainda estava ali.

– Em relação a que? – ela perguntou intrigada.

Ele riu, aumentando a curiosidade de Nina.

– Você mesma terá que descobrir. – ele respondeu com um sorriso enigmático.

***

Nina chegou à instalação da R-103. Ao entrar no saguão principal, ela percebeu uma agitação fora do normal, mas não estava interessada no motivo. Ela estava lá para ver Saphira, e só.

Havia três lugares possíveis em que Saphira poderia estar: No refeitório, na sala de sistema ou na sala de descanso. Ela passou pelo refeitório, mas ela não estava lá, então tentou a sala de sistema, e lá a encontrou.

Saphira estava de frente para três monitores de computador interligados. Ela estava de costas para Nina, mas Nina reconhecia aquele enorme e liso cabelo loiro escurecido em qualquer lugar.

– Então, qual é a urgência? – Nina foi direto ao assunto.

Saphira se virou para vê-la.

– Ah, você chegou. Venha cá, preciso de sua ajuda. – ela chamou Nina para perto dela. – Não sei se escolho a vermelha ou a azul. – Saphira apontou para um dos monitores onde estava aberto o site de uma loja virtual, onde estava mostrava a foto de duas camisetas regastas: uma vermelha e outra azul marinha.

Nina ficou incrédula. Não acreditou que Saphira havia lhe chamado só para isso.

– Tchau, Saphira. – indignada, Nina deu meia-volta para ir embora, antes que desse um soco na cara de sua “melhor amiga”.

– Só to brincando. – Saphira riu.

– Não tem graça. Sabe o quanto eu andei pra chegar até aqui? - reclamou Nina.

– Tá, me desculpa. – Saphira continuou rindo. – Mas não foi só por isso que te chamei. – de repente ela ficou mais séria. – Sei que você odeia ser a última a saber das coisas, então vou lhe avisar logo. – ela continuou. – O líder da R-103 da Federação Submersa morreu.

Aquela pegou Nina de surpresa. Isso explicava a agitação lá fora no saguão principal. Mas Nina não o conhecia, nem sabia quem ele era, então não ficou muito sentida.

– Bem... Sinto muito por isso. – ela lamentou enquanto suspirava, e se preparava dar meia-volta novamente.

– Nina, espera. – Saphira a chamou novamente. – Ele era um bom amigo de Alexander. Então... Pegue leve com ele, ok? – ela pediu.

Nina bufou.

– Não se preocupe. Não pretendo ver Alexander hoje. – ela garantiu, saindo de uma vez daquela sala escura antes que Saphira a chamasse de novo. – Ah! E a regata vermelha combina mais com você! – ela gritou do lado de fora no corredor.

Saphira então voltou sua atenção novamente ao site que olhava antes.

– Hmm... Tem razão. A vermelha é melhor... – ela murmurou.

***

Já que ela estava ali, ela não iria embora tão cedo, então decide ir para o único lugar que sabia que não iriam importuna-la: a ala de treinamento. A sala era bem espaçosa, repleta de equipamentos, como uma academia. Estranhamente não havia mais ninguém lá. Nina não sabia se era assim sempre ou só hoje, porque ela nunca tinha ido até lá durante todo esse tempo.

Ao lado de uma espécie de ringue de boxe havia um saco de pancadas, e Nina resolveu experimenta-lo.

Ela não se preparou muito, apenas tirou a jaqueta que usava, apertou o rabo de cavalo de seu cabelo e enfaixou as mãos com bandagens para não machucar os punhos.

Nina começa seu treino. Ela estava com medo de ter perdido a pratica, porque fazia tempo que ela não fazia isso, mas estava enganada, ela ainda tinha o jeito.

De repente, alguém entrou na sala.

– Ei, o que você ta fazendo aqui? – estranhou Ryan, pois nunca tinha visto a garota ali.

– Pergunto o mesmo pra você. – ela respondeu recuperando o ar.

– Esse é o meu lugar, na verdade. Eu sempre fico aqui. – ele respondeu enquanto se aproximava.

– Sério? Não vi seu nome em lugar nenhum. – ela brincou.

– Engraçadinha. – ele riu cínico.

Vendo que ela estava ali, resolveu ajuda-la. Ele segurou o saco de pancadas por trás, dando mais estabilidade para o treino de Nina.

– Pensei que tinha voltado para a Federação Flutuante. – ela perguntou sem parar de socar o saco de pancadas.

– Não, resolvi ficar por um tempo. Alexander pede minha ajuda o tempo todo, e estou cansado de ir e voltar toda hora. – ele respondeu.

Já que Ryan havia tocado no assunto, Nina resolveu perguntar:

– Você ainda ta com raiva dele?

Ryan pensou um pouco antes de responder.

– Estou. – ele confessou. – O que ele fez aquele dia foi muito egoísta, e ele quase matou a Zoe... Como eu odeio lembrar isso. – ele fez uma pausa para poder esquecer isso. – Mas... Eu devo uma muito grande pro Alexander, uma coisa que não dá pra ser esquecida assim do nada.

Nina queria perguntar o que ele devia para Alexander, mas estava na cara que ele não queria contar o que era, e ela também tinha coisas que não gostaria de contar para ele. Assim eles ficavam quites por enquanto.

Ambos ficaram em silêncio depois disso, então Ryan aproveitou o momento para observar o treino de Nina. Ela tinha movimentos precisos, bem distribuídos, algo que ele nunca tinha visto uma garota normal fazer. Ela não só socava, mas também dava chutes no saco de pancadas, quase acertando o rosto de Ryan, mas ela parecia calcular exatamente a distancia para não acerta-lo.

– Você é boa nisso. Onde aprendeu tudo isso? – ele perguntou curioso.

– Bem... – ela fez uma pausa no treino para recuperar o fôlego. – Digamos que eu já vi e fiz muita coisa.

Ryan ia perguntar o que foram essas coisas, mas foi interrompido antes.

Ei, vocês dois. – chamou alguém. Ryan se virou para trás e viu um funcionário parado bem na porta. – Alexander ta chamando vocês.

***

Os dois foram para o escritório de Alexander, como haviam pedido. Alexander analisava alguns documentos em sua mesa digital, ele estava tão concentrado que nem havia percebido os dois entrarem.

Ele finalmente os nota.

– Ah, vocês estão aqui. – ele deslizou a mão sobre a mesa e os documentos são fechados. – Tenho um trabalho especial pra vocês.

Nina já se preparou para recusou, mas então Ryan perguntou.

– E o que seria?

Antes de responder, Alexander se levantou e andou até uma pintura de seu escritório que representava a Federação Submersa, passando a mão suavemente sobre ela.

– Imagino que os dois saibam o que aconteceu com o líder da R-103 da Federação Submersa. – Alex deduziu, e como nenhum dos dois disse nada, acreditou que aquilo fosse um sim. – Quero que vocês vão até lá. Ajudem como puderem e tentem descobrir o que aconteceu. – ele se virou de volta para sua mesa. – Vocês partem essa noite mesmo. É só isso.

Nina percebeu como Alexander estava diferente aquele dia. Estava mais sério que o normal, não esboçou nenhum sorriso e - o que mais Nina notou nele - estava muito preocupado.

Os dois já saiam do escritório, até que Alexander os chamou novamente.

– Nina, espere. Preciso falar a sós com você. – Alex pediu.

“Droga...”

Antes que percebesse, Ryan já tinha ido embora e ela estava lá a sós com Alexander. O que ela mais queria evitar todos aqueles dias. Ela se virou para ele e viu que ele estava em frente a sua mesa, escorado nela.

Antes que ela pudesse dizer algo, ele apenas disse:

– Nina... Você pode sair, se você quiser. – ele disse, parecendo não querer aquilo.

– Sair? Você quer dizer, sair da organização?

– Isso mesmo.

Isso foi uma extrema surpresa. Não sabia que aquilo era possível, e também não acreditava que Alexander estava pedindo isso a ela, aquele que insistiu tanto pra que ela ficasse. Então ela lembrou sobre o que James tinha dito, sobre mudar o que já tinha feito. Será que era isso que ela queria? Sair?

– Mas tenha em mente que isso é processo complicado. – ele cortou os pensamentos dela. - Saiba que se fizermos isso, teremos que apagar sua memória.

“O quê?!”

– Apagar minha memória? – aquilo a preocupou. Odiava pensar que teriam que mexer na mente dela.

– Sim. Sua memória será apagada a partir do momento que conheceu a organização. Você não se lembrará de nada que fez durantes todos esses dias, nem mesmo lembrará das pessoas que conheceu, como eu, Ryan, e os outros membros. – ele explicou.

Nina sentiu seu peito apertar. Aquela oferta para ela era... Estranha. Ela não sabia o que queria. Ela não queria esquecer nada daquilo, e também não sabia se sair da R-103 era o que ela queria.

– Você não precisa responder agora. – ele continuou. – Mas quero que me traga a resposta quando voltar.

Atordoada, Nina saiu do escritório sem dizer mais nada. Ela saiu da instalação no mesmo instante, sem procurar por Saphira ou Ryan, e foi direto para seu apartamento. Ficou lá até que desse o horário de partir para a Federação Submersa.

Ela estaria ansiosa por essa viajem se Alexander não tivesse cortado o clima todo com aquela conversa. Aproveitando que se lembrou disso, ficou ocupando sua mente tentando imaginar como seria a Federação Submersa, afinal ela nunca havia saído da Federação Subterrânea antes.

***

Nina esperava Ryan sentada em um banco em frente à Estação Marítima. Para a viagem, ela apenas levava uma pequena mochila que estava escorada ao seu lado, onde por cima estava uma jaqueta preta.

Já faltavam quinze minutos para a meia-noite, e Ryan poderia chegar a qualquer momento. E lá estava ele, atravessando a rua.

– Boa noite. – ela cumprimentou quando ele chegou até ela.

– Boa noite. Você saiu tão rápido hoje que nem deu tempo de te entregar isso. – ele entregou para ela uma passagem e o passaporte, que naquela época o passaporte era apenas um cartão quase transparente com o símbolo da Federação Subterrânea nele. Se você passasse por cima de seu P.M. ele mostraria algumas informações suas e todas as viagens para fora da Federação que você já fez.

Nina pegou o que recebeu e colocou dentro do bolso de sua calça jeans.

– Ei... Você está bem? Você parece distante. – Ryan notou.

– Não é nada. Vamos indo? – ela o chamou já entrando na Estação.

Ryan sabia que tinha alguma coisa errada com ela, mas não seria fácil de descobrir através dela. Mas pela cara da garota, já desconfiava o que poderia ser.

Antes de embarcarem, os dois teriam que passar pela vistoria. Os dois teriam que passar por um scanner que checaria tudo sobre os dois: quem eles eram, histórico criminal, ele até mesmo checava seu organismo para ver se você tinha alguma doença. Se você estivesse com simples resfriado, não poderia embarcar. Não era brincadeira quando diziam que não era fácil sair de uma Federação para outra. Por sorte os dois estavam “limpos” e conseguiram autorização para embarcar. Saphira deve ter mexidos em muitos sistemas para poder limpar todo o histórico de Nina.

Os dois embarcaram dentro do submarino que os levaria até a Federação Subterrânea. Seu interior era simples, mas sofisticado. Cada fileira havia pares de poltronas azuis escuras, cada par era voltado de frente para outro par de poltronas, como uma cabine. Em cada cabine havia uma pequena janela oval de vidro reforçado. Nina e Ryan escolheram uma cabine da esquerda.

Depois dos dois, só mais cinco pessoas embarcaram no submarino. Era um número muito baixo, mesmo para uma viajem de madrugada.

De repente, a ala exterior do submarino começou a se encher de água e uma voz feminina anunciou por todo o interior do submarino.

Senhores e senhoras passageiros, o processo de descompressão foi iniciado. O submarino desembarcará em 30 minutos, quando o processo foi encerrado.

– Então, vai me contar o que você tem? – Ryan perguntou de uma vez.

– Já disse que não é nada. – Nina negou.

– Aham, sei... Sabe que vamos ficar durante 3 horas presos dentro de um lugar lacrado, não é? Eu posso passar a noite toda perguntando o que você tem. – ele insistiu, fazendo parecer que iria ficar a viagem toda no seu pé.

Nina não se conteve e riu, e ele também fez o mesmo. Segundos depois ele ficou mais sério e desviou o olhar.

– Alexander te fez “a proposta”, não é? – ele finalmente perguntou.

Nina não se surpreendeu por ele perceber. Talvez aquilo na R-103 já era comum.

– Está tão na cara assim? – ela perguntou sem jeito.

– Todos fazem essa cara quando Alexander faz essa oferta. – ele disse. – Acho que eu também fiz a mesma cara.

– Então ele já te fez a proposta.

– Mais ou menos. – ele continuou. – Ele disse que se um dia eu quisesse sair, ter uma vida normal, ele poderia providenciar. Depois ele me explicou as consequências.

– E pelo visto você negou. – Nina deduziu.

– É. – ele disse. – Como eu te disse hoje, eu tenho uma divida com Alexander. E não vou poder quita-la se eu sair da organização.

Nina se perguntava que divida tão grande era essa que ele tinha com Alexander. Ela tinha certeza de seja qual for essa divida Alexander não está preocupado com ela, mas por algum motivo Ryan está.

Depois de um curto silêncio, Ryan perguntou:

– Você quer realmente sair?

Nina soltou um longo suspiro e desviou o olhar, fitando a janela de vidro ao eu lado.

– Eu não sei o que eu quero... – ela confessou.

– Sabe... Se você sair, você nunca mais vai se lembrar de mim.

– Eu encaro isso como um bônus. – ela brincou.

– Nossa, obrigado pela consideração. – ele riu, e ela também.

Logo depois o submarino começou a estremecer, anunciando que estava desembarcando da estação. Os dois continuaram em silêncio depois daquilo, mas continuavam acordados, enquanto o resto dos passageiros dormia em seus acentos. Enquanto Ryan lia um livro, – um livro muito antigo, feito de papel, da Época dos Continentes – Nina apenas escorou sua cabeça no banco e observou a imensidão vazia daquela janela, e ficou pensando como seria na Época dos Continentes quando milhares de seres-vivos viviam naquela imensidão. Hoje em dia havia apenas água, graças à poluição e contaminação que restou de centenas de anos atrás.

Depois de ficar farta daquela vista, ela desviou o olhar para Ryan que continuava ler, e já tinha lido bastante, quase metade do livro.

Ela não tinha para onde olhar, nem o que fazer, sua mente fez com que ela caísse no sono sem que ela ao menos percebesse.

Nina acordou com um grande estrondo do submarino. Ela olhou pela janela e viu o submarino emergir da água, chegando à estação. Ela, junto com Ryan e os outros passageiros, se levantam e vão até a saída.

Na estação, eles passam por uma segunda vistoria, igual a que acontecia na estação da Federação Subterrânea. Agora que estava perto, Nina estava ansiosa para ver como era a cidade.

Ao terminar de ser scanneada, ela andou rapidamente para a escada rolante e ao subi-la, e observou as grandes paredes de vidros refletirem as luzes da grande capital. Antes mesmo de chegar até ela, uma voz ecoa por toda a estação.

Sejam bem vindos, senhores e senhoras visitantes, à Federação Submersa.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Me deixem saber =D
Eu sei, eu mudei a capa de novo, não me matem por isso T.T
Juro que um dia eu sossego e deixo uma capa fixa -.- kkk