Three Federations: R-103 escrita por Aria S


Capítulo 2
Capítulo 1: An observation to start


Notas iniciais do capítulo

- Aqui está o capitulo. Ficou um pouco extenso, mas espero que gostem.
— A Nina Callaway está na capa, mas mesmo assim a descrevi no capitulo, afinal ela tem alguns detalhes a mais.
— As partes centralizadas em italico são os pensamentos de Nina.
— Boa leitura e, por favor, leiam até o final.



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“Alguns dizem que eu sou maluca. Outros dizem que eu sou apenas mais uma adolescente rebelde incompreendida pela sociedade. Concordo com eles, na parte do ‘maluca’. Mas, qual é, pensem comigo, se vocês tivessem minhas habilidades, vocês ficariam sem fazer nada o dia inteiro? Eu sei que eu não as uso para coisas muito promissoras, mas fazer o quê... Essa é a minha maneira te tirar o tédio numa cidade subterrânea.”

Uma garota, de aparentemente 17 anos, corria num estreito corredor branco. Seu nome era Nina Callaway. Ela tinha estranhos e belos cabelos roxos, mas não era uma questão de estilo, eram naturais. A radiação de 180 anos atrás alterou alguns genes, principalmente os dos olhos e do cabelo, fazendo algumas pessoas nascerem com cabelos e olhos de cores anormais.

A garota usava um top lilás, coberto por uma jaqueta preta jeans de botões aberta, alinhada perfeitamente no corpo, junto com uma saia roda roxa escura, onde estava pendurado um pingente prata de uma estrela. Nas pernas ela usava meias pretas compridas até acima do joelho, calçando um par de coturnos pretos de cadarço. Nas mãos ela usava um par de luvas pretas de couro, como luvas de motoqueiros. Seu estilo era bem leviano, mas acreditem, existem garotas que se vestem bem pior que ela.

O corredor onde corria chegou ao fim. Sem escolha, Nina saltou pela janela de vidro.

Cacos de vidros esvoaçavam por todos os lados enquanto ela caia. Ela caiu de costas sobre um carro estacionado em frente ao prédio, amassando o teto dele com o impacto.

Caralho... Essa doeu...ela resmungou de dor. Milagrosamente, não havia quebrado nenhum osso.

Ei! Garota! – gritou um homem de terno preto segurando uma arma, da janela onde Nina havia pulado. – Parada ai!

Sem pensar duas vezes, ela rolou para o lado e desceu do carro. Com certa dificuldade, ela conseguiu ficar de pé, e com a mesma dificuldade ela tentou correr. Podem-se ouvir alguns tiros sendo disparados contra a garota, mas ela conseguiu escapar deles.

Ela entrou em uma viela escura, vazia, ha não ser alguns ratos passando pelos bueiros. Ela deu alguns passos adiante, cansada, se apoiando na parede úmida ao lado, mas de repente quatro homens a cercam, dois na frente e dois atrás. Eles eram idênticos, usavam o mesmo terno preto, tinham o mesmo cabelo bem penteado e o mesmo rosto. Eram androides de segurança, estavam na moda ultimamente, todos os magnatas tinham pelo menos um.

Seria fácil para ela escapar deles, tinha muita experiência com esse tipo de situação. Ela se prepara para agir, mas estranhamente, todos eles começam a soltar faíscas azuis de seus corpos, como se estivessem sendo eletrocutados, e então caem inconscientes no chão, tendo alguns espasmos.

Eu fico pensando... – disse uma voz feminina de algum lugar daquele beco. Nina olhou para cima e viu uma garota de cabelo comprido, loiro escurecido, olhos verdes, usando óculos de armação vermelha, com uma camiseta branca de corte “v”, shorts preto, calçando um tênis modelo all star também preto, sentada na beirada do terraço de uma residência ao lado. – O que seria da sua vida mim?

Seu nome era Saphira Dale, uma das melhores hackers todas as Federações apenas com 17 anos. Ninguém entendia melhor de tecnologia do que ela. Com sua aparência bela e moderna, ninguém que a visse desconfiava disso. Ela também era a melhor e única amiga de Nina.

Nina sempre se perguntava por que seu nome era Saphira, afinal nada nela lembrava a pedra preciosa.

– Bem, seria a mesma, só que um pouco mais difícil. – respondeu Nina sarcástica. Ela se dirigiu até uma escada de metal enferrujada da residência e começou a escalá-la. – Aproveitando que você ta aqui, poderia limpar minha ficha criminal? – já no terraço, ela pediu na maior cara de pau.

– Vou começar a cobrar. – comentou Saphira mexendo em seu mini computador holográfico que saia da pulseira de seu o pulso esquerdo, que ela mesma havia criado. Não que aquilo não existisse, mas o de Saphira era exclusivo.

– Vai nada. – zombou Nina, alongando seus braços para cima. Seu corpo estava em perfeito estado, nem parecia que havia pulado da janela do terceiro andar de um prédio.

Saphira continuava a mexer naquele mini computador, atendendo o pedido de Nina, que estava de pé ao seu lado, observando aquele grande e brilhosa cidade subterrânea, cheia de banners holográficos de cores fortes, muito chamativos, e veículos terrestres e flutuantes.

– Então, que você fez dessa vez? – perguntou Saphira sem tirar os olhos do computador.

– Roubei a conta bancaria de um cara ai. – ela respondeu como se fosse nada de mais.

– Você tem que parar de fazer isso. – avisou Saphira, mas ela parecia indiferente quanto a isso.

– Olha quem fala. – ela ironizou. - E eu não vou usar tudo, só vou pegar o necessário. E também, eu só faço isso porque pode limpar minha ficha criminal.

– Então a culpa é minha?

– Bem... Digamos que 60% é.

– Aham... Sei... – debochou Saphira soltando uma leve risada de canto sarcástica. Nesse instante, apareceu a mensagem “Concluído” em vermelho na tela de seu computador. – Pronto, está feito. Você é novamente mais uma garota inocente e comum da Federação Subterrânea. Agora só quero ver quanto tempo vai durar. – ela levantou e apertou um botão de sua pulseira, desligando o holograma do computador.

– Não por muito tempo, eu garanto. – respondeu Nina.

As duas olharam para cima e viram um grande veículo flutuante passando, anunciando avisos importantes. Toda cidade subterrânea tinha um, e provavelmente todas as Federações também tinham em suas cidades. No veiculo também havia um enorme relógio holográfico, muito bem visível, marcando 23h40.

– Já esta quase na hora. Você vai hoje à noite? – perguntou Saphira, supondo que Nina saberia do que ela estava falando.

– Sei lá... Quem sabe... – ela respondeu se espreguiçando, estralando alguns ossos de seu corpo. – Bem, eu vou indo, se cuida. – ela caminhou até a mesma escada de antes e a desceu.

Ela caminhava por uma rua escura, que estava quase vazia. Dentre as poucas pessoas que estavam nela, um pequeno grupo de jovens desocupados passavam, indo na direção oposta de Nina, parecendo estarem animados e ansiosos com alguma coisa. Nina sabia o motivo dessa animação toda.

– Ah, porque não. – ela se rendeu dando de ombros e deu à volta, indo na mesma direção que o grupo ia.

No caminho, o grupo de pessoas aumentava, todos indo na mesma direção, todos ansiosos pelo mesmo motivo. Ela finalmente chegou ao destino, um prédio bem velho, e uma fila enorme se aglomerava na frente dele. Nina não entrou na fila, passou tranquilamente ao lado dela, ignorando o vendedor de ingressos em pé perto da entrada, controlando a fila, vendo que Nina passou por ele.

– Qual é Nina! Você tem que pagar como todo mundo! – reclamou o vendedor se virando para Nina que já se adentrava no prédio.

– Sabe que não preciso disso John! – ela acenou de costas já passando pela porta.

– Essa garota vai me ferrar um dia. – ele reclamou para si mesmo, voltando a atender as pessoas quase descontroladas da fila.

Nina desceu por uma longa escadaria escura. Podia-se ouvir uma multidão exaltada e empolgada, soltando gritos e assobios. Ela chegou a um grande palco, como uma sala de teatro, mas não havia cadeiras, a multidão ficava todo em pé, em fileiras separadas por parapeitos de metais. A baixo havia três grandes telões, um ao lado do outro, ao centro deles estava escrito UnderGame. No palco, ao centro, estava o apresentador com um microfone, um homem de cabeça raspada, alto, afro descendente, empolgando ainda mais a plateia.

Nina ficou no andar de cima, onde não havia quase ninguém, se apoiando de braços cruzados no parapeito de metal. As pessoas gostavam mais de ficar na frente, apreciando bem de perto o “espetáculo”. Para Nina, o local que ela estava era perfeito.

– Pensei que não viria. – comentou uma pessoa ao seu lado, era Saphira.

– Digo o mesmo. – ela respondeu. – E por que veio?

– Tédio. – respondeu Saphira direta, sem tirar os olhos do palco, no qual não parecia muito interessada.

Então, minha cara audiência... ­­– o apresentador dizia. – Vamos começar mais um... UnderGame!!! – ele anunciou com extrema animação, fazendo a plateia se exaltar mais ainda. – Hoje, meus caros, trouxemos uma coisinha especial para vocês. – ele se vira para o telão ao centro, onde começou a aparecer o vídeo de um animal grotesco e aparentemente bem perigoso. Ele era uma das evoluções hostis criadas pela radiação.

Ele era negro, de pele viscosa, sem pelos. Quadrúpede, cerca de dois metros de altura, com uma calda pontuda. Tinha quatro olhos vermelhos, dois de cada lado e dentes amarelados expostos.

No vídeo, seis homens tentavam segurá-lo, cada um segurava em uma corrente, que estavam ligadas em apenas uma coleira de metal. Eles tinham certa dificuldade de conte-lo. Ele se remexia e saltava muito, lançando longe alguns homens, quase os matando, logo outros iam substituí-los para tentar segurar animal descontrolado.

– É galera, essa criatura custou à vida de quatro homens apenas para trazê-lo até aqui. – afirmou o apresentar. – Então, quem será o desafiante que terá coragem para enfrentá-lo? – ele fez uma pausa, deixando a plateia curiosa. – Ninguém menos que... Big-C!! – ele apontou para a direita e de um canto escuro saiu um homem grande e calvo, com músculos exageradamente torneados. Seu braço direito era mecânico, e também seu olho esquerdo, que era bem notável, já que a parte metálica cobria quase a metade do rosto.

Ele levantava os braços e depois batia os punhos em seu peito, como um gorila, se exibindo ao publico, fazendo-os delirar de empolgação. Ele era bem conhecido pelos fãs de UnderGame.

– Bem, pessoal, vocês sabem as regras... – afirmava o apresentador, enquanto apertava um dispositivo em sua mão. Assim começou a surgir do chão um tipo de estante, repleta de armas de fogo e armas brancas. – Nosso participante terá que derrotar a criatura de hoje com apenas uma arma. Se ele não conseguir, outro participante entrará em seu lugar. – ele confirmou a regra. – Então, Big-C, pode escolher sua arma.

Big-C passou pela estante e foi direto para a onde estava um grande martelo de metal e o pega.

– É, parece que nosso participante confiará totalmente em sua força física. Será que dará certo? – citou o apresentador. De repente, uma espécie de elevador de vidro cilíndrico surgiu no palco, vindo do chão, abrindo a porta de vidro automática, assim que sobe totalmente.

– Boa sorte. – desejou o apresentador, enquanto Big-C entrava no elevador, onde ficou ligeiramente apertado.

– O que você acha? – perguntou Saphira ainda sem tirar os olhos do palco.

– Ainda não acho nada. – respondeu Nina sincera.

O elevador de Big-C desceu até uma ala escura. Ele saiu do elevador e foi até a saída, que estava trancada por grades de metal. Ao se aproximar, as grades se abriam.

Ele entrou numa grandiosa sala fechada, do tamanho de uma quadra de futebol, totalmente branca. Lá estava a criatura negra e grotesca, que reagia ao perceber a presença do homem. Ela estava presa ainda, afinal, o jogo ainda não havia começado. Em uma das paredes, bem ao alto, estava uma janela de vidro. Lá estava um homem em frente há uma mesa transparente, que na verdade era um computador digital, repleto de teclas e telas. Ele controlava tudo, desde os telões do palco até aquela sala branca.

De volta ao palco, o apresentador continuava a agitar sua audiência.

– E então? Qual o tipo de cenário vocês vão querer está noite? – ele perguntou e a plateia gritava varias sugestões, exaltados. – Eu ouvi “floresta tropical”? – ele perguntou novamente, e a maioria concorda. Ele afasta o microfone de sua boca e aperta um dispositivo em seu ouvido, um comunicador. – Você ouviu. – ele respondeu ao homem que estava na sala da janela de vidro.

– Entendido. – ele confirmou e apertou varias teclas de seu computador digital.

Assim que aciona os comandos, um cenário holográfico é formado na grande sala branca, bastante real, tão real que você poderia até toca-lo.

– Uma floresta hein? Que original. – ironizou Big-C, preparando o martelo em suas mãos.

Floresta não era densa, era bastante aberta. Era ótima para se esconder e fugir da criatura.

– Sem mais enrolação galera! – anunciou o apresentador. – Que o jogo comece!

As correntes da criatura se soltam automaticamente e ela corre em direção ao Big-C. O jogo começou, a plateia vai ao delírio. Saphira e Nina eram praticamente as únicas que se continham naquele local.

Cada um dos três telões mostrava um ângulo diferente da sala da batalha, filmada por três pequenas câmeras que flutuavam por toda aquela sala holográfica.

Quando a criatura se aproximou de Big-C, assim que viu uma oportunidade, ele bateu com seu martelo no rosto da criatura, fazendo-o ser jogado no chão, não muito longe. Ela se levanta, balançando a cabeça por causa do impacto. Apenas aquilo não seria o suficiente para abatê-la. A criatura começa a rodear Big-C, como um predador se preparando para atacar à presa. Dessa vez, Big-C que avançou.

– Péssima ideia. – comentou Nina para si mesma, assistindo ao jogo, desmotivada e despreocupada.

Ela estava certa. Assim que Big-C se aproximou, a criatura lhe deu uma cabeçada, o arremessando até uma pedra atrás dele. A criatura avançou, mordeu as pernas de Big-C e o arrastou pelo cenário.

NÃO! NÃO! ME SOLTA! – ele gritava de dor. Alguns da plateia não ousavam ver aquela cena violenta, outros tinham coragem o suficiente para assistir.

– Tirem ele de lá. – sussurrou o apresentador em seu comunicador.

Assim que a ordem foi dada, um tiro foi disparado dentro da sala holográfica, acertando a criatura, lhe eletrocutando, fazendo-a cair inconsciente por alguns minutos. Assim que ela apaga, dois homens entram rapidamente no cenário tirando Big-C de lá, o carregando pelos braços. Suas pernas estavam trucidadas, com certeza teriam que ser substituídas por pernas mecânicas.

Nina, sem mais paciência, se desapoiou do parapeito e andou em direção à escada que ia até o palco.

– Sabia que não resistiria por muito tempo. – comentou Saphira.

– Cala a boca. – respondeu Nina já descendo as escadas.

Já próxima do palco, ela avistou aqueles homens trazendo o Big-C de volta.

– Parece que vai precisar de pernas novas dessa vez, Carter. – ela zombou Big-C, o chamando pelo verdadeiro nome.

Todos os participantes de UnderGame usavam nomes falsos, afinal, essa não era uma diversão legalizada.

– Vai se foder, Nina. – ele respondeu debochando, mesmo naquele estado drástico.

Nina passou por de trás do palco onde havia cinco pessoas, todas tinham um bom físico e algum membro do corpo feito por partes mecânicas. Eles eram alguns dos vários participantes de UnderGame, todos esperando por sua vez. Nina passou por eles, ignorando o chamado do apresentador. Alguns se zangaram com a audácia de Nina, outros se animaram com sua presença.

– Bem, a noite é uma criança, galera... – afirmou o apresentador à plateia, como se nada tivesse acontecido com Big-C. – Vamos para o próximo participante. Quem será nosso próximo... – ele se interrompeu ao ver a figura feminina subir ao palco, Nina Callaway.

A audiência foi ao auge. A animação foi tão grande que eles quase perderam o controle. Nina era famosa, não só por ser a única jogadora feminina atraente e jovem naquele jogo, mas sim por ter derrotado dezenas de criaturas sem perder nenhuma parte de seu corpo até hoje.

– Ora, ora. Vejam quem resolver dar o ar de sua presença... – anunciou o apresentador, aparentando não estar surpreso. – Nossa bela Filha de Métis.

Nina havia escolhido seu próprio codinome. Pouquíssimos sabiam a verdadeira origem dele, só aqueles com um pouco mais de conhecimento sabia seu significado.

– Já estava me perguntando se você viria. – disse o apresentador, afastando o microfone da boca para que só Nina ouvisse.

– Humpf, como se não me conhecesse. – bufou Nina, sarcástica.

– Então... Filha de Métis... – ele continuou, voltando a atenção para a plateia. – Escolha sua arma e recomece o jogo.

Nina foi em direção a estante e analisou atentamente as armas. Havia todo o tipo de arma, menos uma bazuca, lógico, senão o jogo perderia toda a graça. Depois de alguns minutos, ela escolheu uma arma de médio porte, platinada. Era aparentemente pesada, mas Nina aguentava sem problema. Para uma pessoa magra, ela era bem forte.

Ela se dirigiu para o elevador, segurando a arma somente com a mão direita. Dentro do elevador fechado, ainda podia ouvir os gritos da plateia, que eram abafados lá dentro. Ela olha para o apresentador e acena com a cabeça, confirmando que já poderia descer.

O elevador desceu, e depois de alguns segundos ela já estava naquele corredor escuro e logo adiante, a entrada para sala branca fechada pelas grades.

Ela passou pelas grades e entrou. A criatura já estava presa e acordada ao centro da sala, como antes do jogo começar. Nina parou em frente à criatura, a cerca de uns 200 metros longe dela.

Alguns segundos se passaram, mas para Nina pareciam minutos. Ela queria acabar logo com isso. Estava ligeiramente inquieta, mexendo os dedos da mão esquerda vazia, estralando-os constantemente.

Finalmente o cenário mudou. Os hologramas se transformaram, agora a cena era um deserto semi árido.

– Querem mesmo foder comigo. – ela resmungou irônica, soltando um sorriso sínico de canto.

Ela estava completamente atenta na criatura agora, com o olho direto concentrado na mira da arma. Soltariam a criatura em qualquer minuto. E assim foi. A criatura foi solta e assim que pode, correu para cima de Nina. Seus passos longos e rápidos espalhavam areia holográfica para todo o lado. Nina permanecia imóvel, escorregando seu dedo no gatilho.

“Respire... Respire... Você tem todo o tempo do mundo para fazer o que precisa.”

A criatura se preparou para abocanhar Nina. Todos estranhavam, pensando o porquê de Nina não ter atirado ainda. Foi então que ela fez o que ninguém esperava. Ela pulou, assim que a criatura estava a centímetros perto dela, e usou a cabeça da criatura para dar um impulso maior, dando um salto mais alto, parando atrás dela, a alguns poucos metros longe.

“Sua pele é muito densa. Percebi isso quando Carter a acertou na cabeça e nenhum corte ou perda de pele foi causado. Um tiro não será o suficiente.”

A criatura começou a rodeá-la, como fez com Big-C antes. Nina imitou seus movimentos, movendo-se para a direção oposta, colocando os olhos de volta na mira, preparada para qualquer movimento imprevisto da criatura.

Nina pensava, revirava sua mente, planejava cada movimento que a criatura poderia fazer e os que ela mesma poderia fazer. Centenas de flashes de ideias passavam em sua cabeça, de uma maneira tão rápida e bem pensada que nenhuma outra pessoa normal poderia fazer. Ela obervava cada pequeno movimento, escutava cada mínimo barulho, analisando perfeitamente, em pequenos segundos. Fazia isso tão naturalmente que nem percebia mais. De repente, ela solta um sorriso de canto. Havia tido uma ideia.

Ela atira no chão varias vezes, espalhando areia ao redor da criatura, que se distraiu com a areia em seus olhos. Quando a areia se dissipou, a criatura viu Nina correndo já a alguns metros longe dela, subindo numa duna de areia.

A criatura correu atrás de Nina, que quando percebeu que ela estava se aproximando, jogou sua jaqueta para cima da criatura, numa tentativa de atrasá-la, na qual deu realmente certo. Ela havia diminuído a velocidade, tempo o suficiente para Nina realizar seu plano.

No topo, Nina deslizou para o outro lado, escorregando de costas. Aquilo doía um pouco, mesmo sendo holográfico, mas Nina tinha que suportar mais um pouco para seu plano dar certo. Ela prepara sua arma e voltou seu olho para mira, ainda escorregando por aquela duna. A criatura finalmente apareceu no topo, e como Nina havia pensando, ela saltou para cima dela.

“Te peguei.”

Nina deu três tiros seguidos. O ultimo acertou o peito da criatura, onde havia uma estranha marca vermelha arredondada, que parecia menos densa que as outras partes do corpo da criatura.

“Essa marca... Eu a vi segundos antes dessa coisa pular em cima do Big-C. Ninguém a viu, eu acho, mas percebi que ela era menos densa que as outras partes da pele, pelo menos essa foi a minha teoria, então tentei a sorte.”

A criatura caiu em cima de Nina. Segundos se passaram e nenhum dos dois se mexia. A plateia ficou quieta, só se escutava alguns cochichos e murmúrios curiosos e aflitos, ninguém sabia o que tinha acontecido.

De repente, a criatura começa a se mexer. Todos ficam aflitos. Mas então, perceberam que era Nina, empurrando a criatura pesada de cima dela. A plateia vibra. O jogo de Nina não havia durado nem cinco minutos. A maioria dos outros jogos duram no mínimo dez minutos para derrotar uma criatura, mas os de Nina eram sempre curtos. Porem era isso que a deixava mais popular entre os fãs de UnderGame.

– Como esperado da Filha de Métis. – comentava Saphira para si mesma, aliviada. – A deusa titânica da astucia, da inteligência e da capacidade de prever os acontecimentos. – ela observava os três grandes telões, onde mostrava Nina se levantando, indo pegar sua jaqueta, que agora já estava rasgada. Ela já esperava isso, mas mesmo assim, adorava aquela jaqueta, foi uma pena tê-la que usa-la para isso.

No meio da plateia alvoroçada, numa das primeiras fileiras da frente, estava um jovem. Um belo jovem, bonito de mais para estar num local como aquele. Ele tinha um cabelo preto, bagunçado, olhos castanhos, usando roupas escuras, simples, mas a simplicidade o deixava mais charmoso ainda. Ele observava a batalha concentrado, de braços cruzados, desde o momento que Nina havia subido no palco.

Então, o que achou? – perguntou uma voz masculina, de um homem mais velho, no comunicador escondido na sua orelha direita.

– Ela é... Interessante. – respondeu o rapaz, sem tirar os olhos de Nina, procurando a melhor palavra para descrevê-la – Mas não parece do tipo que se juntaria a nós.

– Tenha paciência meu rapaz... – respondeu o homem no comunicador. – Estamos apenas começando...

Começando o que? – perguntou o rapaz curioso.

O recrutamento da nossa bela Filha de Métis...


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Notas finais do capítulo

- Essa história não rodará em torno do "UnderGame"
— Espero que tenham gostado e que continuem acompanhando ^^
— Deixam a escritora feliz e mande comentários.