Apenas Chame Meu Nome... escrita por ViQ


Capítulo 2
C1 - Torne-se a sombra




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/309034/chapter/2

— Não acredito que você vai se mudar pra lá...

Chou ria enquanto o amigo lhe contava a novidade. Iria se mudar em breve para mais perto de Tóquio, ou pelo menos achava.

— Por quê? É uma linda mansão... E olha pelo lado bom, vou ficar perto de onde você mora e da escola!

— Você não sabe dos boatos da casa certo?

O garoto loiro que estava ao seu lado esboçou um olhar curioso e moveu a cabeça em um gesto negativo. Chou suspirou. Tinha certeza que a mãe de Karin não havia lhe contado, pois sabia que o loiro não quereria se mudar. Esses medrosos.

— Vamos, Chou, que boatos?

— Mataram sete pessoas lá, dizem que é assombrada.

— E daí?

Tá aí uma reação que não era esperada. Karin dando uma de machão. Era até cômico ver isso por que conhecia o garoto a mais de sete anos e sabia que por dentro ele estava se remoendo de covardia.

— Não tá com medo, machão?

— Tenho dezessete anos, Chou! Não tenho mais medo de fantasmas!

— Claro que não tem! Quem disser o contrário vai levar um soco de Karin, o grande macho alfa do pedaço e do seu fiel escudeiro, Chou Himemiya.

— Para de zoar, trouxa!

Chou riu, mas estava um tanto preocupado com a mudança. Até ele, que não era de ter medo, não se sentia bem quando passava pela entrada da estradinha de pedras que levava até a Mansão Himitsu.

— Tenho uma ideia pra te mostrar que não tenho medo.

— Fala aí...

— Vamos a minha nova casa depois da aula!

Chou pensou, fazia muito isso antes de dar uma resposta. Não tinha medo de ser um pouco covarde diante de Karin, mas a ideia de entrar com o loiro em uma casa abandonada, ainda por cima sozinhos, lhe dava alguns pensamentos perversos que não soaram nada mal no momento.

— Ok, Karinzinho, vamos lá depois da aula.

— Yay...você vai ver que eu não tenho medo.

— Claro, mas isso não vai fazer os meninos pararem de te zoar por causa do seu nome de menina, fica sabendo...

— Cala boca.

• • •

Quando ouviu o sinal batendo logo se levantou e saiu da sala andando reto até a terceira sala do terceiro ano, e lá estava ele esperando pacientemente na porta de saída. Conhecia Chou desde que era pequeno e não esperava que o garotinho tímido que havia encontrado no parquinho se tornasse um cara de aparência tão... Cativante. A gravata mal colocada e a camisa solta lhe davam um ar totalmente sexy de delinquente.

— Então, tá pronto pra ser abusado na casa do mal, Karin?

— Para de brincar e anda, imbecil.

Ouviu os risos divertidos do amigo atrás de si. Sentia-se tenso por entrar naquela mansão. Já tinha ido lá com os pais e com alguns guardas que insistiram para ir com eles, mas sozinho, nunca. Quando fora visitar a mansão não entendeu por que dos guardas quererem ir com eles, mas agora entendia. Estava amaldiçoando Chou por ter lhe contado sobre o que aconteceu na mansão, estava se amaldiçoando por ter falado que iria entrar lá e por ser curioso.

“Isso que dá fazer as coisas sem pensar, Karin. Bem feito.”

Logo alcançaram o grande portal que dava para uma subida de pedras cinza até o topo do morro onde ficava a mansão. Parou e observou o grande portal pintado de vermelho. Um ar gelado passou e Karin estremeceu. Começava a demonstrar medo. Sentiu a mão de Chou agarrar a sua.

— Tem certeza que quer entrar aí?

Não podia desistir agora, e seu orgulho? Puxou a sua mão da de Chou e se esforçou para sorrir e dizer que sim. O primeiro passo precisou de mais que esforço, na verdade só andou quando viu Chou atravessar o portal e logo se pôs a andar atrás dele. Subiram as escadas em um silêncio mortal. Tudo que ouviam eram os sons da floresta que os cercava. Pássaros cantavam de um jeito estranho, Chou e Karin não podiam vê-los em lugar algum, mesmo se olhassem atentamente para a floresta. Quando chegaram ao último degrau puderam ver a vasta mansão Himitsu.

Era uma espécie de pequena vila, onde havia mais três casas além da principal. A mansão era enorme. Toda construída em um estilo oriental antigo, o tempo havia lhe dado um ar sombrio, as portas deslizantes eram revestidas com finos papéis de seda onde vários desenhos representativos de tigres e pavões foram pintados. As três outras casas, bem menores comparadas à mansão, todas no mesmo estilo que o casarão principal.

— Sério que sua mãe achou isso aqui bonito?

Karin estava paralisado na frente de uma estátua. Era para ser uma linda estátua de uma jovem japonesa vestindo um quimono, mas quando olhou para cima percebeu que a cabeça estava faltando. Deu três passos para trás até esbarrar em Chou.

—... Eles não têm muito bom gosto né...

— Com certeza não... Vamos entrar.

A voz de Karin falhou um pouco, mas ele se manteve caminhando. Ao seu lado estava Chou então não precisava estar com medo. Tentou se acalmar e logo abriu a porta deslizante, dava para uma série de três tatames. Uma peculiaridade daqueles três aposentos é que mesmo se abrindo as três portas não dava para ver os ângulos dos locais só o centro das salas. Entraram no espaço vazio e Chou fechou a porta.

— NÃO! ABRE ISSO!

— Ah, qual é Karin, se for assim não tem graça. Não estamos em um filme de terror, ok? Olha, ela abre.

Chou abriu e fechou a porta várias vezes pra mostrar ao loiro que estava tudo bem.

— Ok, vamos continuar então... Rápido...

Karin começou a andar pelos cômodos até parar no terceiro. Chou veio logo atrás e parou também para analisar o que estava na parede. Havia um imenso altar xintô com vários retratos de muitas garotas e com uma katana pousada em cima. Havia manchas de sangue na parede atrás do altar até alcançar o chão.

O loiro gritou. Não estava lá quando foi ver a casa com seus pais.

— Ei, por que você tá gritando?

Karin olhou para Chou incrédulo.

— VOCÊ NÃO TÁ VENDO A PAREDE!?

— EI... EI... PARA DE GRITAR! Não tem nada na parede!

Karin olhou de novo. Realmente, não havia nada. Mas... Havia visto. Tinha certeza...

— Karin? Você tá bem?

Estava perplexo. Não podia ter imaginado! Uma parede inteira... Não. Não havia imaginado.

– KARIN!

Sentiu um puxão forte e despertou dos seus pensamentos. Chou lhe olhava preocupado. Só agora tinha percebido o estado em que estava. Visivelmente trêmulo, devia estar pálido ou com um semblante muito ruim.

— Karin, vamos embora ok? Você parece mal. ‘Tá com o olhar perdido.

—... Tudo bem...

Karin olhou de novo para o altar e viu uma foto que lhe chamou a atenção.

— Chou... Espera... Vem comigo? Eu preciso ver uma coisa.

Puxou a mão do outro e se aproximou do altar, especificamente de uma foto das garotas. Uma lhe chamou a atenção, tinha cabelos longos e negros e o kimono era branco como a neve. Tinha uma expressão neutra no rosto, como se algo faltasse em sua alma. Logo ao lado dessa foto havia outra garota. Esta tinha os olhos embaçados, provavelmente era cega e usava um kimono vermelho, cabelos curtos também de um negro profundo.

— Karin, vamos, antes que você tenha outra alucinação.

Foi puxado de volta pela mão e acompanhou Chou. Sentia a pulsação acelerada dele, parecia que também estava nervoso. Saíram pelas três portas sem problemas chegando até onde estava a estátua decapitada, Chou parou.

Karin achou estranho e logo olhou na mesma direção que o outro. A estátua ainda estava sem a cabeça, mas agora também lhe faltava um dos braços.

Logo ele e Chou começaram a correr para as escadas, seguiram o caminho das pedras esperando ver o mais rápido possível o grande portal vermelho da entrada, mas por mais que eles corressem nada parecia mudar até que avistaram novamente a mansão... E a estatua...

Karin apertou a mão de Chou.

Estavam perdidos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

{ NOTAS DA AUTORA}
Devo admitir que não estou nem um pouco confiante sobre essa fic. Gosto de escrever histórias de terror mas acho que vou ter que me esforçar bastante nessa fic para não sair do meu controle ou pra administrar bem os fatos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Apenas Chame Meu Nome..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.