Everything escrita por Lívia Black


Capítulo 2
II - Eles eram adolescentes.


Notas iniciais do capítulo

Nhá, demorei mais do que falei, sim, mas até que foi rápido, não é? Obrigada pelos reviews que me mandaram, suas lindas, me deixaram muito feliz, contente e inspirada. ^^ Bem, esse capítulo ficou bem curtito para meus padrões, mas espero que vocês gostem. Principalmente você, D-sama ♥
Eu gostei :3
Enfim, Beijitos *-*
L.B.



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II. Eles eram adolescentes.

O inverno veio mais cedo, naquele ano.

E trouxe consigo os flocos de neve.

Suaves como pétalas, eles caíam incessantemente, acumulando-se entre as frestas do chão e compondo grandiosos montes fáceis de serem vistos - até mesmo por detrás dos embaçados vidros da janela do quarto deles.  

Em dias assim, o pátio da Wammy’s House ficava parecido com um cobertor de nuvens.

E com a ajuda das ramificações das árvores, o contraste com a neve formava um cenário gracioso; paradoxalmente sombrio.

Épico.   

Sim.

Talvez fosse essa razão para que os olhos dele (ou seus, como queria que fossem, afinal)  estivessem tão absortos naquela paisagem, no que já parecia soar como meia centena de anos...

Em silêncio.

Matt não se cansava de observá-lo, porém. Simplesmente deixava-se nadar no que, por sua vez, conseguia absorvê-lo...

Mello.

O loiro cultivava um ar soturno, incrivelmente diferente do habitual. Estava com a cabeça recostada na parede da janela, mirando fixamente através dela e seus braços esguios somente envolviam o próprio corpo, vez ou outra se remexendo, desconfortavelmente.

No que será que ele tanto pensa?

...

E então soube.


Quatro letras. Um nome. Um objetivo.

Near.

A resposta veio à mente de Matt sem que precisasse refletir sobre a pergunta, na verdade.

Com tanto branco decorando aquele cenário, e com a obsessão em superar o albino, era quase inconcebível achar que qualquer outra pessoa estivesse rondando os pensamentos de Mello, naquele instante.

Mas Matt gostaria que estivesse. 

E como gostaria...

Finalmente observava, agora, o amigo fazer algo diferente de permanecer imóvel em sua contemplação soturna.  

Mello correu as mãos pelos braços descobertos, como numa manobra para poder aquecê-los.

E foi aí que notou algo crucial.

Os lábios dele estavam arroxeados.

E ele meio que tremia.

Mas não deixava de encarar a neve -ainda que fosse nítido que a visão lhe proporcionava cada vez mais arrepios.

Estava frio.

Era inverno.

O loiro não percebeu a aproximação de Matt, até o ruivo estar perto o suficiente para estender um cobertor vermelho, quente e macio, sobre os ombros desnudos dele.

Vermelho.

Não branco.

Matt sentia frio agora que cedera seu próprio cobertor a Mello, mas não era como se fosse uma sensação significante.

O sorriso de canto que Mello esboçou para ele era único.

Seus traços sombrios somados às madeixas de cabelo extremamente loiro tornavam-no dessemelhante.

E os olhos, além de serem a cor favorita de Matt, eram dois abismos os quais ele se sentia fadado a despencar para toda eternidade.

É. Tinha medo de ficar encarando aqueles orbes por muito tempo e depois não despertar do torpor.

Por isso foi se afastando, inconscientemente lento, mas os dedos gélidos de Mello em seu pulso o impediram partir, antes que pudesse dar sequer dois passos para trás. 

-Ainda estou com frio.

O ruivo hesitou diante do silêncio recém-quebrado, mas antes que pudesse discernir como, Mello o havia puxado para perto.

Muito mais perto do que poderia ter imaginado.

Quando deu por si, compartilhavam da poltrona que ele estivera ocupando ao lado da janela – uma poltrona que nunca poderia ter sido feita para dois.

E então, sentiu o loiro estremecer, e em seguida, sem pedir licença, repousar a cabeça na curva de seu pescoço, simplesmente aninhando o corpo junto ao seu.

Cada vez mais perto.

Isso foi pedir demais do autocontrole de Matt, que nunca tendera tanto a ser desestabilizado, quanto no momento em que foi subitamente tomado por aquele gesto dele.

Sempre havia sido desesperador.

Sempre.

Desde o dia em que eram crianças, desde o momento em que o viu pela primeira vez.  

Mas já fazia algum tempo que o ruivo havia aprendido a disfarçar os instintos doentios que lhe acometiam toda vez que estava junto de Mello...

Sabia como disfarçar a vontade que suas pálpebras tinham de se cerrarem, enquanto apreciava o aroma intrínseco, que só podia ser de chocolate, emanando dos cabelos, do hálito, e até mesmo das roupas dele. Sabia fingir inocentemente que não sentia delicados choques elétricos toda vez que a pele dele roçava propositalmente na sua. Sabia fingir que era só um acidente. Sabia, mas de nada lhe valia saber qualquer coisa agora.

Era tão torturante.

E simplesmente impossível se forçar a resistir àquela imprevisibilidade dele.   

Sem se refrear mais, Matt passou os braços ao redor do amigo, como se pudesse ser o seu refúgio, naquele momento.

Como se o abrigasse.

E agradeceu infinitamente aos céus por ter o frio como uma desculpa válida para poder tocá-lo.

Abraçá-lo.

Mesmo depois de tantos anos, nunca haviam ficado tão próximos e a sensação era mais do que simplesmente indescritível.  

Como você se sente agora, Mello?

Assistiu, sem refrear o sorriso, o loiro permitir-se fechar os olhos, de uma forma segura e  indiferente ao mundo, como ele nunca verdadeiramente fazia.

Mello confiava em Matt.

Espero que esteja quente.

Os dedos do ruivo instintivamente começaram a contornar as partes descobertas da pele dele.

Tão bom. Tão macio.

Suave como a neve.

Espero que não esteja mais pensando em Near. 


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Notas finais do capítulo

Reviews? :3



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