"Eu não sei o que tem em você," a boca de Quinn estava pressionada contra seu ouvido, levando arrepios a sua pele. "Mas eu não consigo parar de te desejar."

Sentada na beira da cama, Rachel estendeu a mão, tentando puxar a boca de Quinn para mais perto da sua, mas a outra se afastou com um sorriso nos lábios, colocando seu iPod nos auto-falantes. Em poucos segundos, o som de Marvin Gaye encheu o quarto, e Quinn se moveu lentamente em direção ao-

Rachel abriu os olhos. Marvin Gaye? Mesmo em sua cabeça Rachel não conseguiria imaginar Quinn sendo fã de Marvin Gaye. Sem falar que ela não tinha certeza se aquela iluminação do sonho era mesmo igual a do seu quarto de verdade. Talvez Quinn tivesse preparado tudo...

Não importa, ela só tinha que esquecer aquele devaneio e experimentar melhor aquele sonho acordada.

Quinn estava encostada no piano, sorrindo. Rachel olhou ao redor da sala vazia – quando Quinn pedira que se encontrasse com ela, Rachel pensou que seria algum tipo de reunião urgente do Glee Club, mas elas estavam claramente sozinhas, e Quinn tinha um olhar muito... muito predatório.

Ela limpou a garganta. "Hum, sobre o que você queria falar comigo?"

Os olhos de Quinn examinaram-na de cima a baixo. "Eu gostaria de saber se você quer fazer um dueto comigo."

Rachel mordeu o lábio. "Certamente. Você tem alguma canção especial em mente?"

Do nada, Bloodhoud Gang começou a tocar, e Quinn cantou. "You and me baby ain't nothing but mammals..."

Rachel abriu os olhos de novo. De onde aquilo estava saindo? Aquela musica definitivamente não era nada sexy. Naquela parte do sonho, Quinn geralmente começava a cantar "Your Body is a Wonderland" e rasgava as próprias roupas. Ela suspirou, claramente ela não conseguiria construir um melhor cenário plausível em sua mente, então ela tinha apenas que pular para as partes boas.

Quinn estava no capô de seu carro, nua e ofegante enquanto Rachel roçava os dentes em seu pescoço. "Jesus, Rach," ela gaguejou, ao sentir dedos macios sobre seus mamilos. O metal do carro estava frio sob os joelhos de Rachel, mas Quinn estava quente ao seu toque.

"Rachel," Quinn ofegou, mas foi interrompida quando Rachel beijou sua boca, uma mão sobre sua coxa movendo-se lentamente para cima, "Rachel." Quinn conseguiu falar finalmente. "Temos que nos apressar ou vamos nos atrasar para sua estréia como Elphaba em Wicked."

"Eu não me importo." Ela murmurou, movendo a boca para baixo, mordendo a clavicula da loira, suas unhas acariciando a parte interna da coxa de Quinn, que começou a tremer.

"Deus-" ela engasgou. "Rach-"

"Rachel! O jantar está pronto, desça agora!"

Rachel tirou a mão de dentro das calças de seu pijama com um gemido frustrado. Seu pai tinha o pior timing possível.

"Hei, Rachel." Quinn apareceu ao lado do seu armário com um sorriso brilhante. "Ansiosa com o karaokê neste fim de semana?"

Rachel sorriu. "Sim, muito, eu já comecei a considerar escolhas de canções que seriam apropriadas para o publico. Tem uma música daquela banda t.A.T.u que eu acho, seria particularmente apropriada."

Quinn riu. "OK, bem, apenas tente se lembrar que karaokê fica ao lado de uma casa de repouso."

A expressão no rosto de Rachel caiu, Quinn balançou a cabeça e apanhou os livros de sua mão com um sorriso. "Venha, eu vou acompanhá-la até sua próxima classe."

Rachel tentou continuar fingindo que estava desapontada, mas achou muito difícil quando Quinn sorria para ela daquele jeito.

Rachel entrou na sala do coral, encontrando Sam segurando Santana, que lutava para sair de seus braços, tentando atacar Finn.

"Você! Aquela sua namorada idiota!" ela estava berrando.

"Santana," Finn estendeu as mãos para cima. "Eu nem mesmo sei do que você está falando!"

Rachel contornou a briga, franzindo a testa e parou ao lado de Quinn. "O que está acontecendo?" ela sussurrou para a lider de torcida.

Quinn deu de ombros. "Ninguém sabe ao certo, mas eles estão fazendo isso há quase dez minutos. Kurt apostou com Tina dez dólares que Sam vai se cansar e deixar Santana ir, e que ela vai chutar as bolas dos dois. Eu tenho quase certeza de que ela vai fugir antes de ser pega."

Rachel virou-se para olha-la com horror. "Isto é horrível. Não deveríamos estar tentando- você está comendo pipoca? De onde você tirou isso?"

"Mercedes trouxe, você quer um pouco?"

"Quinn!" ela exclamou. "Nós deveríamos estar tentando impedir aquilo, e não assistindo como expectadores de uma luta Romana."

"Rachel," Quinn pôs uma mão em sua cintura para tentar acalma-la. "Se qualquer um de nós tentar intervir, ela só vai ficar mais brava. Já chamamos Brittany e ela vai estar aqui em breve. Vai dar tudo certo."

"Bem," Rachel respondeu, um tanto quanto mais calma. "Nesse caso, eu não me importaria em aceitar sua oferta quanto a pipoca. Embora eu ainda ache que isso é errado. É doce ou salgada?"

Finn sentou-se ao lado dela pesadamente, enquanto esperavam o professor de Inglês chegar. Rachel olhou para ele com o canto dos olhos. Ela gostava de Finn, ela realmente gostava, mas ele tinha a tendência a procura-la apenas quando queria fazer reclamações sobre Amy ou a escola ou batentes de porta em que ele costumava bater a cabeça. É claro que ela só costumava procura-lo quando queria alguma coisa, mas talvez a amizade deles seja assim mesmo. Assim, ela decidiu perguntar.

"Você está bem, Finn?"

Ele olhou para ela com medo. "Eu não vi Amy o dia inteiro. Eu tenho quase certeza que Santana invadiu a casa dela noite passada e a assassinou."

Rachel revirou os olhos. "Não seja tolo, Finn", ela disse com desdém, "Santana não é tão violenta quanto ela gostaria que todos acreditem. Ela ladra mas não morde." Ela reconsiderou. "Bem, provavelmente ela ladra 60% e morde 40%, mas mesmo assim, eu ainda acredito no que disse. Posso perguntar o que Amy fez para deixar Santana com tanta raiva?"

Finn a olhou surpreso. "Você não ouviu? Ela fez Santana e Brittany serem expulsas das Cheerios."

Durante a semana, Rachel se acostumara com as aparições surpresas de Quinn durante o dia, ou a procura-la ela mesma, para caminharem juntas até as aulas ou Glee ou para lancharem juntas. Naquele dia, no entanto, ela não conseguia encontra-la, e ao final do dia ela tinha quase certeza de que estava sendo evitada.

Cruzando o estacionamento a caminho de casa, ela ouviu a voz de Santana falando alto suficiente para ser ouvida por todos os alunos que ainda permaneciam na escola.

"Você está brincando comigo? Você não pode nos ajudar?" ela disse, "Nós deveríamos ser amigas!"

Rachel não conseguiu ouvir a resposta de Quinn, mas ela parecia chateada enquanto olhava para o chão.

Santana jogou os braços para o ar. "Sylvester vai ouvir você. Você sabe disso." Sua voz diminuiu um pouco. "Isso não é justo, você sabe que não é justo."

Quinn apenas deu de ombros, enquanto Rachel se aproximava delas, Brittany puxou Santana e as duas se afastaram.

"Quinn..." Rachel disse, colocando a mão em seu ombro. "Você está bem? O que está acontecendo?"

A líder de torcida se inclinou com o seu toque, respirando profundamente. "Amy contou a Sylvester sobre Santana e Brittany, e com toda essa coisa do patrocínio da Igreja... bem, elas foram expulsas da equipe."

Rachel franziu a testa, movendo-se para colocar o braço em volta da outra garota, tentando não suspirar de prazer com a proximidade, não quando a outra estava obviamente chateada. "Isso não parece justo. Embora eu não entenda porque Santana esteja chateada com você."

O braço de Quinn deslizou em volta da cintura de Rachel, afundando os dedos no suéter da cantora, que mal se atreveu a respirar, no caso de fazer Quinn se afastar. "Ela quer que eu convença Sylvester a aceita-las de volta."

Incerta se poderia se atrever a segurar a mão de Quinn, Rachel respondeu. "Mas você pode fazer isso, não pode? Treinadora Sylvester ouviria você."

Quinn suspirou, e Rachel sentiu a respiração contra sua bochecha. "Eu não posso arriscar meu lugar no time novamente. Não depois do que aconteceu no ano passado. Não quando..."

A garota fez um movimento vago com a mão, e Rachel pareceu desapontada quando ela se afastou, inclinando-se contra o carro. "Sylvester falou comigo hoje, também." Ela olhou para as chaves do carro na mão, evitando Rachel. "Ela disse que Amy acha que está acontecendo alguma coisa entre eu e você, também. Ela disse que eu posso ser a capitã das líderes de torcida mas que ela não pode arriscar esse acordo de patrocínio," ela deu uma risada sem humor "Parece que a igreja leva esse lance de homossexualidade muito a sério."

Rachel franziu a testa. "Mas isso é ridículo. Há outros patrocinadores, igrejas inclusive que não se importariam. Eu poderia falar com meus pais e contatar o ACLU e-"

"Eu não posso arriscar,Rachel." Quinn disse bruscamente, ficando ereta. "Isso apenas significa que nós não podemos nos ver fora da escola ou algo parecido. Não que isso importe, obviamente." Ela limpou a garganta. "Nós somos apenas amigas. Não queremos levantar suspeitas."

Rachel observou Quinn entrar em seu carro, batendo a porta. Elas eram apenas amigas.

Rachel: Podemos conversar?

Rachel: Fale comigo, por favor?

Rachel esperou a noite toda, mas não houve resposta.

Era estranho, Rachel pensava, sentar na sala do coral e ver Santana e Brittany fora de seus uniformes das Cherrios. Elas pareciam desconfortáveis, fora de sua barreira de proteção. Sr. Shue estava falando alguma coisa, mas ninguém parecia prestar atenção, e Quinn não estava lá.

Finalmente, 15 minutos depois e quando todos já esperavam desesperadamente que Sr. Shue se calasse, a loira apareceu, parecendo nervosa.

"Oh, ótimo..." Santana disse, audivelmente "Eu estava começando a achar que esse ensaio realmente precisava de uma maldita vadia."

"Santana," Sr. Shue repreendeu. "Ninguém aqui é vadia. Honestamente pessoal, se realmente queremos vencer nas Seccionais, vocês tem que aprender a conviver e-"

"Na verdade, Sr. Shue." Disse Quinn, olhando para cima finalmente. "Eu sou uma vadia."

Vários murmuraram 'O que?' e 'esse ensaio está finalmente ficando interessante', e Shue quis interromper, mas Quinn continuou. "Eu quero dizer, vamos pensar sobre isso, de verdade. Durante anos eu fui horrível com pessoas que eram ótimas amigas, e eu nem mesmo tive coragem de pedir desculpas, eu tratei meus dois namorados como lixo e deixei para baixo uma pessoa com quem eu me importo. Importava..." ela voltou a encarar o chão. "Não agora, alguém no passado." Ela suspirou e continuou "Sim. E agora eu estraguei as coisas com minhas duas melhores amigas, e não foi a primeira vez com uma delas, porque eu não sou só uma vadia, mas eu sou covarde também."

Houve um silencio atordoado após aquela explosão, os membros do Glee Club se entreolharemem confusão. Santanaapertava a mão de Brittany em seu colo.

"Eu vou embora." Quinn disse. "Desculpe pela interrupção. Eu vou embora." Ela se virou e saiu, e Rachel esperou apenas alguns segundos antes de segui-la.

"Quinn!" ela gritou, correndo atrás da loira. "Quinn!"

Quinn desacelerou e virou. "Você teve que correr para me acompanhar, Berry?" ela deu um meio sorriso. "Eu acho que suas pernas são mesmo bem mais curtas que as minhas."

Rachel revirou os olhos. "Aonde você está indo?"

Quinn deu de ombros, apontando vagamente para a saída, "Para casa. O que você quer?"

"Você não acha que deveria falar com a Treinadora Sylvester?"

Os olhos da líder de torcida se estreitaram. "Eu não posso, Rachel, eu já expliquei. Você não ouviu? Por que você me seguiu?"

Rachel colocou a mão suavemente no braço da outra "Você é a única que não ouve, Quinn. Quantas vezes eu vou ter que dizer que você não é covarde?"

Os olhos de Quinn se arregalaram de surpresa e Rachel deu um pequeno sorriso. "Seja corajosa."