Como era de se esperar, cheguei atrasado. Ano passado fiz uma promessa própria de que jamais voltaria a usar ônibus. Além de sujos e estragados, sempre me atrasam. O problema é que ainda não completei 18, e por mais um ano terei que usar este transporte que o país tem orgulho de dizer que possui, mas que temos nojo de frequentá-los. Estou tão enojado desde ontem quando entrei na balada sugerida por Steve que nem me deparo com as novas alunas do colégio. Mas nem faria diferença mesmo, todas só querem uma coisa: sexo.

Não que isso seja ruim, longe disso. Apesar de estar no auge da fase adolescente e indo para a juventude, não penso em sexo o tempo todo. Quer dizer, não pensava.

Isso não interessa: passado é passado, o que aconteceu antes das férias já não era mais tão importante assim.

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– E aí, cara.

Após hesitar por algum momento, lembro-me de quem é a voz. Como pude esquecer dela? Por um momento não me sinto mais um amigo que lembra de tudo, já que esqueci da voz de Jason. Permito-me não parecer surpreso em revê-lo, então logo vou deixando o vazio de um espaço sem diálogos, criando novos logo em seguida:

– Ei, Jason. Quanto tempo, cara! Por onde andou?

– Sabe como é, Gabe. Quando você tem uma namorada, por mais legal que seja, tem que viajar com sua família; apesar da grosseria que seu pai teve comigo, o resto da família de Lola são todos incrivelmente engraçados.

Quando Jason pronuncia a palavra 'namorada', meu mundo desaba. Em minha cabeça, logo veio ela. Aquela doce menina, tímida e alegre, com um sorriso sempre impecável, mas com o coração mais amargo que conheci em toda minha vida. Tento tirar seu nome de minha cabeça. Giulia não presta. Giulia não presta. Eu sei disso, ela sabe disso, todos sabem disso. Por que meu coração não aprende isso logo de uma vez?

Pelo menos um de nós estava feliz. Quer dizer, viver de bebida até madrugada é excitante e feliz, mas não é isso o que quero para mim. Quero aquilo que Jason disse. Quero uma mulher para chamar de minha.

Tento não parecer invejado, o que provavelmente está mais do que na cara. Mudo de assunto.

– Então, segundo ano, hein Jason? Acha que podemos nos dar bem?

– E alguma vez os amigos aqui se deram mal? - questionou Thales, que estava chegando encima de seu skate. - Ralamos e ralamos, mas passamos!

Thales, o positivo. Como se fosse tão fácil assim conseguir enfrentar um ano inteiro quando, em sua frente há bebidas irresistíveis.

Nos abraçamos, e seguimos diante de nossa nova sala de aula.