Acordo em uma manhã nublada, com previsões para chuva. Ótimo, era só o que me faltava. Começar o ano letivo em uma segunda-feira a qual no dia anterior você bebeu a noite inteira para esquecer uma menina que não presta não é de longe um dos melhores dias para qualquer um. Estou de ressaca, e não consegui esquecê-la. É tão ruim conseguir esquecer de um amor impossível, ou de uma pessoa que marcou sua vida, mesmo por pouco tempo... Levanto de minha cama em um pulo, o que não deveria ter sido feito. Agora estou tonto, e com vontade de vomitar, penso que a qualquer momento poderei desistir de tudo e cair aos prantos. Mas não é momento de choramingar, eu não sou assim, nunca serei assim. Uma garota que só sabe iludir o coração dos garotos de minha idade, até mesmo mais velhos ou novos, não merece ter um pingo sequer de choro escorrido por ninguém.

Tento dizer isto a meu coração, mas de que adianta? Ele não gosta de me escutar.

No café da manhã, tudo parece perfeito. Isto me deixa conturbado; a perfeição está longe de ser boa. Meus pais estão conversando normalmente, sempre felizes e mostrando amor um pelo outro, provavelmente nem reparando em meus olhos de ressaca, meu corpo mole e caído, muito menos minha tremedeira; devia ter me alimentado um pouco nas últimas duas semanas.

Tudo o que Rosalie me diz é:

– Tenha um bom dia, meu filho. Novo ano letivo, novas escolhas positivas. Tenha consciência de tudo.

Rosalie todo ano 'repete' esta mesma fita, e nunca se cansa de sorrir verdadeiramente para mim; sei que quer o meu melhor, mas não sei se posso mostrar meu melhor a minha mãe; não sei se posso mostrar meu melhor a mim.