- Eu decidi. Vou terminar a missão sozinho – disse antes de se virar e começar a andar rapidamente para longe de nós.

- Will, você não vai sozinho – exclamei seguindo ele. Bem que ele podia andar mais devagar, não?

- Você e Chris podem voltar para o acampamento. Vou devolver a flecha para Ábaris e vou ficar um tempo na casa da minha mãe. Seja feliz, Megan – falou sem nem mesmo olhar para mim.

- Eu te amo, Will. Não sei como, nem porque, mas amo. 

Capítulo 18 – Nem pense nisso, Megan.

Ele parou. Ficou um tempo de costas para mim e depois começou a se virar. Engoli em seco assim que me dei conta do que havia falado. Era a verdade, mas eu não podia simplesmente falar assim, desse jeito. 

      Assim que se virou totalmente e começou a dar os sete passos que nos afastava. Sim, eu contei. A cada passo eu ficava mais nervosa, sem saber o que dizer e fazer. Para minha surpresa e total satisfação, Will tomou minha boca em um beijo desesperado, apertando meu corpo contra o dele como se tivesse medo de que eu fugisse. 
Não sei quando tempo passamos nos beijando, mas mesmo a chuva não foi capaz de nos separar. Eu não sentia frio, não sentia nada, apenas a maciez dos seus lábios contra os meus, sua textura e seu gosto. 
- Eu te amo, Meg. Sempre amei – ele disse com a testa colada na minha.
      Dessa vez quem procurou sua boca para um beijo fui eu. Segurei seu rosto com as duas mãos e pedi passagem. O beijo, dessa vez foi calmo e doce, foi espetacular.

- Que porra é essa? – ouvi Chris dizer.

      Virei para a direção em que vinha sua voz e o vi com a roupa molhada devido à chuva. O cabelo curto molhado e os olhos semicerrados. As mãos fechadas em punhos enquanto olhava para nós. E a expressão do seu rosto, além de raivosa, era magoada.

- Droga – praguejei baixinho. A última coisa que eu queria fazer era magoar Chris, mas quando se tratava de Will eu não conseguia nem pensar direito – Preciso conversar com ele – falei apenas para que Will ouvisse. 

      Ele assentiu e me soltou. Passou as mãos pelo cabelo molhado, tentando impedir que ele entrasse nos olhos. Fiquei de costas para ele indo até onde Chris ainda nos olhava, mas agora o olhar era diferente e eu não pude identificar qual era.

      Fiquei na sua frente com medo de qualquer reação. Eu gostava muito de Chris, muito menos, mas era diferente, tinha atração, mas não paixão, nem amor. Não era como o que eu sentia por Will e mesmo assim doía vê-lo se magoar por causa de mim.

- Chris... Eu... – murmurei.

- Eu sabia que você gostava dele, Megan, mas você não devia ter me dado esperanças – acusou.

- Eu gosto de você, Chris. Já te disse isso, mas é diferente.

- Eu sabia que você gostava dele, era obvio, mas eu me permiti ter esperança com você e agora...

- Deuses, Chris. Eu não queria te magoar e...

- Deixa quieto, Meg. No fundo eu sabia que você era apaixonada por ele, mas eu ainda me deixei ter esperanças.

- Eu até pediria para você atravessar a espada pela minha cabeça, mas eu sou a única que sei onde está a flecha e a coisa que eu mais quero agora é terminar essa missão e passar um tempo de qualidade com meu pai. E pode ser a pior coisa para eu dizer nesse momento, mas você vai encontrar alguém normal, que te mereça e que ainda te faça muito feliz. E eu vou fazer vista grossa com ela, sim? Ninguém mais magoa meu filho de Ares favorito.

      Fiquei na ponta dos pés e passei o braço ao redor do seu pescoço. Mesmo tendo sido sincera com ele, ainda doía tê-lo magoado e com toda a certeza eu não deixaria mais ninguém magoar ele. Ele não era como Travis para mim, porque ninguém substituiria meu retardado favorito, mas Chris era um dos meus melhores amigos no acampamento e fora dele também.

- Se ele te magoar eu posso soca-lo, certo? – ele perguntou me fazendo rir.

- Claro, desde que eu possa te ajudar. Sabe, bater em Will é meu passatempo favorito.

      Assim que eu o soltei ele sorriu, mas o sorriso ainda não chegava aos seus olhos. Apenas retribui com um sorriso triste e corri para uma área coberta onde Will nos esperava.

- Precisamos nos trocar – falei assim que chegamos lá, indicando nossas roupas encharcadas.

- Nós podemos ir ao McDonald’s e nos trocar em um dos banheiros de lá e aproveitar para comer alguma coisa – sugeriu Will.

- Tudo bem, mas McDonald’s não – falei e eles riram.

(...)

      Por sorte, eu havia trazido outra roupa comigo e junto com ela um casaco e mesmo sendo simples, daria para o gasto. Achamos um Burger King na 330 5th Avenida, ou seja, perto do Empire State Building.

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- Não sei como você gosta mais disso do que dos lanches do Mc – diz Chris se referindo ao hambúrguer que comia.

- Do mesmo jeito que eu não sei como você gosta daquela coisa gordurosa dela – falei rindo e bebi mais um pouco do meu refrigerante.

      Terminamos de comer e fomos em direção ao Monte Olimpo. Agora, já não chovia mais, o que eu agradeci, pois não estava a fim de trocar de roupa de novo e nem entrar no “lar dos deuses”, encharcada. Isso sem contar que o escritório do meu pai ficava no mesmo edifício e assim que terminasse a missão poderia ficar um tempo com ele, já que a ilusão que Phobos havia me mostrado ainda me incomodava.

      Assim que chegamos ao prédio fiquei saber onde ficava o Olimpo, mas Chris e Will, que já estavam há mais tempo que eu no acampamento, sabiam e falaram para mim ficar tranquila. Dei de ombros e fiquei de longe, os observando falar com o homem sentado atrás do balcão. O filho de Apolo agradeceu por alguma coisa e jogou um dracma em cima do balcão, logo depois me chamou.

      Havia outra porta de elevador, onde estramos e ele apertou o botão do 600º andar e uma música irritante e sem graça começou a tocar. Assim que a porta se abriu olhei maravilhada para a vista que eu tinha dali.

      Mesmo sempre brincando sobre conhecer o Olimpo, eu não estava preparada para fazer isso, tudo aqui era lindo. Saímos do elevador devagar, acho que eles estavam dando um tempo para que eu pudesse apreciar tudo aquilo e internamente eu agradeceria. Meu pai ficaria encantando com a arquitetura desse lugar. Fui para a “borda” onde lá de cima eu podia ver a cidade, mas antes que eu arqueasse meu corpo para poder ver com mais clareza, a mão de Will me segurou.

- Nem pense nisso, Megan – advertiu em tom de brincadeira.