As damas foram embora, menos uma. Ichigo acompanhava Rukia com os olhos enquanto se distanciava pelo convés do navio.

- Ah, Filho...

Ele não parava de olhá-la.

- Filho? Tem o mínimo de entendimento do que esteja fazendo?

 - Não muito. – Disse sorrindo.

 - Está para entrar num covil de cobras.

 - Outro?

 - Como outro?

 - Esquece! – Sorriu. – “Aqui o que mais tem é covil, mas não é só de cobra não”. – Voltou a prestar atenção.

 - O que pretende vestir?

Ele apontou para as roupas velhas, que estava usando. A senhora o levou para seu camarote e lá lhe deu uma das roupas de seu filho.

Ele entrou no salão, vestido como um príncipe. Desceu devagar a escadaria e olhando para todo o lugar, procurando-a. Ajeitou a roupa e continuou a descer, chegando lá em baixo, ficou a esperar.

Depois de alguns minutos ouviu-se a voz da mãe de Rose e a de Cal. Ele se virou e os viu descendo, tentou cumprimentá-los, mas passaram direto.

Distraído, olhou para cima e viu Rukia. Ela estava linda naquele vestido, pensou. Ela descia, mas seus olhos não se desgrudavam, até que então ela ficou bem próxima. Parados ali, se olhando. Tinham que se mover se não quisessem que alguém notasse algo diferente.

Ele segurou a mão dela e beijou-a.

- Eu vi isso uma vez no cinema e sempre quis fazer igual. – Disse sem soltar a mão dela e ainda olhando em seus olhos.

 - Não precisa falar as falas se estivermos pertos. – Sussurrou sorrindo.

 - Mas sempre quis fazer isso mesmo. – Sorriu também.

Eles deram os braços e ela o levou até Cal, que fez um de seus comentários idiotas. Ele continuou a andar com a mãe dela e os dois ficaram a sós.

- Sabia que é a primeira vez que vejo seu cabelo penteado, Ichigo? – Disse de braço dado com o rapaz e acompanhando Cal.

 - Está tão mal assim?

 - Você ficou lindo. – Corou levemente.

 - Você também ficou linda, até de mais. Acho que me apaixonei.

Ela gelou.

- O que?

 - Não disse nada. – Estava um pouco corado também, mas deu um sorrisinho de lado ao ver o estado em que ela ficou.

No jantar.

No filme era Jack quem não sabia usar os talheres, mas nesse caso quem não sabia usá-los era Rose. Ela ficou olhando para Ichigo a procura de uma ajuda e ele apontou disfarçadamente para o que ela devia ou não fazer primeiro.

- Está com algum problema, querida? – Indagou Cal.

 - Problema? Nenhum.

Serviram o caviar. Rukia ficou observando, observando, observando... Mas por que serviriam tão pouca coisa? Isso que era ser rico? Servir uma colher para cada?

- Só isso?

Ichigo olhou para ela e sinalizou para que fizesse silêncio. Ela o olhou de cara feia.

- Disse alguma coisa?

- Claro que não, que idéia. – Disse disfarçando.

Ele riu.

Eles conversavam e conversavam. Perguntas eram feitas a Ichigo e ele respondia a todas, de acordo com o texto. Rukia levantou a taça e fez um brinde ao comentário que Ichigo acabara de fazer.

- Fazer valer a pena! – Levantou a taça.

Todos levantaram as suas taças e brindaram e os olhos dos dois se cruzaram mais uma vez. Depois de algum tempo ele foi embora, mas ao se despedir deixou um bilhete. Ela foi atrás logo em seguida.

- Agora vamos a uma festa de verdade, Rukia. – Disse ao vê-la chegar.

Muita música, pessoas dançando, outras batendo palmas, tocando instrumentos...

Ichigo dançava com uma garotinha e enquanto isso Rukia o observava atentamente. Quando a música acabou e deu inicio a outra, ele a chamou.

- Vem! – Ele a puxou

- Mas Ichigo... – Ficou bem perto. – Ichigo, espere. Eu não sei dançar assim.

- Nós vamos ter que ficar mais perto. – Ele pôs a mão nas costas dela e a puxou para perto. Tão perto que seus corpos se colaram. – Você ainda é minha favorita. – Disse olhando para a garotinha.

Rukia corou.

- Eu não sei os passos. – Disse Rukia ao começarem.

- Nem eu, deixe-se levar.

Ficaram dançando, ela adorou a experiência nova. Ele a levou para cima de uma espécie de palco e então começou a sapatear. O observou e assim que o viu terminar, tirou os calçados e jogou para alguém, levantou o vestido e também sapateou.

- Eu não sabia que você sabia fazer isso. – Disse boquiaberto.

- Nem eu.

Ambos gargalharam.

Continuaram a sapatear. Ele a segurou pelas mãos e começaram a rodar, se a música não estivesse tão alta só se ouviria os gritos dela.

Eles pararam e foram beber um copo de cerveja, mas um homem esbarrou e entornou tudo nela.

- Você está bem?

- Estou. – Disse rindo junto com ele.

Ela se aproximou um pouco e passou a mão em seu cabelo, na intenção de despenteá-los. Um dos capangas de Cal desceu a escada e os viu juntos. E ficou observando para ver o que ela ia fazer.

Ela passou as mãos no cabelo dele, despenteando-os. Ele segurou suavemente suas mãos e olhou em seus olhos.

- Não vai embora, Rukia, por favor.

-Eu não sei. – Ela sentiu que ele se aproximava lentamente. Mas que diabos estava acontecendo come ele?

Ela colocou a mão sobre o peito dele e o empurrou levemente, tão leve que só ele percebeu a rejeição.

- O capanga está aqui, lembra dessa cena? – Ela apontou com os olhos para o local que estava o capanga. – Vamos dançar. – Estava mais confusa que tudo e corada também. Mas continuaram dançando e aproveitando a nova experiência.

Continua...