Bruna POV

As minhas aulas foram passando, as fofocas aumentando constantemente, a Júlia me lançava olhares a cada segundo, eu não me lembro de nadica de nada sobre ontem a noite e ainda por cima estou preocupada com o idiota do Lucas. Eu sei, não devia pensar nele ou nem se quer ficar preocupada, mas ele estava muito esquisito e isso foi de uma hora para outra... Estranho. E além do mais por que diabos ele bateu tanto no Rafael? Não vejo motivo para isso, sinceramente. A Júlia disse que falaria comigo assim que as aulas acabassem eu realmente não quero ter essa conversa.

Isso é o que mais me irrita em mim. Essa coisa minha de perdoar as pessoas facilmente. É ridículo devido a minha situação. Eu não gosto de guardar mágoas de ninguém, isso com certeza me afetaria depois. Claro, eu odiei o que eles fizeram, mas já era, já aconteceu e eu não posso mudar nada em relação á isso. Por isso, irei ouvir a Júlia, todos precisamos de uma segunda chance não é? Seria errado da minha parte ser tão egoísta sobre essa situação. O baque que tive foi imenso e não sei se irei poder perdoá-los a tal ponto, mas eu preciso tentar, pelo menos.

A aula finalmente chegou ao fim, todos estavam indo embora e enquanto eu arruma as minhas coisas a Júlia vinha reta na minha direção.

– Posso falar com você agora? - Disse direta e séria.

– Olha, vamos para a minha casa, lá conversaremos com calma e ninguém poderá ouvir a nossa conversa. Esse povo adora uma conversa. - Era uma desculpa esfarrapada para adiar a conversa que estava por vim, mas no final adiantou. Ela assentiu e fomos. O caminho foi silencioso. Apenas andávamos sem dizer uma palavra sequer. Achei melhor assim.

Chegando no destino, troquei de roupa e nós duas almoçamos, eu tentei de todas as formas possíveis não falar, mas minha cota de enrolação tinha acabado. E sim, eu estava com medo do que ela iria me falar, admito. Fomos até o meu quarto e eu fechei a porta, me sentando na cama logo em seguida.

– Ta, agora que acabou a enrolação, posso finalmente conversar com você? - Disse, ressaltando o finalmente.

– Pode, claro. - Disse, ela se sentou logo ao meu lado. Respirou profundamente. E então começou.

– Quero que você me prometa que não irá dizer uma palavra enquanto eu estiver falando ok? - Assenti. - Ouça tudo com calma e atenção. Quando eu acabar ai sim você pode fazer o que quiser. - Assenti novamente, ela se ajeitou na cama e começou a falar.

– Eu estava dançando na pista, com um garoto lá, até que o Rafael me chamou, eu não dei muita atenção para ele de início. Então ele me puxou para um canto afastado de todos. Ele queria que eu ficasse com o Lucas. - Ela dizia, pausadamente. E até em tão eu não omiti qualquer reação. Só ouvia tudo com atenção. - Eu neguei, é claro. Mas ele foi insistente. Quanto mais eu negava mais nervoso ele ficava, fazendo-me ficar realmente assustada com a sua atitude. Até que chegou um ponto que eu o ameacei, fazendo-o ficar realmente nervoso e até chegou a me machucar. - Me assustei de inicio, eu estava realmente confusa com tudo que ouvira até então. Até o momento que ela abaixou a manga do seu casaco e vi marcas roxas na sua pele clara. É, ela não estava mentindo, dava para ver em seus olhos uma sinceridade sem igual e além do mais aquela marca, meu deus. Assim que vi arregalei os olhos e a olhei logo em seguida. Ela não teve nenhuma reação, só continuou séria, como prometido não falei uma palavra sequer. - Eu o persuadi a um certo ponto, fazendo ele me soltar. Mas antes deu sair dali para avisar do tal planinho idiota dele, ele falou que tinha drogado o Lucas, para poder fazer ele me beijar. No momento fui até o bar, chegando lá o Lucas estava completamente bêbado e estranho. O ajudei a levantar e fomos a sua procura. No caminho ele falava coisas sem noção nenhuma, como por exemplo que o Vitor com você num a dança. Não entendi, fomos até atrás da casa, já que não te achamos na frente. Chegando lá o Lucas começou a ter os efeitos da droga que o Rafael lhe deu. Ele pensou que eu fosse você, assim então me beijando logo em seguida. Foi na hora que você chegou e tudo aconteceu. Eu não espero que você acredite no que eu acabei de contar, mas eu precisava te contar. Bubes, eu não tinha nenhuma amiga verdadeira desde que te conheci. Pode achar que é papo furado, mas é a verdade. Eu nunca te trairia de modo tão baixo depois de te conhecer melhor. No começo eu fiz aquela idiotice com o Rafael, deu beijar o Lucas na praça. Mas eu te prometo que eu não fiz aquilo de propósito na festa. - Ela respirou e depois acabou de falar. Eu estava perplexa, não sabia como agir ou o que falar. Estava confusa, só confusa.

–Eu sou uma idiota! - Foi a única frase que consegui organizar na minha cabeça e falar.

Ela sorriu. - Não, você não é. Idiota é o Rafael, você só agiu devido ao que viu. E eu não te julgo, agiria da mesma forma, ou até pior.

– Eu não sei o que falar.

– Você não precisa dizer nada. - Eu encarava a minha mão, não consegui olhar para a Júlia naquele momento. Ficamos segundos em pleno silêncio até que levantei o olhar. E seus olhos estavam numa mistura de alívio com sinceridade. Ela não havia mentindo no que acabou de falar, disso eu tenho certeza.

– Devo me desculpa não é? Devia ter conversado com vocês quando tudo isso aconteceu... - Ela me interrompeu.

– Para, a única coisa que você tem que fazer agora é falar com o Lucas, ele está destruído Bubes. - Olhei para ela novamente e por impulso a abracei. Como eu disse, eu perdoou as pessoas, muito, muito fácil. Mas naquele momento, eu precisava de uma amiga.

– Desculpa. - Sussurrei, enquanto chorava baixinho no seu colo.

– Não precisa. - Ela disse.

– Amigas?

– Amigas. - Sorrimos, enxuguei as lágrimas.

– Eu não vou falar com o Lucas. - Disse e ela se assustou.

– Por que?

– Eu quero esperar o momento certo. Mas não diga que falou comigo ok? Eu vou trata-lo como quando a gente era amigos. Eu realmente não sei por que vou fazer isso, mas eu preciso de um tempo para processar isso tudo sabe? - Ela assentiu.

(...)

– Isso mesmo pessoal tem dois shows marcados para o próximo final de semana, em Curitiba. E lançaremos o CD de vocês logo depois, animados? - Gritarias, abraços, conversação. Isso o que houve logo depois da notícia. Teríamos uma "mini turnê". Era quarta-feira e eu havia decidido que agiria normalmente com o Lucas, no começo ele até se assustou, mas depois foi na onda.

Quando a reunião acabou, todos tinham ido embora.

– Ei, Lucas, me da uma carona? - Disse fazendo carinha de cachorro, ele sempre caia.

– Claro, entra ai. - Entrei e ele foi logo em seguida. - Bota o cinto. - Revirei os olhos e ele riu. Parecia como antigamente e eu gostava disse. Eu me segurava profundamente para não agarrá-lo ali mesmo. Senti a minha força de vontade.

Ele ligou o som e começou a tocar The Rolling Stones.

Botem s2: http://www.youtube.com/watch?v=Y8T8eNhKSik

Nós entreolhamos e começou a tradução. A música ia rolando até que estava dois loucos cantando ela.

– I can't get no, oh, no, no, no. - Eu cantava no ritmo da música e logo depois ele completava.

– Hey, hey, hey, that's what I say - Nós olhávamos e quando a música acabou rimos muito.

Depois começou The beatles. Hey Jude;

Oh aqui: http://www.youtube.com/watch?v=eDdI7GhZSQA

– Hey, Jude, don't make it bad, Take a sad song and make it better. - Comecei a cantar baixinho, até que a velocidade do carro foi diminuindo até parar.

O Lucas olhou para mim. Não sei como fomos parar tão perto um do outro. A respiração dele vinha até mim. Ele ia dizer algo, mas desistiu. Fomos nós aproximando, até sentir seu hálito de menta. Pude ver claramente seus olhos, brilhantes, como sempre. E quando estávamos quase grudados um no outro, o cinto me apertou, me fazendo acordar do transe e nós afastarmos rapidamente.

– Tchau. - Disse tirando o cinto rapidamente e quase saindo dali correndo. Entrei em casa desesperada. Não sei quanto tempo irei agüentar, mas essa viagem promete.