Dear Boss escrita por Bruna


Capítulo 9
I promise.


Notas iniciais do capítulo

Aqui está outro capítulo e desculpe pela pequena demora!!!!!! Ah, não esqueçam de comentar e recomendar!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/308039/chapter/9

Edward’s POV.

Eu era um merda.

Sentia isso a cada passo, a cada clique de câmeras, a cada sorriso falso, mas principalmente a cada vez que a patética mulher ao meu lado se aconchegava a mim como se eu fosse o seu prêmio ou algo assim.

Eu me sentia num circo de horrores. Cercados por palhaços, especificamente. Ou por cães treinados, que se eu dissesse para fingir de morto, fingiriam. Para correr, correriam. Porém, se eu pedisse a única coisa que realmente eu queria, infernizariam a minha vida até se sentirem saciados com o meu sofrimento.

O que claro, não fazia a porra de diferença nenhuma.

Não era a minha felicidade e tranqüilidade em jogo. Isso não importava. Era a dela. A privacidade dela é que seria afetada se eu mostrasse quem queria que estivesse ao meu lado. A proteção dela. Uma pessoa tão genuína que mostrava exatamente o que pensava, uma mulher tão forte, tão impressionante, que depois de uma semana de namoro, ainda me surpreendia ás vezes. Tudo bem, risque isso. Ela me surpreendia sempre.

-Edward! Você parar por um momento? Eles querem melhores fotos de nós – a mulher ao meu lado falou baixinho.

-Fotos não estão no trato. Você entrar, representar o seu papel e ir embora sim. Vamos entrar e acabar logo com isso – falei duro, e vi como as palavras a afetaram. Acontece que eu não ligava se estava sendo grosso demais. Eu era assim e ponto.

Mas tinha um pequeno problema no ar. Eu olhei para ela, que eu nem sequer sabia o nome, e lembrei de outra pessoa. Uma pessoa que eu não costumava conhecer, que nunca havia feito nada realmente rude comigo, mas que tratei com descaso. Uma pessoa a que fui um completo filho da puta, mas que não merecia nada daquilo.

Uma pessoa que ultimamente tinha se tornado repentinamente importante na minha vida.

Mais que droga. Inferno. Raios. Diabos. Como eu, um filho da mãe sem escrúpulos tinha me tornado um molenga com receio de tratar seus funcionários mal por causa de uma namorada?

Jesus. Será que eu tinha virado gay?

Eu certamente estava agindo como um. Pensando como um.

-Edward! – um dos pensadores do evento acenou para mim, vindo na minha direção – Como vai?

-Vou bem. E você? – não pude dizer o seu nome. Na verdade, eu não sabia dizer o nome de 90% da festa. Mas eles certamente sabem o meu. E Isabella certamente saberia o deles.

-Resplandecente – respondeu. Quase revirei os olhos. Claro que sim. Ele provavelmente tinha arrecadado um bom dinheiro comigo. Depois de olhar para mim por mais um momento, o homem olhou para a dama ao meu lado e franziu a testa – Olá senhorita.

Eles acenaram um para o outro, com o homem sendo mais galanteador com ela em 10 minutos do que eu tinha sido desde que cheguei, mas continuava parecendo confuso.

Mas o que?

-Por que está agindo assim? – perguntei, olhando sugestivamente para a mulher ao meu lado, para que ele soubesse sobre o que eu falava.

Ele pareceu surpreso por eu ter percebido seu desconforto.

-Ah. Desculpe-me. É que pensei que viria com a sua secretária... A Bella.

BELLA?

Tudo bem. Não sou gay.

A certeza se deu ao fato de eu querer estrangular o homem á minha frente por falar sobre a Isabella com um sorriso sonhador nos lábios, e ainda chamá-la de BELLA!

O homem olhou para mim e se assustou com a raiva nos meus olhos, se afastando bons dois passos. Avancei para ele, como um predador e sua caça, ainda destilando ódio destinado totalmente a ele. Aquela altura, eu via tudo desfocado, errado, com um único alvo á minha frente, devidamente imóvel por medo.Me sentia em um tiro ao alvo.

E eu sempre fui bom em mira.

-Edward! – uma voz me distraiu da minha loucura, trazendo-me de volta a realidade. Preparei-me para gritar com quem quer que tenha interrompido, quando vi que se tratava da Esme.

O fato de ela estar me olhando com óbvia desaprovação pela minha companhia não ajudava em nada.

Que droga a Bella ser tão ridiculamente encantadora ao ponto de ter conquistado toda a minha família.

-Olá, Esme – cumprimentei, educado.

-Edward – sorrindo. Fechou o rosto logo em seguida – E a Bella?

-Não veio.

Ela olhou para mim com uma sobrancelha arqueada, como se me desafiasse a falar mais.

Não falei.

Então ela falou com a minha acompanhante brevemente, e saiu. Simples assim. Raivoso assim.

-Quem é Bella? – a mulher perguntou, e franzi os olhos. Eu realmente deveria lembrar o nome dela. Imagino que não seria educado perguntá-la o seu nome, e já fui suficientemente grosso com ela hoje.

Está vendo só? Posso ser um bom homem.

-A minha secretária – Simples e curto. Ela não perguntou nada mais sobre, o que me fez ter certeza de que foi boa a idéia de não trazer a Isabella.

Este mundo é ridículo. É sobre fama, dinheiro e furos. Se eu aparecesse com uma nova namorada, já daria uma grande reportagem. Agora se eu aparecesse com a minha secretária, seria uma reportagem de três páginas, totalmente detalhado. E capa de revista.

E Isabella não agüentaria. Por mais gay que isso soe (e acredite, soa mesmo) eu a via como um cristal valioso e extremamente delicado. Aperte-a demais, e quebrará em mil pedaços, irrecuperavelmente. Fazendo-a perder todo o valor. Metaforicamente, ela é o cristal agora, vivendo como vive, sincera e honestamente. No meu mundo, ela seria devorada, subjugada, engolida. Quebrando-a. Fazendo-a perder a sua essência.

E eu faria tudo ao meu alcance, e até fora dele, para que isso nunca acontecesse.

Sentei na cadeira reservada a mim, e as luzes foram desligadas, mostrando um telão com um vídeo falando sobre como o restaurante cresceu quando assumi e como era um sucesso e mais outras bobagens que eu já sabia. Não pensei que isso seria tão merda. Eu não sobreviveria a isso sem um uísque.

É claro que quando ele chegou, pensei na Isabella e em como ela daria um ataque quando descobrisse que andei bebendo. Os telões desceram, e um dos gerentes de um dos restaurantes subiu ao palco, fazendo um discurso longo sobre os cinco anos das empresas. Decidi que Isabella ficaria furiosa. Eu iria beber muito. Muito, mas muito mesmo.

Avistei Carlisle duas cadeiras ao lado, e acenei para ele, que retribuiu o aceno com um sorriso. Mas com olhos desaprovadores.

Foda-se tudo. Eu vou é ficar bêbado.

Levantei a mão e imediatamente um garçom apareceu na minha frente. Quando ia pegar uma bebida, o parei com um olhar. E comecei a pegar todos os copos da bandeja.

-Você tem certeza disso? – a mulher perguntou, olhando-me espantada.

Tive que contar dez segundos inteiros para não soltar uma resposta das boas. E aí tentei de novo.

-Tenho.

Ela não perguntou mais nada. Que sábio da parte dela.

Vi a festa passar em uma seqüência, como se faz em filme chato. O discurso acabou. Todos me aplaudiram. Agradeci. Bebi. Levantei para receber os cumprimentos. Bebi. Falei com alguns repórteres. Bebi. Sentei na mesa de novo. Bebi. Bebi. Bebi.

-Posso ir ao banheiro por um momento? – a mulher, que tem estado ao meu lado silenciosamente como uma sombra, perguntou de repente.

Virei-me para ela rapidamente, porque acho que a bebida já deve estar afetando meu cérebro. Ou ela tinha me pedido permissão para ir ao banheiro? De verdade?

-Se você PODE? – perguntei, incrédulo.

Ela encolheu os ombros, e foi nesse momento que percebi em como a minha companhia deveria estar péssima.

Realmente decadente.

-Olha, eu sei que não tenho sido uma boa companhia – admiti, olhando bem fundo nos olhos dela – E realmente sinto muito.

Ela abriu a boca cinco vezes, e parecia estar prendendo a respiração. Mas nossa. Será que fui tão ruim assim?

-Não...Não está tão ruim – ela falou, trêmula.

Bufei, divertido.

-Você é educada o suficiente para mentir por cortesia, mas eu não. Isso tá um lixo – e consegui arrancar um riso dela, e eu sorri junto – Mas podemos melhorar isso. Sabe, não sou exatamente o que se chama de boa companhia mas quem sabe quando você voltar, podemos sei lá, dançar.

Ela ficou ainda mais desorientada. Então levantou desajeitada, concordou e saiu.

Eu estava com álcool demais no sangue para pensar sobre a atitude dela.

-Bebendo por que não está com quem realmente gostaria? – a voz de Carlisle me chamou, por trás de mim.

Virei-me e ele estava ali, sorrindo para mim. Bom, bem.

-Talvez. – respondi, simplesmente.

-Por que você não a trouxe, Edward?

-Você sabe por que.

-Não sei não.

Olhei para ele, cerrando os olhos, mas como o usual, Carlisle parecia extremamente calmo. E então me obriguei a relaxar. Se havia uma pessoa que você não podia ficar com raiva, era ele.

-Ela seria exposta a tudo isso. Revistas, jornais, essas merdas. Não quero isso para ela. Não quero que ela acorde um dia e veja que é alvo de fofoca, capa de revista, ou qualquer coisa assim. – respondi, e Carlisle acenou, como se a minha resposta fosse exatamente o que ele esperava.

-E como ela se sente sobre isso?

Franzi a testa. O que? Do que ele estava falando?

A minha confusão foi resposta suficiente para ele.

-Você não conversou com ela sobre isso.

Os vincos da minha testa se tornaram mais profundos.

-E por que deveria?

-Porque o assunto a envolve, Edward. Deveria ser a decisão dela.

O ponto dele me atinge como uma bala na testa. É claro que ele tinha razão. Raramente Carlisle NÃO tinha razão. Aquilo ela sobre a privacidade DELA, a vida DELA. Entretanto, o único a tomar decisões estava sendo eu.

É claro que eu entendia.

Mas não compreendia.

Não porque não quero, mas porque não posso. Porque o meu mundo não funciona assim. Não funciona com pessoas tomando suas próprias decisões, e sim comigo tomando as decisões por elas, para um bem maior. Era assim que eu sempre agia.

A percepção de que nessa situação a minha atitude poderia estar errada me deixa furioso.

-Não me venha com essa, Carlisle. Nós dois sabemos como isso iria afetá-la. É claro que se eu falasse com ela, ela iria querer encarar. Mas pela ignorância, não pela coragem. Ela não sabe como isso funciona. E quando souber, vai querer nunca ter entrado nesse mundo. Mas já vai ser tarde demais. – tentei contra argumentar, bebendo um gole de drinque inteiro.

Pelo canto dos olhos, vi que a minha acompanhante voltava á mesa. E eu devia a ela uma dança.

-Você está fazendo isso de novo. Decidindo por ela. Supondo o que vai acontecer. Predizendo, com certeza – Carlisle falou, bem na hora que a mulher chegou a mesa. Sorriu para ela, e depois falou para mim antes de sair – O problema, Edward, é que você não pode ver o futuro.

Agora eu estava realmente fora de mim. Porque ele estava absolutamente certo.

Isso queria dizer que eu estava errado.

Definitivamente, não estou acostumado a isso.

-Me dê licença por um momento – falei abruptamente, levantando da mesa sem esperar resposta.

Peguei o celular inconscientemente e os números já gravados na minha mente saem sem exatamente a minha permissão. Eu não tinha plena consciência do que estava fazendo. Talvez por causa da bebida. Ou da raiva. Só sabia que eu estava frustrado e irritado, e teclava em direção a minha atual ponte de equilíbrio.

Quando uma outra voz atendeu o telefonema, foi quase um choque.

-Alo? – a voz perguntou pela terceira vez, e quando pude recuperar a voz, a minha fúria já estava no limite.

-Onde está a Isabella? – eu estava tão descontrolado, que a minha voz estava irregular, ora baixa, ora um pouco mais alto. Soava histérico.

-Um momento – a voz que eu presumia ser do colega de quarto dela falou para mim e ouvi um “chefe irritado na linha!” antes da voz que eu procurava no início falar um preguiçoso “olá”.

-Por que o seu amigo atendeu ao seu telefone? – cuspi as palavras sem rodeios, claramente enfatizando a palavra “amigo”. Com desprezo.

Ela percebeu. E ficou imediatamente na defensiva.

-Ele estava mais próximo a ele do que eu.

-Se eu ligo para VOCÊ, quero que VOCÊ atenda ao celular, não alguém que esteja próximo a ele! – a esta altura a minha voz já estava perigosamente alta. Andei até o jardim, aonde tinha apenas algumas poucas pessoas. Ali eu poderia gritar em paz.

-Edward! O que aconteceu? Por que está assim? – ela perguntou, a voz controlada, mas um pouco irregular. Como se ela estivesse a ponto de gritar de volta comigo.

-Porque estou numa festa lixo com uma acompanhante lixo e a culpa é toda sua!

Veja bem, naquele momento eu sabia que estava sendo injusto. Mais que injusto. Eu estava sendo um filho da mãe idiota e mentiroso.

Eu realmente sabia disso.

Mas eu não conseguia me parar, porque a raiva estava tão grande que eu precisava canalizá-la em alguém, e nesse momento estava sendo nela.

Havia uma razão para isso. E os efeitos estavam sendo imediatos.

Eu via a raiva mudando, transformando-se de algo irracional e abrasador para algo mais brando, mais profundo. Beirava á calma. Como a diferença da raiva que você sente quando alguém te deixa envergonhada, aquela coisa passageira e elétrica, e aquele tipo de raiva controlada que você sabe que pode acabar em alguns minutos. Isabella me trazia isso, principalmente nos momentos insanos. Eu não sabia muito bem como ela fazia isso. Só sabia que fazia.

-Culpa minha? Edward, você bebeu? – Sim. Na verdade bebi muito sim, Isabella!Mas ela não podia ouvir pensamentos, então continuou a falar – Eu não estou aí porque VOCÊ disse que já tinha uma acompanhante!

-Você não insistiu para isso! Você tinha que ter insistido! Dito que queria vir, gritado, esperneado – rebati, furioso, mas muito mais calmo que antes.

Eu estava sendo incoerente. Mas sentia a minha sanidade voltando. A Isabella estava possessa.

-O que? Eu não sou assim! Não faço showzinho por não concordar com algo, Edward! – gritou – Você, pelo que eu estou vendo, que é esse tipo de pessoa!

-Eu estava fazendo isso para te proteger!

-Proteger de quem? De si próprio? Por que é de você que preciso de proteção!

-Do meu mundo, Isabella!- gritei, agora de verdade, atraindo olhares de pessoas que estavam longe de mim.

Pausa. Silêncio. Olhei para o celular para ver se a ligação tinha caído. Nada. Será que ela estava me ouvindo? Mais silêncio. Justo quando estava tirando novamente o ouvido para verificar novamente se a ligação ainda estava ativa, ouvi a voz da Isabella, perigosamente baixa.

-É. Talvez o seu mundo não seja para mim – ela respondeu, baixinho, terminando com um suspiro.

Um novo tipo de raiva se apodera de mim. Era uma raiva misturada com medo. Que fervia as minhas veias de uma forma que nunca antes ferveu. Do que ela estava falando? O meu mundo não é para ela? Pois eu digo que é!

Fechei os olhos com força, e senti a dor nas têmporas que indicava que eu estava tenso ao extremo. Olhei para as minhas mãos e elas estavam fechadas tão apertadas, que no fundo, bem no fundo da minha raiva senti uma pontada de dor. Inócuo. Distante. Afogado no mar de sensações que me invadiam naquele instante.

A possessividade era o operante, e o resto era bobagem.

Isabella era minha. Minha funcionária. Minha namorada. Minha irritadinha. Como tal, fazia parte do meu mundo. Ela resolvia tudo para mim, ora bolas! Sabia como funcionava minha vida. Poderia entrar nela. Era só eu prepará-la antes, com muito cuidado, para que não se assustasse. Para que o meu cristal (minha até nisso) pudesse se tornar mais sólido,sem perder a sua pureza. Mais forte, mas ainda delicado.

A solução me atinge rapidamente, e se instala no meu cérebro como se estivesse ali o tempo todo, apenas esperando que eu a encontrasse.

E então eu desliguei o telefone.

Bella’s POV

-Você está bem? – Emmett perguntou pela décima vez olhando para mim com cautela.

-Estou, Emmett – não. Não mesmo.

Ele acenou, sem estar convencido. Claro que não. Qualquer um podia ver que eu não estava bem. Mas eu não queria preocupar Emmett, então para provar que estava melhor do que eu pensava (mesmo sem estar) saí do quarto e fui até a cozinha fazer um suco de laranja para mim.

Há um tempo atrás, eu jurava que um bom suco de laranja poderia resolver qualquer problema. Ou pelo menos ajudar a resolver.

Hoje, vejo que não. Que apenas uma máquina do tempo, que me permitisse voltar até o dia da proposta e recusar com um belo de um “NÃO” gritado iria resolver todos os meus problemas.

Alguém bate na porta, e eu fico confusa.

-Você ouviu o interfone? – pergunto a Emmett, que também parecia confuso.

-Não

Dou de ombros e vou atender a porta, cansada demais para olhar quem é. Quando abro, tento imediatamente forçá-la para fechar-se novamente.

-Eu quero falar com você. – Edward falou com um pé na porta, me impedindo de fechá-la.

-É claro que quer - resmungo, ainda tentando expulsá-lo.

-Isabella, não seja ridícula.

-Ridícula? – berro, sem me preocupar com vizinhos, parando de tentar forçar a porta – Eu? Pois não fui EU que fui a uma festa sem você. Não fui EU que fiquei bêbada e dei um ataque sem fundamento sobre a festar estar horrível. Não fui EU que desliguei a merda do telefone na sua cara. Quem é a ridícula agora?

Ele revira os olhos, e sinto uma movimentação atrás de mim.  Imediatamente sei que Emmett virá em meu nome. Sinto um sorriso se espalhando no meu rosto, mas ele é desfigurado pelo olhar tranqüilo do Edward.Que dizia que ele tinha um plano.

-Saia daqui! – Emmett grita, bem ao meu lado e fecha a porta. Simples assim.

Fico surpresa porque o Edward não tentou nem mesmo forçar a porta, como tinha feito comigo. Ele só aceitou.

-Saia de trás da porta, Isabella – ouço a voz dele ordenar.

-O que? – do que ele estava falando?

-Saia.

Por puro hábito, faço o que ele manda, puxando o Emmett comigo. Justo quando estou prestes a gritar de volta que ele não ditava o que eu fazia, uma seqüência de ações interrompe meu raciocínio. Um baque. Dois. A porta caindo. Edward entrando.

Silêncio.

Ele estava sorrindo.

-Seu filho da mãe! – Emmett grita, olhos arregalados, boca aberta em descrença. Assim como eu.

Edward nem sequer olha para ele.

-Não te levei á festa porque fui estúpido – ele começou, e foi como se estivesse dado um soco no meu estômago. Edward admitindo estar errado? Nem em mil anos! – Pensei que seria ruim para você te expor. Porque você tem que entender o que estar comigo significa, Isabella. Paparazzi, revistas de fofoca, toda a mídia. Exposição. Significa isso. Não queria isso para você. Mas a decisão não deveria ser minha.

Não respondi. Eu estava olhando para ele fixamente, sem mexer nenhum músculo sequer. Meu cérebro estava em pane, tentando decifrar tudo o que tinha acontecido em menos de dez minutos. Edward desligando na minha cara. Eu arrasada. Edward arrombando a minha porta. Edward afirmando que estava errado. Edward me pedindo desculpas de uma forma indireta.

Edward, Edward, Edward.

Sempre bagunçando com a minha mente, e com a minha vida. Eu sabia. Sabia que nunca deveria ter me envolvido, nem de forma profissional. Agora ele tinha vindo, bagunçado tudo, e me deixou sem chances de recuperar a minha antiga organização. Porque agora era tudo ele. Sobre ele. Por causa dele. Ele, ele, ele.

-Mas eu tenho uma solução para isso tudo – ele continuou, sem se dar conta da minha batalha interna – Você não pode ser mais minha secretária – Outro murro. Não na barriga, dessa vez foram vários. Em várias partes do corpo, principalmente no busto. Senti vontade de me encolher. Mas ele continuava a falar – Porque você é minha namorada; Obviamente não pode ser as duas coisas. Então é só você achar uma nova secretária para mim, e problema resolvido.

Ele olhou para mim em busca de confirmação, provavelmente esperando que eu sorrisse, falasse o quanto a idéia era brilhante, e corresse para os seus braços. Mas meu rosto estava sem expressão.

Ele continuava esperando uma resposta.

Eu continuava esperando uma solução.

Emmett virou para mim, interrompendo a minha visão do Edward. Estiquei o pescoço para recuperá-la, mas ele me forçou a olhar nos seus olhos.

-Você quer que eu coloque ele para fora? – perguntou, totalmente a sério.

Eu queria? Com certeza eu deveria. Colocar para fora da minha vida para sempre. Mas a pergunta estava no ar. Eu queria?

-Olha, já deu para mim. Eu to fora – ele tinha interpretado mal o meu silêncio. Então saiu do apartamento sem porta.

Agora o silêncio era quase sepulcral. Passei a me concentrar na minha respiração indo e vindo, inspirando e expirando, para cima e para baixo.

-Isabella? – Edward perguntou mais uma vez, mas não respondi. Respiração. Era nisso o que eu tinha que me concentrar.

Então eu vi ele dando um passo para frente, indeciso, e todos os meus sinais acordaram de uma vez só, repelindo aquela atitude. Olhei para ele com severidade, alertando-o para ficar quieto onde estava.

-Nem mais um passo – avisei para garantir.

Milhões de emoções passaram pelo rosto dele em curto intervalo de tempo. Primeiro surpresa. Depois cautela. Depois medo. E por último pesar.

Deixei ele cuidar das próprias emoções, porque no momento eu estava distraída demais com as minhas.

Por que eu tinha me tornado essa bagunça toda? Eu sabia que deveria o deixar ir. Afastado. Porque a noção de que toda a bagunça era culpa dele decretava esse fim. O mundo dele não era para mim. A exposição nunca foi o meu forte. Tenho os mesmos amigos desde que me entendo por gente. Não costumo sair para festas. Não costumo beber. Ser reservada é uma parte importante da minha personalidade e era tudo o que eu teria de abrir mão se mergulhasse no mundo que me estava sendo oferecido.

O problema era a dor. O pesar dele refletido em mim quando eu pensava em abandoná-lo. Em algum momento em toda essa loucura, eu tinha me ligado ao Edward de uma forma perigosa. Perigosa porque gritava para não fazer exatamente o que eu precisava fazer. Gritava para que eu fizesse o que na verdade queria fazer.

Me jogar nos braços deles e beijá-lo até que os meus pensamentos estivessem entorpecidos.

-Isabella, não se afaste assim de mim – o tom dele era quase de súplica – Converse comigo. Eu estou tentando. Tentando melhorar, tentando achar uma solução. Por que você não tenta junto comigo?

Olhei bem fundo para o verde brilhante que me encarava. Brilhava e queimava. Então eu tive que responder.

Tentar. Sim, eu devia isso a ele.

Não era da minha natureza desistir sem lutar.

-Eu não sei, Edward. Sinto que seu mundo vai me absorver inteira. Sinto que estou me perdendo na confusão de sentimentos e pensamentos. – fui completamente honesta e senti quando ele relaxou consideravelmente.

-Eu não queria isso para você. Mas não vou agüentar outra festa sem você, como acho que você não vai agüentar me ver com outras por aí. Mas a decisão é sua, Bella. Se você quiser tentar, eu vou ficar muito feliz. Se não...Bem. Terminamos por aqui – ele foi extremamente categórico.

A sua honestidade me impressionou muito. O fato de ele deixar a decisão nas minhas mãos por livre e espontânea vontade quase me fez pular em júbilo. Mas foi a nota de dor em sua voz quando sugeriu que terminássemos que me fez tomar uma decisão concreta.

Eu o queria. Ele me queria. Tinha vindo na minha casa, arrombado a minha porta para me propor estar com ele, mesmo que tenha proposto algo totalmente maluco como contratar alguém novo (como se mais alguém fosse aturá-lo como eu aturo). Ele estava disposto a tentar.

E eu estava mais do que feliz por isso.

-A sua definição de ficar muito feliz inclui arrombamento de portas? – brinquei, olhando sugestivamente para a porta.

Esperei que ele sorrisse ou risse. Mas ele não fez. Só olhou fixamente para mim, totalmente concentrado.

-Isso quer dizer que você vai tentar? – perguntou, a voz séria e envolta de uma emoção carregada e soterrada.

Sorri de orelha a orelha.

-Isso quer dizer que eu gostaria de um beijo – mal completei a frase e ele já estava andando em minha direção.

Esse beijo não foi como os outros. Estava selado com a promessa que tínhamos feito. De tentar. Foi fervoroso, algo que mexia com o meu corpo de tal forma que sem aviso prévio, sem ordem nenhuma, me impulsionei para cima, passando a perna ao redor da sua cintura.

Ele emitiu um ruído de aprovação, aprofundando o beijo, me apertando tanto contra si que quase senti que ele queria que fôssemos um só. De repente eu queria. Queria desesperadamente. Queria que nos juntássemos ,que fôssemos um, para que ele sentisse como meu peito inflava a cada vez que me beijava assim, me tocava assim. Como minha respiração vinha em baforadas desesperadas, como eu sempre queria que ele juntasse mais, beijasse mais, ficasse mais. Eu sempre queria mais dele. Nada era suficiente.

Eu queria que ele sentisse isso. Retribuísse isso,como estava fazendo agora, e queria sentir o que ele estava sentindo. Eu o queria. Ponto.

Comecei a emitir esses avisos do meu desespero através de arranhões não tão sutis, mas repetitivos, significativos. Se eu o estava machucando, ele não reclamou. Pelo contrário, me abraçou mais forte, tanto que começava a sentir uma pequena dorzinha na área aonde ele apertava.

Mas naquele momento eu tinha coisas mais urgentes para cuidar.

Por isso, e só por isso, deixei que ele me guiasse para o meu quarto, e arrancasse as minhas roupas sem muito esforço. Eu não tinha concentração o suficiente para desviar os lábios dos dele, então ele mesmo teve que se livrar das próprias roupas. Quando ele se afastou de mim, emiti um ruído tão alto em protesto que saí do meu estupor por alguns momentos. Meu Deus. Eu estava tão desesperada assim?

A única coisa que me manteve na minha cama, nua, totalmente vulnerável foi quando notei o Edward. O rosto dele estava animal. Animal no sentido de concentrado nos seus instintos. Tão focado no que queria, que me olhou como se eu fosse a coisa mais bela que já tivesse visto na vida, uma admiração tão patente que me encolhi em vergonha. O rosto estava suave para mim, mas sério demais. Eu suspeitava que se saísse do quarto e o deixasse necessitado como estava –necessitado de mim – ele explodiria em milhões de pedacinhos frustrados.

Mas é claro que eu não iria fazer isso.

Ele colocou a camisinha e subiu em cima de mim, a ponto de explodir, o rosto entregando que a coisa que mais queria fazer no mundo era se mexer. Mas ele continuou parado.

-Você não vai desistir de mim? Mesmo que queira? Mesmo que ás vezes pareça a única saída? Mesmo que todos te falem para desistir? – perguntou, e olhando bem fundo naqueles olhos verdes soube que falava totalmente á sério.

Outra promessa. Que eu estava mais do que disposta a aceitar.

-Não vou desistir de você.

Então ele começou a se mover, e ficamos o mais junto que dois seres humanos são permitidos. Quase um só.

Era tudo o que eu queria, mas só um único pensamento me invadia a cabeça durante todo o processo. Um único, que ia e vinha, martelava, insistia, penetrava.

“Paraíso”.

Então eu tive que acrescentar algo mais a minha promessa, porque queria, porque devia, porque necessitava.

-Nunca vou desistir de você.

Ele sorriu.

“Paraíso”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

FINALMENTE! Pensei que nunca ia terminar outro capítulo de dear boss e NOSSA! Não creio em vocês. Gente dear boss tem simplesmente 104 comentários. CENTO E QUATRO. Não posso acreditar. E o número de leitores vem aumentando CONSIDERAVELMENTE. Agradeço TANTO e vocês não sabem como é importante! Então continuem comentando, e recomendando e façam euzinha aqui feliz! Ah, e me falem o que acham tb (sempre bom).
Outra coisa, não sei quando poderei postar outro capítulo, não por que quero desistir, mas por causa das aulas que já vão começar ): Bye bye férias.
Obrigada de novo e comentem e recomendem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dear Boss" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.