A Direção Azul escrita por Ursa boba


Capítulo 2
A Direção da Chegada


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora para postar é que a minha conta foi meio que "suspensa" mas vou postar normalmente a partir de agora



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Acho que ninguém conseguiria odiar aviões assim como eu. Viajar era bom e a intenção era melhor ainda, mas o tédio me consumia e aqueles 20 minutos para a chegada pareciam demorar 20 anos.

Quando o avião finalmente pousou, uma parte de mim sorria e outra tinha vontade de chorar. Eu amava minha irmã, mas odiava a minha vida.

Saímos do avião e encontramos minha tia feliz como uma criança em seu aniversário nos esperando. Julie era o tipo de tia que considerava seus sobrinhos como seus filhos, ela tinha um estilo brega e sempre falava coisas irritantes, mas no fundo talvez eu gostasse dela:

– Olá Tia Julie! – minha irmã gritava, com certeza já pensando nos presentes que iria ganhar.

– Meu Deus Clara, como você cresceu! Acho que você não irá mais gostar das Bonecas que eu comprei pra você, já está grande demais.

– Você só pode estar de brincadeira não é? Eu amo bonecas, onde elas estão?

– Estão em casa sua apressada (risos)

Eu era o tipo de pessoa que mesmo estando feliz não gostava de me demonstrar feliz. Naquela hora eu não estava feliz, deixar toda minha vida no Brasil não era algo feliz.

Minha tia estava me encarando de uma forma simpática e ao mesmo tempo bizarra:

– Oi Mari! Que saudades, parece que você cresceu mais do que sua irmã! – é irritante como parece que tias só sabem dizer que você cresceu, ninguém merece.

Ela veio em minha direção querendo me abraçar mas eu a interrompi:

– Oi, obrigada mas eu não preciso do abraço.

Nós andamos pelo aeroporto inteiro. Ver pessoas diferentes parecia ser incrível mas na verdade era entediante.

Clara segurava a mão de Julie enquanto eu escutava um pouco de The Beatles com o meu fone de ouvido.

Era impossível não perceber a felicidade de estar em um lugar novo nos olhos de Clara, ficava de alguma maneira triste por isso, pois sabia que a partir o tratamento começasse iria ser difícil ver ela assim feliz novamente:

– Hoje o One Direction chega dos Estados Unidos.

–E?

– E que imagina que demais encontrar eles aqui no aeroporto.

– Demais? Que trágico isso sim.

– Se eles estiverem chegando podemos ficar?

– Esquece disso Clara.

– Aposto que se fosse esses homens que tocam guitarra que você gosta você ficaria.

– Claro, eles tocam música boa pelo menos.

– Como se One direction não tocasse.

– E não toca mesmo.

– Toca sim, você que não sabe reconhecer.

– Venha aqui Clara, escute o que é música de verdade.

Tirei um dos meus fones e coloquei em sua orelha. Estava escutando Yellow Submarine uma das minhas músicas favoritas dos The Beatles:

– Eles são bons, mas prefiro mil vezes One direction.

Fiquei calada, não queria dizer mais nada, apenas escutar música e esquecer da Vida:

– Tata! Olha Mari! Aquelas meninas estão com cartazes para eles, eles estão vindo eu sei disso.

– E?

– Eu quero vê-los, eu preciso vê-los.

– Não, não precisa. Há coisas mais importantes na sua vida.

– Por favor.

– Não.

– Sim.

– Pergunte pra tia Julie, eu não vou ficar aqui.

– Tia Julie, podemos ficar e esperar a banda que eu gosto chegar?

– Meu amor, eu preciso ir trabalhar, mas eu tenho certeza que a Mariane iria adorar ficar aqui com você.

– Mariane? Eu? Ficar aqui? Com a Clara? Desculpa, sem chances.

Ninguém disse mais nada, mas os gritos das garotas no aeroporto não enganavam. Eles estavam vindo, com certeza.

Estávamos perto do final do aeroporto tentando sair em meio aquela multidão de garotas, quando Julie conseguiu ver Liam e gritou o mais alto possível seu nome:

– Liam, Liam, Liam, Liam, Liam!

– Fica quieta ela não está te ouvindo.

Era impossível ouvir, nós estávamos bem no fundo com várias fãs gritando ao redor:

– Liam, Liam, Liam, Liam, Liam!

– Venha Clara, o táxi está ali pronto.

– Não, não posso, ele tem que me ouvir.

– Vamos, eu já estou atrasada, outro dia voltamos.

– Mas ele não vai estar mais aqui, daqui a pouco os outros garotos chegam.

– Venha logo, não tem outro jeito!

Eu caminhei para o táxi, entrei e fiquei mexendo no meu celular aguardando elas.

Ver a imagem da Clara entrando chorando no táxi sem dizer nenhuma palavra me fez sentir mal, eu não sabia o que dizer, ver aquele sorriso nos seus olhos se apagar de repente era horrível.


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