Frank só percebeu que abraçava e beijava Gerard com uma força insuportável quando ele estava prestes a desfalecer. O corpo do amigo relaxou-se estranhamente, de encontro ao seu, e ele fechou os olhos já estrábicos, por falta de ar. Frank soltou-o e ele caiu em cima de seu peito, arfando.

-Gerard, mas... Você... O que... Ah! Deixa pra lá, você está bem? - Frank tocou com a ponta dos dedos o lábio inferior intumescido de Gerard.

-Você esmagou meus ossos... - tossiu bruscamente, tentando sentar-se, sem sucesso, e caindo sobre Frank novamente. - Minhas costelas... - arfou.

Frank riu da expressão desnorteada dele.

-Sádico... Me ajuda, eu não consigo levantar.

-Claro. - ficou subitamente sério, percebendo que a extensão dos ferimentos que inflingira á Gerard era um pouco maior do que pensara, ao mesmo tempo, seu cérebro assimilava uma nova e estranha emoção.

-Que foi? - indagou, ao perceber que Frank fitava-o longa e apaixonadamente ao sentá-lo na maca.

-Nada, eu só... Gee, você é gay?

-O que te faz pensar que sim? - debochou.

-Você me beijou.

-Eu não te beijei, era massagem cardiáca, até você me atacar e fazer com que eu precise de auxílio médico!

-Precisa mesmo? - insinuou.

-O que...? Frank, você é...

-Não... Pelo menos não até agora...

-Não até agora?

-Vai, me diz que não gostou que eu sei que é mentira.

Eu nunca tinha percebido... Como o Gee é bonito...

-Convencido. - porém, não conseguiu evitar que seu rosto se afogueasse, corando num tom escarlate.

-Diz... Por favor... - os olhos de Frank tornaram-se intensos, cheios de emoção.

-Frank... Aqui não é lugar, precisamos fugir e você me machucou... As minhas costelas doem...

Eu o machuquei... Você é um bobo mesmo, Frank Iero, nunca ia dar certo, além de vocês dois serem homens o Gerard é frágil... No mínimo eu ia partí-lo em dois...

-Não, não pense assim, não foi sua culpa... Pode sim dar certo.

Frank recuou, por ora havia esquecido que Gerard via tudo o que estava em sua mente.

-Me desculpe, eu não quis me intrometer... É que as vezes é tão... Automático, como respirar.

-Não foi nada, eu não tenho coisa alguma a esconder de você.

Gerard levantou-se, cuidadosamente, ajudado por Frank e deitou-se em sua própria maca.

-Durma Frank, terá uma surpresa, mais tarde, podemos sair daqui, você vai ver.

-Podemos sim, eu vou acabar com essas paredes!

-Não vai adiantar, no mínimo iam te ferir mais ainda, e eu não quero presenciar uma cena como aquela de novo.

-Eu me curo rápido, Gee.

-Não é esse o problema, é só que não ia resultar em nada, devemos agir com cautela, se quisermos ter uma chance de fugir.

-Tudo bem. - Frank deitou-se, fitando o rosto de Gerard. O que era esse novo sentimento? Será que estava apaixonado? Por um homem?!

                                            *********

Três horas mais tarde:

Frank levantou-se, sobressaltado, ao ouvir um barulho. Ao ver um ser cabeludo(traduzindo, uma palmeira) entrar na cela, chamou Gerard.

-Eu não irei fazer nada com você, senhor Iero, fique calmo. Eu sou Raymond, mas pode me chamar de Ray, eu vim pra ajudar. - Ray depositou um pedaço de papel grande dobrado nas mãos de Gerard. - Eu não posso fazer mais nada, me desculpem, mas espero que sirva para algo. Lembrem-se, a guarda é trocada a cada três horas e o melhor horário de fuga é de noite.

-De noite? Mas como iremos saber que horas são? Eu não consigo ver o sol.

-Agora são exatamente seis horas. Uma mínima noção do tempo vocês já tem. Boa sorte para os dois, se algum dia pudermos nos ver de novo, só não quero que ninguém saiba que eu os ajudei, se precisarem de ajuda, do lado de fora, eu moro próximo ao colégio, meu expediente está acabando, eu vou embora, adeus.

-Adeus e muito obrigado, doutor Raymond.

Ray saiu da sala.

-E então, Gee, o que faremos?

-Você vigia a porta e vê se aparece alguém lá do outro lado. - apontou com o queixo a parede de vidro. - Enquanto eu examino o mapa, depois bolamos um plano.

-Certo...