-Vou dizer pra você, Caesar, essa aí não vai durar muito- Claudius comenta para o companheiro de TV; o menino mantem os olhos fixos no programa enquanto os dois continuam falando.

-A facada não foi certa, mas parece que foi bem melhor do que a atiradora esperava- Caesar completa- Ou talvez tenha sido proposital, imagine...

-E com intuito de sangrar até a morte- Claudius diz, estupefato e com visível animação- Genial!

-Só um milagre pode salva-la agora- Caesar continua, observando a telona- Ou algum patrocinador, o que eu acho difícil de acontecer.

-Por que?- Claudius agora enruga a testa e o menino que os assiste também.

-Observe onde a menina está deitada, Claudius- Caesar aponta para uma porção de mato sobre a cabeça da menina do distrito onze- Praticamente em cima de Butterbur, se não me engano.

- Deus, é mesmo!- O loiro sorri como se só notasse isso agora- Não foi isso que salvou o menino do oito há uns dois anos?- Claudius questiona e Caesar balança a cabeça positivamente.

-E ela mal tem o conhecimento de que isso pode salva-la...

-Que coisa interessante, não? Tambem é importante resaltar...

A tela fica escura e Jason percebe que Jane a desligou. Ele estava grudado na tela da TV.

-Não tem que assistir isso- ela diz antes que o garotinho possa protestar- Eles nunca estiveram nos jogos. Não entendem nada.

-Ela vai...

-Vai ficar bem- Jane o interrompe e pega o garoto no colo- É a Sophie, lembra? Ela sai dessa.

-Ela está morrendo, Jane...

-Não, não está- insistiu a menina- Não viu o que Caesar disse? Ela pode se salvar ainda. Não se preocupe.

*x*

Morgana Whist estava sentada no centro de organização dos idealizadores, assistindo aos tributos naquela noite.

-Ela está sozinha- um dos idealizadores diz, apontando para a menina do dois- poderíamos dar um susto nela. Ela está parada lá, sozinha. Isso não trás audiência.

-O susto virá- Morgana sorri, viajando em seus pensamentos- Mas se considerar necessário por enquanto, quem sabe?

*x*

Geralmente o menino era contra assistir aos jogos. Embora fossem obrigados, Ian e Barbara costumavam partilhar coisas em vez de assistir aos massacres televisionados. Porem, com Barbara nos jogos, Ian não tinha opção senão acompanhar os jogos e esperar que sua melhor amiga saísse bem de lá.

Não sabia se ficava satisfeito com a união da amiga aos carreiristas ou se ficava preocupado. Ele sabia que os garotos dos distritos 1, 2 e 4 treinavam em academias especiais. Barbara não treinara em academia nenhuma. Ela poderia ficar segura com eles, mas até quando?

-Ahn... Caesar... Você viu aquilo?- Caesar olha para onde Claudius apontou- Ela está chamando pela morte.

-No que será que ele está pensando?

-Ao que sei, ele pode muito bem mata-la se quiser...

Ian podia ver na tela o menino do distrito dois encarando a menina do distrito doze, com a fogueira acesa. Até ele que não assistia aos jogos sabia que não devia fazer isso. A fumaça chamaria aos tributos fortes assim como chamaria animais selvagens na floresta. Então ele viu Barbara se aproximando do menino.

-Você está ouvindo, Caesar?- Claudius continua tagarelando- Parece um bom plano, não acha?

-Sim, e mal posso esperar para vê-lo em ação. Imagine só a cara dos outros tributos quando descobrirem...

Mas o fato que fez Ian congelar foi a proximidade entre Gabe e Babi enquanto conversavam. O modo como o garoto a elogiava e olhava para ela, com desejo. E quando Gabe beijou a menina, a raiva subiu a cabeça de Ian. Ele gostaria de desligar a TV, mas precisava ver a reação da amiga. Precisava ver o que ela diria ou faria. E esperava que ela socasse o rosto do garoto. Mas ela simplesmente se manteve ali, sendo beijada. E não disse nada, não o repulsou. Na cabeça de Ian, ela não se lembrava mais dele agora. Não era a mesma Babi que o deixara no distrito cinco.