Um Necromante No Meu Quintal escrita por Mel Devas


Capítulo 2
Me Comprometo Eternamente com um Sabujo


Notas iniciais do capítulo

Waaa!! Graças aos lindos comentários de vocês (e pelos favoritos também, não esperei que fosse ganhar favoritos tão cedo, muito obrigada, mesmo!!!! >ww< ♥ ♥ ♥ ♥) eu me empolguei e trouxe o próximo capítulo para os entediados de plantão!!! Enfim

BOA LEITURA!!!



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Não sei por quanto tempo encarei o misterioso menino, mas ele olhava diretamente nos meus olhos, impassível. Me dei conta que ele tinha me feito uma pergunta. Observei melhor seu bichinho de estimação. Bem, se uma tartaruga consegue fazer cara de mongol feat. Preguiçosa, ela com certeza seria o Teddy. Tinha um casco meio arroxeado e duas asas cheias de penas verdes – não me pergunte como – saindo de suas costas. O rosto, de tartaruga, tinha uma parte gosmenta costurada na região do olho direito, como se fosse tirado de uma lesma. Um olho azul claro estava no meio dessa costura, sendo que o outro era castanho claro. Um rabo felpudo e cor de areia saía da carapaça e se agitava, como se fosse de um cachorro animado. Era... hum... Exótico.

O garoto ergueu as sobrancelhas e apertou a boca, como se estivesse ansioso pela minha resposta.

- A-ah... Ele é maravilhoso. – Respondi, como que entorpecida. Tombei a cabeça pro lado. Olhando desse ponto até que o Teddy parecia bonitinho. O garoto imitou meu movimento e seu cabelo negro cobriu quase que sua cara inteira, criando uma espécie de Samara tosada, me fazendo rir. Os olhos dele brilharam e um leve sorriso se esboçou em seus lábios. Ele não parecia tão mal assim.

- Qual o seu nome? – Perguntei, meio insegura.

O garoto arrastou o dedo pela terra poeirenta, depois esfregando ele em outro para limpar.

- Não sei ao certo, mas aqui diz Adrian. – Mostrou um rabisco feito na parte de dentro da manga de seu moletom preto, e, de fato, em letras grossas, brancas e rebuscadas estava escrito Adrian. – Você tem um nome? – Ele perguntou, como se nunca tivesse visto uma pessoa com nome antes.

- Tenho sim. – Falei, rindo. – É Valente.

- Hm... Valente, por que você está rindo?

- Porque a sua pergunta foi engraçada.

- Foi? – Ele assumiu um ar pensativo enquanto coçava o que deveria ser a orelha de Teddy. Ele me olhou melhor, pousando seu rosto no joelho. Me estendeu o tartachorro. – Segura o Teddy.

Aninhei o estranho animal no meu colo, mas, por mais surpreendente que pareça, não senti nojo nem medo do animal. Teddy, simpático, me deu um sorriso banguela e piscou o olho azul.

- O Teddy gostou de você... – O garoto chegou perto e me cheirou. – Você tem um cheiro estranho...

- PERA, PERA, PERA!! COMO ASSIM, PRODUÇÃO?? VOCÊ ME CAFUNGA E AINDA ME CHAMA DE FEDIDA???

- Fedida não, é um cheiro diferente... – Ele chegou mais perto. – Diferente, igual isso. – Ele segurou uma mecha do meu cabelo loiro comprido. Senti o sangue subir pelas minhas faces.

- O-o-o que você está fazendo??? – Eu só não berrei pra não acordar a minha mãe, (vai que ela acorda e tenta adotar o Teddy) se bem que isso tudo deve ser um sonho (muito louco).

- Auuu!!! – Latiu Teddy, como se estivesse repreendendo Adrian também.

- Estava cheirando você, obviamente. – Ele me encarou como se fosse a resposta mais óbvia e a ação mais normal do mundo. – Fiz algo de errado? Desculpe.

Eu não conseguia sentir raiva do moreno, e, por mais que eu tentasse, não consegui parar de conversar com ele, é como se aquela aura displicente, distraída e calma dele me atraísse. Obviamente ele não era normal. Como alguma pessoa poderia ser normal ao ter um tartachorro de estimação e sair cheirando o cangote de desconhecidos? Mas mesmo assim não me sentia assustada, o que era engraçado e inédito. Decidi entrar no seu jogo.

Me inclinei pra frente e o cheirei – não me pergunte o que eu estava fazendo, mas não tinha muita importância, certo? Eu estava às 3 horas da manhã, numa casa assombrada do lado de um cemitério, com um tartachorro alado no colo e conversando com um garoto estranho que brotara no meu quintal. Cheirar os outros nesse tipo de situação me parecia perfeitamente razoável. Ele tinha cheiro de madeira. É. Madeira. Não, também não sei como eu descobri o que é cheiro de madeira, só sei que ele tinha. (Enfie a fuça numa árvore e desfrute o perfume do nosso querido amigo bizarro).

Baguncei o seu cabelo preto, grosso, mas sedoso, enquanto ele me olhava com uma expressão desconcertada.

- Entendeu como é estranho o que você fez comigo? – Concluí ao perceber o espanto do garoto.

- Não... não é isso. – Ele respondeu com a voz macia e calma de sempre.

- O que é que é então?

- É que tipo... Não sei direito como isso aconteceu, mas, simplificando... Eu sou um necromante e....

- Necroquê??

- Necromante.

- E o que é isso? É de comer?

- Teddy, eu sou de comer?

- Auu!!

- Você não vai me comer, vai? – Perguntou Adrian, genuinamente assustado.

- Não!!! Enfim, o que é um necromante?

- Sou eu.

- Essa parte eu já entendi...

- Bem, eu posso ressuscitar mortos e usar espíritos pra descobrir qual das minhas blusas pretas eu devo usar nos domingos.

- Tipo conselhos?

- Adivinhação também. Mas nunca tenho nada para adivinhar. Mas agora eu quero adivinhar o porquê de você querer me comer.

- Não quero te comer!!

Me dei conta do que ele tinha acabado de falar. Botei meu cérebro de loira para funcionar... Acho que, de um modo geral, ele era um daqueles Feiticeiros dos Mortos do Mal.

- Você é do mal???? VOCÊ QUER ME COMER??? – Perguntei, começando a ficar assustada.

- Não, quem quer me comer é você!! – Ele choramingou. Eu sacudi a cabeça, tentando despertar desse sonho das dorgas. Segurei seu rosto com as duas mãos, apertando suas bochechas branquelas e ele involuntariamente fez um biquinho.

- Mas necromantes não são feiticeiros do mal?

- Não sei. Sou o único que conheço. Pareço mal? Ah, e ainda mais...

- Não, você não parece mal. – Admiti, soltando ele e me inclinando para trás. – Ainda mais o quê?

- Acho que eu não poderia fazer nada com você mesmo se eu fosse do mal, porque a gente fez um contrato. – Ele coçou o queixo enquanto cruzava as pernas longas.

- Um contrato???




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Notas finais do capítulo

Enfim, como explicação pro título do capítulo, pra quem não sabe, Sabujo é aquele cachorro de caça farejador XDD Oxi, Deus do céu, tá muito dorgas, esse cap, lol. Espero que não tenha ficado muito maçante e que tenham gostado o//; Kissus >www