Superficial escrita por Karen M


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, fim de ano enche de gente aqui em casa e eu preciso de silêncio pra escrever. Mas tá aí o terceiro capítulo, espero que gostem...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/307510/chapter/3

A lanchonete que estamos era a favorita do meu pai e da minha mãe, antes dos dois morrerem. Lembro de quando vínhamos aqui, da última vez eu tinha sete anos, foi um pouco antes de um caminhão fazer o carro do meu pai cair no lago. Mesmo sendo longe de casa esse era o melhor restaurante e eu adorava a fonte que tinha aqui. Ela ainda está aqui mas não funciona mais.

    Éramos tão felizes e eu ainda não sabia do que podia fazer embora para uma criança que vivia caindo não tivesse um único machucado ou cicatriz.

    Depois que meu pai morreu nunca mais voltamos pra cá, e agora aqui estou eu e sem mamãe também.

    -Está tudo bem? Sam me pergunta e eu confirmo com a cabeça.

    -Então, da onde minha mãe conhecia o Bobby?

    Eles trocam olhares e hesitam.

     -Não enrolem, falem logo!

Dean respira fundo antes de falar.

     -Bem, parece que seu pai depois que morreu não aceitou isso muito bem e ficou assombrando a estrada onde morreu.

      O quê? Meu pai assombrando? Não, não podem estar falando do meu pai, aquele vegetariano que sentia culpa por matar um rato.

    Acho que percebendo a expressão no meu rosto Sam continuou:

     -Ele não fazia mal a ninguém, mas quem passava por lá dirigindo se assustava com a figura de um homem ensanguentado no meio da estrada e acabava acontecendo alguns acidentes. –Sam me fala.

    Sinto uma pontada no coração ao imaginar a cena.

    -E o que fizeram com ele? -Pergunto com medo da resposta.

    -Salgamos e queimamos o corpo, é assim que fazemos para os fantasmas irem embora. –Agora Dean falou.

    -Irem pra onde? - Digo com o coração espremido.

   -Sinceramente... não sabemos. Mas eles somem e não assombram mais.

    - E vocês nem se importam. – Saiu mais como uma afirmação. Onde meu pai está agora? Será que está em um bom lugar? Espero que sim. A lápide que vou quando preciso ficar sozinha está vazia, apenas com a lembrança do meu pai.

    -Nosso trabalho é salvar pessoas. Vivas. E não fomos nós que cuidamos do caso do seu pai. – Dean fala um pouco irritado.

    -Olha Katherine seu pai estava pondo a vida de muita gente em risco. – Sam diz delicadamente.

    -Eu entendo. Sério, entendo mesmo. Só queria saber se ele está bem. E minha mãe. E meu vô. E meu irmão. – Sinto uma lágrima escorrendo em minha bochecha e sei que mais virão. Viro o rosto e digo:

    -Vou ao banheiro. – Levanto e saio quase correndo.

                                                     ***

   Depois do café da manhã vou para a casa do Bobby como já estava previsto. A viajem durou umas seis horas e eu fiquei assistindo Sam brigar com Dean pra ele abaixar o rádio mas Dean não abaixava e ainda cantava junto. Às vezes eles me pegavam cantarolando também, afinal eu adoro Metallica, mas eu fingia que nada tinha acontecido.

    Bobby era quem tinha me atendido no telefone e tinha mandado Sam e Dean me buscar. Ele era velho como já se podia sacar pela voz, devia ter entre cinquenta e sessenta anos e andava em uma cadeira de rodas.

    A casa era velha e tinha algo nela que passava uma boa sensação.

    Fico lá assistindo tv por horas. Na verdade nem presto atenção na tv, fico pensando na minha família perdida. Tenho que parar de me torturar assim e tenho que saber quem são essas pessoas que dizem estar me protegendo.

     Então fico imaginando o que Sam e Dean estão fazendo. O que será que estão caçando?    Eu acreditei rápido demais nessa história. Bem, na verdade eu sempre acreditei um pouco. Não só acreditei como quis que existisse, monstros são demais. Fecho os olhos e continuo imaginando como deve ser uma caçada deles mas de repente sinto que não estou mais na frente da tv.

Abro os olhos e olho pro lado e vejo Sam e Dean em uma casa desconhecida. Estão voando coisas neles, olho melhor e vejo quatro crianças com roupas de época jogando coisas neles sem nem mesmo tocar nos objetos. Eles pegam o ferro da lareira e batem nelas. Quase vou ajudar as crianças, afinal eles estão batendo em crianças, mas logo vejo que quando eles batem as crianças somem. Será que elas são mutantes? Eles disseram que eram três mutantes e ali tem quatro além de meu irmão não estar com elas, então devem outra coisa.

    Elas aparecem em outro lugar e jogam Dean na parede. Ele está sangrando muito e parece ter desmaiado, Sam corre para ajudar ele mas é arremessado também.  

    E agora eu ajudo ou não? Eles não podem saber que estou aqui. Mas eu não posso deixar isso assim, eles estão levando a maior tunda daquelas crianças, eu tenho que ajuda-los.

    As crianças me veem e atiram coisas em mim também, mas eu mal sinto por causa da minha pele dura. Não que não doa, dói sim, mas deveria doer muito mais com a força que elas estava usando. Corro para ajudar os rapazes e as crianças jogam uma mesa em mim. Eu me teletrasporto para o lado de Sam, e ele e as crianças me olham incrédulos.

    - Você também está morta? - Uma delas me pergunta. Fantasmas.

    - Sim, estou, e não é por isso que estou levando outros comigo. - Falo irritada.

    - Eles querem nos mandar pra outro lugar, querem nos tirar da nossa casa.

    - A casa era de vocês, não é mais desde que vocês morreram. Agora dá pra parar de jogar coisas na gente? Vocês deveriam se preocupar em partir pra próxima e ter descanso não ficar aqui enchendo os vivos!

    Me arrependo instantaneamente do que acabo de dizer, porque eles me olham com o olhar mais furioso que já vi. Achei que seria meu fim, mas eles simplesmente somem. Assim como eu faço, quer dizer, mais rápido, eu já havia gravado o que acontece quando me teletrasporto, meu corpo vai sumindo aos poucos e dura uns dois segundos, mas eles somem em um piscar de olhos.

    Me abaixo para ajudar Sam e Dean e vejo Sam me olhando assustado.

    - Oi Sam – falo com um sorriso amarelo. –Você consegue levantar?

    Ah meu Deus, o que eu faço? Agora eles sabem o que eu sou. Porque eu sempre estrago tudo?!  Sam se levanta com um pouco de dificuldade.

    Ajudo Sam a levantar Dean, que estava desmaiado em um canto. Levamos Dean até o carro, quando o colocamos deitado no banco de trás ele acordou e foi para  banco da frente.

    -O que está fazendo aqui?

    -É, o que está fazendo aqui? - Sam pergunta.

    Agora eu ferrei tudo! Eu nem queria ter vindo, foi sem querer, e agora estraguei o segredo que guardei durante a vida toda.

    - Eu salvei vocês!

    -Como sabia onde estávamos?

    -Eu... olha vocês deveriam estar me agradecendo e não me questionando, aquelas crianças poderiam ter matado vocês se não fosse por mim então um pouco mais de consideração. E anda logo o Dean precisa de curativos.

    -Tem curativos no porta-malas – Sam sai do carro e volta com uma maleta cheia de curativos e remédios. Dean faz seu próprio curativo.

    -Como chegou aqui tão rápido? Você estava a mais de seis horas – Sam pergunta.

   Eu não respondo nada, meu coração está batendo loucamente.

    -E tudo o que eles atiravam em você não fazia nem cócegas.

    -Na verdade aquilo doía muito, eu só fingia não doer pra eles acharem que não doeu e parar de atirar coisas  em mim.

    -Tá. – ele fala não acreditando. Não é de menos né, estou falando qualquer merda que vem à cabeça – e a parte de aparecer aqui do nada?

    -Ok, eu usei um feitiço. Eu queria saber quem vocês eram, se podia confiar em vocês –Isso pode funcionar...

    -Que feitiço? -Sam pergunta. Mas que droga dá pra parar de questionar?

    -Um que eu vi em um livro velho uma vez mas fiquei com medo de usar. Bom, agora eu usei.

    Acho que estou convencendo.

    -Agora eu tenho que voltar pra casa do Bobby, vocês tem velas aí? Papel? Caneta?

    Sam me alcança o que peço.

   -Valeu, agora vou achar um lugar tranquilo pra fazer isso, até mais – e saio praticamente correndo de lá. Acho uma casa velha e vou até os fundos dela. Jogo o papel as velas e a caneta em um canto e volto pra casa de Bobby, só que novamente me descuido e ele me vê chegando.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo capítulo provavelmente só virá ano que vem. Reviews? Recomendações?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Superficial" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.