Tudo está terrivelmente silencioso, e eu não sei se isso é bom ou ruim. Do lado de fora do Impala está a cidade nebulosa e vazia.

Dentro do carro meu coração bate pesadamente e por um momento eu estava suando frio, mas então eu disse para mim mesma que seria melhor se eu me acalmasse e me concentrasse. Eu seguro o pequeno celular em uma das mãos trêmulas e a foto na outra. Fico encarando a tela, às vezes que olhei para a janela eu podia sentir a vibração em meus dedos, mas era psicológico, quando eu olhava não tinha nenhuma chamada.

Quanto tempo já passou? Parece que estou aqui à dias e se demorar mais eu vou acabar surtando antes mesmo do meu encontro com Satanás.

Talvez eu não devesse ter desejado que algo acontecesse, porque o celular vibrou. Por apenas uns 5 segundos, agora na tela está a chamada perdida de Dean. Tento não pensar muito além do que eu tenho que fazer, só largo o celular no banco e pego a arma que estava no meu colo, a seguro firme e olho fixamente para o pedaço de foto que me foi entregue. Respiro fundo e olho para cada detalhe do rosto, me concentrado em cada traço e me guiando para ele, e então... aqui estou, em um campo cheio de demônios, Lúcifer alguns metros a minha frente. Ele parece não ter me visto, e cada músculo, cada fio do meu cabelo me diz para dar o fora daqui, mas então vejo Dean olhar disfarçadamente para mim. Foco na minha tarefa, ajeito a arma em minhas mãos e me teleporto para mais perto dele, logo atrás, exatamente atrás, tão perto que se respirarmos juntos nossos corpos se encostam. Procuro não pensar em nada além do tiro e assim que ele começa a mover a cabeça para trás, eu destravo e atiro.

Sem frase impactante, sem nem mesmo uma palavra, tudo o que eu queria era fazer isso logo e acabar com tudo.

Ele está caído no chão, o furo em sua nuca me faz pensar que agora isso acabou. Tudo pareceu assustadoramente fácil, o Diabo deitado no chão, morto, e os demônios à volta todos absurdamente imóveis. Dean continua no mesmo lugar, com os olhos arregalados olhando para o corpo no chão, o que me faz lembrar de Sam e Castiel, que não estão á vista.

Quando abro a boca para falar com Dean, sem nem mesmo pensar em algo para dizer, um movimento do corpo caído logo a minha frente me faz congelar novamente. O Diabo que deveria estar morto está se levantando, e posso sentir que esse é o meu fim.

–Aaaw! - Ele geme enquanto se levanta.

Olha pra mim e eu estou simplesmente paralisada, não consigo pensar muito menos agir.

–Onde conseguiu isso? – Pergunta diretamente para mim, apontando para a... como é mesmo o nome dessa arma?

‘'Eu tenho que sair daqui’’ é só o que consigo pensar. O primeiro lugar que me veio à mente é o quarto de ferro do Bobby, mas logo quando penso em ir pra lá sou jogada por uma força invisível, batendo em uma árvore e caindo no chão. Semi-consciente e com uma dor insuportável na cabeça vejo borradamente ele caminhando em minha direção, mas logo nos seus primeiros passos Sam aparece atrás dele e crava alguma coisa nas suas costas, fazendo o maldito soltar uma luz branca muito brilhante pela boca e olhos, caindo no chão.

Ding dong o Diabo está morto.