Superficial escrita por Karen M


Capítulo 18
Capítulo 18




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São 7:15 da manhã e todos estão se preparando para mais uma caçada. Típico, não? Não. Hoje é o dia que vamos caçar o Diabo.

Não dormi a noite toda, não sei se alguém dormiu, eu vi eles se remexerem na cama, levantarem para beber algo e conversarem sobre o que vai acontecer mais tarde.

Eu ouvi um pouco da conversa que Sam e Dean tiveram na madrugada, algumas palavras e frases aleatórias pois eles estavam longe e falavam muito baixo, o que chamou minha atenção foi quando Sam falou sobre um garoto. Eu sabia de que garoto ele estava falando. ‘’Tem certeza que não podemos fazer nada em relação ao garoto?’’ foi o que Sam disse, e Dean apenas respondeu que eles já tinham falado sobre isso. Eles também falaram sobre mim. Eu vou participar da caçada, e vou ter um papel importante, foi só o que consegui entender. Sam novamente não parecia estar em pleno acordo com isso de novo, ele parece ser o único que se preocupa comigo, não que eu precise que alguém se preocupe, é só que, é bom saber que alguém se importa comigo e com meu irmão.

–Está pronta? Compramos comida no caminho – Dean me pergunta nem mesmo olhando pra mim.

Prendo meu cabelo em um coque e dou uma breve olhada no espelho. Estou terrivelmente horrível. Eu nem mesmo tinha me dado conta de que não passei maquiagem, e isso é uma das primeiras coisas que faço quando acordo. Mas não será o que farei hoje, tenho problemas maiores do que olheiras tão fundas quanto o oceano pacífico.

Caminho em direção a porta quando algo se materializa na minha frente. É Castiel.

–Alguém já te disse pra não aparecer assim? - digo o mais calma que consigo.

–Me desculpe. – Ele olha para além de mim, mais precisamente para Dean, e faz sinal afirmativo com a cabeça.

Odeio ser a única a não saber nada sobre isso, eles nem mesmo falaram sobre a minha participação.

Sam e Dean saíram, logo depois eu e Cass e logo atrás da gente, Ellen e Jo. Bobby obviamente ficou em casa, e obviamente ele não gostou nem um pouco da ideia, eu posso ver a tristeza e preocupação nos olhos desse velho que nunca deixa transparecer nada.

***

A viagem pareceu durar treze décadas, e agora estamos em uma cidade totalmente fantasma.

Saímos do carro e Ellen estaciona logo atrás.

–Tudo bem, Kath – Dean fica de frente pra mim e fixa seus olhos nos meus – você deve saber que não trouxemos você até aqui pra te deixar como uma desgraçada esperando no carro enquanto nós fazemos todo o trabalho sujo.

–Eu tenho certeza disso, só estava me perguntando quando você ia começar a falar –digo o encarando.

Ele parece hesitar, mas pelo pouco que o conheço sei que não é isso, ele só está tentando achar outra alternativa mesmo sabendo que não tem. Ele olha para baixo e meche na cintura, tirando dela uma arma e um frio percorre meu estômago enquanto ele devagar a coloca em minhas mãos. Eles sempre deixam uma arma comigo, eu não estaria surpresa se não fosse por essa arma ser diferente. Ela perecer ser antiga e tem uma pentagrama desenhado no cabo de madeira.

Meu olhar é confuso e nervoso, embora eu tente manter as aparências de uma garota forte e durona, mas a verdade é que estou com medo.

–Essa é a arma que pode o matar, e quem vai fazer isso vai ser você. – Suas mãos estão segurando as minhas e segurando a arma ao mesmo, firme.

–Isso é loucura – rio, nervosa – Dean, vocês não podem deixar isso pra mim, eu nunca usei uma arma antes eu vou morrer e vocês vão morrer também porque eu vou estragar tudo...

–Hey! - a interrupção foi em ótimo momento porque eu já estava começando a me engasgar com minhas palavras – me escuta, está bem? Eu sei que você acha que não pode fazer isso, mas você pode, graças a esse dom de sumir e aparecer que Deus lhe deu. Agora crie um pouco de confiança em si mesma e mate o cara que levou tudo o que você tinha.

– Mas pode ter aquele feitiço que faz com que meus poderes não funcionem.

– Cass já deu uma olhada, esta tudo certo...

– Não, nada disso está certo principalmente o fato de deixar tudo dependendo de mim – antes de eu terminar uma luz se acendeu em minha mente – mas talvez esse não seja o plano... talvez o plano seja que vocês se salvam e eu me ferro já que vai ser eu que vou colocar uma arma na cabeça do Diabo, eu sou só uma isca...

– Kath! Para! – ele segura meus braços enquanto eu tento me soltar, eu nem tinha percebido que estava me debatendo - Você não é uma isca, okay? Se você não quiser isto, tudo bem, eu não posso te obrigar, mas não só a gente e não só seu irmão como o mundo todo depende disso.

Ficamos por um instante nos encarando. Maldição, eu não quero fazer isso, todos os meus instintos estão dizendo pra mim não fazer, só que eu simplesmente não posso negar. Talvez eu tenha exagerado um pouco, não acho que eles vão me deixar pra morrer, só que é a coisa que mais faz sentido pra mim, eles complicavam até mesmo para eu participar de uma caçada comum e agora me deixam com essa simples tarefa, só puxar o gatilho, mas uma tarefa que muda o destino do mundo todo.

– Ótimo – digo desafiadoramente, o afastando – eu faço isso, mas como eu faço isso?

– É simples – quem me responde é Sam – você chega de surpresa, e atira.

–Nossa Sam, nunca pensei que matar o Diabo fosse tão simples, eu posso fazer isso enquanto toco piano com os pés - Sua expressão é séria e cautelosa – eu quero detalhes.

– Lembra quando você apareceu no hospital? – Sam pergunta e eu confirmo com a cabeça – então, você disse que pensou em mim e quando percebeu estava lá, não foi?

– Foi – digo devagar, como se no meio da palavra eu pudesse mudar o que estava dizendo. Não foi assim ‘’você pensou em mim’’ como se isso fosse... tudo bem, foi.

–Faça isso de novo.

– Mas dessa vez, sem desmaio – Dean completa.

– Como eu vou saber a hora exata que eu tenho que aparecer? Onde fico e o que faço até a hora?

–Você fica aqui mesmo, não saia daqui até que você sinta o celular vibrar, e quando isso acontecer você aparece atrás desse cara – Dean me entrega a foto rasgada do rosto de um homem com seus quarenta anos. O homem da foto está sorrindo, com um brilho nos olhos que a algum tempo eu não vejo em ninguém.

– Quem é esse cara? – Pergunto.

– Esse é Lúcifer, ou melhor, o receptáculo dele – É Sam quem me responde.

– Como assim receptáculo?

– Todos os anjos e demônios precisam possuir o corpo de alguém, mas isso não é importante agora – olho pra Castiel e ele mantém a expressão séria e indecifrável – você consegue só com a foto?

– Eu não sei Sam, se fosse uma foto de corpo todo...

– Você consegue Kath, eu sei que consegue – Dean diz me empurrando pra dentro do carro, e eu o afasto.

– Não seria óbvio demais eu ficar dentro do carro? – Protesto.

– É o mais seguro, fique atenta ao telefone. – Sam responde se afastando.

Ele vai me ligar, que profissional.

– Não acha estranho tudo estar tão vazio? – É a primeira vez que ouço Ellen falar desde que chegamos.

– Não está - o anjo responde – tem ceifadores por todas as partes.

Eles seguem andando e eu mais uma vez fico largada no carro, mas deve é diferente, dessa vez eu estou esperando o chamado.


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