Acordei sobressaltada, com um susto, olhei no relógio e
ainda não era hora de me arrumar para o colégio, mesmo assim me levantei.
Depois de um banho, comecei a me analisar no espelho, não há nenhum vestígio de
uma gravidez, a não ser por meus seios pequenos estarem maiores, e bem
doloridos, isso não é comum, porém não quer dizer que estou grávida.

Desci e fui á cozinha, Estela estava ninando Julie, enquanto
ela mamava sua mamadeira de leite.

- Nossa você nunca levantou essa hora! – Lá vem ela
reclamar.

- Bom dia pra você também!

Tomei meu café, depois escovei meus dentes e peguei minha
mochila, fui até o carro e fiquei esperando-as.

Cheguei à escola e Thomas me esperava na entrada, ele me
olhou preocupado.

- Bom dia!

- Bom dia Thomas – disse com os olhos aguados, eu estava me
sentindo grávida.

- Ei, calma – disse ele me apertando ainda mais no abraço –
ta tudo bem, e se você tiver... Eu prometo te ajudar, e te apoiar! – ele deu um
beijo no meu rosto e me soltou.

- Eu estou me sentindo... Sabe? Eu acho que estou Thomas!

- Eu comprei um teste pra você, foi bom você chegar cedo,
por enquanto não há quase ninguém ali dentro, vá ao banheiro e faça o teste!

Assenti. Ele pegou o embrulho de sua mochila e pôs na minha,
depois disso seguimos pelo corredor da escola, ele foi até a porta do banheiro
e ficou me esperando. Depois de fazer tudo o que estava escrito nas instruções
do teste, o segurei em minha mão e esperei.

Quando menos esperamos uma coisa ela acontece, devemos estar
prevenidos para tudo, mas aquilo foi demais para mim, na hora em que vi o
resultado, arrumei minhas calças e sai do banheiro chorando.

- Liz calma! Por favor!

Thomas estava me segurando em seus braços, ensopei sua
camiseta de lágrimas, estava quase sem ar, ele me levou junto de si e me fez
tomar água, depois ele olhou em meus olhos e disse:

- Jamais vou abandonar você! Por nada nesse mundo Elisabeth!
Nunca! Ponha isso na sua cabeça! – ele chegou mais perto de mim, olhou pra ver
se ninguém estava no corredor, pôs a mão em minha barriga e continuou – e eu
prometo te apoiar com o bebê! – ele beijou minha bochecha e me confortou mais
um pouco.

- Obrigada Thomas!

- Agora volte aquele banheiro, lave seu lindo rosto, arrume
a maquiagem e vamos enfrentar o dia, depois conversamos sobre como vai ser!

- Eu não sei o que vai ser de mim! Estela nunca irá aceitar
meu pai mal fala comigo! – e as lágrimas voltaram novamente.

- eu vou te apoiar, já disse Liz! Agora chega de chorar!
Faça o que te disse, e vamos pra aula, não se preocupe por enquanto, vai
demorar uns meses ainda pra começar a aparecer, mas você precisa ir a um
médico!

- Eu estou com medo Thomas! – apertei seus braços com minhas
mãos.

- Não fique já disse que vou te ajudar!

Tentei me controlar durante as aulas. Depois Thomas me
acompanhou quase que ate minha casa, ele também concordou de Pedro não saber
sobre o bebê, era melhor assim, pelo menos por enquanto.

Thomas também me disse que sua mãe, que é medica, podia nos
ajudar com o segredo da gravidez e me ajudar no começo, ele marcou uma consulta
com ela para amanhã, depois da aula, pois nesse horário ninguém da falta de mim
em casa.

- Filha vem aqui embaixo um pouco! – Johnny me chamou, ai
meu Deus pra o meu pai me chamar não vem coisa boa!

Desci rápido a escada, quase tremendo de medo, mas a hora
que vi sua expressão fiquei calma, ele estava tranquilo.

- Bom, quero te dizer que amei suas notas desse bimestre, e
como recompensa, quero te levar pra viajar pelas férias inteiras, vamos fazer
um passeio pelos Estados Unidos e pelo Canadá , ok? – que alegria nem acredito!

- Nossa pai! – fiquei abismada com isso, ele sorriu pra mim,
como nunca havia sorrido antes, foi ai que me lembrei da gravidez, se minhas
contas estiverem certas a minha barriga vai estar bem saliente, sendo assim vou
ter que recusar. Mas o que dizer a ele?

- E então, posso começar a ajeitar tudo?

- Ai! Acho que não vou poder ir, preciso estudar nas férias!
– que desculpa horrível!

- Ah isso você faz o ano inteiro, eu não vou ter essa
oportunidade novamente!

- Não posso pai! Não posso mesmo! Me desculpe!- não aguentei
a vontade chorar, subi a escada e me tranquei no quarto, cai nas imensas
profundezas da inconsciência.

- Thomas você tem certeza que a Nice não vai contar para
minha mãe? – eu e Thomas estávamos ao caminho do consultório de sua mãe.

- Não Liz, eu já falei com minha mãe, e ela concordou em não
contar! Fica calma!

Seguimos ao consultório, depois que o adentramos, uma linda
moça, a secretaria da Dra. Nice veio até nós e começou a conversar com Thomas,
depois Nice apareceu, me cumprimentou e deu um beijo em Thomas.

 - Então, me conte
desde quando você acha que esta grávida – olhei apreensiva para Thomas, ele
segurou minha mão e eu comecei a lhe contar, ela apenas assentia e anotava,
depois de muito tempo, mas na realidade pouco, a Dra Nice me conduziu até a
sala, para realizar uma ultrassonografia. Me despi e fui ate a cama, ela ergueu
a camisola e pôs o gel em minha barriga, Thomas apertou minha mão na hora em
que ela começou.

- Então querida, você esta grávida de quase dois meses,
daqui a pouco já vamos ouvir o coração do seu bebê, você ta vendo o tamanho
dele? – ela passou o mouse sobre o pequeno pontinho, sorri e chorei ao ver, meu
pequeno, tão frágil, olhei pra Thomas e ele beijou minha bochecha, sua mãe nos
olhou e sorriu. – esta tudo na medida, mas temos que acompanhar, e você precisa
tomar remédios, precisa se alimentar melhor, vou te dar uma lista, e não vou
cobrar uma consulta de você! Mas acho que você deve contar a Estela e a Johnny,
não sei qual será a reação deles, mas sua barriga vai crescer já esta saliente,
e vai aumentar muito!

- Eu tenho medo da reação da minha mãe! – enxuguei minhas
lágrimas.

- Ver você assim, tão frágil, é tão triste querida! Vai dar
tudo certo, eu e Thomas estamos aqui pra te ajudar! Você quer eu vá contar a
Estela?

- Não! Eu vou contar, mas vou esperar mais um pouquinho.

- Certo, mas você tem que tomar esses remédios, eles são
essenciais.

Nos despedimos de Nice e saímos, Thomas disse a ela que me
acompanharia até em casa.

- Estou muito ferrada!

- Calma Liz! Vamos te apoiar, o problema é seus pais, quando
vai contar a eles? Você já esta de um mês e meio, não aparenta nada ainda, mas
você sabe que...

- Ta bem Thomas, eu vou ver a melhor hora, e vou contar a
eles!

- Tudo bem!

Seguimos até em casa, Thomas se despediu de mim. Entrei em
casa, por sorte ninguém havia chegado. Comecei a pensar em como falar pra
Estela e Johnny sobre a gravidez, mas sei muito bem que eles vão me expulsar de
casa, não vou ter para aonde ir, tenho medo de contar a eles