_Para com isso paaaaraa!!! _ Estou me contorcendo desesperadamente. Peço socorro. Em vão. Sei que aqui ninguém me ouvirá. Tento me desvencilhar, mas não tenho forças. Meus pulmões estão quase sem oxigênio.

Pach me faz cócegas.

_Okokok você venceu_ Ele pára e viramos de barriga para o alto ofegantes. Pach esta se comportando estranhamente essa manhã. Está brincalhão, romântico e meio... Bobo. Não sei se isso é m motivo para reclamar, mas ele sempre foi isso tudo na medida certa. Hoje ele esta meio que... Exagerando.

_Sempre soube que você era uma fracote._ Sussurra deliciosamente em meu ouvido. Ele esta me abraçando forte enquanto fala._ Depois do super café da manha que te fiz esperava que tivesse mais energias._ Seu beijo começa a esquentar. A criança deu lugar ao velho e sexy Pach. Suas mãos passeiam livremente por meu corpo. Ele reveza os beijos do meu pescoço para minha boca devagar. Eu mesma estou febril e cedendo as suas caricias quando... “Relógios! Deus mais que sina!”

_Tenho que ir agora..._Digo ao tentar me levantar, mas sou impedida por um abraço de urso.

_Anjo é cedo, fique mais um pouquinho... Por favoooor. _ Diz todo dengoso. _Que foi?_ Encaro-o incrédula.

_Quem é você e o que fez com o meu namorado?! _Pach deita na cama ao gargalhar, mas levanta rápido, talvez pensando que eu fugisse se distraísse demais _ é serio Pach minha mãe já esta uma pilha comigo e...

_ Bonito. _ Diz simplesmente ao olhar o anel pendurado na sua correntina em meu pescoço.

_Ah... _Levo a mão ao pescoço e me sinto meio constrangida por ter pegado sem sua permissão._ Eu...

_Relaxe. Disse que ficou bonito_ Pach pega minha mão e a beija com tanta ternura que chego a corar.

O que é que deu nele?

_Pach você quer me dizer alguma coisa? _ Junto o cenho e o encaro.

_ E você?_ A gora ele desfaz o contato cruzando os braços a frente de si me olhando com um ar acusatório._ Não tem nada pra me dizer?

_Ué não...

_ Acha mesmo que cai nessa de espairecida? Você não teria furado comigo pra depois vir pra minha casa. Aconteceu alguma coisa, eu sinto isso em você. Não sou um completo imbecil Nora, você sabe disso.

“Eu posso ser um anjo, mas não sou um completo imbecil como os que você conhece nesse seu mundinho ridículo.” A simples menção de Pach me faz lembrar as palavras de Elijia na praia. Não posso explicar nada pra ele, sobre o acordo, sobre o encontro na praia tão pouco a perseguição que Elijia esta engajado a continuar se não fizer o que ele quer.

_ Ok ok você me pegou. Tenho uma coisa pra falar pra você. Mas... _ Elevo a voz quando ele da um sorriso triunfante _ Só direi se prometer me dizer o que VOCÊ esta escondendo.

Pach considera minhas palavras. “Inferno!” É inacreditável a semelhança que os anjos têm uns com os outros, e só conheci quatro em toda minha vida. A maneira com que Pach estuda as palavras que acabo de dizer é praticamente idêntica a de Elijia.

_ Eu teria que dizer a você mais cedo ou mais tarde. Acordo feito. E então? Estou esperando

_Bem... _ Projeto uma cara de vítima. _ Depois de ter rompido uma amizade de nove anos, o que pra mim já é motivo o suficiente pra você acreditar em mim! _ Faço uma careta pra ele que me ignora. _ Depois de dirigir feito uma louca varrida e quase bater em uma pickup, dirigir feito uma louca até Portland... Quando dormi... Lá na praia... Tive um pesadelo, mas não foi um pesadelo qualquer. Foi o pior pesadelo que já tive na vida.

_ Pesadelo? _ Pach parece meio desconfiado.

_Pesadelo sim eu... _ Sou interrompida pelo celular que toca estridente em minha bolsa. Não me atrevi a desligá-lo depois de... Bem tudo. _Alô. Oi mãe, não, não, eu estou bem. Não mãe, logo estarei em casa. Não, não estou nas meninas, estou com Pach... Não mãe não estou sozinha com ele, estamos no Borderline. Não mãe ele não trabalha mais aqui não_ Me levanto e viro de costas, pois Pach esta rindo, isso me desconcentra!_ Só estamos tomando uma coca. Sim mãe sei disso, não vou demorar. Não, mãe não vou comer nada aqui. Vou, vou almoçar com você sim. Ok, então. Pode deixar. Não vou esquecer. Tchau._ “Uffa!!”

_ Quatorze. _ Me viro pra ele sem entender.

_Quatorze o que?

_ Você disse a palavra “não” quatorze vezes._ Ele me diz isso com tanta tranqüilidade que me sinto meio idiota. _ Anjo estou realmente preocupado com essa sua habilidade de mentir tão bem. Estava quase acreditando em você. _ Ele ri enquanto me puxa de volta pra cama.

_ Não me fale em mentiras Pach. Você já mentiu muito pra mim. _ “Tocou na ferida querido!”. Pach se endireita na cama.

_Eu sei.

Suspiro e deito na cama apoiada em um cotovelo. Acho que agora não é hora pra extravasar ressentimentos passados. Tenho problemas bem maiores nas mãos do tipo evitar uma guerra que pode acabar com a humanidade e impedir que meu namorado vá para o inferno. Começo a sentir falta do garoto bobo de hoje de manhã.

_ Foi mal. Posso terminar?_ Ele acende com a cabeça e continuo o relato._ Foi um pesadelo horrível, mas diferente. Senti como nos sonhos que você entra na minha cabeça. Era muito real... Meu pai, Harrison estava lindo, e feliz e eu estava com ele. Mas ai de repente ele sumiu e eu fiquei com frio. Frio Pach, eu realmente senti. Então Hank Millar apareceu rindo e zombando da minha cara. Ele disse algo sobre eu destruir os anjos caídos... Eu corri dali e achei... Você._ Ele nem pisca enquanto falo. A menção de seu nome faz seus olhos faiscarem. _ Você estava... Estava... _ Há pouco estava lembrando desse sonho com indiferença, mas agora tenho fleches tão claros em minha cabeça que fazem meus olhos se marejarem.

_Vem cá_ Pach me puxa pra si e me abraça me passando confiança para continuar a falar.

_Você estava rindo de mim como Hank, me zombando. Foi quando aquela vadiazinha da Marcie apareceu e fez a mesma coisa. Vocês... Se beijaram. Consegue entender? Ela é minha meia irmã... _ As lagrimas em meus olhos teimam em cair. Pach me segura com mais firmeza e tento me controlar agora que soluços involuntários tomam conta de mim.

“Nunca vou te deixar Anjo. Nesse mundo ou no outro.” Não sei bem o que ele quis dizer com isso, mas me sinto melhor. Seja la o que ele quis dizer tenho certeza de que fará tudo pra ficar ao meu lado. No momento esse é meu maior problema. Desfaço o abraço e o encaro secando as lágrimas na manga da blusa.

_É sua vez._ Ele sorri e começa, porem cauteloso.

_ Anjo, estava-mos um paço atrás o tempo todo. Eu estou convencido de que existe realmente um “cabeça” por traz dos caídos e nos só saberemos quem é no campo de batalha. Eu suspeito que eles tenham feito um voto perpétuo para proteger sua identidade.

_Voto perpétuo?_ Tenho a sensação de já ter lido essa expressão em algum livro, mas não me lembro no momento. Dou de ombros mentalmente. _ O que é isso?

_ Não se sinta mal se não entender, mas é que quando caem, anjos tem o costume de se voltar para as artes das trevas. Mas sozinhos não são nada, e então formam clãs. O meu clã era composto somente por mim e Rixon, mas existem clãs com mais de cinquenta integrantes em cada lugar nesse planeta. É isso mesmo que você ouviu a queda dos anjos não é uma coisa recente Anjo._ O choque foi tão grande que minha boca se abriu no formato de um perfeito “O”.

Nunca imaginei que existissem tantos deles. Nunca mesmo. Deve existir o dobro de nefilins pois a cada século que passa os caídos devem deixar gerações e gerações de descendentes no mundo. Isso é assustador.

_O Voto Perpetuo é um juramento de sangue que o clã realiza em troca de poder. Todos os integrantes gozam da maioria dos poderes que perderam quando caíram. Exceto as asas. Se esse voto é quebrado, todo o clã perde os poderes _ Olho pra ele intrigada.

_ Então o General fez um Voto Perpetuo com todos os clãs no mundo?_ Pach assente com a cabeça, mas levanta uma sobrancelha pra mim. _ Eu prefiro dar um nome pra ele, é que é melhor assim do que ficar falando com incógnitas o tempo todo. Isso é chato. _ Ele sorri.

_Tudo bem então. O General_ Dá ênfase nessa palavra._ deve ter feito isso. Ele mesmo deve ser muito poderoso. Talvez ele tenha feito pactos com forças muito mais malignas do que se pode esperar. _ Involuntariamente tenho a visão de um ser vermelho com chifres e rabo pontudo segurando um tridente. Balanço a cabeça para desfazê-la de minha mente.

_Mas não entendo a razão de você não ter me contado isso antes. Por que não me disse isso tudo ontem? E alias isso nem explica seu comportamento hoje de manhã. _ Estou olhando no fundo de seus olhos agora. Ele tem no rosto uma expressão surpreendentemente inexpressiva. “O que ele esta me escondendo?”

_Anjo, não posso mais garantir sua segurança em Coldwater.

Raciocino lentamente a frase e ainda assim não entendo. Suplico que me dê uma explicação apenas com o olhar. Pach da um suspiro triste.

_Sei que vou levar um tempo pra te convencer, mas precisaremos partir do Maine Anjo. Você será um alvo fácil aqui quando os Caídos descobriram que é filha de Hank. E eu... Bom, já tenho muitos inimigos que me invejam por ter conseguido minhas asas novamente, e o pior é que não sabem que tornei a perdê-las. _Sinto aquela fisgada chata no coração ao ver a tristeza nos olhos dele ao falar de suas asas.

_ Eu nunca te pedi perdão por isso...

_Shii._ Ele coloca os dedos na minha boca e me beija na testa. _ Já disse que não sou nada sem você. Eu nem estaria na Terra se não fosse você. Não tem porque se culpar.

_Mas Pach como é que eu simplesmente vou embora com você assim do nada?

_ Não vamos poder dar muitas explicações. Você vai ter que agir como se nada tivesse acontecido com a sua mãe nessa semana. O trabalho já esta feito com a Vee então quando partimos você deixará um bilhete pra sua mãe pondo a culpa em mim. Escreverá que eu tinha que ir embora e que você tinha de vir comigo por que não suportaria viver sem mim, e fez o que fez porque ela nunca permitiria. Sei que será convincente, você é boa nisso.

_Aah Pach você sabe que não é a mesma coisa. _ Enterro o rosto em seu peito.

Sinto-me péssima por ter de deixar tudo pra trás e ainda por cima a má reputação de garota maluca, irresponsável e impulsiva. Mas sei que quanto mais longe eu ficar das pessoas que amo, mais seguras elas estarão. Mas tenho outro problema...

_Pach..._ Não tiro a cabeça de seu peito. Tenho que ser cautelosa, pois ele é perspicaz e não posso revelar nada sobre o acordo. _ E os arcanjos? Eles não devem estar contentes conosco.

_Nunca estiveram. Não é agora que vou sentir medo deles. Eu me rebelei Nora, já sou um renegado.

_Tem certeza que eles não vão nos prosseguir?

_Quando a guerra começar, não terão tempo pra nós._ “Talvez um deles sim Pach, e você não vai gostar”. Ele segura minha mão e sussurra em minha cabeça. “Por favor, Anjo, por favor venha comigo”.

_Eu vou. Eu vou sim eu... Eu vou com você. _ Repito varias vezes talvez para ter certeza de que é isso mesmo que estou falando. “Está errado! Era pra eu me afastar!” Mesmo ciente disso não falo o que penso e em vez disso pergunto. _Quanto tempo temos?

_Dentro de uma semana já devemos partir.

_O que? Tão rápido assim?

_Sim Anjo, rápido assim. Quero que entenda que o nosso tempo esta se esgotando

_Eu sei disso mais é que sou eu que preciso de tempo pra aceitar que logo serei uma fugitiva. Teremos problemas com a polícia Pach, o detetive Basso vai colocar todas as viaturas atrás de mim. Ele já fez isso uma vez.

_Eles demorarão a perceber que saiu da cidade, e é por isso que você tem que agir normalmente nessa semana para não levantar suspeitas. Até la já estaremos longe._ “Longe pra onde?” _ Sei que esta curiosa mas é uma longa historia o que iremos fazer. Sua mãe esta te esperando não esta?_ “Minha mãe!”

Dou um pulo da cama e vou trocar de roupa, Pach se move devagar atrás de mim e o vejo sorrir quando fecho a porta do banheiro. Esses sorrisos fazem parecer que não estamos enfrentando um “tsunami”. Quando saio, me segura e me beija longamente.

_Você não desistiu das aulas de luta não é? _Pergunta ainda abraçado a mim.

_Agora quero isso mais do que nunca.

Estou decidida a lutar com a minha alma por todos que amo. E esse é um bom começo.