Meu Caminho, Minha Alma escrita por Beatriz Gallardo


Capítulo 19
Tik tok no relógio




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Faltavam quarenta minutos. Eu estava naquela sala. Todos estavam calmos. Menos eu. Porque o relógio não me deixava sair do mundo superficial. O relógio ficava com seu tik-tok. O relogio que andava os segundos mas estava parado no tempo.

Minhas mãos tremiam. Eu estava apreensiva. Comecei a bater a ponta de meus dedos na mesa. Barulho. Comecei a acompanhar o tik-tok no relogio.

Olhei pro relógio. Passou-se um segundo. E em dez minutos de tik-tok. Onde houveram muitos tik-toks só havia mais um segundo. O que era aquilo?

Até meu coração adquirira a melodia do tik-tok.

Meu suor frio descia pela minha testa para o meu rosto. Me senti grudenta. O corpo dolorido de ficar parado. Coloquei a mão na boca. Roendo todas as unhas no terceiro segundo em tik-tok.

Olhei pela janela pra me desligar. Normalmente eu veria o sol, a chuva, o vento, as folhas... Qualquer coisa que fizesse minha mente ir longe. Mas aquele dia a janela era uma escuridão total, não havia janela praticamente.

Aquela sala consumia minhas energias. O quarto segundo passara agora, com um tik-tak enquanto eu conseguiria compor toda uma musica.

Quinto segundo. Tive certeza de que com toda a demora dele eu poderia ter lido um livro.

Sexto segundo no tik-tok. Nesse eu poderia ter escrito uma grande redação.

Será mesmo? Por que cada segundo demorava dez minutos pra passar?! Por que meu coração parecia que dava duzentas e setenta e tres batidas enquanto o relógio só soava um de seus tik-toks?

Depois de muita espera, eu estava ansiosa. Minha alma sentia minha ansiedade. Minha ansiedade era maior que o barulho do tik-tok. Enxuguei o suor de minhas mãos na camisa e me levantei. Caminhei por aquela sala angustiada.

 Será que eu havia demorado muito? Ele poderia ter morrido numa hora dessas já. Ele pode ter fugido. Ele pode ter cansado de esperar.

Corria ao seu encontro como uma gazela. Um carro. Meu grito. Meu sangue no chão. Meu corpo caiu no asfalto. Olhei para o alto. O sol. Redondo como um relogio, eu via seus ponteiros se mecherem vagarosos, enquanto minha vida foi sulgada no asfalto, por um carro que vinha pela rua, com seu tik-tok dando seta.


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