Meu grupo correu para um lugar afastado, que não tinha ninguém e eu tive que me esforçar para segui-los.

- Isso só pode ter a ver com Polifermo, o ciclope que Clarisse derrotou. – falou Skylar, decidida.

- Na verdade, Percy e Annabeth que o derrotaram. – Rebateu Aidan. – A missão era de Clarisse, mas sem os dois ela não faria nada.

Skylar ficou vermelha de raiva e ia avançar contra Aidan que sorria feito um idiota quando Damon falou.

- Ta, chega! – Damon gritou, se metendo no meio dos dois – Temos duas opções... – Continuou até eu o interromper.

- Alguém pode resumir a historia dessa Clarisse “barra” Percy “barra” Annabeth.

Nate resumiu para mim enquanto os outros discutiam.

- Então, quais são as opções? – perguntou Nate, depois de me explicar.

- Chalé de Ares, ou no sótão, onde o escudo de Clarisse foi guardado. – disse Skylar, meio orgulhosa.

- Por que não perto do Velocino? – perguntei. – Quer dizer, não foi o que eles pegaram durante a missão?

- Eu sou filho de Atena, por que não pensei nisso antes? – Damon perguntou, desapontado.

- Então vamos pro Velocino? – perguntou Nate.

- Ainda temos 5 minutos para esperar. – respondeu Skylar.

Damon e Skylar começaram a discutir táticas de jogo. Nate ficava fazendo manobras com sua espada e eu fiquei parada olhando pro céu.

- Eu ainda não te sinto. – Aidan sussurrou no meu ouvido, me fazendo dar um pulo.

Skylar e Damon estavam muito intertidos nas táticas para perceber, mas Nate soltou um risinho debochado e perguntou:

- Mais uma garota, Aidan?

O filho de Hecate não respondeu e voltou a olhar para mim. Ignorando o fato de Nate estar nos observando, Aidan colocou a mão em meu rosto. Eu sabia que devia fazer algo a respeito, mas eu não tive força de vontade o suficiente para fazer. A proximidade com o garoto me agradava, por algum motivo.

- Você é forte, filha de Zeus. – ele falou. Seu hálito era de menta. – O que você tem de errado? Por que eu não consigo te sentir?

- A única coisa errada aqui é eu não ter te dado um soco ainda. – eu respondi, voltando à realidade e arrancando a mão dele de meu rosto.

Podia sentir os olhos de Nate em nós, provavelmente se divertindo com o showzinho. Aidan não pareceu ofendido com o meu comentário, ao contrário disso, ele chegou mais perto ainda.

- Estou apenas tentando ajudar. – ele sussurrou.

- Então saia de perto de mim. – falei. Eu não esperava que ele fosse me obedecer, então fiquei surpresa quando ele recuou.

- certo. – ele concordou. – Avis me contou que você só começou a ver monstros poucos meses atrás, certo? – eu fiz que sim com a cabeça. - Todos os semideuses atraem monstros desde pequenos. Temos um cheiro, hm, agradável para eles. O estranho é que os filhos dos três grandes atraem muito mais. Ainda mais uma filha de Zeus. Então, Anya, por que eles não te acharam antes?

Eu abri a boca para responder que não sabia, mas um apito me interrompeu. Percebi que indicava o fim dos 15 minutos. Skylar fez um sinal para a seguirmos e voltamos para perto de Quiron e Nico.

– Podem ir. – Nico falou, parecendo meio entediado.

Skylar e Nate saíram correndo em direção ao Velocino. O resto de nós corria atrás deles. Ninguém vinha na nossa direção. Fiquei preocupada e pude ver que Damon também estava nervoso. Passamos pela quadra de vôlei e normalmente eu estaria sem fôlego depois de correr tanto, mas eu estava bem. Chegamos a arvore de Thalia e vimos o Velocino pendurado.

Aidan olhou na direção mais alta do pinheiro e fechou os olhos. A boca dele se mexeu, mas nenhum som saiu de lá. Era como se ele estivesse recitando um encanto. Um papelzinho dourado desceu flutuando até a mão de Aidan.

- Achei. – Aidan falou, abrindo o papel - Boa, Anya. –  ele falou, piscando para mim, me fazendo corar. Por que eu corei?!

 - Chega de dar em cima da garota nova e lê logo. – Nate reclamou.

- Valdez. Está escrito Valdez. – Skylar falou, pegando o papel da mão de Aidan.

- Valdez? Só pode ser Leo Valdez. – disse Damon e todos concordaram, menos eu. – Ah! Desculpe Anya. Esqueci que você não sabe quem é. Foi o filho de Hefesto mais famoso, conhecido por poder controlar o fogo. Um dos sete da última grande profecia.

- Certo. – falei.

- Vamos pro chalé de Hefesto, então. – sugeriu Nate.

- Duvido que esteja nos chalés, os campistas veriam alguma coisa. – disse Aidan, botando o papelzinho de volta no lugar

- O lugar onde eles fazem as armas? – sugeri

- Muito obvio. – disse Damon.

- Ta, o que mais sabemos sobre ele? – perguntou Nate.

- Ele foi um dos únicos filhos de Hefesto que aprendeu a controlar o fogo. – Skylar respondeu e depois acrescentou em um sussurro: - Grande coisa ele controlar o fogo. Percy controlava a água.

- Podemos ver na fogueira do pavilhão, então. – sugeriu Nate e todos olharam para Damon, que por ser o filho de Atena deveria tomar as decisões.

- Pode ser. – respondeu desconfortável com todos os olhares nele.

Skylar revirou os olhos e disse “vamos”. Saiu correndo a frente junto de Nate. Quando passamos pelos chalés vimos uma menina batalhando com um menino em frente ao chalé de Ares.

- Demeter e Afrodite. – Aidan comentou. – Queria ver isso. – ele parecia desapontado.

Também tinham dois garotos batalhando em frente ao chalé de Poseidon, mas Aidan não me disse quais eram. Chegamos ao pavilhão, Skylar e Nate já estavam vasculhando a área ao redor da fogueira.

- Achei! – disse Skylar levantando o papelzinho dourado.

- Não quer falar mais alto não? Eu acho que os titãs no tártaro não te ouviram! – Damon reclamou irritado.

- Relaxa, espertinho. – disse Aidan sorrindo. – É essa dica que vai nos levar para o tesouro.

- “vá para arena” – Disse Skylar, confusa. – É isso? Fácil assim?

- Deve ter algum desafio lá, vamos. – disse Aidan e saiu correndo. Eu ia seguir ele, mas Nate segurou meu braço.

- Preciso falar com você. – falou e os outros já tinham corrido.

- Agora? – perguntei confusa. – Não pode ser depois, não? A gente tem um tesouro para ganhar.

- Vou ser breve, prometo. –  ele falou, olhando nos meus olhos. Seus olhos verdes eram penetrantes – A próxima missão, vai ser, provavelmente, você que vai liderar...

- Que missão? Eu não vou liderar droga nenhuma. – o interrompi.

- Deixa eu terminar. – Disse calmo – Você vai poder escolher dois companheiros. Quero que me escolha para ser um deles.

- Por que eu faria isso? – perguntei. – Para você me irritar até a morte?

- Você vai precisar de mim, eu visitei o oráculo e eu vou ser necessário na missão. Só me escolha e... – ele ia dizer mais alguma quando filhos de Atena entraram no pavilhão – Droga, vamos. – ele me puxou pelo pulso, indicando que deveríamos ir. Ele saiu correndo, me deixando para trás.

Os campistas de Atena não perderão tempo e foram direto ao pavilhão. Saí correndo atrás de Nate, pensando no que ele tinha falado. Quando chegamos na arena, Skylar, Damon e Aidan estavam conversando com Nico.

- E aí, ganhamos? – perguntei, esperançosa. ENo fundo eu sabia que não seria tão fácil assim, mas ouvir o que Aidan falou me fez ficar desanimada.

- Não. Um de nós tem que lutar contra um anemoi. – Aidan informou. – Um espírito do vento. – ele completou, ao ver que eu não fazia ideia do que ele estava falando.

- Quem vai? – eu perguntei.

                Aidan e Damon trocaram olhares e naquele momento eu dei um passo para trás, entendendo. Eles só podiam estar brincando. Como se entendendo minha reação, Damon falou, tentando fazer parecer melhor do que realmente era:

- É o que mais faz sentido. Você é filha de Zeus, deus do céu e blá blá blá. É o mais esperto. Um filha do céu contra um espírito do vento.

- Olha, isso é loucura. É o meu primeiro dia nesse lugar e você quer que eu lute contra uma anêmona? – perguntei, irritada.

- Anemoi. – Aidan corrigiu, rindo. – Se fosse uma anêmona, seria trabalho para o Tate.

- Estamos perdendo tempo. – Skylar resmungou. – Deixe que eu vou no lugar dela. Sou boa com espadas. Sou boa em matar monstros. Duvido que essa garotinha dê conta do trabalho.

                Opa! Ninguém me chama de garotinha. Ninguém. Aquele comentário idiota de Skylar fez um buraco enorme no meu ego. Instintivamente, tirei a espada da bainha e apontei para o pescoço da garota.

- Vamos ver se a garotinha aqui dá conta de você. – ameacei, apertando um pouco a espada em seu pescoço. Podia sentir a eletricidade correndo pelo meu corpo, indo parar na espada.- O que você pensa sobre virar churrasco? Provavelmente não vai ser dos melhores, mas...

- Chega. – Nico falou, com sua voz autoritária de sempre. – Me parece que você está preparada o suficiente para um anemoi.

                Nesse momento, todas as luzes da arena se apagaram. Eu não conseguia ver nada, mas sabia que minha espada não estava mais no pescoço de Skylar e sim apontada para o nada. A garota havia saído. Não havia nenhum som em toda a arena, exceto a minha respiração. O vento começou a soprar mais forte, fazendo folhas de árvores virem parar no meu rosto.

- Certo, muito engraçado. – gritei, tentando não entrar em pânico. – Adorei a piada. Agora, que tal acenderem as luzes?

                Vários raios explodiram no céu, iluminando momentaneamente a arena. Na minha frente, eu pude ver a sombra de um garoto mais ou menos do meu tamanho, talvez um pouco maior.

- Nico? – chamei, esperançosa.

- Não. – o garoto respondeu.

                No momento seguinte, eu me vi caída no chão. Uma torrente de vento veio, da direção da sombra, e me fez voar dois metros até cair no chão. Certo, estava ficando realmente assustador. Fiquei em pé e me concentrei no meu suposto poder. Me concentrei em coisas positivas. Flores, chocolate, Panic! At The Disco, fadas, minha mãe, Simon...

                Vários raios começaram a iluminar a arena, mas eles não paravam. Sendo assim, eu conseguia ver tudo, como se estivesse em uma boate. Pude observar direito o garoto. Ele não era realmente um garoto. Ele era feito de fumaça negra, com dois olhos brilhantes e um sorriso tão branco que doía.

- Uma filha de Zeus. – a sombra/garoto observou. – Faz tempo que eu não mato uma dessas.

- Bom, não vai ser hoje que isso vai acontecer. – respondi, tentando parecer corajosa.

                Sem esperar que ele atacasse, eu corri em sua direção. Eu estava a um metro dele, quando outra corrente de ar me atingiu. Dessa vez, eu estava preparada. Me concentrando, fiz com que a  corrente não me jogasse para trás e sim na direção do anemoi. Segurando com força o cabo da minha espada, investi no peito do garoto. Uma corrente mais fraca desviou minha espada e eu cai em pé no chão, a poucos centímetros de distância do monstro.

- Bela tentativa, garotinha. Mas não boa o suficiente. – ele falou e girou o punho.

                Um raio me atingiu, mas o único efeito colateral foi deixar o gosto de papel alumínio na minha boca e me jogar para longe. Para falar a verdade, até me ajudou. Eu precisava mesmo ganhar distância.

- Eu ainda não terminei. – falei, enquanto levantava. Fiz com que o vento me ajudasse e taquei a espada na cabeça do anemoi. Por um momento, o monstro ficou surpreso, com a espada cravada em seu crânio. E então ele explodiu em poeira dourada.

                O vento parou, os raios cessaram e as luzes voltaram. Eu estava parada no meio da arena, de joelhos no chão e a minha espada estava a alguns metros de distância. Ao meu redor, todos os campistas me observavam, atônitos. Nico começou a bater palmas, lentamente, mas logo todos batiam junto com ele.

                Eu não conseguia prestar atenção em nada. Tudo estava girando. Minha cabeça parecia prestes a explodir. No começo, eu sabia que todos me olhavam com adimiração, mas depois seus rostos mudaram e as palmas cessaram. Todos me olhavam preocupados.
                Consegui ver Avis se ajoelhando na minha frente e colocando a mão em meu ombro. Ele parecia estar me perguntando algo, mas eu não ouvia som nenhum saindo da sua boca. Não eram apenas um Avis, mas sim dois. Minha visão estava dobrada. Graças a Deus, minha dor acabou quando eu cai para trás e tudo ficou preto.