Mudança De Vida escrita por lovelikepercy


Capítulo 8
Um pouco de diversão


Notas iniciais do capítulo

esse é, com certeza , um dos meus capitulos favoritos. Acho que vocês vão concordar. :))))



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Lentamente, abri meus olhos, mas estava tudo muito claro e fui forçada a fecha-los de novo. Mais uma vez, tentei abrir meus olhos. Dessa vez, consegui ver tudo normalmente. Estava na mesma enfermaria em que tinha acordado dois dias atrás. Fazendo um pequeno esforço, me sentei na maca. Avis, Aidan e Nate estavam discutindo alguma coisa, mas se calaram quando Aidan percebeu que eu havia acordado e fez um sinal para que eles me olhassem. Junto de Aidan, Avis veio em minha direção, mas Nate saiu da enfermaria, com aparência irritada.

– Finalmente acordou, bela adormecida. – Aidan falou. Ele me observava, com as mãos na cintura.

– Como está se sentindo? – Avis perguntou enquanto sentava na beirada da maca.

– Eu estou bem. – menti. Eu sabia que se levantasse, iria cair no chão. – Quando tempo eu apaguei?

– Sinceramente? – Aidan perguntou e eu fiz que sim com a cabeça. – Avis pensou que você ia morrer. Foram, provavelmente, as duas horas mais terríveis da vida dela. Nem um momento ele saiu da enfermaria e...

– Chega. – Avis o interrompeu, parecendo sem-graça. – Aidan, cala a boca.

Não consegui evitar um sorriso. Da ultima vez que acordei naquela enfermaria, eu não conhecia nenhuma das pessoas ao meu redor e, apesar de ter uma profunda raiva de Aidan, era bom ter rostos conhecidos e preocupados ao meu lado, dessa vez.

– Ganhamos? – perguntei.

– Depois que você fez aquele anemoi virar poeira de monstro, Nico nos informou que ganhamos. Pela primeira vez na história do acampamento, nenhum outro grupo tentou arranjar uma desculpa para que nós não ganhássemos. O que você fez na arena foi bem impressionante, Anya. – Avis contou, sorrindo.

– Eba. – Aidan comemorou, com falso entusiasmo. – A filha de Zeus fez “puf” com o monstrinho.

Resolvi ignorar o comentário de Aidan. Ele conseguia ser arrogante. Era possível ver em seu rosto que ele não estava realmente impressionado, como se esperasse que eu tivesse feito mais. Por algum motivo, eu senti novamente aquela necessidade absurda de agradar a ele e, sem pensar, passei a mão pelo cabelo. Avis provavelmente reparou, porque sorriu.

– Sobre o que vocês estavam discutindo? – perguntei, desesperada para mudar o assunto.

Ao mesmo tempo em que Avis disse “Nada.”, Aidan entregou o jogo falando “sobre pizzas”. Os dois se encararam e Avis não parecia nem um pouco feliz com a resposta de Aidan, que apenas deu de ombros.

– Pizza? – perguntei, rindo. – Acho que você consegue uma desculpa melhor.

– Eu gosto bastante de pizza. – Aidan falou, sorrindo. Depois se virou para Avis, que ainda parecia irritado: - Olha, eu acho que ela merece saber das coisas. – sinto que quando Avis abriu a boca, não era pára concordar e sim protestar, mas Aidan ignorou e falou: - Discutíamos sobre a sua missão.

– Obrigado, Aidan. – agradeci.

– Enquanto você estava em seu “leito de morte”... – Aidan começou a falar, rindo, mas Avis o olhou com raiva. Aidan foi esperto o suficiente para mudar sua frase: - Foi mal, relaxa passarinho. O que eu quis dizer foi: durante aquelas duas horas que você ficou desmaiada, bastante coisa aconteceu. Primeiro, Rachel apareceu, o que é muito estranho levando-se em conta que ela não sai de sua caverna faz um ano. Ficou mais estranho ainda quando ela falou “nas águas do norte, se esconde o inverno.” e...

– Quem é Rachel? – perguntei, interrompendo sua explicação.

– Sempre me esqueço de que você é nova. Bom, ela é nosso oráculo. Sabe? Aquelas pessoas que veem o futuro. – ele explicou.

– O que tem demais o que ela falou? – perguntei, sem entender.

– Essa não foi uma profecia interia, Anya, mas a partir dessa frase, pudemos decidir que a sua missão deveria se direcionar para o norte. – Avis falou, entrando na conversa. Eu queria dizer que ainda não parecia grande coisa, mas o olhar sério dele me fez pensar duas vezes. – Não foi só isso que aconteceu. Uma nova semideusa chegou.

– Nico a trouxa quando fez uma viagem nas sombras. – Aidan explicou.

Resolvi ignorar a parte de viajar nas sombras, porque era muito surreal. Era surreal demais até para a filha de um deus. Eu ainda não conseguia entender o que tinha demais em tudo isso e Aidan pareceu perceber, porque falou:

– Não é uma semideusa normal. É uma filha de Hades. Isso significa que os três deuses mais poderosos quebraram a promessa mais importante já feita. Uma coisa é certa: ela vai com você na missão.

– Ahn... Não era eu que escolhia quem me acompanhava? – perguntei, um pouco irritada. Eu não achava justo que uma garota que eu não conhecia fosse comigo na missão. Principalmente porque eu sabia que eu talvez morresse nessa viagem. Acho que eu tinha direito de escolher que morreria comigo. A voz do sonho retornou a minha cabeça, dessa vez mais forte.

– Sim, mas Nico quer que ela vá. – Aidan explicou. – Mas se for de maior conforto, você vai escolher os outros 3.

– Calma: outros 3? Isso faz com que sejam cinco pessoas. – Avis falou. – Eu não sabia disso.

– Nossa, como você é bom em matemática. – Aidan falou, como que fala com um cachorro que fez algo certo. – Olha, naturalmente, você não sabe de metade das coisas que eu sei. E Nico quer te ver. – ele falou, olhando para mim.

Bati na porta, com Avis e Aidan ao meu lado. Enquanto Avis mantinha uma distância segura, Aidan estava próximo demais. Por um lado, isso me deixava desconfortável, mas por outro, me deixava um pouco mais segura. Eu estava feliz de ter os dois ao meu lado enquanto eu falava com Nico. Aquele cara me dava arrepios.

Quando a porta se abriu e nós entramos, vi Nico, Quíron e uma senhora de mais ou menos 60 anos. Seus cabelos eram cinzas, mas possuíam algumas mechas ruivas. Ela tinha imensos olhos verdes, que pareciam atentos a tudo. Somente depois de alguns momentos eu percebi que também havia uma garota na sala, mais ou menos da minha idade. A garota me olhava, meio curiosa. Tinha cabelos dourados que caiam em cachos até sua cintura fina. Suas bochechas eram coradas e cobertas de sardas. Ela não parecia com Nico. A única coisa que me fazia tremer eram seus olhos cor de petróleo. Eram tão frios e distantes que me faziam lembrar meus piores pesadelos e eu tinha a sensação que se eu continuasse a olhá-los, eu iria pirar.

– Anya? – Quíron me chamou, tirando minha atenção da menina. – Está se sentindo melhor?


– Sim, obrigado. – respondi sorrindo. Minha atenção mais uma vez se voltou para a menina. Em seu colo, ela segurava uma mochila verde.

– Nico me contou que derrotou o Anemoi bem rápido. Mais rápido que Jason Grace, o filho de Zeus mais poderoso que existiu. –Quíron comentou, com um sorriso amigável no rosto. – Estou realmente impressionado. Aposto que está muito orgulhosa de si, certo?

A resposta era não. Eu não estava. Pelo contrário, me sentia muito estúpida. Das duas vezes em que eu havia lutado, eu havia acabado seriamente ferida ou então desmaiada. Como eles queriam que eu saísse em uma missão contra a voz de meu sonho, se eu nem ao menos conseguia lutar contra um Anemoi ou uma porção de mulheres cobras?

– Acho que sim. – menti, forçando-me a sorrir. – Obrigada.

– Chega de elogios. – Aidan falou, se tacando em um dos sofás. – Vamos ao que interessa, certo?

– Rachel recitou toda a profecia. – Nico disse. Ele fez sinal para que a senhora falasse.

– “Filhos dos grandes, juntos trabalharão.
Pelo ar viajarão, mas seu destino é o mar.
Nas águas do norte, o inverno se esconde.
O filho da magia e o filho da Lira irão ajudar.
Mas no final, um cairá
E o inverno reinará.” – a senhora recitou, com um olhar meio entediado. Suspeitava que ela teve que recitar aquela poesia várias vezes durante as ultimas duas horas.

– Filho da magia. – Aidan exclamou, praticamente dando pulos de alegria. – Esse sou eu! – Todos os olhos da sala se voltaram para ele, que simplesmente deu de ombros e resmungou: - É a minha primeira missão, eu tenho direito de estar empolgado.

– Então os integrantes da missão já estão decididos. Anya, Aidan, Avis, Nate e a minha irmã Cassie. – Nico falou. Por algum motivo, a palavra irmã soou meio forçada.

Olhei para Avis, para perguntar o que ele achava, mas ele estava quase babando enquanto olhava para Cassie. Aquilo me deu uma sensação estranha. Mesmo sabendo que não deveria, cutuquei ele com o meu cotovelo e ele voltou à vida, parecendo meio envergonhado.

A porta se abriu, sem nem um pedido de permissão. De alguma forma, eu já sabia que seria Nate. A filha de Hades o analisou e Nate deu uma rápida olhada nela, mas depois a ignorou. Com seu jeito meio arrogante, ele se sentou no mesmo sofá que Aidan, mas com uma grande distância os separando.

– Suspeito que todos já estejam informados. – ele falou.

– Algo do tipo. – Aidan resmungou, meio irritado. Ele olhava para Nate com uma expressão de desgosto. Talvez eu não fosse a única que não fosse com a cara de Nate.

– Vocês deixarão o acampamento amanhã à noite. – Nico determinou e ninguém argumentou. – Levem uma mochila não muito grande. Menos você, Anya. Sua mochila já está pronta, já que você não trouxe roupas para o acampamento. Dispensados. – completou fazendo um sinal com a mão: deem-o-fora-daqui. – Menos você, Cassie. Preciso te ensinar algumas coisas.

Eu saí acompanhada de Aidan, Avis e Nate. Quando estávamos no meio do caminho para lugar nenhum, Avis perguntou:

– Anya, já viu seu chalé?

– Na verdade, não. – respondi, meio surpresa. Eu havia esquecido completamente disso. Havia passado duas noites na enfermaria, mas nenhuma em meu chalé.

– Eu te levaria, mas tenho que ir para enfermaria. Está no horário de meu turno. – Avis falou, parecendo meio desapontado. – Queria poder ser o primeiro a te mostrar o lugar.

– Eu te levo. – Aidan ofereceu, com um sorriso estampado no rosto. Aquilo me deixou meio com um pé atrás, mas resolvi ignorar.

– Érr… Claro. – falei, hesitando um pouco. Com uma olhada rápida, percebi que Nate olhava a cena se divertindo. Ele sorriu como se dissesse “sabia” e foi embora.


– Enfim… – disse Avis. – São cinco horas agora, o jantar é as sete. Não se atrasem. – disse e foi correndo em direção à enfermaria.

Aidan escolheu o caminho mais longo. Nós poderíamos ter seguido reto e chegado em dois minutos, mas ele disse que eu precisava conhecer o acampamento. Passamos por uma quadra de vôlei, onde vários campistas jogavam. Depois, fomos até um lago. Aidan escolheu uma canoa e nós entramos nela.

– É um belo primeiro encontro, não? – Aidan perguntou, enquanto remava na direção da outra ponta do lago.

Meu rosto começou a queimar e eu soube que eu estava vermelha. Como eu havia sido tão inocente? Era claro que ele estava tirando vantagem da situação. Comecei a ficar com raiva, mas o sorriso brincalhão no rosto de Aidan me fez entender que ele estava brincando.

– Se isso fosse um encontro, pode ir sabendo que foi o pior que já tive. – falei, rindo. Aidan fez um formato de concha com a mão e a mergulho no rio. Só entendi o que ele estava fazendo quando eu já estava molhada. – Ah! Você não fez isso! – gritei, mas eu não estava realmente irritada.

– Acho que eu fiz. – ele riu.

Tentei pegar água com a mão também, mas quando eu me inclinei, Aidan me empurrou e eu cai no lago. E é claro que eu não deixei barato. Segurando na borda do barco, fiz com que virasse e ele caiu na água. Rindo e brincando, começamos a nadar para sair do lago. Aidan saiu primeiro e então me ajudou a sair.

– Você estava mesmo precisando de um banho. – ele brincou.

– Eu acho que conseguiria tomar um, sozinha. – respondi. Eu ia dizer que ele era um idiota, mas a minha boca se abriu em espanto quando percebi o que estava na minha frente. Era a coisa mais legal que eu tinha visto desde que cheguei ao acampamento.

Com mais de 20 metros, uma parede de escalada ocupava minha vista. Era enorme. A maior que eu já tinha visto em toda minha vida. Não era uma parede de escalada comum. Ela não só era gigante, como também tinha lava escorrendo por ela. Era a mãe das paredes de escalada. Olhei fascinada um campista subindo, desviando da lava e das pedras que caiam.

– Bem legal, uh? – Aidan perguntou, bem ao meu lado. – Costumava ser menor, mas o antigo diretor do acampamento resolveu que estava muito baixa.

– Muito legal. – concordei.

Me puxando pelo ombro, Aidan me tirou dali. Ele disse que voltaria ali comigo depois da missão. Disse que seria o meu prêmio, se eu sobrevivesse. Isso me trouxe de volta à realidade. Um de nós ia morrer durante essa missão. Um de nós ia falha e por causa dele, o inverno iria reinar pelo mundo. Eu sabia o que significava: não existiria mais vida no planeta. E se fosse eu a culpada disso? E se eu morresse? Provavelmente Aidan entendeu o que eu estava pensando, porque disse:

– Sabe, pode não ser o fim. Nós podemos dar um jeito. Temos os três semideuses mais poderosos na missão e outros dois ajudantes.

– Eu não sei se você percebeu, mas eu não sou exatamente o que as pessoas classificariam como poderosa. – resmunguei.

– Eu estava falando sobre mim. – Aidan falou e começou a rir. Quer saber? Ele tinha razão. Poderíamos conseguir. Pensar assim, me fez rir com ele. – Vamos, você têm que ver o seu chalé.

Passamos pela praia, enrolando para podermos nos secar antes de chegar ao chalé. A praia estava tranquila e só havia uma pessoa nela. Como você pode imaginar, era Nate. Ele brincava com alguma conchas, enquanto olhava para o mar.

– Quer ver uma coisa legal? – Aidan sussurrou, para que Nate não percebesse que estávamos lá. Fiz que sim com a cabeça.

O filho de Hécate sussurrou alguma coisa e quando pisquei, ele não estava mais na minha frente. Olhei ao redor, procurando ele, mas só vi Nate. Quando olhei para o chão que entendi. Eu também não estava mais lá. Eu estava invisível, assim como Aidan.

– Aidan? – sussurrei, o chamando.

– To aqui. – a voz dele respondeu ao meu lado. Ele segurou meu pulso e me puxou na direção de Nate.

Uma bola de areia começou a flutuar e eu demorei alguns segundos para entender que era Aidan fazendo uma bolinha de areia. E então ela estava voando na direção de Nate. Plaf. Ela explodiu nas costas do filho de Poseidon, que se virou irritado.

– Mas quem foi que...? – ele ficou em silêncio quando viu que não havia ninguém na praia, a não ser ele.- Que diabos? – ele resmungou, coçando a cabeça, confuso. – Eu estou oficialmente maluco.


Nate se sentou de novo, ainda olhando ao redor. Olhando para o chão, vi pegadas se formando na direção do fim da praia e as segui, sabendo que era Aidan. Somente quando estavamos fora da praia, Aidan nos fez voltar a ficar visível, arrancando um grito de uma garota verde que corria por ali (depois descobrir se tratar de uma ninfa). Eu não consegui me segurar e explodi em risos, acompanhada por Aidan.


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Notas finais do capítulo

Bom, nos dois proximos capitulo a trama toda é explicada. Diz quem é o vilão e o que está em jogo