Aprendendo A Voar escrita por Alex Baggins


Capítulo 1
Prólogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/306881/chapter/1

Minha história é longa, triste, ás vezes divertida e vagamente educativa. É por isso que ela merece ser passada para frente: para as pessoas não cometerem os mesmo erros estúpidos que eu e, cá entre nós, foram muitos.

Se você por acaso ouvir ou ler minha história algum dia e achar que tudo o que eu digo é mentira, das duas uma: ou você é muito burro, ou é muito inocente.

Eu realmente espero que você seja o segundo, pois não é nada divertido ser burro. As pessoas se aproveitam e fazem graça de você e por pessoas, eu quero dizer eu.

Quem sou eu?

Sou o lobo mau.

Ah tá.

Eu realmente tenho que parar com essa minha mania de ser sarcástica o tempo todo, pois tenho a leve impressão de que isso irrita as pessoas e, apesar de estar convencida que minha missão de vida é irritar os outros, isso não é muito legal ou saudável.

Ok, vamos lá. Eu sou Elena Montgomery. Tenho alguns séculos a mais do que 18 anos, que é o que eu aparento. E, ah, eu sou uma nefilim.

Você deve estar se perguntando o que é um nefilim, certo? Deixe-me explicar. Sabe aquela ideia de que anjos são bebês seminus, imaculados e assexuados? Bom, essa ideia é meio que totalmente errada. Para início de conversa, anjos não são seres assexuados. Existem anjos e anjas. Nem sempre anjos aparentam ser crianças loiras cheias de cachos dourados. Anjos aparentam ser o que quiserem. Crianças, adultos, adolescentes bonitões (acredite em mim, eu já dei de cara com alguns deles). Claro, existem anjos imaculados. Mas a maioria não são tão imaculados. Os anjos gostam muito de descer das nuvens e se hã... Divertir com os humanos. Nós, nefilins, somos frutos dessa diversão toda.

Ser nefilim, na maior parte do tempo, é bem divertido. Somos mais rápidos e mais fortes que os humanos. Somos imortais e, na maioria das vezes, somos bem bonitos, pois puxamos a parte divina da família. Nós não envelhecemos muito. Paramos de envelhecer mais ou menos na idade que nosso pai ou mãe mortal tinha quando fomos gerados. Então eu meio que tenho 18 anos para sempre ou pelo menos aparento ter.

A minha parte divina veio do meu pai, Daniel, um ex-anjo caído, ou seja, que caiu do céu por algo que aprontou, e atualmente anjo da guarda. Ele se redimiu de algum modo que eu nunca descobri e os arcanjos (os todos poderosos na hierarquia dos anjos) o permitiram ganhar suas asas novamente e voltar para o céu. Minha mãe morreu em meados do século XVI, pois era apenas uma mortal. Por mais que meu pai não diga, eu sei que ele sente falta dela. E eu também.

Como eu disse anteriormente, meu pai virou um anjo da guarda. Mas os arcanjos não confiam nele, por isso não lhe permitiam certos privilégios e poderes divinos como a capacidade de ficar invisível. Isso dificultava um pouco seu trabalho como anjo, pois ele não pode ficar seguindo sua protegida por aí sem parecer um louco.

Era ai que eu entrava. A protegida de meu pai, Nina, era uma típica adolescente de dezessete anos. Ela frequentava a escola, ia ao shopping, se agarra com meninos e por aí vai. Meu trabalho era virar sua amiguinha e segui-la por ai. Só tinha um pequeno problema nesse plano genial. Nina Monroe não era exatamente o tipo de menina com a qual eu me daria bem. Eu a observei por alguns dias, escondida nas sombras que as árvores que rodeavam seu colégio me proporcionavam.

Nina era a típica adolescente popular, você pode achar outras como ela em qualquer filme ou seriado. Para começar, ela era loura. Loura, alta, de olhos claros esverdeados. Ela também era a chefe do time de líderes de torcida. O problema de Nina era que ela era a típica adolescente popular má. E quando eu digo má, é má mesmo. A menina conseguia ser uma verdadeira vagabunda quando queria. Era uma cretina egoísta e dissimulada. Pergunto-me porque alguém se daria ao trabalho de designar um anjo da guarda para alguém como ela.

Um dos problemas de ser um nefilim é que somos bem azarados. Quase amaldiçoados, eu diria, por sermos fruto do pecado e tudo mais. É assim que eu acabo entrando nessas furadas. Somos quase tão azarados quanto anjos-caídos. Se nós somos frutos do pecado, eles são os pecados. Quando um desses anjos quer se redimir, os arcanjos os colocam nas piores posições do mundo, como anjo da guarda ou anjo da guarda de um anjo da guarda (sim, isso existe. E esses daí não têm anjos da guarda). Anjos-caídos são designados para as pessoas mais chatas e mais entediantes do mundo e esse é o preço para voltar para o céu. Eu sei disso, pois minha melhor amiga, Lucinda, é uma anja da guarda de um cinquentão maluco solteiro com uma fixação por gatos. Obviamente, Lucinda era uma ex-anja-caída (eu preciso melhorar minhas companhias. Primeiro uma líder de torcida vaca e agora uma anja caída).

Lucinda caiu do céu no mesmo século que eu nasci. Ela era um cupido (sem aquelas fraldas ridículas e flechas em forma de coração, por favor), e gostava muito de fazer brincadeiras com o amor humano já que, como cupida, não era influenciada por ele. Em uma dessas brincadeiras, ela acabou fazendo um padre italiano se apaixonar por ela. Ela foi chutada do céu e começou a viver na Terra. Ela até passou alguns anos com o tal padre (que era uma graça, por sinal), mas, veja bem, ele morreu.

Só conheci Lucinda séculos depois, quando ambas fomos à Alemanha dar um tiro de no traseiro de Hitler por ter causado tanto transtorno até no mundo divino. Nós brigamos por um tempão para ver quem ia chuta-lo e acabou que nenhuma de nós duas o fizemos. Devido aos nossos hobbys em comum, como chutar as nádegas de psicopatas filhos-da-mãe, nós viramos amigas.

Apesar desses hobbys, Lucinda e eu não tínhamos praticamente nada em comum. Para começar, Lucinda era baixa e magra, com formas suaves. Eu era alta e tinha curvas exuberantes (ah, nada como uns bons genes humanos para o corpo). Lucinda tinha um longo cabelo ruivo, que pendia em longas ondas até a cintura. O meu cabelo era castanho tão escuro que era quase preto que caia até o meio das costas, liso. Ela tinha a pele clara como neve. Eu tinha um bronzeado recém-adquirido das férias em Tortuga, a procura do lindíssimo Johnny Depp. Lucinda tinha olhos azuis claros e serenos. Eu tinha olhos cinza tempestuosos quase brancos de tão claro. Lucinda era calma e pensava nas coisas antes de fazer. Eu tinha um gênio terrível, era impulsiva e impetuosa. As únicas coisas que tínhamos em comum era que ambas apreciavam a bela arte do sarcasmo (o que comprova minha teoria que isso é uma característica divina, pois os humanos se irritam com o sarcasmo), nosso senso de humor incrível e nosso fascínio pelos músculos de um belo anjo.

Bem, mas chega de apresentações. Vocês já foram introduzidos ao meu mundo divino e conhecem meu drama. Vamos à ação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!