Não fui a única a ouvir o grito. Travis e Connor arregalaram seus olhos de dúvida e preocupação. Nós três, e mais alguns campistas do 11, fomos correndo saber do que se tratava.

Havia uma multidão em volta de alguma coisa... ou alguém, a alguns metros de distância. Eu e Travis nos enfiamos na multidão enquanto Connor parava para falar com uma garota de cabelos castanhos que segurava um vaso de flores.

Pude ver quem tinha gritado... Havia uma garota caída na poça do próprio sangue, com vários campistas cuidando de seus ferimentos e dando uma bebida dourada para ela, néctar eu acho.

A garota tinha cabelos muito pretos, como os meus... Na verdade ela era bem parecida comigo: os olhos amarelos como de um felino, pele morena. O que nos diferenciava era seus cabelos lisos do meu cabelos crespo e a idade, talvez.

Deu a entender que ninguém ali a conhecia ou a vira antes. Ela olhou para mim por um momento. Sua expressão era de alguém assustado, é claro! Mas tinha alguma coisa por trás, algo que não consegui identificar.

Quíron chegou.

– O que houve? - ele pergunta. Rachel se pôs do meu lado e sussurrou a mesma pergunta baixinho.

– Não sei - respondo sussurrando também - parece que ela foi atacada.

– Monstros... - diz a menina engasgando - muitos.

– Calma - diz Quíron - vai ficar tudo bem.

Rodo meus olhos pela multidão e encontro o olhar do garoto que Annabeth me apresentou, Percy. Extremeci ao me ver na profundidade daqueles olhos verdes. Mas seu olhar acabou deixando o meu, para observar assustado algo acima da minha cabeça.

Percebi que ele não era o único que me olhava. Todos encaravam algo encima da minha cabeça. Curiosa, sigo o olhar deles. E me deparo com um caldeirão preto brilharando e desaparecendo aos poucos.

– O que... - começo a perguntar, mas Quíron interrompe.

– Diana Levine - ele anuncia - Salve a filha de Hécate, deusa da lua e senhora da magia. Ave, a filha da magia!

Todos se curvaram. Fico tremendo de receio e medo. Então eu era filha da deusa da magia? Aquela que perdeu a bola de cristal? Aquela mulher extremamente poderosa?

Quíron dá o sinal para carregarem a garota ferida para uma enorme casa azul e branca. Annabeth me estudava como se eu fosse um tipo de monumento arquitetônico difícil de decifrar.

– Diana - a voz de Rachel me trás de volta a dura realidade - você está bem?

Respiro fundo, disposta a contar para aquela garota todo meu passado, tudo o que deu a entender que sou perigo, que ser filha de Hécate não era nada seguro.

– Não - respondo - definitivamente não está nada bem!