Estava tudo confuso demais. Minha madrinha me revelava milhões de coisas impossíveis, inclusive o fato de minha mãe ter mentido para mim toda a minha vida, mas continuava escondendo as coisas.

– Por que minha mãe me mandou para cá? - pergunto com os olhos fechados para conter as lágrimas.

– Como eu falei, você precisa ser treinada. Vou te levar para o Acampamento Meio-Sangue. Você vai treinar e aprender a se defender... e a controlar.

Abro os olhos.

– Controlar o quê?

Ártemis respira fundo. Ela pega seu arco e sua aljava cheia de flechas e me entrega. Não consigo acreditar.

– Você está... me dando seu arco?

– Não é meu, é seu. Fiz para você quando nasceu.

Olho para o arco em minhas mãos como se fosse explodir a qualquer momento, e eu acordar na minha casa no Rio de Janeiro e descobrir que tudo foi um sonho confuso.

Ártemis olha para mim quase com pena, como se estivesse prestes a tocar num assunto que não queria.

– Você possui poderes muito grandes, Diana - ela diz - não só por ter minha benção. Mas, sua mãe é uma deusa poderosa, e suas raízes também são.

Entendi o que ela quis dizer. Não era só isso. Por dentro havia uma mensagem, que me levava de volta a 3 anos atrás quando voltei no tempo, não me pergunte como fiz isso, pois não lembro.

Eu lembro de estar na Inglaterra do século XV um momento, e em casa no outro. Meus pais me procuravam loucamente. Meu pai gritava meu nome desesperado, mas eu só saí por dois minutos. E rapidamente, pude ver uma mulher enfiar um punhal em seu coração. Ela havia me visto e falou comigo.

"Perdas enfraquecem", foi só o que ela disse antes de desaparecer. Me deixando suja com o sangue do meu pai espalhado pelo chão. Naquele dia eu sabia que algo poderoso habitava meu corpo, e jurei jamais usá-lo.

– Diana? - a voz da minha madrinha fez com que eu voltasse ao normal.

– Desculpe - falei baixinho. Ela sorriu e me deu um beijo na bochecha.

– Vou ter que deixá-la sozinha a partir de agora. Zeus exige minha presença no Olimpo. Lamento dizer que terá que usar seus poderes para descobrir o Acampamento. Eu sei que você consegue.

E partiu. Me deixando com um arco, e milhões de dúvidas e inseguranças. Mas ela estava certa: eu sabia aonde ir. Chamei um taxi e me vi dizendo: Estreito de Long Island.

A viagem foi chata e não muito longa. Eu sabia que estávamos chegando, porém o taxi parou antes.

– O que houve? - perguntei. Foi quando vi uma enorme lança atravessar o pescoço do motorista.