A Filha Da Magia escrita por Annabel Lee
– Anna - falei um pouco assustada assim que saímos do aeroporto - você está segunrando um arco-e-flecha?
Minha madrinha franziu o cenho, depois olhou o arco em suas mãos e afirmou calma e distraída:
– Estou segurando um arco! As flechas estão na aljava.
– Anna, como assim? Você está carregando uma arma mortal pelas ruas e ninguém vê! E por quê está usando isso?
Eu respiro fundo reprimindo mais milhões de perguntas que eu sabia que viriam. O quê Anna estava pensando com essa maluquice?
Ela suspira.
– Escute, caçadora, eu não tenho sido muito sincera com você...
– Ah, jura? - perguntei, sarcástica - nem você, nem minha mãe pelo visto!
– Apenas me escute, Diana! Está na hora de você saber de tudo.
Tudo. Ficou claro naquele momento que elas me escondiam muito mais coisas. Anna sentou-se comigo na lanchonete.
– Começando por uma coisa um pouco desesperada no momento - ela diz - meu nome não é Anna.
Pisquei, sem conseguir acreditar. Ela me escondeu isso? Sua própria identidade?
– E qual é? - pergunto aborrecida.
– Ártemis - diz cuidadosa - sou a deusa que inspirou seu nome. Sou a deusa da caça.
Por um momento eu ri. Ri mesmo! Não consegui acreditar no que ela dizia. Era algo tão... impossível!
Ela me lançou um olhar duro.
– Esse arco que está em minhas mãos não faz parte de uma fantasia - afirma - os deuses gregos existem, criança! Eles são tão reais quanto eu e você.
– Um momento - eu digo - como assim eu e você? O que eu tenho com isso?
– Sua mãe - ela faz uma pausa respirando fundo - ela não é aquela doce mulher que neste momento está no Brasil. Ela é uma deusa, assim como eu. E você faz parte de tudo "isso".
Fico em silêncio. Ela parecia falar sério. Algumas coisas faziam sentido. Mas mesmo assim eram muito irreais.
– Vou te provar! - ela diz observando meu silêncio. Anna (ou Ártemis, tanto faz) abre a palma da mão e aparece um arco prateado nela, logo após uma lua miguante branca e depois um fogo prateado. Não fazia sentido, mas eu sabia que nenhum ser humano conseguiria fazer isso.
– São meus símbolos - explicou - meu arco de deusa da caça, minha lua de deusa da lua e o fogo mostrando que sou Olimpiana.
– Isso não pode ser real, dinda. Não pode.
– Mas é. E eu preciso te manter em segurança.
Chegamos em um ponto preocupante.
– Segurança do quê?
– Dos perigos do nosso mundo. Preciso te levar para um lugar onde você possa treinar, um lugar onde estaria segura - ela faz uma pausa - Eles pensam que o mundo é seguro novamente... Mas não, não chega nem perto.
Eu não sabia do que ela falava. Mas uma coisa eu sabia: a mitologia grega existia, junto de todos aqueles monstros.
– Por que você é minha madrinha, Ártemis? - pergunto.
– Um favor a sua mãe. Sua força vital enfraquecia. Algo que nem mesmo eu sei porquê, mas desconfio de umas coisas. Eu sou padroeira dos reçém-nascidos, e amiga dela, dei minha benção para te salvar... Você já nasceu muito fraca.
– E quem é minha mãe?
– Isso é algo que mais cedo ou mais tarde você terá de descobrir... Pela boca dela.
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