Amnésia escrita por Silvia Moura


Capítulo 1
Capítulo 1




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Não! Eu não vou ficar aqui!

– Você vai sim!

Thor e Loki discutiam a poucos segundos de saírem para a última batalha contra aquele mundo desconhecido. Thor não queria, em hipótese alguma, que Loki fosse com ele, Sif e os Três Guerreiros. Loki queria ir de todo jeito. Queria provar a todos que podia ser bom, que aquilo que tinha feito em Midgard pouco tempo antes era passado. Mas não, Thor dizia que não era hora, na verdade ele só queria proteger o irmão caçula.

– Você não vai e ponto final!

– Pare de me tratar como criança, Thor! Eu mudei, quero provar isso, e você não precisa me proteger! Sou adulto, sei me cuidar muito bem, não preciso de babá!

– Não sou sua babá, irmão. Mas quero protegê-lo.

– Mentira! Ainda há pouco você disse que eu não podia pisar fora de Asgard. Você não confia em mim, Thor. Nunca confiou mesmo...

– Loki, chega! Você fica!

E com isso, Thor sai a passos largos do salão do palácio, deixando um Loki vermelho de raiva para trás. Odin, no trono, observava tudo em silêncio, mas em total concordância com o filho mais velho. O irritado deus das travessuras se volta para o pai adotivo.

– Por que não posso ir? Já não deixei claro que mudei?

– Seu irmão está certo. Vá para seus aposentos e trace uma estratégia de batalha para nós. Precisamos da sua astúcia aqui, em Asgard.

O supremo deus Odin sai então do salão e Loki fica só. Certo, ele não estava tão bonzinho assim. Claro que ele não tentaria conquistar a Terra daquele jeito impensado novamente, mas sua velha rixa com Thor continuava viva e crescendo mais e mais. Ainda dava pra esperar qualquer coisa de seu ódio. Thor e sua mania de tratá-lo como bebê... Odin sempre apoiando o loiro e nunca dando crédito a Loki... é, as coisas não tinham mudado totalmente.

Ele não queria ficar ali. E não ficaria. Assim que Odin saiu, o rapaz se encaminhou para a Bifrost, reconstruída, e ordenou a Heimdall que a abrisse.

– Sinto muito, tenho ordens expressas de Thor para não abri-la a você.

– Eu sou um príncipe deste mundo! Abra, é uma ordem expressa minha!

– Não posso fazer isso.

– Então eu mesmo faço!

Aproveitando-se de seu poder com gelo, ele detém o guarda da ponte com uma camada fina de gelo e toma o cetro que abria o portal para outros mundos. Um jato forte de luz é gerado na direção do mundo estranho para o qual ele queria ir e então, respirando fundo, ele se atira com a lança na mão. Segundos depois, ele está junto de seu irmão e dos companheiros de batalha, num mundo em que não se podia definir o frio do quente, o claro do escuro. Um mundo desconhecido, que usava forças desconhecidas para atacar Asgard.

Thor simplesmente não acreditou quando viu seu irmão aparecer. Volstagg teve que segurar seu amigo fortemente para que este não esganasse o deus das travessuras. Loki, em compensação, permanecia impassível. Ele lutaria e nada nem ninguém o impediria, até porque os guerreiros inimigos já estavam em posição de ataque quando ele chegou.

A batalha foi iniciada. Criaturas marrons com poros grandes e abertos pelo corpo, garras e presas afiadíssimas e horrivelmente fedorentas partiam pra cima dos seis asgardianos. O solo era irregular e era necessário ter atenção além do normal para não cair nas fendas abertas aqui e ali. Thor girava seu martelo, acabando com vários monstros de uma vez. Hogun agitava sua clava com destreza tamanha que era impossível se livrar dos seus golpes. Fandral e Sif desferiam golpes mortais com suas adagas e lanças afiadas. Volstagg usava sua força como nenhum outro guerreiro podia fazer. E Loki acabava com hordas de guerreiros, desintegrando-os com sua lança poderosa.

A força daquele mundo estava muito abalada, graças aos ataques mal-sucedidos que tentaram várias vezes fazer à Asgard. Aquela era a batalha que poria fim à guerra, e estava tudo dando certo para os asgardianos. Os monstros marrons estavam ficando encurralados. Muitos se ocupavam com Thor, muitos com Loki, de modo que Sif e os Três Guerreiros estavam quase sem adversários, o que lhes permitia ajudar os irmãos.

Mesmo sendo mais fácil para os seis guerreiros, eles já tinham muitas feridas devido à desvantagem. Um corte na perna de Sif a deixava mais lenta para correr e atacar. Thor tinha o braço muito machucado e Loki estava com um corte transversal feio nas costas. Mas todos ainda permaneciam firmes. Minutos se passaram, mais minutos, quase uma hora depois todos tinham eliminado seus adversários, exceto Loki, que duelava contra o guerreiro mais habilidoso daquele mundo. Seu rastro de sangue tingia em vermelho o solo sobre o qual passava. O adversário também estava enfraquecido, mas comandava os ataques.

– Loki, cuidado! – Thor gritava.

– Não se meta! Eu faço isso!

Loki caminhava para trás, tentando manter-se de pé para dar um golpe final. Mas então o chão faltou a seus pés. Se ele desse mais um passo estaria provavelmente morto e o monstro marrom percebeu isso. O primeiro pensamento do deus da trapaça foi esperar seu oponente atacá-lo para então sair no último segundo, matando a criatura, já que lhe faltava energia para criar hologramas que servissem de confusão. O problema era que ele não estava mais tão rápido para fazer esse tipo de desvio. Só havia uma opção, e foi essa que ele escolheu.

Quando o guerreiro adversário correu para o ataque final, Loki estendeu o braço o mais rápido possível e atirou com sua lança. Um tiro certeiro, bem no meio do peito, que desintegrou a criatura. Todos olhavam estupefatos. Venceram. O último oponente tinha sido derrotado. Thor correu até seu irmão e...

– Loki! Loki, irmão, onde está você?

O deus dos trovões olhou para baixo. Diante dele estava um abismo que se abria para o espaço e lá, bem longe, uma capa verde manchada de sangue voava, junto com um capacete com chifres de ouro e uma lança poderosa. Loki caíra.


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