O Preço De Ser Uma Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 3
Lembranças infelizes são persistentes


Notas iniciais do capítulo

Lembranças infelizes são persistentes. Elas são específicas e são seus detalhes que se recusam a nos deixar em paz. Apesar de uma lembrança feliz ficar com você tanto tempo quanto a que te deixa triste, o que você se lembra suaviza com o tempo. Você se lembra simplesmente que foi feliz, não necessariamente os momentos individuais que trouxeram aquela felicidade. Mas a lembrança de algo doloroso faz exatamente o oposto. Ela mantém sua forma original, todos os dedos ossudos e cotovelos pontudos. Toda vez que ela volta, você tem um cutucão doloroso no olho ou no fundo do estômago. A lembrança de ser infeliz tem o poder de nos machucar por um longo tempo depois do fato em si. Nós sentimos o machucado se renovar toda e cada vez que pensamos nele.



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Hermione empurrou as portas duplas do St. Mungus com força e andou o mais rápido que pôde até o balcão da recepção. Fazia anos que não tinha pisado lá, mas o lugar não tinha mudado nada. Até mesmo o cheiro era o mesmo que ela se lembrava.

- Sou Hermione Malfoy. Eu recebi uma coruja. – ela falou para a recepcionista – Minha amiga Luna Lovegood foi trazida para cá.

- Só um minuto, Sra. Malfoy.

Quando ela começou a falar, Hermione ouviu um grito e num reflexo, olhou para a porta por onde tinha acabado de passar.

Uma mulher com uma barriga enorme andava com a ajuda de um homem. Ela estava com o rosto vermelho e com certeza com uma tremenda dor e o homem estava obviamente nervoso e sem saber o que fazer. Uma médi-bruxa se aproximou e os guiou para a área que Hermione sabia ser de obstetrícia.

- É pra que lado, Hermione?? – Draco perguntou, o desespero nítido na sua voz.

- Pra lá, Draco! – ela respondeu. Não estava nervosa, estava impaciente. E eventualmente, com dor. – Pra onde você me levou durante todas as consultas para o pré-natal.

- Ah... ok.

A médi-bruxa que acompanhou a gravidez apareceu sorrindo tranquilamente e Hermione se sentiu aliviada por estar perto de alguém que sabia o que fazer.

- Como está a nossa futura mamãe? – ela perguntou.

- Ansiosa.

- Não precisa ficar nervosa, meu amor. – Draco disse pegando na sua mão – Eu não vou te deixar nem por um segundo.

Hermione sorriu para ele quando percebeu que o suor entre as mãos deles não era dela. Ele ficava um amor quando estava preocupado.

A médica sorriu ao ver o momento deles, e falou delicadamente:

- Vocês vão ficar bem. Vamos lá, já estamos prontos pra você, Srta. Granger.

- Sra. Malfoy? – a recepcionista a chamava – Sra. Malfoy, está me ouvindo?

Hermione, tirada abruptamente dos seus pensamentos, a encarou.

- Sim?

- Srta. Lovegood está a sua espera. Quanto 336.

**********

Hermione entrou no quarto 336 como se não houvesse amanhã.

- Luna, o que aconteceu?

Luna estava deitada na cama, sorrindo amavelmente.

- Ei, Hermione... Que bom que está aqui.

- Luna... – Hermione a olhou de cima abaixo para ver se a amiga estava inteira – Você tá bem? O que aconteceu?

Luna deu de ombros.

- Mais visões... – ela desviou os olhos – Acabou agora... Acho que vou conseguir ir até a festa de posse amanhã.

- Luna...

- Hermione, eu já estou acostumada...

- Se estivesse, não estaria aqui. – ela a encarou – Como você veio parar aqui, por falar nisso?

- Eu desmaiei quando estava voltando do supermercado. Uma vizinha me viu.

- Aonde está Liam?

- Está na creche lá embaixo. Ele estava no meu colo quando eu caí...

- Ele está bem?

- Sim, graças a Merlin. Ele caiu por cima de mim...

Hermione se sentou na ponta da cama e encarou a amiga.

- Luna, o que está acontecendo?

Luna a olhou com aqueles olhos azuis enormes.

- Como assim?

- Você sabe muito bem do que eu estou falando. Desde a batalha final, cinco anos atrás, você não é mais a mesma. Não mencionei nada porque você obviamente não quis falar sobre isso na época, mas agora aconteceu de novo. Vir parar no hospital por causa de visões? Parece muito sério pra mim.

- É só que ás vezes elas vem com muita força e me pegam de surpresa. Estou ficando melhor em reconhecer quando elas estão vindo... Vou prestar mais atenção da próxima vez.

- Da próxima vez?

- Hermione...

- Luna, quer me explicar?

- Me desculpe, mas eu não posso. Isso é um fardo que eu tenho que carregar sozinha. Eu pedi por isso quando fiz todos aqueles feitiços e coisas para achar as horcruxes. Agora eu só tenho que lidar com as consequências. Você sabe muito bem que coisas assim vem com um preço.

- O que você vê?

Luna balançou a cabeça negativamente.

- Coisas ruins?

Luna hesitou.

- Bem ruins. Na noite da batalha final, eu vi... algo muito, muito ruim. Eu venho tentando fazer as coisas mudarem do meu jeito desde então mas todos caminhos parecem levar até o mesmo fim.

- Eu quero ajudar... – Hermione disse.

- Eu sei. – Luna segurou sua mãe – Mas você não pode... Não agora. Sinto muito.

Hermione tentou entender a situação de Luna mas todos aqueles enigmas e mistérios só faziam irritá-la.

- Espero que saiba o que está fazendo.

Luna suspirou.

- Eu também. Você pode falar com eles pra me tirar daqui? Eles disseram que eu só poderia sair na companhia de alguém.

- Ok.

Hermione se levantou e já ia saindo quando Luna falou:

- E Hermione? Obrigada por vir aqui. Sei como é difícil pra você.

Hermione acenou com a cabeça.

- Já volto.

Hermione foi falar com os médicos que levaria Luna para casa e teve que assinar um bando de papéis se responsabilizando pela saúde mental da amiga. Aquilo a assustou um pouco. Tudo parecia cem vezes mais sério do que Luna quis aparentar.

Em seguida, ela teve que ir na ala infantil buscar Liam com as enfermeiras que ficaram cuidando dele enquanto Luna era tratada. A maternidade ficava no caminho e apesar de ela tentar ignorar o barulho dos choros e o cheiro de bebê no ar, era impossível. Sua mente foi logo assaltada por mais lembranças.

- Ela é tão linda. – Hermione murmurou, acariciando o rostinho da sua filha. Sua filha. Uau.

- Eu sei. – Draco murmurou em resposta. Estava sentado ao lado dela. Os médi-bruxos tinham finalmente a trazido de volta depois de levá-la minutos depois do parto. – Eu poderia ficar olhando para ela pra sempre.

- Acho que ela vai ser loira.

- Espero que ela tenha seus cachos.

Hermione sorriu e quando levantou a cabeça para olhá-lo, Draco a beijou.

- Obrigada. Esse é o melhor dia da minha vida. – ele murmurou contra os seus lábios – Eu te amo.

Alguém bateu na porta e quando eles falaram para entrar, Lucas apareceu.

- Uau, vocês dois são pais. – ele falou se aproximando – Draco Malfoy vai ser pai. Tem noção da gravidade da situação?

Draco revirou os olhos.

- Idiota.

Hermione sorria.

- Olha só. – Lucas se aproximou bem e olhou para Summer com atenção – Se livrou de uma, hein, Draco! Ela vai ser linda que nem Hermione! Nada de cara emburrada para Summer!

- Ela não vai ter razão para ficar emburrada. – Hermione replicou – Ela vai ser a criança mais feliz que já existiu.

Lucas sorriu.

- Totalmente. – ele se virou para Draco – Eles estão te chamando lá embaixo para assinar os registros. Juntos com os padrinhos, cof, Pansy e eu, é claro.

Hermione riu.

Draco a olhou.

- Você vai ficar bem?

- Vai lá.

Ele beijou sua testa e a de Summer e se afastou.

Hermione deu de mamar para ela nos próximos minutos e assistiu com fascínio enquanto sua filha caia no sono no seu colo. E sem nem perceber, sua visão foi ficando embaçada e ela caiu no sono também.

**********

Mesmo quando chegou em casa, depois de ter deixado Luna e Liam na segurança do seu lar, as lembranças continuaram a atingindo, como geralmente faziam nos dias ruins. Era tudo ao mesmo tempo: lembranças desfiguradas e terrivelmente claras. A pior delas veio logo assim que ela chegou em casa. Mas agora ela já tinha se permitido pensar naquele fatídico dia. Ir ao St. Mungus não tinha sido uma boa idéia, e chegar em casa e encontrar Draco dormindo no sofá com apenas um abajur da sala aceso, fez ela se sentir estranhamente sozinha.

Ela estava sendo guiada pelos corredores do St. Mungus por uma médi-bruxa estranhamente atordoada. Estava exausta. Tinha sido acordada num susto e não sabia nem para onde estava indo. Ela mal sentia seus pés se movendo.

O corredor finalmente acabou e ela estava passando por uma porta branca. Draco estava sentado na mesa de frente para uma mulher. Uma placa em cima da mesa dela dizia DIRETORA em letras garrafais.

Hermione também se sentou de frente pra ela.

- Draco? – ela olhou para o lado e se surpreendeu ao vê-lo de olhos vermelhos. Ela nunca, nos oito anos que o conhecia, o tinha visto chorar. – O que aconteceu?

Ele não olhou para ela e Hermione sentiu seu coração se partir em milhões de pedaços.

- Eu sinto muito, Hermione. – ele disse encarando o chão.

Naquele momento ela já soube o que havia de errado e lágrimas começaram a encher seus olhos.

- Onde está a minha bebê?

A médi-bruxa a olhou com tanta pena que Hermione teve que desviar os olhos.

- Eu sinto muito, Srta. Granger. Nós fizemos tudo que pudemos.

Ela sentiu uma pontada tão forte no seu coração que não soube da onde tirou fôlego para exclamar:

- Não! – ela bateu na mesa de madeira e ficou de pé – Ela estava bem! Eu estava segurando ela algumas horas atrás! Ela estava perfeita!

- Ela estava. – a médica continuou, sem se abalar com o fato de que Hermione estava gritando com ela –Mas as primeiras horas da vida de um bebê são muito frágeis. Não havia nada de errado com ela, sua bebê morreu de causas naturais.

Hermione se virou para Draco e ele continuava sentado lá, com lágrimas escorrendo silenciosamente pelo seu rosto, sem levantar seus olhos para ela como se estivesse em choque.

Hermione balançou a cabeça e se obrigou a afastar aquelas lembranças. Aquele tinha sido, de longe, o pior dia da sua vida. O que era deprimentemente irônico porque o dia do nascimento da sua primeira filha com o amor da sua vida deveria ser o mais feliz. E aquela era a pior parte. Porque aquele dia tinha rapidamente se transformado do melhor dia para o pior em um piscar de olhos. Ela tinha visto os olhares de compaixão, pena e tristeza dos seus amigos e tinha voltado para casa com Draco e encarado os ursinhos de pelúcia espalhados pela casa, o quarto recém pintado, o berço recém montado e todas as coisas que aguardavam a chegada de um novo membro pra pequena e nova família deles... E tudo aquilo era só um lembrete horrível do que tinha acabado de acontecer. E mesmo assim, ela se recusou a retirá-los de vista durante semanas... Porque uma parte dela achava que aquilo era algum tipo de piada ou sonho estúpido mas também, e principalmente, porque ela se sentia culpada. E ela achava que deveria se sentir culpada. Summer tinha nascido. Ela estava bem. Hermione tinha segurado sua pequena mãozinha e ela ainda podia sentir o calor do seu pequeno corpo contra o dela... Como ela tinha deixado aquele pequeno pedaço do céu ir embora? Como ela tinha dormido quando ela estava no seu colo?

Draco não se importou com os objetos espalhados pela casa zombando da cara dela. Ele nem sequer perguntou porque ela não quis se livrar de tudo imediatamente. Por que ele iria se importar, de qualquer maneira? A culpa não era dele. Não tinha sido no colo dele que Summer tinha morrido.

Ele tinha sido paciente e respeitado o luto dela. Ele a abraçava todas as noites em que ela acordava gritando de um pesadelo e descobria que, diferente dos da época da guerra, aquele pesadelo era muito real. E então os gritos se transformavam em choro e ele chorava junto com ela. Eles nunca realmente chegaram a conversar sobre isso. Hermione não queria e sabia que Draco também não. Hoje ela não sabia se não falar tinha ajudado ou não. Porque aquilo tinha mudado muito os dois. Eles mudaram juntos, mas mudaram.

**********

Na manhã seguinte, Draco acordou com uma carta do departamento de aurores dizendo a ele que teria que esperar 24 horas até poder interrogar Greyback e tirar qualquer informação dele porque, supostamente, a dose que ele lhe deu da cura tinha sido muito grande e agora ele estava tendo algumas reações á poção.

Draco ficou irritado com isso mas decidiu que era para melhor. Ele precisava se acalmar para falar com Greyback calmamente e, além de tudo, ele precisava que Hermione o perdoasse por não estar lá com ela na noite passada. E aquilo com certeza não iria acontecer se ele tivesse partido para o ministério antes mesmo de poder lhe dar bom dia.

Então Draco desceu as escadas da sua casa e foi para a cozinha, decidido a fazer um café da manhã decente para Hermione. Eles não tinham elfos domésticos. A casa era grande mas não era uma mansão, e só os dois moravam lá então a maioria dos serviços eram feitos com magia.

Draco tinha sido obrigado a se virar na cozinha por causa disso depois da longa discussão que eles tiveram sobre os elfos domésticos quando se casaram. Hermione tinha ganho, claro, e agora ele era capaz de preparar uma refeição sem colocar fogo na cozinha.

Algum tempo depois, Draco ouviu passos na escada e a televisão da sala de estar ser ligada – Hermione tinha o hábito de assistir o noticiário trouxa pela manhã – então ele terminou de montar uma bandeja e a carregou até ela.

Quando Hermione se virou no sofá e viu ele entrando com uma bandeja na mão, ela o olhou desconfiada.

- O que é isso?

Ele sorriu.

- Um pedido de desculpas.

Ela revirou os olhos.

- Acha mesmo que isso vai me fazer esquecer num passe de mágica?

- Não. – ele colocou a bandeja na mesa de centro do cômodo e  lhe entregou uma xícara esfumaçante de café. – Mas é um começo.

Hermione se encostou no sofá e encolheu suas pernas, as abraçando.

- Me desculpe por não estar aqui noite passada. – ele falou, se acomodando no sofá ao lado dela – Eu prometo que vou estar aqui para o seu próximo grande momento. Não tenho dúvidas que vão haver mais dezenas deles.

Hermione olhou para a sua xícara e a assoprou levemente.

- A vida não é só sobre grandes momentos. – ela falou quase num sussurro – Os pequenos contam mais.

- Eu sei. – ele pegou a mão dela que não segurava a xícara e a acariciou – E eu prometo que vou estar aqui para esses também. Para todos. Isso não vai durar pra sempre, Hermione. E o que aconteceu ontem não vai se repetir. Eu sinto muito, eu deveria ter voltado com o Potter. Mas eu fui levado pelo momento e queria pegar Greyback a todo custo. Me desculpe mesmo.

Ela bebeu um gole de café e ele a encarou.

- Você acredita em mim? – ele perguntou. – Que eu queria estar com você?

Ela sorriu de lado.

- Acho que sim.

Ele a olhou com dúvida.

- Você vai ter que cumprir sua promessa se quiser que eu acredite completamente.

Ele riu e se inclinou na direção dela.

– Vou fazer isso. Posso ganhar um beijo?

Hermione se inclinou na direção dele e o beijou ainda com apreensão. Draco apertou sua cintura e recebeu com muito agrado o beijo dela, lento e delicado. Como ele gostaria de poder beijá-la com mais frequência... Ele sentia tanta falta dela quando estava longe... Achava que até mais que ela. Se Hermione ao menos se desse conta disso...

Ela interrompeu o beijo sem se afastar e Draco abriu os olhos para olhar no fundo dos grandes olhos castanhos da sua esposa.

- Eu te amo. – ele murmurou antes de beijá-la novamente.

O beijo dele não foi nada parecido com o dela. Ele lhe beijou com fervor e como se quisesse matar toda a saudade que sentia dela em um único beijo. Enterrou uma mão nos cabelos despenteados dela e a segurou firme pela cintura. Depois de alguns segundos, se afastou.

- Você tá bem? – ele sussurrou, se afastando um pouco.

- Por quê?

- Porque você está respirando de um jeito estranho. – ele falou ainda entre beijos.

- Você quer que eu respire normalmente quando você me beija assim?

Ele riu.

- Eu te amo, Hermione. – ele lhe beijando novamente – Me desculpa se ás vezes eu faço coisas que te fazem esquecer disso.

Ela suspirou.

- Só não faça mais.

- Eu não vou. – ele lhe beijou mais uma vez – Prometo.

*********

Era a segunda vez naquela semana que Hermione entrava no salão de eventos muitíssimo bem decorado do ministério e ela não iria mentir, teria preferido mil vezes ficar em casa. Mas Harry era um dos seus melhores amigos e ela sabia que deveria estar ao lado dele no seu momento.

Ela e Draco não demoraram para encontrar com Pansy e Lucas, que haviam trazido as crianças.

- Ei! – Pansy exclamou ao vê-los se aproximar – Se não é o meu amigo ausente predileto!

As crianças se adiantaram e correram para abraçar Draco, que teve que soltar da mão de Hermione para abraçá-los de volta.

- Que saudade, tio! – Sarah exclamou.

Ela se pendurou no pescoço do padrinho primeiro e Mike o empurrou.

- Larga ele, sua chata! – o garoto exclamou.

Draco passou os braços em volta de Mike também e conseguiu abraçar os dois ao mesmo tempo.

- Ninguém me abraça não? – Hermione reclamou, próximo a eles.

- A gente te vê sempre, tia. – Mike falou, ainda no abraço – Mas tio Draco tá sempre trabalhando.

Hermione sorriu de lado, concordando completamente com o menino.

De vez enquando, Hermione ainda se surpreendia com o quanto Draco se dava bem com os dois e o quanto eles pareciam amá-lo. Era de se esperar que o loiro não fosse uma pessoa que saberia lidar com crianças mas era verdade que a prática leva a perfeição e nos últimos anos, Draco tinha sido um ótimo padrinho para os gêmeos. Aquilo só fazia Hermione imaginar como ele se sairia bem sendo pai. Aquele pensamento a assombrava mais do que ela gostaria.

Pansy se aproximou de Hermione.

- Vocês estão bem? – ela perguntou para a amiga num sussurro, observando enquanto as crianças finalmente soltavam Draco e Lucas o cumprimentava, engatando numa conversa com o melhor amigo.

Hermione assentiu.

- E vocês?

Pansy assentiu.

- Tia Mione, - Sarah disse se aproximando – hoje eu e Mike fizemos o café da manhã!

- Sério? – Hermione perguntou com um sorriso – E o que os elfos domésticos acharam disso?

Pansy cruzou os braços e encarou a filha.

- É, Sarah, o que eles acharam?

- Eles não queriam deixar. – a menina exclamou, parecendo indignada só de lembrar – Eu vou contar como foi pra você, tia. Eu acordei no meu quarto e a casa estava quietinha porque meu pai e minha mãe ainda estavam dormindo então eu tive a melhor idéia de todas! Eu queria fazer café da manhã pra todo mundo! – ela abriu os braços para expressar “todo mundo” – Pro meu pai, pra minha mãe e pra Meri, Dona e Tinky. Eu fui no quarto do Mike e eu sacudi ele até ele acordar e nós dois fomos para a cozinha pra fazer o melhor café da manhã! Só que Meri já estava lá e não queria deixar a gente chegar perto das coisas que se usam para fazer as panquecas! Ela chamou Dona e Tinky e eles queriam que a gente fosse tomar banho para tomar o café que eles fizeram quando meus pais acord...

- Aí eu prendi eles com o cadarço do meu tênis da escola e amarrei a boca deles com o laço da Sarah para mamãe e papai não ouvirem os gritos! – Mike exclamou, interrompendo a irmã.

Hermione arregalou os olhos e levou a mão a boca.

- Mike, você estragou a história!

Hermione olhou para Pansy.

- Imagina a minha cara e a de Lucas quando nós acordamos e achamos esses dois cobertos de massa de panqueca até o último fio de cabelo e os elfos amordaçados e presos na porta?

Hermione caiu na gargalhada.

- Viu, mãe? – Mike falou – Tia Mione riu!

- Papai também! – Sarah acrescentou. – Até você tava sorrindo!

- Não precisava ter colocado a gente de castigo... – o menino reclamou.

- Não precisava? Vocês estão colocando o maior terror nos elfos! – ela se virou para a amiga –Eu juro, Hermione, Tinky evita ficar na mesma sala que esses dois!

- Aquela não é a tia Lu?

Pansy e Hermione se viraram para onde Sarah apontou e viram Luna conversando com algumas pessoas que Hermione conhecia somente de vista.

- Ela chegou agora? – Hermione perguntou – Por que não veio falar com a gente?

- Ela ficou melhor? – Pansy perguntou. – Não tive chance de conversar com ela desde que ela saiu do hospital...

- Ela parecia estar bem hoje de manhã... – Hermione respondeu – Ela disse que estava bem.

Pansy deu de ombros.

- Ela provavelmente tem seus motivos... – ela falou, sabendo que quando se tratava de Luna, ás vezes era melhor não questionar.

- Olá, pessoal! – Rony falou, chamando a atenção de todos para ele, que chegava de mãos dadas com a noiva.

- Boa noite! – Mary cumprimentou educadamente – Há quanto tempo eu não vejo vocês! – ela riu da própria piada. Eles tinham se visto na noite anterior.

- É, e eu poderia ficar mais tempo ainda sem ver... – Pansy murmurou, de modo que só Hermione ouviu.

- Esse lugar está lindo! – a mulher exclamou olhando em volta - Rony, nós precisamos descobrir quem o ministério contrata para fazer as decorações das festas. Nós TEMOS que contratar essas pessoas pro nosso casamento.

Rony sorriu amarelo e se virou para os amigos.

- Onde está Harry?

- Potter ia conversar com Kingsley antes de aparecer. – Draco falou.

- Acho que devíamos procurar nossa mesa, não?

E como num deja vú da noite anterior, exceto que dessa vez Draco e os gêmeos estavam com eles, os dois se sentaram na primeira mesa mais próxima do palco.

Assim que eles se sentaram, Gina apareceu e para surpresa de todos, tinha Seth a tira colo.

- Quem é esse cara? – Draco sussurrou para Hermione, quando a ruiva ia se aproximando.

- Gina! – Mary exclamou ao ver a cunhada – E com um acompanhante. O mesmo cara duas vezes seguidas, isso é impressionante.

Gina fez uma careta e Pansy comentou:

- Não fique tão impressionada quando as duas vezes seguidas se referem a dois dias seguidos...

- Boa noite pra vocês também, queridos amigos. – ela falou, decidida a ignorar Pansy e Mary – Acho que se lembram do Seth...

Todos o cumprimentaram e enquanto Seth respondia com um aceno de cabeça, seus olhos caíram em Hermione. Ela não gostou nenhum pouquinho do olhar que ele lhe lançou e ao desviar o olhar para Draco, viu que o loiro tinha reparado a mesma coisa.

Ele lhe lançou um olhar questionador e Hermione só deu de ombros levemente enquanto Gina e Seth se sentavam.

Não demorou muito, Luna apareceu.

- Oi, gente. – ela disse se sentando na sua cadeira entre Draco e o espaço vazio de Harry.

- Por que você não veio falar logo com a gente? – Pansy foi logo perguntando.

- Eu vi alguns conhecidos... Bem vindo de volta, Draco. – ela disse, se virando para o loiro.

- Obrigado, Luna. – ele respondeu - É muito bom estar em casa.

- Então você deveria ficar mais em casa. – ela replicou.

Todos ficaram em silêncio. Rony franziu o cenho.

- Você tá bem, Luna? – ele perguntou.

Ela respirou fundo.

- Estou. Acho que só preciso tomar um gole de água. Fiquei meio zonza.

Ela se afastou e Pansy se levantou também.

- Vou ver o que ela tem.

Mike e Sarah foram atrás da mãe só porque já estavam entediados, sentados lá com um monte de adultos.

Arthur e Molly Weasley vinham se aproximando e junto deles, vinha Harry.

- Ei, Potter! – Lucas exclamou – Pensei que o sucesso tinha lhe subido a cabeça!

Hermione revirou os olhos.

- Em que mundo você vive? Harry sempre foi famoso.

- Está nervoso em fazer o discurso, Harry? – Mary perguntou. – Você tá meio pálido.

Hermione olhou para o amigo e viu que era verdade, Harry parecia mais nervoso do que o esperado já que, infelizmente, todos eles já eram acostumados a estarem no centro das atenções.

- Vêem o absurdo! – Sr. Weasley exclamou abraçando Harry de lado – Harry está tendo dúvidas! Acha que não é digno do cargo!

Harry revirou os olhos, como se não quisesse que todos soubessem daquilo e Rony riu, acompanhando o pai.

- Se você não é, Harry, quem mais seria?

Ninguém notou os olhos de Harry repousarem sob Draco por uns segundos.

- Potter só está nervoso. – o loiro falou – Ele sabe que é a pessoa certa pra ser chefe dos aurores. É o que ele quis desde sempre, não é?

Todos encararam Draco como se ele tivesse criado outra cabeça. A coisa mais rara do mundo era Draco elogiar Harry. A verdade era que eles eram amigos, mas não eram amigáveis – se aquilo fazia sentido.

- Eu concordo com Draco. – Hermione falou – Todos concordam. Você nasceu pra isso, Harry. E eu acho que vai ficar no cargo por muito tempo. – ela sorriu – A não ser, é claro, que o novo ministro da magia decida despedí-lo. – ela completou, olhando para o Sr. Weasley.

Arthur era candidato ás eleições ao próximo ministro da magia e até o momento, o único. Kingsley iria se retirar do cargo no próximo ano e a época de campanha e eleições aconteceria nos próximos meses. E não seria muito longa se ninguém se pronunciasse para concorrer contra ele. A verdade é que ninguém era doido o bastante para isso. Sr. Weasley tinha recebido diversas promoções nos últimos anos no ministério e apenas ampliando sua lista de contatos e de feitos. Ele era uma adição maravilhosa para o ministério e seria um ótimo ministro. Todo mundo sabia disso.

- Não fale assim, Hermione. – Arthur disse - Ainda estamos longe do dia da eleição.

- O senhor tem alguma dúvida que vai ganhar? – ela respondeu - Todas as pessoas ligadas de alguma maneira ao ministério atualmente sabem o quanto o senhor colaborou para a comunidade bruxa. 

Arthur ia replicar mas alguém o chamou do outro lado do salão.

- Tenho que ir ali cumprimentar Smith e seus filhos.

- Ele realmente acha que tem alguma chance de não ganhar essa eleição? – Lucas perguntou quando o casal de ruivos se afastou.

- Papai é muito modesto. – Rony falou.

– Ele tem o apoio do Potter e do Draco e Hermione é a pessoa mais influente da comunidade bruxa hoje. Fala sério, ela inventou a cura para os lobisomens. – ele se virou para a morena - Todo mundo está te amando, Hermione.

- Isso é verdade. – Gina disse – Eu estava no beco diagonal hoje e ouvi duas mulheres conversando sobre isso. Elas votariam em você se fosse se eleger.

Hermione riu.

- Só estou feliz que o Sr. Weasley vai ganhar. – ela disse.

- Alguém pode aparecer. – Seth falou e todos o encararam. Tinham esquecido completamente da presença dele.

- Como? – Draco perguntou, numa voz impaciente.

- Eu disse que outra pessoa interessante pode aparecer. – ele falou – E atrair a atenção das pessoas também.

- Acho meio difícil. – Gina falou para ele – Lucas tem razão. Para alguém concorrer contra o papai, essa pessoa precisaria do apoio de alguém tão influente quando Hermione. – ela deu de ombros – É assim que a política do ministério funciona. E não existe ninguém tão influente quanto ela no momento.

Seth olhou para Hermione.

- Talvez ela mude de idéia.

Draco passou o braço protetoramente em volta da cadeira de Hermione, não gostando nenhum pouco do jeito que aquele cara estava falando com sua esposa.

- Isso não vai acontecer. – o loiro mesmo respondeu – Não há ninguém tão adequado para o cargo quanto o Sr. Weasley. Hermione sabe disso.

Seth ia abrir a boca para replicar mas Gina o cortou.

- Seth, vamos pegar uma bebida, ok?

Os dois se retiraram da mesa.

- Wow, isso foi estranho. – Lucas falou, quebrando o silêncio.

- Esse cara que a Gina arrumou é intenso. – Mary comentou.

- Intenso não. – Harry corrigiu – Suspeito.

- Não acredito que foi dizer isso, Potter. – Draco falou, não havia tirado seus olhos de onde Seth tinha ido – Mas concordo plenamente com você.

**********

- E aí, Potter! – Draco se aproximou do moreno, que estava pegando uma bebida – O ministério gosta mesmo de puxar seu saco, hã? Fazer uma festança dessa só para comemorar sua promoção!

Harry revirou os olhos sabendo que Draco só estava falando aquilo para irritá-lo. Depois de dezenas de missões juntos nos últimos anos, os dois tinham passado a conhecer muito bem um ao outro. Draco sabia que ser promovido a chefe dos aurores era um acontecimento grande. E muita responsabilidade. Essa foi uma das razões pelo qual ele tinha recusado o cargo que lhe ofereceram antes mesmo de oferecerem a Harry.

- Aposto que já até decorou seu discurso. – Draco riu.

- Cala a boca, Malfoy. Você sabe muito bem que não sou eu que deveria estar fazendo esse discurso.

Draco ficou sério.

- Nós já conversamos sobre isso, Potter.

- Você fez um monólogo sobre isso e nem por um segundo considerou minha opinião.

- Porque a sua opinião não faz sentido nenhum. – Draco replicou – Aceitar o cargo do chefe dos aurores iria contra todos os motivos pelos quais eu me tornei auror, pra começo de conversa.

- Você poderia passar mais tempo com Hermione. – Harry falou – O chefe dos aurores dificilmente sai em missão.

- Eu sei disso, Potter. Mas esse não é o objetivo. E eu vou largar essa profissão no segundo que eu alcançá-lo, de qualquer maneira. Eu não quero mandar as pessoas para as missões. Eu quero ir nas missões. E com você comandando isso, eu vou poder ir em todas as boas missões. As que me interessam.

- Você sempre foi um idiota egoísta, Malfoy. – Harry exclamou. – Mas nos últimos anos você se tornou obsessivo também.

- Você diz obsessivo, eu digo determinado. – eles viram Kingsley fazendo sinal para Harry – Sua hora chegou, Cicatriz.

Os dois se afastaram e não viram quando Hermione saiu do corredor próximo aonde estavam.

*********

Hermione tinha pegado uma taça de champagne e estava sentada em uma das poltronas que ficavam perto da entrada do banheiro feminino, tentando se acalmar para não pular no pescoço do seu querido marido ali mesmo aonde havia uma platéia. Mas a bebida descia pela sua garganta e caía no nó formado no seu estômago parecendo deixá-lo ainda mais apertado.

Ouvir a conversa de Draco com Harry tinha sido um acidente e agora ela desejava muito que não o tivesse feito. Porque além de deixá-la com raiva, a tinha deixado magoada. Qual era o problema de Draco? Por que ele não tinha colocado o casamento deles acima de qualquer outra coisa que ele queria, como deveria ser, e aceitado o cargo oferecido para que eles pudessem passar mais tempo juntos? Será que ele era idiota o suficiente para perceber que aquela distância toda não estava fazendo bem ao relacionamento dos dois? Não era possível, isso seria o tipo de coisa que só Rony não perceberia. E mesmo assim, não o Rony de hoje, o Rony insensível, de quando eles eram adolescentes. Ela não conseguia entender.

- Hermione. – Gina se aproximou dela – O que você está fazendo escondida aqui?

- Só tomando um ar.

Gina a encarou.

- Tomando um ar dentro do banheiro?

Hermione suspirou.

- Precisava tomar um ar longe do Draco... – ela murmurou.

- Ah, Hermione... O que foi agora?

Ela balançou a cabeça.

- Nada. Nós só temos que... conversar, acho... Como você me encontrou?

- Eu procurei em todo lugar por você. Draco já está achando que você foi sequestrada.

Hermione suspirou.

- Deixa ele achar. Pode fazer bem pra ele. - Gina ia replicar mas Hermione mudou de assunto -   Então, você está saindo com o tal de Seth...

- Ele é legal. E gato.

Hermione revirou os olhos.

- Mas as pessoas parecem não ter gostado que eu o trouxe hoje. – ela falou – Não entendo porquê.

Hermione entendia. Hoje era a noite de Harry. Não era nada legal que a garota por quem ele ainda tinha uma queda, tinha trazido outro cara como acompanhante. Mas Gina era alheia a isso tudo e não era Hermione que iria fazê-la perceber isso. Apesar de conviverem pelo bem dos amigos, Gina e Harry não eram como Luna e Rony. Mesmo depois de cinco anos, ainda havia muito ressentimento escondido entre os dois. Justamente porque, desde a noite do baile, eles nunca tinham realmente conversado como adultos sobre isso.

Além de tudo, Seth era sombrio.

Elas ouviram a voz de Kingsley ampliada enquando anunciava Harry.

- É melhor nós irmos até lá. – Hermione falou, se levantando.

As duas seguiram de volta para o salão e assistiram de longe enquanto Harry aceitava o cargo de chefe dos aurores com modéstia e agradecia, prometendo dar o melhor de si para contribuir ao máximo para a comunidade bruxa.

Agora Hermione entendia a insegurança do amigo. Ele achava que não era merecedor, uma mera segunda opção, já que o cargo tinha sido oferecido a Draco primeiro. Hermione queria, para o bem do amigo, dizer para ele que não era nada daquilo, que ele era um auror tão bom quanto Draco. Ela realmente achava isso e tinha falado sério em tudo que disse mais cedo. O fato de querer que Draco tivesse pego o cargo não tinha nada a ver com Harry e ela admitia que seus motivos beiravam ao egoísmo... Mas ela não podia evitar se sentir assim. E descobrir aquilo só tinha aumentado aquela sensação. A de que ele não se importava nenhum pouco com o casamento deles.

*********

Hermione foi uma das primeiras a ir embora e, admitia, tinha sido até meio mal educada saindo sem falar com ninguém. Mas ela estava triste e sem paciência, então tinha abraçado Harry e saído pelos fundos do ministério.

Quando Draco chegou em casa, Hermione estava sentada no balcão da cozinha comendo a sobra de um bolo do dia anterior.

Ele parou na porta e se encostou no batente.

- Ei. – falou, chamando a atenção dela para ele –Você foi embora assim que pôde. Nem se despediu de ninguém.

Ela só deu de ombros.

- Qual o problema? – ele falou, se aproximando. – Pode me falar.

Ela suspirou.

- Eu me magoei quando soube que eles ofereceram o cargo de chefe dos aurores pra você primeiro. – ela disse.

Draco não escondeu sua expressão de surpresa e se sentou ao lado dela.

- Eu ouvi, sem querer, a sua conversa com o Harry. – ela continuou falando calmamente mas não omitindo o tom de acusação da sua voz – Eles te ofereceram primeiro e você disse não, sabendo que chefe de aurores trabalham mais tempo no escritório e que nós íamos ter a chance de passar mais tempo juntos pela primeira vez em anos.

- Hermione... – ele a encarou – Eu só neguei porque sei que Potter é muito mais apropriado para esse tipo de coisa do que eu. Potter é um líder, eu não.

Hermione revirou os olhos.

- Por favor. Melhor comprar suas desculpas em atacado se vai usar tanto. Você vem liderando 90% das missões desde que se tornou um auror. Você acha que eu sou estúpida?

- Não é o que você está pensando, Hermione... – ele disse com a voz cansada.

- Que bom que você sabe o que eu estou pensando, Draco. Porque eu não posso dizer o mesmo sobre você. Eu não quero ser uma dessas esposas carentes, implorando pela atenção do marido mas parece que eu passo a maior parte do meu tempo querendo você comigo e você nem se importa. Se você se importasse, você iria pelo menos conversar comigo quando Kingsley te fez a proposta e explicar suas razões pra mim. E não me deixar descobrir de outra maneira.

Ela o encarou e ele não replicou.

Hermione se encostou no  seu assento.

- Mas você não achou que eu descobriria, não é?

Ele apoiou os cotovelos na bancada da cozinha e colocou as mãos no rosto.

- Me surpreende que você realmente pense que eu não quero passar mais tempo com você. Você pode, por favor, parar por um instante e pensar no absurdo dessa sua suposição?

- O que você quer que eu suponha?

- Nada. – ele exclamou – Só quero que você entenda que meu trabalho é importante pra mim!

- Mais que nosso casamento?

- É claro que não, Hermione... – ele respondeu com a voz cansada.

- Então por que você não me explica essa sua obsessão com o trabalho quando há um tempo atrás você nem queria trabalhar para o ministério?

- Há muito tempo atrás. – ele replicou – As coisas mudam!

- O quê? – ela perguntou veemente – O que mudou?

- Acabou a conversa, Hermione. – ele disse se levantando – Estou indo pra cama.

Ele fez menção de sair do cômodo, mas parou ao ouvir Hermione dizer:

- Nunca vi alguém quebrar uma promessa tão rápido.

Ele se virou com uma expressão culpada mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, foi Hermione quem se retirou.

*********

Draco tinha passado a noite inteira andando por Londres, aparatando de lugar em lugar, dividido entre estar bravo com Hermione e se sentir culpado por estar fazendo isso com ela. Era óbvio que ela não entendia, como ela poderia? Como ele podia esperar que ela entendesse? Ele era um idiota por querer que ela simplesmente aceite suas palavras quando tudo que ele fazia demonstrava o contrário.

Assim que o sol começou a nascer, ele partiu para Azkaban. Iria pegar sua raiva e descontar em quem merecia.

Ele sabia que Potter iria encher seu saco por ir falar com Greyback sozinho mas ele não iria se descontrolar, assim como o Cicatriz esperava. Ele podia ser profissional.

- Olha quem veio me ver na primeira oportunidade... – Greyback disse assim que ele colocou seus pés na sala de interrogação. O ex-lobisomem estava sentado á mesa branca no centro da sala vazia e escura. Um fantasma do que era antes. – Me ama tanto assim, garoto Malfoy?

Draco puxou uma cadeira e se sentou de frente para ele.

- Não sou mais um garoto.

Greyback o olhou de cima a baixo.

- É o que você pensa... – ele replicou – Você é um garoto e não faz nem idéia no que está querendo se meter. E comprou briga com a pessoa errada porque você vai pagar por ter feito isso comigo.

- É claro. – Draco o encarou – Porque você vai me matar enquanto está sem varinha e preso em Azkaban.

- Não vou ficar aqui por muito tempo...

- Azkaban não é mais a mesma. Não há mais fugas como antes.

- É sério? – Greyback perguntou com ironia – Então talvez você devesse recontar seus prisioneiros... Fugas em massa são tão guerra passada...

- O que isso quer dizer?

Greyback o ignorou.

- Porque não aproveita enquanto ainda estou aqui e pergunta o que quer saber?

- Eu quero saber onde Lúcio está.

- Ah, então é mesmo verdade o que dizem, não é? Filhos não conseguem se livrar dos pais... O que me surpreende é você não ser a exceção dessa regra...

Draco não respondeu.

- Então, aonde está a esposa sangue-ruim? Por que a pressa em se livrar dela?

Draco cerrou os olhos.

- Deixe Hermione fora disso.

Greyback fez a sua melhor expressão confusa.

- Por que outro motivo você estaria atrás do papai além de querer que ele termine o serviço? – Greyback o olhou com uma expressão de pena – Bebê Malfoy quer se vingar, é?

Draco finalmente entendeu o que ele estava querendo dizer e sentiu seu sangue ferver, sabendo das consequências de fazer o que queria fazer.

- Não recebeu o recado de que deveria ficar longe quando seu pai matou sua filha com as próprias mãos?

A boca de Greyback encheu de sangue quando o punho de Draco bateu com força no seu queixo.


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Notas finais do capítulo

N/A: Oiii, gente! Lembram de mim?? Tenho que passar óleo de peroba na minha cara de pau antes de vir aqui postar depois de tanto tempo! Milhões de desculpas pela demora, mas é que o tempo apertou de verdade nos últimos meses! Mas eu estou tentando voltar a escrever... Só espero que alguém aí ainda queira saber dessa história!

Não vou responder aos comentários hoje (fica pra próxima!) mas eu li tudooo e agradeço de verdade a todo mundo que ler e passou pra dizer o que achava e pra cobrar capítulo novo! Tanto aqui, como no twitter e no face. Continuem pegando no meu pé, pleaseeee, eu ás vezes preciso de um pouquinho de pressão... :)

beijooos e até logo (espero!)