O Preço De Ser Uma Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 2
Just Give Me a Reason


Notas iniciais do capítulo

O que você diz quando as lágrimas estão escorrendo pelo seu rosto na frente de todo mundo que você conhece? E o que você faz quando aquele que significa mais pra você é aquele que não aparece? ... Você deveria ter estado aqui... E eu teria ficado tão feliz. The Moment I Knew (Taylor Swift)



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Draco Malfoy entrou na barraca em que estavam escondidos pisando duro e atirou a primeira coisa que apareceu na sua frente longe: uma cadeira de madeira.

Harry Potter, que vinha logo atrás dele, revirou os olhos. Malfoy nunca tinha perdido a tendência ao drama.

– Não é grande coisa, Malfoy. – ele falou – Nós vamos ter que esperar outra oportunidade para pegá-lo.

Draco se virou para ele furioso.

– Outra oportunidade, Potter? Que outra oportunidade? Nós levamos meses para ter alguma informação válida sobre qualquer um dos ex-comensais! E o máximo que conseguimos é encontrar o lacaio do Greyback! E mesmo assim não fomos capazes de prendê-lo!

– É lua cheia, Malfoy. Não é de se surpreender que justamente hoje ele tenha baixado a guarda por um tempo... O que você queria? Ficar lá e lutar contra um lobisomem?

– Se tem alguém que pode fazer isso, esse alguém sou eu! Desde que Hermione se livrou dos poderes dela, eu sou o bruxo mais poderoso da Grã-Bretanha!

– E o mais modesto! – Harry suspirou – Olha, eu sei o quanto é importante pra você colocar as mãos nele mas hoje é um grande dia pra Hermione, não é? E eu sei que ela quer muito que você esteja lá. Então será que podemos esquecer o trabalho por um instante e voltar para Londres?

Harry esperou uma resposta de Draco mas foi em vão.

**********

A campainha tocava incessantemente.

Hermione bufou. Esperava do fundo do seu coração que não fosse nenhum jornalista. Draco tinha deixado bem claro que qualquer um deles que batesse na sua porta mais uma vez receberia um processo. Pansy com certeza não era, apesar de Hermione estar esperando que a amiga aparecesse para fazer companhia á ela e Luna naquela tarde.

Quando abriu a porta, foi pega de surpresa por uma cabeleira ruiva a encarando.

Gina se virou com o maior sorriso na cara e a mão na cintura.

– Quer dizer que eu sou um amor?

– Gina! – Hermione deu um passo a frente para abraçar a amiga apertado – Eu não fazia idéia que você viria!

– Eu também não. – ela respondeu quando as duas se afastaram – Não até essa manhã pelo menos. Mas cancelaram um desfile e foi tudo que eu precisava para vir ver minha amiga ser homenageada por todo o mundo bruxo.

Hermione sorriu abertamente. O dia da premiação tinha finalmente chegado e ela não achava que uma pessoa podia se sentir tão animada e nervosa ao mesmo tempo.

– Você sabe que outros dois bruxos vão receber o prêmio também, não é? Não sou só eu.

– Por favor, Hermione. Sem modéstia, ok? Eles podem ter feito uma coisinha ou outra importante mas você encontrou a cura para os lobisomens!

– Shhh! – Hermione olhou para a rua freneticamente – Isso é pra ser um segredo! Nada está confirmado ainda!

Gina a encarou.

– Por favor, quem vai me ouvir? Você acha que tem repórteres aqui?

– Eles surgem do nada! – ela replicou.

– Você e Pansy são totalmente paranoicas, sabia disso? Qual o problema de deixarem tirar uma foto? Eu adoro! Pansy é tão exagerada! No outro dia eu estava fazendo compras com ela e a mulher surtou por causa da câmera de segurança da loja! – Gina suspirou – Você vai me convidar pra entrar ou não?

Hermione abriu espaço e quando a ruiva passou por ela, fechou a porta atrás de si.

– Luna está aqui. – ela informou e as duas rumaram para a cozinha – E eu concordo que Pansy exagera ás vezes mas os jornalistas são sim bastante sinistros! Mês passado Draco e eu estávamos no barco, ancorados no meio do oceano e não tinha absolutamente nada nem ninguém ao nosso redor e mesmo assim, no dia seguinte, tinha fotos em todos os jornais da gente se beijando na frente do barco.

Gina arqueou uma sobrancelha.

– Bom, isso deve tornar difícil pra vocês fazerem sexo ao ar livre.

Hermione riu e as duas finalmente chegaram a cozinha.

Luna estava sentada á mesa, amamentando Liam e sorriu quando viu Gina.

– Ei, achei que tinha ouvido sua voz... – ela murmurou e Gina deu um beijo na sua testa.

– Como está meu bebê? – a ruiva sussurrou, já que o bebê parecia estar dormindo.

– Vocês estavam falando mal de Pansy? – perguntou Luna, sussurrando também.

– Gina só estava contando mais um dos surtos paranoicos dela. – Hermione disse, se sentando á mesa também e pegando uma maçã para comer. – Sabe, Pansy costumava adorar toda a atenção que ela podia receber... Eu sei que todos nós mudamos, mas ás vezes ela parece uma pessoa completamente diferente...

– É claro que ela odeia a atenção, Hermione... – Luna comentou – Isso tudo tá acabando com o casamento dela.

Gina e Hermione a olharam de cenho franzido.

– Isso é um pouco de exagero... – Gina murmurou – Pansy não vai deixar o fato de Lucas ter se tornado famoso acabar com a família deles... – ela olhou para Hermione buscando apoio e ela suspirou.

– Bom, eu não acho que eles vão chegar a esse ponto mas eu sei que tudo isso é bastante sufocante. Draco e eu não recebemos tanta atenção porque nossos trabalhos são bastante reservados mas a gente ainda passa por algumas situações irritantes... Lucas é um jogador de quadribol, então boa parte do trabalho dele é falar com a imprensa e parar pra dar autógrafos e tirar fotos com fãs... Não tem como ele evitar, não é? E isso afeta Pansy e as crianças também... Eu juro, uma vez eu fui na loja um dia depois de um jogo e eu mal consegui chegar á porta de entrada porque havia jornalistas amontoados na calçada. – ela disse, se referindo a loja de joias que Pansy mantinha no Beco Diagonal e para a qual fazia o design das próprias peças - E a mesma coisa é com as crianças. Se os quatro saem em algum lugar público, então...

Gina suspirou.

– Bom, tenho certeza que eles vão superar qualquer coisa. Eles são Lucas e Pansy, não é? É tipo, Draco e Hermione... Casais inseparáveis...

Hermione revirou os olhos.

Isso é um exagero.

– Qual é, Hermione... – Gina a encarou – Você sabe que não é. Não importa o que aconteça, vocês vão ficar juntos pra sempre.

– Pra ficar juntos pra sempre a gente precisa ficar junto... – Hermione murmurou.

– Hermione... – Luna suspirou.

– O quê? É verdade! Na maior parte do tempo eu sinto como se eu não fosse nem casada! É mais como se... Sei lá, eu tivesse um namoro á distância realmente muito bom...

– E o que tem de errado nisso? – Gina perguntou – Você sabe quantos casais gostariam de estar casados e se sentir do mesmo jeito que sentiam quando eram namorados?

Hermione evitava tocar naquele assunto. Ela não gostava de falar sobre isso em entrevistas e quando alguém lhe fazia perguntas desse tipo, era obrigada a mentir porque não queria queria que ninguém saísse por aí falando que Draco não era um bom marido ou que ele não dava atenção suficiente pra ela porque aquilo não era verdade. Era só porque ela nunca tinha entendido porque ele saia tanto em missões. Mais até do que os outros aurores. Ele tinha ficado meio obcecado em prender criminosos, ex-comensais principalmente, e ela nunca tinha entendido o porquê, principalmente porque ele sempre tinha deixado bem claro que nunca seria um auror. Ela não tinha entendido quando, do nada, ele anunciou que estava entrando no treinamento há quatro anos e ela ainda não entendia hoje. E não importava o quanto ela perguntasse ou tentasse conversar com ele sobre isso. Todas as razões dele não pareciam boas o bastante pra fazer uma mudança tão brusca. Simplesmente não entrava na sua cabeça.

Se fosse sincera com ele e consigo mesmo, ele não ficava longe por muito tempo. Ele viajava muito mas não eram viagens longas. Na maioria das vezes ele ia ficar por três ou quatro dias e viajar por dois. O que era bem melhor do que a situação de Lucas e Pansy, por exemplo, aonde ele tinha que sair por turnês em um campeonato e ficar dois ou três meses fora. Pansy não brigava com Lucas quando isso acontecia. Pelo menos não por esse motivo. Só que Pansy entendia porque Lucas amava o que estava fazendo e sabia por que seu trabalho significava tanto pra ele. Hermione não. E aquilo a irritava porque ela tinha que aturar diversas situações do seu dia-a-dia sem ele.

Como naquele dia, em que era um dos maiores momentos da sua carreira e ele não tinha estado lá para lhe desejar boa sorte e lhe dar um beijo quando ela acordou. Ao invés disso, ele chegaria de missão á noite e a encontraria lá como todos os seus outros amigos, enquanto as esposas/maridos dos outros homenageados da noite chegariam com o seus companheiros e tirariam fotos juntos na entrada e diriam aos repórteres o quanto estavam orgulhosos do seu parceiro.

– Mas eu não quero. – ela retrucou – Eu quero sentir como se eu estivesse casada. Porque eu estou. Eu quero chegar em casa á noite e jantar com o meu marido, e não ir andando até a casa de Lucas e Pansy e comer com eles enquanto os dois discutem! Eu quero tomar café da manhã numa mesa e não engolir uma torrada e um expresso no caminho do trabalho! Mas ao invés disso, eu tenho que viver olhando por cima do meu ombro porque a lista de pessoas que querem atingir Draco só cresce mais a cada segundo, tenho que tirar dezenas de feitiços da casa sempre que alguém além de vocês vêm aqui e dormir nesse lugar enorme sozinha na metade do tempo.

– Essa casa nem é tão grande. – Gina comentou.

Hermione bufou.

– Sério? De tudo que eu falei, só isso que você absorveu?

– Eu absorvi tudo, Hermione, mas sinceramente eu acho que você está sendo dramática. – a ruiva respondeu – Você não percebe o quão sortuda você é.

– Sortuda?

– Sim! Você é feliz no seu casamento, você não é tão sozinha quanto diz por que tem sempre alguém aqui e você mora a alguns quarteirões de distância dos seus melhores amigos e dos seus afilhados. Eu nem tenho uma casa! Sabe o que é morar em um hotel? E não é nem um hotel só! São uns três hotéis por semana, cada um em um país diferente. E você está reclamando que seu marido não está em casa 24 horas por dia.

Hermione bufou.

– Você não entende!

Gina ia replicar mas Luna a cortou:

– Ei, lembra quando meu namorado me deu um pé na bunda e me deixou pra criar um bebê sozinha?

As duas se calaram e olharam para a loira.

– O quê? Pensei que a brincadeira era ressaltar as piores partes das nossas vidas!

– Luna...

– A verdade é que você é mesmo sortuda, Hermione. – ela continuou como se ninguém tivesse falado nada - E se te incomoda tanto que Draco tenha escolhido ser um auror, talvez você devesse conversar com ele sobre isso. E você escolheu a sua profissão, Gina. Então se você não está feliz com a vida de festas e viagens, você deveria parar e olhar ao seu redor. Harry não está sem um relacionamento sério por cinco anos por falta de pretendentes.

– Me desculpa, Luna... – Hermione murmurou.

Ela suspirou.

– Tudo bem, Hermione. Eu explodi. – ela se levantou e ajeitou Liam no seu colo – É melhor eu ir andando.

Hermione pensou na situação de Luna. Ela vivia mais ou menos como Gina até quase um ano atrás – com exceção das festas e dos constantes casos de uma noite só -, quando descobriu estar grávida. Viveu mudando de cidade e pulando de trabalho em trabalho com algumas visitas ocasionais a Londres nos três anos seguintes a sua formatura em Hogwarts. Em uma dessas visitas, ela tinha voltado grávida. Então alugou um pequeno apartamento em Londres e trabalhou até quando a barriga lhe deixou, economizando dinheiro para o bebê. O pai do seu filho nunca a procurou e ela nunca, nem por um segundo, teve dúvidas de que queria ter o bebê. Tudo que ela tinha feito foi ficar feliz pelo anjo que tinha aterrissado na sua vida e não se lamentar pelo namorado idiota e pelo passado. Luna era a pessoa mais desapegada ao passado que Hermione conhecia. Ela achava que por causa dos dons dela, ela era muito mais presa ao futuro, o que ela supunha que era uma coisa boa. Ela nunca parecia olhar pra trás. Ela e Rony nunca voltaram a ficar juntos, porém conseguiram manter a amizade, apesar de Hermione achar que ainda ocorrem faíscas de vez enquando. Quando Ron chegou em sua casa e falou que achava que ia pedir sua atual namorada, Eleanour, em casamento, Hermione tinha ficado triste porque com a gravidez de Luna e o fato de ela ter se mudado para Londres novamente, ela e Rony tinham se reaproximado bastante e ela achava que podia acontecer. E também porque ela realmente não gostava de Eleanour.

Mais tarde, quando Gina e Hermione ligaram para Luna para perguntar como ela estava e se desculparem mais uma vez, ela disse que não estava se sentindo bem e que provavelmente não iria na premiação de Hermione. As duas sabiam que ela não estava fazendo aquilo porque estava com raiva delas porque Luna simplesmente não era assim, então tentaram não se preocupar muito com a amiga.

**********

Quando Harry entrou na pequena cozinha da barraca minúscula deles com as mochilas nas costas e pronto para voltar para Londres, Malfoy o encarou.

– Já está indo, não é?

Harry franziu o cenho.

– Sim. – respondeu, enquanto Malfoy mexia lentamente um líquido azul em uma tigela pequena colocada em cima da mesa – Você não?

– Eu não vou poder ir, Potter. Isso é o mais perto que eu cheguei de pegar um deles em quatro anos. Não posso deixar a oportunidade escapar.

– Mas Malfoy... – ele balançou a cabeça confuso – Hoje é a grande noite da Hermione... Ela...

– Ela vai entender. – o loiro completou.

– Não, não vai. – Harry replicou – Ela não vai entender de jeito nenhum. E eu acho que você sabe isso melhor do que eu!

Malfoy lhe lançou um olhar entediado.

– Potter, pode deixar que com Hermione eu me entendo, ok?

Harry soltou um som exasperado.

– Então você vai simplesmente sair por aí caçando um lobisomem em noite de lua cheia?

– Sim. – ele então tirou uma seringa de plástico e a encostou no líquido azul, fazendo-a sugar todo o conteúdo – E com um pouco de sorte, eu volto hoje à noite com um lobisomem a tira colo...

– Malfoy, eu não acho que essa seja uma boa ideia...

– Que coisa boa que eu não pedi sua opinião então, Potter!

Harry bufou.

– Ótimo, então eu estou indo.

– Finalmente.

– Quer que eu diga alguma coisa para Hermione?

Ele hesitou e considerou sua resposta por alguns segundos.

– Só que... Eu a amo... E que vou estar em casa logo.

**********

Gina convenceu Hermione a fazer uma máscara facial com um dos seus cremes antes de começar a se arrumar.

Então elas estavam sentadas na sala de estar com os rostos cobertos de creme dando quinze minutos de descanso como a embalagem sugeria, quando Gina perguntou:

– Como você e Draco não têm filhos ainda?

Hermione suspirou.

– Você também?

– Eu também o quê?

– Acho que você era a única pessoa que ainda não tinha falado sobre isso... Quer dizer, você e a Luna... Mas ela deve ter os motivos dela que eu prefiro nem saber então...

Gina riu.

– Responde a pergunta, Hermione.

– Eu não sei. Nunca pareceu o momento certo.

– Mas vocês pareciam tão felizes quando você estava grávida... Você não quer se sentir daquele jeito de novo?

Hermione suspirou.

– Eu não quero me sentir como eu me senti depois de novo.

– Hermione, eu duvido que essas coisas aconteçam mais de uma vez na vida de uma pessoa...

– Você sabe que isso não é verdade.

Gina arqueou a sobrancelha.

– Vocês vão ter mais cuidado dessa vez...

Hermione lhe lançou um olhar raivoso.

– Por que você acha que a gente não teve cuidado o bastante da primeira vez?

– Você sabe muito bem que não foi isso que eu quis dizer... Eu sei como esse é um assunto sensível pra você mas não seria incrível ter uma criança correndo por aí com detalhes seus e do seu marido? Tipo, como símbolo do amor de vocês...

Hermione revirou os olhos.

– Pra uma pessoa que vive tendo encontros casuais com estranhos, você com certeza é romântica...

– Só porque eu não acho que eu sirva para o amor, não quer dizer que eu não queira que os meus amigos aproveitem tudo que ele pode oferecer.

Hermione balançou a cabeça.

– Você tem sérios problemas.

– Sério, Hermione! Mesmo que vocês não tenham planejado, é estranho que não tenha acontecido de surpresa como da outra vez... Essas poções não dão 100% de certeza e se já aconteceu uma vez, não tem por que não acontecer de novo...

– Você com certeza pensou bastante nisso...

– A não ser que você e Draco estejam quatro anos sem fazer sexo...

– Agora você está delirando.

– Foi o que eu pensei. Então?

– Não que isso seja da sua conta, mas eu estou tomando mais de uma poção.

Gina arqueou a sobrancelha.

– Você está tomando duas? Isso é peculiar...

– Não, eu estou tomando três. Eu pensei que se uma pode falhar, nada pode impedir que uma segunda falhasse. Três falharem, entretanto, é muito pouco provável de acontecer.

Gina a olhava como se ela fosse louca.

– Então você não está simplesmente não programando ter bebês, mas está se dando ao trabalho de se certificar que isso não aconteça.

– Isso não é verdade.

– Draco sabe disso?

– Claro.

– E ele concorda?

– Ele entende.

– Entende o quê?

– Que eu não estou pronta.

– Oh, então o problema é você.

– Para.

– Parar o quê?

– Você está falando como se eu estivesse privando Draco de ter filhos. Para.

Gina não respondeu imediatamente, mas quando o fez, sua voz estava muito mais branda.

– Já faz quatro anos, Hermione...

– Eu sei, Gina.

– Se você acha que não está pronta por medo, então talvez você nunca vá estar.

Hermione ia retrucar mas nesse instante, alguém entrou na sala como uma tempestade.

– Onde ela está?? – Lucas olhava em volta freneticamente – Pansy, cadê você? PANSY??

Hermione e Gina se levantaram.

– Lucas, o que você tá fazendo? – Hermione foi até perto dele – Pansy não está aqui!

– Haha, muito engraçado, Hermione. – ele a olhou completamente sério – Eu sei que ela está aqui, aonde mais ela poderia estar?

Hermione franziu o cenho.

– Não sei, em qualquer outro lugar de Londres? – ela encolheu os ombros – Você acha que eu sequestrei a sua esposa por algum motivo?

Ele levou as mãos à cabeça, parecendo transtornado.

– Se ela não está aqui, onde ela está?

Hermione tirou os braços dele do rosto, fazendo-o a encarar.

– Lucas, o que aconteceu?

– Pansy está ficando doida! – ele exclamou – E está me deixando doido no processo, estou falando sério! Não aguento mais isso!

Hermione suspirou. Se ele quisesse se unir a lista de pessoas que não aguentavam mais as brigas dos dois, ele teria que entrar no final da fila. Hermione era uma das primeiras, vindo logo depois de Sarah e Mike e um pouco antes de Draco.

– Tenho que ir. Hoje é meu dia de buscar as crianças na escola. – ele falou – Se você ver Pansy, diga a ela pra ir pra casa assim nós vamos poder conversar sobre isso.

Hermione ia perguntar sobre o quê, mas imaginou que era melhor não.

Quando Lucas saiu, Hermione se virou para Gina, que tinha ficado quieta o tempo todo:

– Preciso tirar esse creme do meu rosto. – ela falou.

– Aonde você vai?

– Acho que eu sei onde Pansy está.

**********

Pansy estava exatamente aonde Hermione achou que ela estaria.

Assim que se mudaram para o mesmo bairro, as duas tinham pegado o hábito de sair algumas vezes por semana, pela manhã, para correrem. Quando elas queriam tomar café juntas além de se exercitarem, elas iam até Londres e aproveitavam a tranquilidade do Hyde Park. Mas ás vezes elas ficavam no bairro em que moravam mesmo. Em uma dessas vezes, elas encontraram uma quadra antiga abandonada mas que tinha uma visão privilegiada do rio Tâmisa. Havia alguns bancos velhos ali e as duas costumavam se sentar e assistir o sol nascer quando tinham tempo. Era o que Pansy estava fazendo naquele momento. Com a exceção de que ela estava vendo o pôr do sol.

– Ei... – ela se aproximou e se sentou do lado da amiga – Você tá bem?

Pansy a olhou e apesar de não estar chorando, Hermione pôde ver que seus olhos estavam imersos em tristeza.

– O que aconteceu agora? – Hermione perguntou, com a voz cansada.

– Eu acabei de ter a prova final de que meu casamento está caindo aos pedaços. Foi isso que aconteceu.

– Seu casamento não está caindo aos pedaços, Pansy... Vocês só estão passando por uma...

Pansy a interrompeu bruscamente.

– Ele me traiu, Hermione.

Hermione arregalou os olhos, extremamente surpresa.

– O quê? – exclamou – Não acredito nisso.

Pansy pareceu satisfeita com a sua reação.

– Eu também não! – ela concordou.

– Não... – Hermione balançou a cabeça e se virou completamente para a amiga – Eu realmente não acredito nisso, Pansy. Quem te disse essa loucura?

– Ele engravidou uma mulher. – ela respondeu – Eu a vi. Ela foi me procurar lá na loja.

– O quê?

Então Pansy começou a divagar:

– Eu não entendo como ele pôde fazer isso comigo, entendeu? Ele não só traiu a mim! Ele traiu a nossa família! E as crianças? Como vai ser pra elas quando as pessoas começarem a comentar? Elas vão ouvir coisas na escola sobre um irmão bastardo resultante de um caso do pai deles e eu estou com tanta...

– Pansy. – Hermione a pegou pelos ombros e a sacudiu com mais força do que deveria – Você não está fazendo sentido nenhum. Quer me explicar direito?

Pansy respirou fundo e tentou de novo:

– Eu estava na loja e essa mulher apareceu. Eu achei que era uma cliente mas então ela começou a falar sobre como dormiu com o Lucas durante o último campeonato em que ele saiu em turnê pela Europa e agora estava grávida dele. E aí ela começou a me mostrar esses exames e em um dos papéis que ela me mostrou dizia que ela estava grávida de quatro meses, exatamente quando Lucas estava viajando.

Aquilo era loucura demais.

– E você acreditou em uma estranha que aparece na sua porta contando histórias sobre o seu marido? Você enlouqueceu?

– Eu também não acreditei de cara, Hermione. – ela estava começando a soar impaciente – Mas você se lembra como nós tivemos aquela briga horrível no dia em que ele viajou?

Hermione se lembrava. Sarah tinha ligado para sua casa chorando naquele dia porque seus pais não paravam de gritar um com o outro e Mike tinha caído e se machucado e nenhum deles parava de brigar um instante pra perceber que seu filho estava sangrando nos fundos da casa.

– Então eu comecei a lembrar que durante toda aquela turnê, não paravam de sair fotos dele nos jornais, bebendo em bares por todo o canto...

– Você conhece o Lucas, Pansy. Ele tem mania de beber sempre que alguma coisa o perturba. Ele estava bebendo porque estava chateado que vocês não paravam de brigar. Não é desculpa, mas ele não...

– Quem disse que não? Ninguém pensa direito quando está bêbado!

– Lucas te ama, Pansy!

– Eu não estou falando de amor, Hermione!

Hermione bufou mas não replicou. Pansy a encarou.

– Fala o que você está pensando.

– Eu estou pensando que você está se esforçando ao máximo pra encontrar desculpas pra achar que seu marido engravidou outra mulher! O que, eu vou dizer de novo, é loucura! Há boatos por todo o canto sobre as últimas brigas de vocês e eu acho muito conveniente essa mulher aparecer justo agora. Como você pode não ver isso? Você é muito melhor pra detectar sabotagens do que eu e esse é o golpe mais óbvio e clichê que existe! Não acredito que você está caindo nele!

Hermione ficou feliz em ver que ela parecia um pouco envergonhada.

– É só que...

– Vocês estão com problemas. Acredite, eu sei. Mas não vai fazer bem pra ninguém adicionar traição á lista. Lucas não fez isso, Pansy.

– Como você pode ter tanta certeza? – ela perguntou, teimosa.

– Como você pode não ter? Lucas ama você e as crianças mais do que qualquer coisa nesse mundo.

– Ás vezes parece que ele ama a fama mais... – ela murmurou.

– Eu sei que pode parecer isso, mas eu não acredito que seja verdade. Vocês precisam conversar.

– Não tem nada pra conversar, Hermione... – ela retrucou – Nossa relação só está ficando pior no último ano. Ele está fazendo muito sucesso. E é ótimo porque é o trabalho dele. Mas eu não gosto das pessoas me seguindo e falando coisas sobre mim nas revistas e comentando tudo que eu faço... O sucesso profissional dele está danificando nosso casamento. Como se resolve isso? Ele ama o quadribol.

Para aquela pergunta Hermione não tinha resposta.

**********

Uma coisa que Draco tinha aprendido como um auror era que as melhores técnicas na maioria das vezes eram as mais simples.

Como você captura um animal selvagem?

O prendendo em uma armadilha.

Então foi o que ele fez. Saiu da sua barraca e atravessou a pequena cidade aonde tinham chegado no dia anterior. Tinha recebido informações de uma movimentação suspeita naquela cidade do norte da Inglaterra e viajou para lá assim que pôde. Potter tinha vindo atrás dele, como sempre, para “evitar que fizesse alguma besteira”.

Manteve seu disfarce de trouxa indo até a floresta do outro lado da cidade em um jipe que o ministério havia cedido. Tinha aprendido a dirigir por simples capricho mas a habilidade lhe veio a calhar mais vezes do que pôde contar nos últimos anos.

Sabia que Greyback estaria na floresta porque era para lá que ele tinha corrido após ser confrontado por ele e por Potter. Eles tiveram a má sorte de ter conseguido encontrá-lo cara a cara somente quando o relógio estava prestes a bater meia noite e agora Draco estava indo caçar um lobisomem. Não era a melhor situação do mundo mas Draco não estava disposto a deixá-lo escapar. Ele precisava de informação. Ele daria quase qualquer coisa no mundo em troca da informação que queria.

Ao se afastar do movimento da pequena população da cidade, deixou o jipe para trás e entrou na floresta, chegando ao centro dela mais rápido do que uma pessoa normal (ou um bruxo normal) poderia. Armou a mais simples das armadilhas ali, uma rede misturada com folhas no chão que prenderia a primeira pessoa (ou criatura) que aparecesse ali.

Depois disso foi só deixar sua presença ser notada e esperar lá, bem atrás da armadilha.

A forma de lobisomem de Greyback apareceu alguns minutos depois e não hesitou ao avançar em Draco.

Ao invés disso, soltou um choro de cachorro abandonado ao se ver sendo preso e enroscado em uma rede magicamente criada.

– Ah, Greyback... – ele se aproximou do ex-comensal com um sorriso de satisfação – Como eu gostaria que você estivesse consciente do que eu vou fazer agora...

Sem mais delongas, Draco injetou a seringa nele e trinta segundos e muitas convulsões depois, ele estava encarando a forma humana de Fenrir Greyback.

– Bem vindo de volta, amigo.

**********

Quando Hermione e Gina chegaram no Ministério, a entrada do lugar estava lotada.

As câmeras começaram a disparar aquelas luzes de deixar qualquer um cego e ela e Gina não posaram para fotos nem por um minuto, apesar da ruiva ter insistido para que elas ficassem mais. Hermione queria ficar o mais longe possível de repórteres. Aquele tinha sido o motivo pelo qual ela tinha aceitado dar uma entrevista na rádio Lumus para começo de conversa. Ela tinha escolhido o programa com a apresentadora mais simpática e que não a ficaria fazendo perguntas que a irritariam. Ela não queria falar sobre filhos ou sobre o porquê de Draco não estar ali. Eles não precisavam saber disso.

Assim que eles entraram, avistaram seus amigos sentados nas primeiras mesas e andaram até lá.

A pessoa que organizava eventos no ministério com certeza tinha feito um ótimo trabalho. Havia mesas espalhadas por todo o lugar com umas dez cadeiras cada e decoradas de forma delicada, uma toalha dourada de seda e um buquê de flores no centro.

O palco não era absurdamente grande – até porque não havia necessidade – e o teto era decorado com lindos lustres prateados. O ambiente estava muito sério e clássico.

Quando Hermione e Gina chegaram à mesa, os únicos que a ocupavam eram Pansy, Lucas, Rony e sua namorada, Eleanour. O lugar de Luna estava vago pois Hermione não teve tempo de avisar que ela não poderia vir, assim como os de Draco e Harry que ainda não haviam chegado.

Hermione esperava que Lucas e Pansy tivessem conversado e se acertado porque ela iria matar os dois e pegar os gêmeos pra criar se eles começassem a brigar hoje.

Eles cumprimentaram as recém-chegadas e Rony ficou surpreso por Gina estar ali. Ela se sentou no lugar de Luna já que não tinha avisado que viria.

– Tudo bem? – a morena perguntou para Pansy quando se sentou ao lado.

– No momento. – Hermione franziu o cenho e Pansy deu de ombros – Está nervosa?

Hermione ia responder mas ela viu Harry chegar naquela hora e uma onda de decepção a atingiu. Seu querido marido deveria chegar com Harry, em cima da hora como prometido, mas aquele obviamente não era o caso porque o amigo estava sozinho.

– Onde está Draco? – ela perguntou assim que ele se aproximou.

Ele sorriu amarelo.

– Olá pra você também, Hermione! Fico feliz em te ver!

Ela revirou os olhos e ele se abaixou próximo a ela.

– Draco não vai poder vir. – ele sussurrou – Ele disse que te ama e que sente muito.

Hermione tentou ao máximo esconder sua decepção e ignorar as caras de solidariedade dos seus amigos mas quem ela queria enganar? Seu marido iria faltar a uma das maiores noites de sua carreira. Tinha que ser muito insensível para não ficar triste por causa disso.

Harry ocupou seu lugar ao lado de Gina um pouco sem graça porque ele e Luna tinham combinado de ir juntos á essa festa como amigos e agora sua ex com quem nunca tinha voltado exatamente aos bons termos estava ocupando o lugar dela.

Então todos tinham seu par e a cadeira vazia ao lado de Hermione estava esfregando na cara dela que Draco tinha coisas melhores para fazer a estar lá para apoiá-la. Hermione suspirou. Já podia ver as manchetes amanhã.

– Vou retocar a maquiagem. – ela falou.

– Você acabou de chegar. – Pansy estranhou mas Hermione já tinha se levantado.

Gina foi atrás dela.

– Hermione... – a ruiva a chamou.

Ela estava a caminho do banheiro, somente uns passos a frente da ruiva, quando alguém esbarrou nela e a próxima coisa que viu foi seu vestido encharcado de vinho.

– O qu...?

– Me desculpe!

Ela levantou os olhos para ver um cara que ela nunca tinha visto na vida com uma taça vazia de vinho nas mãos.

– Você é Hermione Malfoy. – ele disse.

Ela o olhou irritada.

– Eu sei.

Gina deu um passo a frente estendendo o braço.

– E eu sou Gina Weasley.

Ao invés de ele apertar a mão de Gina, ele a beijou.

– Uau, a modelo.

Ela sorriu.

– Eu mesma. – ele se virou para Hermione – Me desculpe pelo vestido.

Ela balançou a cabeça.

– Tudo bem. Eu vou fazer um feitiço para limpá-lo no banheiro... – ela falou se afastando.

Só cinco minutos depois, quando Hermione tinha limpado completamente o vestido e já estava saindo do banheiro, é que Gina apareceu.

– Quão gostoso é aquele cara? – ela perguntou.

Hermione a olhou impaciente.

– Não sei. Mas acho que você vai me dizer.

– Numa escala de gostosura de 1 á 10, ele é definitivamente um 9.

Ela revirou os olhos.

– Eu o convidei para se sentar na nossa mesa.

Hermione a encarou.

– Você convidou um completo estranho para se sentar com a gente?

– O nome dele é Seth Martin. – ela disse, como se fosse muita informação.

– Ótimo.

– Nós temos um lugar sobrando mesmo! - a ruiva exclamou.

Hermione ás vezes se esquecia do nível de sensibilidade dos Weasley’s.

– Obrigada pelo lembrete.

Gina suspirou.

– Sinto muito que Draco não tenha vindo. – ela falou – Mas nós o conhecemos e sabemos como ele ama você então ele deve ter uma boa razão pra isso.

Hermione desviou o olhar.

– Esse é o problema. Ele nunca tem.

**********

Quando Gina e Hermione voltaram para a mesa, Kingsley, o atual ministro da magia, abria a cerimônia com um dos seus últimos discursos como ministro.

As eleições para o novo ministro começariam logo mas tudo era só uma formalidade porque todos sabiam que Arthur Weasley era quem iria ocupar o cargo nos próximos anos. Aquilo era óbvio porque além de todos saberem como Arthur era uma pessoa íntegra, ele vinha colaborando com o ministério de forma magnífica antes, durante e principalmente depois da morte de Voldemort. Além disso, ele tinha o apoio de praticamente todo o departamento de aurores e de diversas outras pessoas influentes, assim como Hermione. Na lista de pessoas mais influentes do mundo bruxo daquele ano, ela veio surpreendentemente em primeiro lugar, logo antes de Harry e Draco. Harry tinha tido o primeiro lugar nos últimos quatro anos e também receberia o cargo de chefe dos aurores naquela semana mas ela imaginava que o zum-zum-zum de que ela tinha encontrado a cura para os lobisomens tivesse alcançado os ouvidos das pessoas que montavam aquela lista. Naquele ponto, todo mundo já sabia que era verdade e que ninguém mais precisaria sofrer com as transformações dos lobisomens se não quisesse. Quando o ministro anunciasse que era por isso que ela tinha ganho o prêmio de mérito científico, não seria surpresa pra ninguém.

A cerimônia foi passando lentamente e, dos três homenageados da noite, Hermione tinha sido deixada por último:

– E por último, mas não menos importante, eu estou muito feliz de entregar esse prêmio para essa linda mulher, que é uma amiga próxima minha e que tem ajudado a comunidade bruxa de tantas maneiras nos últimos anos que eu não me atrevo nem a começar a descrever o quanto ela é especial. Vem pra cá, Hermione Malfoy.

As pessoas começaram a bater palma e Hermione sorriu, subindo os poucos degraus para o palco.

Kingsley a abraçou levemente e Hermione agradeceu a ele e a todos pelos aplausos.

– Hermione aqui – Kingsley recomeçou – fez uma contribuição épica para a comunidade bruxa. Eu mencionei que ela tem apenas 23 anos? Nós estamos chocados com a sua inteligência e astucidade em descobrir a cura para os lobisomens.

Hermione ficou surpresa e extremamente honrada quando as pessoas começaram a bater palma e lentamente, uma por uma, levantaram de suas cadeiras.

Kingsley passou o microfone para ela mas Hermione estava sem palavras.

Ela sorriu abertamente ao ver McGonagall lhe dando um aceno orgulhoso de cabeça e mais outras várias pessoas que ela sempre admirou ou passou a admirar com o passar do tempo, lhe aplaudindo de pé.

– Muito obrigada. – ela se obrigou a falar – Eu estou tão honrada e feliz por poder contribuir dessa forma com o mundo mágico. Eu ainda não acredito que estou recebendo o prêmio mais importante da comunidade bruxa. Eu estou parada aqui em completa descrença que Minerva McGonagall está me aplaudindo de pé. – algumas pessoas riram – Me desculpem, eu sou muito boba mas ela me apoiou tanto durante toda a minha vida. Durante Hogwarts e depois com a escola de feitiços e por toda a minha carreira profissional e agora eu estou parada aqui e ainda me sinto um pouco como aquela garota e foi por causa daquela garota que eu me esforcei tanto nesse projeto porque quando eu estava em Hogwarts e tinha mais ou menos uns 13 anos, eu conheci um lobisomem. Ele foi um dos professores mais inspiradores e importantes da minha vida e um amigo sábio e leal para todos nós. E apesar de ele ter tido uma morte triste no fim da guerra, eu nunca esqueci que apesar de todos nós o aceitarmos como ele era, ele nunca se sentiu confortável com... Bom, com a vida dele. Ele tinha que lidar com as transformações, com o medo que as pessoas tinham dele... E eu sei que há centenas de bruxos e bruxas nessa mesma situação atualmente. E eu estou feliz em dizer que agora, se quiserem, eles não vão mais precisar passar por isso.

As pessoas bateram palmas novamente e os outros dois bruxos homenageados se juntaram a ela no palco para receberem um pequeno troféu dourado, uma plaqueta de mérito e um buquê de rosas (que era trazido pelas pessoas mais próximas a eles).

O dos outros dois bruxos foi trazido por suas esposas e o de Hermione, por Pansy. Era mais que apropriado que na ausência do seu marido, quem estivesse ali com ela era sua melhor amiga mas aquilo não parou o sentimento de vazio no seu peito e com certeza não impediu que seus olhos se enchessem de lágrimas.

Ela esperava que as pessoas confundissem aquelas lágrimas de tristeza com emoção.

Pansy lhe entregou as rosas e a abraçou.

– Hermione... – ela falou – Não chora aqui...

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Quando Draco finalmente chegou em casa, ele estava exausto e se sentindo a pior das criaturas. Sabia que tinha perdido uma das maiores noites da carreira de Hermione e o pior de tudo era que ele não podia nem pedir a ela pra entender o motivo. Como ele poderia? E ele nem podia tentar arrumar uma desculpa na intenção de fazê-la ficar com menos raiva dele porque a única explicação que a faria entender o porquê de ele não estar lá com ela naquela noite com certeza não a faria ficar com menos raiva dele. Draco suspirou ao pensar naquilo. Muito pelo contrário.

Subiu as escadas, indo direto para o quarto e começando a ficar cada vez mais nervoso na medida em que se aproximava da porta.

Empurrou a porta e Hermione, que estava meio deitada na cama lendo, levantou os olhos ao vê-lo entrar.

– Oi. – ele falou, hesitante.

Ela suspirou.

– Que alivio saber que você está vivo.

– Eu sinto muito, Hermione...

– Me poupe, Draco! – ela pestanejou – Você não está nem parecendo arrependido.

– Eu estou! – ele se aproximou e se sentou na ponta da cama – É só que...

– Outro ex-comensal poderia escapar se você chegasse na hora? – ela adivinhou.

Ele abaixou a cabeça e massageou a têmpora. Era sempre a mesma história. Sempre a mesma briga. Draco achava que as desculpas dele soavam estúpidas até para os seus próprios ouvidos.

– A boa notícia é que nós o pegamos, Hermione! – ele exclamou – Greyback. Eu usei um pouco da cura que você me deu. Ele não é mais um lobisomem.

– Isso é ótimo, Draco. – ela murmurou sem ânimo – Mas o que eu não entendo é: por que você não podia deixar outra pessoa pegá-lo?

– Porque ninguém se importa do jeito que eu e Potter nos importamos!

Hermione suspirou.

– Mas o Harry voltou, Draco...

– Herm...

– Você ama mais o seu trabalho do que a mim? – ela o interrompeu, odiando a si mesma por parecer tão carente.

Ele a olhou como se tivesse nascido outra cabeça no seu corpo.

– Claro que não, Hermione.

– Então por que eu tenho essa sensação de que você não se incomoda nenhum pouco com o fato de que nós só passamos metade do nosso tempo na mesma cidade? Ás vezes no mesmo país... Eu não entendo...

Ele não sabia mais o que dizer.

– Me desculpe, Hermione...

Ela desviou o olhar.

– Acho melhor você comprar suas desculpas em atacado se vai usar tanto.

Antes mesmo de ela terminar a frase, uma coruja bateu o bico na janela de vidro. Draco fez menção de se levantar mas Hermione foi mais rápida, usando a oportunidade para se afastar dele.

A carta tinha o símbolo do Hospital St. Mungus e Draco se aproximou ao ver a expressão de preocupação no rosto de Hermione.

– O que foi? – ele perguntou quando ela começou a trocar de roupa ao terminar a carta.

– Luna está no St. Mungus. Estão me pedindo para ir vê-la.

– Eu vou com você. – ele se apressou em dizer enquanto a observava se mover rapidamente pelo quarto.

– Não. Eles estão dizendo especificamente para eu ir sozinha.

Ele franziu o cenho.

– Por quê?

– Só vou descobrir quando chegar lá, não é?

Ela pegou sua bolsa e saiu do quarto. Draco foi atrás dela.

– Mas Hermione... – ele a seguiu até a sala de estar e observou enquanto ela enchia a mão de pó-de-flu – Você odeia aquele lugar...

– Eu estou ficando acostumada a lidar com coisas que eu odeio, Draco.

E então ela tinha ido embora e agora era Draco quem tinha ficado sozinho.


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Notas finais do capítulo

N/A: Mil desculpas pela demora, pessoal! Desculpa mesmo mas é que a vida tá corrida... =/ Não vou me prolongar muito hoje, só quero agradecer pelos comentários e pedir que continuem dizendo o que estão achando.
Sei que esse capítulo não ajudou muito com as dúvidas, mas eu prometo que no próximo, algumas coisas serão esclarecidas... E talvez, outras dúvidas serão lançadas!
Até logo, pessoal! E não deixem de comentar!
XD
PS (1) : Adicionem minha nova dramione. Vou atualizar essa semana: http://fanfiction.com.br/historia/300265/Avalanche
PS (2) : O nome do capítulo é por causa da música, Just Give Me A Reason, da Pink com o vocalista do Fun. Música lindaaaaaa! :)