Ao chegar ao trabalho naquele dia Annabeth se sentia imensamente mais leve, o que parecia ser notado por todos do prédio.

- Bom dia, raio de sol!_ Percy sorriu ao vê-la chegando.

- Bom dia para você também Jackson. O que temos para hoje?

- Quíron convocou-a para uma reunião de emergência._ Ele disse entregando-lhe uma papelada. – E você tem que mandar aquele relatório para Dionísio, o do caso de Afrodite.

- Tudo bem.

Ela virou-se para sair quando Percy a chamou novamente.

- Te vejo para o almoço certo?

- Claro. E você poderia me ajudar a escolher alguma coisa para sua avó.

- Ok. Até as duas.

Então ele deu mais um daqueles sorrisos calorosos, e Annabeth logo percebeu, fazia seu estômago dar umas cambalhotas.

- Até.

Ela disse e se encaminhou para a manhã completamente entediante, ao lado daqueles homens rabugentos. Quando deram duas horas ela já não aguentava mais ouvir tanta ladainha, assim que a reunião terminou saiu o mais rápido possível atrás de Percy.

- Vamos? _ Sorriu ao notar que ele a esperava do lado de fora da sala de reuniões.

- Agora mesmo milady._ Ele se curvou de forma exagerada, o que quase a fez soltar uma gargalhada.

- Anda logo menino!

Ela o puxou pelo braço e logo eles saíram e estavam em uma lanchonete almoçando.

- Então, _ Ela começou dando mais uma mordida em seu sanduiche natural. – Como é sua família?

- Maluca!_ Ele riu – Vovó Jackson é fissurada em mitologia, o que quer dizer que ha muitos nomes estranhos na minha família.

- Sério?

- Sim. Meu pai se chama Poseidon, meus tios Hades e Zeus.

- E como é sua avó? Tem algo que eu precise saber?

- Bem, ela vive dizendo que eu preciso me casar logo.

- Mas você só tem 25 anos! _ Ela disse surpresa.

- Ela diz que nessa idade eu já deveria ter lhe dado netos. O pior é que a pressão vai toda para mim, já que Thalia já está casada e tem um filho de quatro anos, que na verdade eu temo que seja o capeta encarnado! _ Os dois riram. – A esposa de Jason, Piper, está grávida e Nico está noivo. Então não se surpreenda se ela disser que temos alguma coisa.

Annabeth sentiu o rosto queimar e decidiu parar com as perguntas.

Ao terminarem de comer, os dois foram comprar o presente.

- O que você sugere?_ Ela perguntou.

- Hum, ali. _ Ele apontou para uma loja de antiguidades. – Ela adora coisas velhas.

 A loja era muito esquisita para Annabeth, mas ela preferiu não comentar. Tinha tanta coisa empilhada que ela duvidou muito que encontrasse algo.

- Posso ajuda-los?_ Uma senhora gordinha apareceu do nada fazendo com que Annabeth levasse um susto.

- Estamos só olhando por enquanto. _ Percy respondeu e Annabeth percebeu o desapontamento da senhora.

- Qualquer coisa estou no balcão.

- Obrigada.

Os dois então começaram a procurar algo que os agradasse.

- Que tal isso?_ Percy indicou uma estatua de um bicho esquisito. A parte da frente era uma serpente, mas suas costas eram de alguma coisa parecida com um hipopótamo.

Annabeth fez uma careta.

- Macabro demais.

Eles andaram mais um pouco, e quando Annabeth estava prestes a desistir, ela achou.

-Olha esse. _ Ela chamou a atenção de Percy.

 Um pouco escondido por bugigangas estava um delicado broche, um pequeno caduceu de prata adornado com pedras azuis.

 - Eu gostei. _ Ele sorriu.

- Eu também.

 Quando foi tirar o broche do lugar, percebeu que algo o prendia. Tentou então puxa-lo, o que foi um erro. Usou força desnecessária o que acabou fazendo-a perder o equilíbrio e empurrar Percy que estava atrás. Ele por sua vez cambaleou e bateu em uma estante. Em segundos uma caixa enorme caiu em cima dele.

- Oh meu Deus! _ Ela exclamou assustada correndo para tirar a caixa da sua cabeça. Grande erro.

Annabeth não aguentou. Começou a rir desesperadamente ao  vê-lo sentado no chão com a cabeça coberta por algas marinhas.

- Agora,_ Ela tentou controlar o riso. – você é definitivamente um cabeça de alga.

- Haha! _ Ele riu irônico enquanto tentava tirar as algas de cima de si. – Que tal uma ajudinha?

Ainda risonha, ela o ajudou a se levantar e se desfazer das algas.

- Conseguiu pegar o broche pelo o menos?_ Ele perguntou e ela lhe mostrou o broche em mãos.

- Vamos pagar e ir para o trabalho, já está na hora!

Logo eles pagaram e foram embora.

Quando foi no final do expediente Percy entrou em sua sala.

- Você vai agora?_ Ele perguntou surpreso ao vê-la pegar a bolsa.

- Já terminei tudo que tinha para fazer. Só quero ir para casa e ter uma boa noite de sono.

Percy então decidiu que a acompanharia até em casa, mesmo a protestos de Annabeth.

Andaram por algum tempo até pararem em um imponente prédio.

- Então, tchau._ Percy despediu-se desajeitado.

- Não quer entrar? Tomar um café?

- E-Eu acho que sim.

“Droga Percy” ele se xingou mentalmente “Custava agir como um adulto e não como um adolescente idiota?”

 Ao entrarem no apartamento Percy pode observar o quanto ela era organizada. A sala era espaçosa e confortável. Tudo impecavelmente limpo e organizado. As paredes brancas e os moveis em tons de bege traziam uma harmonia perfeita ao lugar.

- Fique a vontade. _ Ela disse enquanto tiravam os casacos pesados. – Vou preparar o café.

Ela saiu e Percy começou a andar pela sala. Sobre as cômodas havia três porta retratos. Uma era de um bonito casal com uma Annabeth criança entre eles. O homem tinha o cabelo loiro como Annabeth e a mesma pele bronzeada. A mulher era incrivelmente bonita. Tinha cabelos negros e a pele muito branca, mas ainda sim ela e Annabeth eram extremamente parecidas. Tinham os mesmo olhos tempestuosos, os mesmos cachos, o mesmo nariz delicado e queixo determinado. O outro porta retrato era de sua formatura, onde um ela orgulhosa recebia o diploma de um homem rechonchudo e baixinho. O terceiro porta retrato parecia ser o mais recente. Ela e a mesma mulher da outra foto riam juntas. Ele perdeu a conta de quanto tempo ficou ali as admirando.

- Ela era linda não é mesmo? _ Annabeth disse ao meu lado, seu olhar triste.

- Sim, igualzinha a você.

Annabeth corou.

- Obrigado. _ Ela olhou a ultima foto com carinho. – Tiramos essa foto uma semana antes do acidente.

Percy preferiu não falar nada. Sentaram-se um do lado do outro enquanto bebiam o café.

- Você sente falta dela. _ Percy disse de repente.

- Todos os dias da minha vida. _ Annabeth respirou fundo. – Ela morreu num natal. Dirigia rápido porque queria chegar em casa para comemorarmos minha promoção, a pista estava escorregadia por causa da neve. Ela perdeu o controle. Desde então o natal perdeu a graça.

Naquele momento Percy estava em estado de choque. Ela parecia tão diferente do que costumava ser. Havia deixado à postura durona para trás, e parecia tão frágil que Percy não pode resistir. Segurou seu rosto entre as mãos e a beijou.