Percy sorriu para Annabeth. Ela não sabia o que a aguardava.

                -Vamos indo então?

                Ela o encarou interrogativa.

                -Aonde?

                - Comer alguma coisa.

                Annabeth suspirou se dando por vencida.

                - Tudo bem, você ganhou!

                Ela juntou suas coisas rapidamente e juntos deixaram o prédio onde trabalhavam.

                O vento frio de Nova York ricocheteava em seus rostos, e a neve abundante molhava seus sapatos, mas isso parecia não impedir a multidão de pessoas que estavam, como sempre, de um lado para o outro.

- Então,_ ela quebrou o silêncio. – Onde você está me levando?

Percy riu, e pela primeira vez Annabeth notou as adoráveis ruguinhas que apareciam em seus olhos.

- É sempre curiosa assim?

- Você poderia ser um louco que estaria me levando a um lugar para abusar da minha inocência. _ Ele arqueou as sobrancelhas. – Não que eu acredite nisso, mas eu gostaria de saber para onde você estaria me levando, caso acontecesse.

- Ok, mas se hipoteticamente, eu fosse um louco, eu não te diria.

-Faz sentido.

Minutos depois eles chegaram a uma pequena cafeteria, que se Percy não tivesse entrado ela nunca repararia. Parecia que o lugar havia saído direto de um desses filmes antigos. Havia poucas pessoas ali, e uma animada música de natal tocava em um rádio antigo.

- Como achou esse lugar?_ Ela perguntou curiosa.

Ele estava prestes a responder quando uma mulher bonita que não podia ter mais de quarenta e poucos anos apareceu sorridente limpando a mão num avental.

- Percy querido! _ Ela o abraçou. – Que bom que veio, e vejo que trouxe companhia.

- Mãe, essa é Annabeth Chase, minha chefe.

A mulher sorriu amavelmente para Annabeth. Agora ela sabia de onde Percy herdara o sorriso caloroso.

 - É um prazer conhece-la querida.

- Digo o mesmo, senhora Jackson._ Ela retribuiu o sorriso.

- Chame-me de Sally, eu ainda sou muito nova para ser chamada de senhora. O que vão querer queridos?

- O de sempre mãe, para os dois.

Sally saiu rapidamente para preparar os pedidos enquanto Percy e Annabeth acomodavam-se perto dos aquecedores.

- Então, o que é o de sempre?                                                                                                               

- Você realmente não gosta de surpresas não é?

- Não muito._ Ela admitiu. – Gosto de estar no controle das coisas.

-Bem, dessa vez não, você terá que esperar para saber.

Pouco tempo depois Sally chegou trazendo chocolate quente e brownies... AZUIS?

- Aqui está._ Ela disse colocando os pedidos na mesa. – Bom apetite crianças.

-Obrigado. –Eles disseram juntos,

- Eu estou vendo coisas ou esse brownie é mesmo azul?_ Annabeth perguntou assustada.

                Percy riu.

                - Não, você ainda não pirou de vez. Ainda.

                - Haha, engraçadinho._ Ela sorriu irônica.

                - É uma brincadeira minha e da minha mãe. No meu aniversário de oito anos, eu pedi que minha mãe fizesse um bolo azul para mim,  meu pai disse que era impossível, desde então só por teimosia, ela se dedicou a fazer tudo que conseguia azul.

Annabeth sorriu bebericando o chocolate quente.

- E essa cafeteria? É dela?

- Na verdade é da família Jackson.

- Então é um negócio de família?_ Ela perguntou curiosa.

- Basicamente. Minha irmã Rachel assumirá a cafeteria daqui a alguns anos.

- E você? Não quis a cafeteria?

- Na verdade não, sempre soube que isso não era o que eu queria.

- E seus pais não ficaram chateados?

- Não muito, eles entenderam. E você? O que me diz da sua família?

- Não há muito que contar._ Ela deu de ombros. – Meus pais se separaram quando eu era adolescente, mas minha mãe morreu há dois anos.

- Sinto muito._ Ele falou sincero. – E seu pai?

- Ele se casou novamente e agora tem dois filhos. É tudo que sei, não temos muito contato.

- Entendo.

Mas Annabeth sabia, ele não entendia.

Depois disso, eles comeram quietos. Quando estavam indo embora Sally apareceu para despedir-se.

- Estava tudo delicioso Sally, obrigada.

- Não há de que querida._ Ela virou-se para o filho. – Percy, não se esqueça do aniversário da vovó Jackson no sábado.

- Pode deixar mãe._ Ele respondeu.

-Você não gostaria de ir Annabeth?

- Oh! Não precisa se incomodar.

- Mas não será incomodo nenhum! Sempre há espaço para mais um, sem falar que a vovó ficaria encantada de ver o neto com uma moça.

Os dois coraram.

- Mãe!

- Ah Percy, não reclame, faz anos que você não nos apresenta alguém, e eu não aceito não como resposta.

- Tudo bem Sally, eu vou.

Percy a encarou surpreso.

-Sério?

- Claro, afinal não tenho nenhum compromisso.

- Então até sábado querida.

-Até sábado.

Ela deu um abraço nos dois e logo eles estavam de volta às ruas tumultuadas.

- Há um lugar que eu gostaria de te mostrar.

- Há essa hora Percy?_ Ela arregalou os olhos.

- Qual problema?_ Ela balançou a cabeça negativamente. –A noite é uma criança.

- Mas precisamos trabalhar amanha!

- É rapidinho, eu juro._ Ele fez beicinho.

- OK Percy Jackson! _ Ela jogou os braços pra cima em rendição.

Eles entraram em um táxi e logo estavam chegando à uma pequena praça.

- Obrigada. _ Percy deu dinheiro para o senhor e os dois desceram.

A praça era escura, não havia muitas pessoas ali por causa do horário.

- Posso voltar com a ideia de que você é um louco que quer abusar da minha inocência?

Percy revirou os olhos.

- Espere um pouco sabidinha.

- Do que você me chamou?_ Ela colocou as mãos na cintura num gesto autoritário que lembrava muito sua mãe.

- De sabidinha! Problema?­_ Ele a encarou petulante.

- Ora seu...

- Já vai começar. _ Percy disse correndo até um dos bancos e sentando-se. Annabeth apressou-se a segui-lo.

- O que vai começar?

-Veja!_ Ele apontou para a fonte. No minuto seguindo luzes coloridas começaram a brilhar por todo o lugar, bonecos de neve e renas estavam espalhados por todos os cantos. A fonte foi ligada e as luzes a davam um ar mágico.

-Uau!_ Ela exclamou maravilhada. – É incrível!

Percy riu de seu tom surpreso.

-Costumava vir aqui com meu pai todos os anos.

-Costumava? _ Ela o encarou.

- Ele adoeceu há uns anos.

- Sinto muito.

- Está tudo bem._ Ele sorriu.

Ficaram mais um tempo ali sentados, fazendo companhia um ao outro num completo silêncio, até que Percy se levantou e lhe estendeu a mão.

-Vamos embora?

Ela sorriu e aceitou sua mão.

-Vamos.