Lost Memory escrita por Dri Viana


Capítulo 21
Chapter Twenty-one




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À medida que ia se aproximando de onde Sara estava conversando com o tal desconhecido, Grissom ia se sentindo mais e mais incomodado por ver outro homem perto de sua esposa.

— Que parte do "eu sou casada" ainda não entendeu? - Sara reclamou ao sujeito.

Ela já estava farta daquele homem que teimava em não ir embora de sua mesa e ainda por cima, insistia em ficar lhe cantando descaradamente mesmo ela tendo repetido diversas vezes que é casada e quase também ter esfregado sua aliança na cara do sujeito para ver se assim ele entendia. Só que ele não se mancava. E pior, ainda teimava em insistir com suas cantadas baratas. Ele era abusado!

— Me desculpe, mas por mais que repita isso aí inúmeras vezes, eu ainda não posso acreditar que alguém como você seja casada com aquele cara!

— Qual o problema em ela ser casada com um cara como eu?

Tanto Sara quanto Donovan se levantaram assustados da cadeira ao ouvirem a pergunta de Grissom.

Os dois sequer perceberam a aproximação de Gil, já que este havia dado a volta para que, justamente, eles não o vissem chegar.

— Gil??

A esposa pronunciou preocupada que seu marido possa pensar alguma besteira ao lhe ver com aquele sujeito. Ficou apreensiva pela forma nada amistosa com a qual Grissom encarava o sujeito parado a esquerda dela.

— E então?... Não vai me responder, rapaz?... Tem algum problema em ela ser casada com um cara como eu? - repetiu a pergunta o supervisor.

Donovan encarou bem o homem a sua frente e não deixou de notar a forma um tanto ameaçadora com qual o outro homem lhe olhava.

Não que aquele seu olhar o amedrontasse, mas o sujeito se retraiu e achou por bem "retirar seu time de campo". Era ciente de que estava agindo mal e passando da conta ao ter começado a dar em cima de uma mulher que de cara disse que era casada, e cujo o marido pelo que Donovan podia perceber, mostrava-se ser bem ciumento. E para evitar confusão o sujeito loiro resolveu parar suas investidas para cima da mulher por ali.

— Não tem problema nenhum!

— Então qual é a sua dificuldade em acreditar que ela seja casada comigo, posso saber?

Naquele instante Shirley retornava a mesa e se deparava com a cena de seu patrão encarando de maneira nada amistosa o sujeito que reconheceu na hora como sendo o mesmo abusado que mandou uma bebida à Sara momentos atrás.

A empregada lançou um olhar para sua patroa e esta a olhava nervosa pela situação desagradável e incomodada. Algumas pessoas das mesas próximas a deles já até começavam a prestar a atenção na "conversa" de Grissom com o outro homem.

— Olha, cara... - Donovan resolveu sair pela tangente quanto à pergunta de Grissom e tratou logo de pedir desculpas. — Me desculpe. Foi uma indelicadeza enorme minha ter vindo até aqui. Não devia ter feito isso!... Eu vou voltar para minha mesa!

— Acho bom mesmo que volte pra lá... E faça para você e para mim o favor enorme de não tornar mais a se aproximar dessa mesa! - Grissom pediu com uma velada calma que estava longe de ter.

O outro sujeito apenas balançou a cabeça positivamente e se retirou dali sob o olhar atento de Grissom.

— O que ele fazia sentado aqui com você, Sara?

O marido questionou-a depois que Donovan se afastou e ainda mantendo o olhar na direção do sujeito que ia rumo de volta a sua própria mesa.

Como Grissom não ouviu resposta alguma da esposa olhou-a e a encontrou encarando-o de forma assustada.

— Ele estava dando em cima de você, não era? - ele supôs diante do silêncio dela.

Shirley que estava mais ao lado dos dois, se segurou para não rir ao ver que seu patrão estava visivelmente enciumado. E sua patroa achava que na atual condição de desmemoriado do marido, ele seria incapaz de sentir ciúmes dela... Como ela estava enganada! A prova estava aí, diante delas: um Grissom enciumado e não disfarçava nadinha isso.

Esse ciúme explícito só fez Shirley ter mais certeza de que seu patrão já havia se apaixonado pela esposa. Somente a própria ainda não havia se dado conta disso.

— Gil esse sujeito é um idiota! - Sara comentou a meia voz e esquivando-se da pergunta do marido.

— Não foi isso que perguntei, mas quer saber? Deixa pra lá. Vou voltar pra água, Matt está me esperando!

Ele saiu as pressas dali deixando as duas mulheres sozinhas.

— Do que está rindo? - Sara olhou para Shirley que desatou a rir quando Grissom já havia se distanciado delas. 

— Desculpe-me, dona Sara... - a mulher pedia entre risos enquanto Sara a olhava sem entender o que de engraçado Shirley viu para cair na risada daquele jeito. — Mas... essa foi a cena de ciúmes mais escancarada... que eu já vi o patrão fazer desde que o conheço!

Quando se tratava de cenas de ciúmes, Grissom antes de perder a memória quase não as fazia. Era comedido demais para isso. Se sentia ciúmes da esposa em ocasiões em que estavam diante de olhos de terceiros, ele quase sempre 'camuflava' e guardava para si esse sentimento, justamente, para não fazer cenas explícitas como essa de agora.

Mas, ao que parece, a falta de memória fez aparecer um Grissom que era sim capaz de fazer cenas explícitas de ciúmes da esposa.

— Ciúmes?? - Sara desviou o olhar da empregada que ainda ria e encarou novamente o marido, que àquela altura já se encontrava na água brincando com Matt em seu colo. A mulher viu o marido olhá-la rapidamente de onde estava e depois desviar sua atenção para o filho deles que lhe apontava algo na água.

— Sim, ciúmes, sim, dona Sara! - confirmou Shirley já cessando o riso. — Ele não conseguiu disfarçar isso ou a senhora não percebeu?

É claro que ela havia percebido isso, só que custava a crer que fosse de fato ciúmes. Em sua concepção, ele não seria capaz de sentir isso dela, já que erroneamente Sara achava que seu marido ainda não a amava e que talvez, isso só fosse voltar acontecer quando se recuperasse.

Mal ela sabia o quão estava enganada nisso. Seu marido não precisava mais recuperar a memória para saber que a amava.

Ele havia se apaixonado de novo por ela e já a amava tanto quanto antes de tê-la apagada de sua mente!

— Talvez ele sinta algo por mim, não é? - esperançou-se a mulher. Aquilo era o que mais queira que acontecesse assim como a volta da memória dele.

— Talvez?? Com certeza!... Tenho pra mim que o que ele sente pela senhora é bem mais que um simples gostar!

Um pequeno sorriso brotou nos lábios de Sara com aquela informação. Em seu interior, a mulher torceu para que Shirley estivesse certa quanto ao que acabara de dizer.

— Devia ir se juntar à ele e as crianças lá na água. - Shirley sugeriu após uns instantes em que ela e Sara ficaram caladas depois do que a empregada havia dito. — Quem sabe poderia sondá-lo como quem não quer nada, sobre a cena que houve aqui!

— Acho melhor não!

Esse Grissom era muito mais fechado que o "seu Gil" e ela desconfiava que não ia conseguir tirar nada dele. Além do mais, não queria se decepcionar caso ele negasse que foi por ciúmes seu comportamento.

— Está bem. Se não quer tocar no assunto com ele, não toque. Foi só uma sugestão. Agora quanto a ir lá... Eu acho que devia fazer isso. Ficar perto dele e dos meninos proporcionando momentos de família como costumava ser antes, seria bom para o patrão e os sentimentos dele.

Sara olhou para Shirley, pensou um pouco e depois resolveu seguir a sugestão da outra mulher. Despiu-se de sua saída e se encaminhou em direção a água. Shirley ficou na mesa para reparar as coisas deles.

— Mamãe tá vindo pra cá! - Matt avisou todo sorridente ao pai da vinda de Sara.

O supervisor olhou na direção da esposa que vinha lentamente pela faixa branca de areia se aproximando da água, onde eles estavam se divertindo.

Os olhos azuis do supervisor se encantaram com a visão que teve da esposa só de biquíni. Olhou-a minuciosamente de cima a baixo enquanto ela vinha graciosamente entrando na água.

Mesmo com a barriga já em evidente e suas curvas mais arredondadas, sua esposa não deixava de ter um corpo lindo e só agora, que ele estava tendo oportunidade de vê-lo assim sem tantas camadas de roupas.

Certa vez, na semana passada, ele chegou a flagrá-la só de lingerie entrando no banheiro do quarto deles, mas isso foi rapidamente enquanto ele passava em frente à porta entreaberta do quarto deles. Porém, agora, ali, estava podendo ver melhor e com mais clareza seu corpo, e desse modo, se encantar mais com ele.

Sara não deixou de notar os olhos do marido lhe acompanhando à medida que ela se aproximava de onde ele e as crianças estavam brincando. Quando ela chegou no grupo, Matt na mesma hora se jogou do colo do pai para o dela. Todo animado o garotinho lhe contou que o pai havia lhe ensinado a mergulhar.

— Verdade?

— É, não é papai?

Grissom confirmou com um leve balançar de cabeça e desviando o olhar da esposa para água.

— Ah, então eu quero ver você mergulhando, mocinho! - ela apertou levemente a ponta do narizinho do menino que sorriu com aquilo.

Matt pediu para voltar para o colo do pai e Sara o "devolveu" a Grissom. Depois da instrução do pai de que o menino tapasse o nariz e fechasse os olhos, os dois mergulharam e emergiram da água segundos depois.

O sorriso que Sara viu no rosto do filho assim que ele "voltou" do mergulho, a fez ficar ainda mais encantada por aquele molequinho. Eles ficaram por ali brincando mais algum tempo e durante esse período que permaneceram na água, Sara pode perceber disfarçadamente que Grissom não tirava os olhos dela. E quando ele era flagrado por ela lhe olhando, desviava o olhar na hora feito um menino assustado que tinha sido pego assaltando o pote de biscoitos.

 

****

— O senhor a ama não é?

Shirley não se conteve e lançou a questão ao seu patrão enquanto o via fitar Sara subindo as escadas com Matt para lhe dar banho. Haviam chegado da praia há poucos instantes e ela daria banho no garoto antes deles almoçarem.

— Eu sei que ama! - ela mesma respondeu logo em seguida sem esperar que Grissom o fizesse.

— Sabe?? - o homem olhou com curiosidade.

— Sim... E sabe como sei disso? - ela cochichou para ele que fez um "não" com a cabeça. — Pelos seus olhos. Eles voltaram a brilhar da mesma forma apaixonada que brilhavam quando olhava para a dona Sara antes de perder a memória. Por que não diz a ela o sente?

Ele suspirou um tanto frustrado.

— As palavras não saem! - confessou após um breve segundo.

— Dona Sara ainda pensa que o senhor não a ama, mas nós dois aqui sabemos que isso não é verdade, não é não?

Ela o cutucou com o ombro fazendo o homem dar um sorriso envergonhado.

— É!... Eu me apaixonei por ela, Shirley! - ele confessou com sinceridade. Não tinha como mentir a mulher junto dele aquele sentimento que nutria pela esposa, se ao que parece, Shirley era bem ciente disso.

A mulher sorriu em comemoração a confirmação de seu patrão.

— Então fale pra ela isso. - incentivou a empregada. Sabia o quanto faria bem a Sara saber que o marido já amava e que ela não precisaria mais esperar até que ele recobrasse a memória para "tê-lo de volta".

— Não sei se consigo!

Sempre que tentava confessar seus sentimentos a esposa, as coisas não saíam como ele queria. Acabava falando de outra  coisa com ela.

— Consegue sim! - a empregada afirmou com uma certeza, que Grissom estava longe de ter. — Tive uma ideia para lhe ajudar.

— Que ideia?

— Convide-a para sair e passear hoje à noite. Só vocês dois! Eu e os meninos ficamos aqui em casa de boa.

Ele pensou na proposta e achou boa. Sua esposa e ele nesse meio tempo em que ele estava desmemoriado nunca saíram para passear sozinhos. Já saíram sim, algumas vezes sozinhos, mas em todas era para irem nas consultas de Gil. Agora sozinhos para passear, seria a primeira vez. Talvez fosse uma ótima oportunidade agora para isso.

— E onde vou levá-la? - ele perguntou em dúvida. — Não conheço nada por aqui.

Já ciente disso, Shirley tinha a sugestão perfeita na ponta da língua.

— Eu sei de um lugar aonde pode levá-la e tenho certeza, de que a dona Sara vai gostar de ir lá com o senhor.

— E qual seria esse lugar?

A empregada então lhe contou e explicou direitinho aonde ele devia levar a esposa. Mas Grissom ainda não sabia se teria coragem suficiente para abrir seu coração à esposa durante a ocasião do passeio como Shirley bem lhe recomendou que fizesse. Contudo, concordou em ao menos sair com Sara. Seria bom para eles aquele momento a sós.

Assim que acabou de ouvir atentamente Shirley e acertar todos os detalhes para sua saída com Sara mais tarde, Grissom subiu a procura da esposa a fim de lhe contar o plano que tinha deles saírem a noite somente eles dois. Encontrou a mulher no quarto de Matt enxugando o filho.

Meio sem jeito, o marido contou a ela que gostaria muito que a noite eles saíssem só os dois para darem uma volta, e perguntou se ela aceitava o convite. De cara a mulher ficou surpresa com o convite, mas aceitou e questionou aonde eles iriam. Mas ele apenas disse que era segredo e sorriu feliz e empolgado pela aceitação dela quanto ao seu convite.

 

****

— Por que me trouxe para passear aqui?

Ela lançou um olhar curioso à ele enquanto andavam descalços pela areia da praia quase perto da água. Havia poucas pessoas por ali àquele horário da noite, a grande maioria casais que estavam a namorar, conversar ou apenas a observar as estrelas, já que o céu estava bem bonito e estrelado.

Logo que chegaram ali, ela estranhou o local escolhido por ele para passearem. Aquele era um passeio que ela certamente faria com o "seu Grissom" e não como o seu marido desmemoriado, que certamente nem sonhava com a importância que um passeio como aquele tinha para a esposa e costumava ter para ele próprio.

— Um passarinho me contou que... - ele começou a falar observando um ponto qualquer a frente deles. — ... Esse é o lugar que sempre costumo te trazer quando estamos aqui na Califórnia.

Ela sorriu. Aquilo era uma grande verdade! Toda vez em que vinham passar uns dias na Califórnia, eles dois iam passear sozinhos na praia à noite, por isso aquele passeio era especial para ela, e por isso que não se via fazendo-o com esse Grissom desmemoriado.

— Aposto que esse passarinho que te contou isso foi a Shirley, não foi?

— Exatamente! - confirmou o homem sorrindo e vendo a esposa sorrir também..

— Vamos sentar um pouco? - ela apontou em direção a areia seca mais afastada da água. 

— Claro!

Os dois seguiram para direção apontada por Sara em silêncio. Acomodaram-se e mantendo o breve silêncio, eles observavam as ondas do mar que "quebravam" bem mais lá a frente deles.

— Gosto daqui... - ela confessou em determinado momento. — É calmo e ótimo pra observar as estrelas! - ergueu o rosto para céu e Grissom fez o mesmo que ela.

— Está uma noite bonita!

— Está mesmo!

Ele a ouviu suspirar ao seu lado e desviando o olhar do céu que fitava, encarou a esposa.

— Sabe... Quando eu era pequena, tinha meus cinco pra seis anos... - ela começou a falar de repente. — Meu pai e eu costumávamos ir para o quintal de casa toda noite antes de eu ir dormir para observarmos as estrelas. - um sorriso lhe escapou pela lembrança. — Nós deitávamos na grama e ficávamos por pelo menos meia hora somente olhando céu. Lembro que ele me falava o nome das constelações e me contava muitas histórias a respeito delas. Nós ainda tínhamos a mania de brincar de encontrar formas ou desenhos nas estrelas, enquanto estávamos juntos admirando o céu... Era muito divertido. Ficamos fazendo isso por quase três anos, mas depois tivemos que parar.

Grissom que a observava falar pode ver os olhos da esposa cheios de lágrimas enquanto ela fitava algum ponto qualquer do céu.

— Por que tiveram que parar? - ele quis saber.

— Porque meu pai morreu em um acidente. - contou com tristeza. — Um motorista embriagado o atropelou quando ele voltava do serviço pra casa!

Ele viu quando a esposa derramou uma lágrima ao partilhar-lhe aquilo. Sentiu-se até  um pouco mal por ter perguntado aquilo e ter feito a esposa trazer à tona uma lembrança doída como aquela.

— Sinto muito, Sara.

Ela assentiu.

— Depois da morte dele - a mulher tratou de enxugar a lágrima que corria por seu rosto. — Eu não quis mais observar as estrelas, perdi a vontade de fazer isso. E durante muitos e muitos anos, eu sequer tinha coragem de olhar para o céu a noite, porque isso me lembrava do meu pai e de que eu não tinha mais a companhia dele para isso... Só voltei a olhar para o céu a noite, quando você e eu começamos a namorar.

Ela o olhou e encontrou os olhos coloridos do marido fixos nela. Cada palavra que ela vinha dizendo ele estava atento.

— Lembro-me perfeitamente da noite em que isso aconteceu. - ela sorriu e foi como se tivesse voltado no tempo, bem exatamente na noite em que Grissom lhe fez voltar a olhar para o céu e admirar as estrelas depois de anos. — Nós tínhamos saído pra jantar juntos, depois de três pedidos meus, você enfim resolveu aceitar sair comigo.

Grissom quis interromper a narrativa da esposa para perguntar à ela a razão de ter rejeitado seus pedidos anteriores de jantarem juntos, mas não teve coragem. Então se limitou a prestar atenção ao restante do relato que Sara contava.

— Fomos a um restaurante afastado de Vegas pra não corrermos o risco de sermos vistos juntos por alguém do laboratório. Na volta do restaurante você disse que queria me mostrar um lugar que era especial para você. E me levou até o topo de uma colina. Sentamos-nos no capô do seu carro e você me confessou que gostava muito de ir aquele lugar, porque adorava observar as estrelas. Inevitavelmente lembrei de mim e do meu pai, e lhe contei sobre a gente e que já tinha anos que eu não olhava para as estrelas por conta da morte do meu pai, pois ele era o meu companheiro nisso.

Grissom a observou sorrir tão lindamente que seu coração chegou a dar um cambalhota dentro do peito. Ele precisava confessar aquele amor que já sentia por ela.

— Aí você de um jeito tão fofo me perguntou se eu o aceitaria como companhia a partir daquela noite. Eu fiquei surpresa na hora que me perguntou isso, e até não queria aceitar a proposta, mas acabei cedendo. Depois de anos consegui olhar para o céu novamente e você estava do meu lado... E ali, naquela mesma colina enquanto olhávamos as estrelas, você se declarou pra mim.. E desde lá estamos juntos até hoje.

— Quinze anos.

— É, quinze anos de uma história de amor!... Essa por sinal é uma das lembranças mais bonita que tenho nossa, a do nosso começo. Pena que você não a tem mais em sua memória. Mas tenho esperanças que logo você vai recuperar a memória e aí voltará a lembrar do nosso começo e todos os momentos importantes da nossa vida. E principalmente, vai voltar a lembrar que me ama.

O supervisor ao ouvir essa última parte do que a esposa disse, sentiu um aperto no peito por isso. Sua mulher sofria com isso de que ele não a amava. Era hora de pôr um fim nisso.

— Eu não preciso mais recuperar a memória pra me lembrar do nosso amor, Sara! - ele mencionou em um sussurro.

— Que disse?

Sem entender direito o que ele havia dito, a mulher o olhou, já que naquele momento seus olhos estavam dirigidos ao mar.

Os olhos de Grissom encontram os da esposa. A certeza de que não podia mais esconder seus sentimentos por ela gritou dentro dele. Tinha que falar o que seu coração pedia.

— Eu te amo, Sara!... Não preciso mais recuperar a memória pra me lembrar disso!

Lentamente a boca dela se abriu e fechou-se rapidamente no instante seguinte diante do que acabava de ouvir.

— Me apaixonei por você e precisava te dizer isso. Não aguentava mais guardar esse sentimento só pra mim. Dia após dia você foi me ganhando. Eu fui vendo a mulher especial, a mãe amorosa e a esposa atenciosa e dedicada que você é, e me apaixonei por você, Sara!

Ela mantinha seus olhos fixos nele e quase nem piscava. Tinha medo de que se fizesse isso tudo ali desaparecesse e ela acabasse descobrindo que não passou de um delírio seu aquela declaração de amor.

— Eu te amo! - ele repetiu as palavras diante do silêncio da esposa. Pegou em sua mão e pode perceber o quão fria ela estava. Guardou-a entre as suas e beijou seus dedos com tanto carinho que emocionou Sara.

As três palavras que ela tanto ansiava que ele lhe dissesse e que pensou que só fosse voltar a escutá-las saindo da boca dele, quando Grissom se recuperasse, agora estava ouvindo-as. Seu coração apaixonado estava batendo tão acelerado que ela até podia ouvi-lo pulsar dentro de seu peito.

— Você me ama? De verdade? - ela perguntou para ter certeza de que era realmente aquilo que ouvia.

— Sim!

Ele a viu sorrir enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas e logo em seguida, essas mesmas lágrimas já rolavam por seu alvo rosto.

— Não sabe o quanto eu esperava ouvir você me dizer novamente essas três palavras. Eu também te amo e é tanto... Tanto... Tanto, Gil, que você não faz idéia. - ela acariciou seu rosto com uma das mãos, já que a outra ainda era segura pela dele. — Você e nossos filhos são tudo pra mim!

— Digo o mesmo! Amo vocês três, ops... Cinco com os dois que estão em sua barriga! - ele sorriu e ela o imitou.

Eles se fitaram fixamente mantendo em seus lábios sorrisos bobos. Uma das mãos de cada um estava acariciando o rosto do outro.

— Eu queria te beijar! - ele murmurou passando o polegar sobre os lábios dela.

— Queria? Não quer mais? - ela rebateu no mesmo tom de sussurro que ele usou para falar.

— Eu quero... Muito!

— E o que te impedi disso?

— Mais nada agora! - sorriu.

E assim, lentamente, ele foi aproximando-se do rosto dela, quando já estava bem pertinho de seus lábios, fitou seus olhos ternamente e logo depois, beijou sua boca.

Foi primeiramente um singelo tocar de lábios, depois as bocas foram se abrindo e se ajustando até se encaixarem perfeitamente uma na outra como costumava ser num passado não tão distante. E quando suas línguas se tocaram, foi como se o tempo parasse e eles não ouvissem mais nada ao redor.

Eles estavam tendo seu segundo "primeiro beijo". Sentido as mesmas sensações e emoções, com a ressalva de que agora estavam sendo mais intensas do que foram quinze anos atrás.

Tinham certeza de que uma vida se passou desde o momento em que seus lábios uniram até que se separaram e suas testas se juntaram. A respiração de ambos era ofegante e seus corações batiam descompasadamente.

— Vamos pra casa? Quero ficar sozinho com você! - foi tudo o que ele conseguiu murmurar após recuperar o fôlego. 


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Notas finais do capítulo

Aí está o cap completinho. Espero que tenha agradado.
Bjs e ate!