Libertária escrita por Ana Souza


Capítulo 23
Concreto




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– Isadora...

–Isadora...

Não devia estar tão escuro assim, e essa voz não é a de Aria com toda certeza... estávamos podando a roseira e rindo agora a pouco, falando da beleza daquele paraíso, a leve garoa molhava minha pele áurea de fantasma, e o sol de bronze que nunca se punha esquentava o ambiente que cheirava a morangos e memórias de infância sorridente.

– te disse pra acordar.

Subitamente abri os olhos e puxei todo ar do ambiente com se eu não soubesse respirar.

– Amanda?

Amanda estava olhando pra mim horrorizada, suas mãos estavam sacudindo meus ombros, e estávamos em minha cama, o silencio, os moveis e as paredes familiares do meu quarto me fizeram recuar até a cabeceira, confusa, arfando.

– Amanda o que significa isso? – disse agarrando seu rosto. Ali estava minha amiga! Viva, forte, vestida normalmente com um olhar que se traduzia, “você está maluca?”

– fique calma Isa – disse Amanda desvencilhando do meu toque pegajoso. – você está apenas acordando de novo.

–como assim acordando? – comecei a gritar e bater no meu próprio corpo! – eu estava morta! Eu morri, estava no Mundo Lunar com Aria, estávamos colhendo rosas e eu era um espírito! Eu derrotei Meredith, eu não devia estar aqui! Não devia! Eu devia estar enterrada...

–ah, não! Tia Leila, está acontecendo de novo.

Ouvi os passos desesperados da minha mãe subindo as escadas.

– Isa querida, olhe... desde o acidente, você está assim, mas vai ficar tudo bem... é so outro surto, vai passar. Tia Leila depressa!

– que acidente? – gritei puxando os próprios cabelos – eu estou morta Amanda! Eu me lancei no penhasco, eu agarrei Meredith e nós morremos! O povo está livre, Ícaro está livre e Hugo também.

– Hugo morreu querida. – disse Amanda – no acidente de carro, já faz um mês.

–não, mentira! Eu o libertei, precisamos ir a casa de Olivia, ele ainda está no Mundo Meridional, como pode não se lembrar de nada?

Minha mãe com o olhar triste e preocupado veio seguida do quarto de duas enfermeiras serenas, Amanda correu para as escadas chorando e tapando os ouvidos.

– o que significa isso?

As duas enfermeiras me agarraram pelos braços como se aquilo já tivesse acontecido antes.

–soltem-me!

Comecei a me debater e gritar enquanto minha mãe preparava uma seringa e vestia uma luva de borracha.

– é pro seu bem filha, vai te fazer esquecer... vai passar, confie na mamãe.

–não. parem com isso! Eu preciso tirar Hugo de lá! Eu preciso ver Ícaro...

Ela me aplicou diretamente no antebraço

E o mundo em minha volta rodopiou, foi como ser atingida por um saco de areia em cheio, me comprimindo, me afogando...

Já é madrugada e torno a abrir os olhos. Estou grogue o meu corpo está amarrotado e dolorido, tenho a sensação de que levei uma surra. Nada faz sentido. Nada faz sentido.

–então tudo não passou de um pesadelo? Eu estou completamente louca?

Quando me ponho a gritar de novo e me debater na cama, uma dupla de enfermeiros fortes de prontidão começa a me puxar pra fora do meu quarto, pra fora do meu mundinho...

Já faz mais de um ano aproximadamente...

Todos os dias aqui neste lugar são tão iguais se confundem com um único dia, uma eternidade no inferno, uma prisão em circulo da qual não importa quanto eu corra sempre retorno para o mesmo lugar, para a mesma cama, para os mesmos corredores brancos...

Passo o escova uma ultima vez desfazendo os nós do cabelo sem o menor entusiasmo, uma enfermeira adentra o quarto em silencio empurrando o carrinho de metal que range atritando com o chão perfeitamente polido, ela deixa em minha mesa de cabeceira dois comprimidos grandes, uma jarra com água e as roupas do dia, o pijama da terça feira, calças caqui de hospital e uma bata de algodão sem mangas.

Nada de mangas nas blusas, nada de objetos de vidro, os copos e jarras são de plástico e o espelho a minha frente é de um material genérico e inofensivo, tudo para segurança dos “amados pacientes”, nada que possa nos enforcar, degolar ou envenenar, pra eles todos nós somos doentes mentais.

“malucos”

Eu sou uma maluca.

Uma lágrima escorre meu rosto, mas eu limpo rapidamente, a enfermeira gorda e suada espera de braços cruzados que eu tire as roupas de segunda e vista as de terça, jogo o pijama da segunda no balde de metal acoplado em seu carrinho e me visto demoradamente de propósito fazendo-a praguejar entre dentes, ela empurra-me até o banheiro para que eu escove os dentes sob a sua supervisão e amarre meu cabelo com um elástico curto e fraco, minhas unhas são lixadas até ficarem tão rentes que chegam a machucar as pontas dos dedos.

–arranhe aqui.

Arranhei a superfície do braço da enfermeira, nenhum arranhão, nenhum machucado.

– confere. Agora beba.

Ela me dá a água e os comprimidos.

– abra a boca.

Abro-a

–levante a língua.

Levanto-a

A enfermeira suspira.

– tudo certo. Desça para o café da manhã em meia hora.

Ela sai fechando a porta e trancando-a como manda o procedimento padrão, ao ouvir o estalar dos cadeados ajoelho-me até o vaso sanitário estreito e forço a garganta com os dedos, as bolotas do remédio saem quase intactas numa massa laranja e pulam na privada, rapidamente aciono a descarga e cuspo com vontade.

Caminho até o meu quarto, graças ao meu delírio com um mundo mágico, com bruxas, espíritos, estátuas, destino... eu vim parar aqui.

“foi um surto psicótico pós traumático” disse o Dr. De cabeça chata pelo qual n me lembro o nome agora, “você ficou semanas em coma devido o acidente de carro, incubada, sob efeito de remédios muito fortes, tudo somou um extrato em sua mente, sonhos, delírios e emoções para a fuga da realidade querida. Suas cicatrizes e marcas são frutos do acidente, por isso o mais recomendável é uma estadia na melhor clinica psiquiátrica da região e...”

Esmurro a parede.

O quarto branco e higiênico no qual estou confinada me olha com sarcasmo, a cama de lençol fino, a janela para o jardim da clinica gradeado e com cortinas grossas e pálidas, na mesa de cabeceira tudo que eu trouxe da minha antiga vida, a vida que eu amava, a vida simples de adolescente, de amigos: uma foto minha tirada por Hugo, amassada, que o Agente Roger segundo minha “imaginação Fértil” me dera na noite do sequestro de Hugo e Amanda.

Nunca houve Meredith

Ou Sequestro

Ou Agente Roger...

A foto foi encontrada junto ao corpo de Hugo, lançado metros longe da estrada do carro em que nós estávamos, voltando de uma noitada de veteranos do ensino médio.

É a historia que me contam.

Mas é difícil crer que nada que eu vivi esse tempo todo, a profecia, foi um delírio...

Considerar Ícaro um delírio é insanidade.

Considerar Hugo morto me lacera por dentro.

A porta torna a ser aberta, outra enfermeira ordena que eu saia do quarto, saiu muda e entro na fila de pacientes rumo ao refeitório da clinica, o corredor branco mais parece a linha final de um pátio de execução. Posso ser considerada uma paciente exemplar, todos os dias a cena se repete de pessoas sendo arrastadas pra entrar na fila em pleno delírio devido aos remédios, malucos, socando as paredes, uns dizem-se Napoleão, outra jura que é Iracema, a virgem dos lábios de mel, a minha preferida é a Pepsi, paciente do 369, uma senhora de meia idade de pele escura e olhos altivos, ela odeia ser negra, seu auto-racismo a fez começar a se flagelar e tentar raspar a própria pele no passado, isso a fez ser internada aqui pela família, se quer irrita-la e vê-la furiosa pode chama-la de Pepsi,a comparação dela com o refrigerante preto a faz ranger os dentes como uma tigresa e partir pra briga, os pacientes mais corajosos (ou malucos mesmo, afinal todos aqui são) se arriscam a murmurar seu apelido pelos cantos prontos para serem esbofeteado logo pela manha.

Tem o Lego-Lego a minha frente, um cara pouco mais velho que eu tipo punk, ele não para nunca de mexer as mãos, fica sempre fingindo estar montando castelos de Lego, classificado por causa de um trauma de infância ou algo assim...

E as enfermeiras, sempre feias,arrogantes e autoritárias, suas vidas miseráveis a fazem descontar a cargo horária alta e os baixos salários em nós, pacientes, sem gentileza ou afeto em qualquer circunstância.

Mas o que mais dói em todo esse tempo não é ter que conviver com malucos, ou enfermeiras hostis, é o fato de nunca ter sido visitada aqui, nem por minha mãe, ou Amanda...

Com minha bandeja de ovos,pão,mingau de aveia e café sento-me seguida da Mudinha, Lego-Lego e uma enfermeira muito ocupada com seu celular de ultima geração.

Terminada a refeição muda como a morte é hora da recreação, apelida gentilmente pelas nossas carinhosas enfermeiras como “folga dos malucos”, somos conduzidos para o jardim murado, onde praticamos algumas atividades acompanhadas de psiquiatras.

Deitada na grama seca e que pinica a pele começo a pintar feições humanas.

–agora repita comigo, “ Meredith não existe.”

–Meredith não existe – digo para psiquiatra velha e adunca sentada de pernas cruzadas a minha frente.

– agora repita: “ Nem Mundo Meridional, Nem Ícaro, nem bruxas, nem Ravena, nem espíritos, nem Aria... nada disso existe”

Cerro os dentes, limito-me a repetir tudo.

A psiquiatra sorri.

– agora repita, “viverei para sempre no mundo real”

Repito isso e percebo que o quadro que estou pintando tem o exato rosto de Ícaro, aturdida, molho os dedos em tinta preta e desmancho o desenho com rapidez.

O sol se põe em algum lugar lá fora, mas a falta de claridade indica que é hora da janta: sopa de legumes rala com torradas e requeijão.

As luzes se apagam e somo postos em fila para retornar ao quarto, começo a andar para o meu corredor com a enfermeira a tira colo quando percebemos uma movimentação estranha no quarto 154, o meu quarto vizinho da frente, a porta está entreaberta, mas até onde eu saiba aquele leito esta vazio desde que Eduardo, o pedófilo, morreu de causas naturais.

– me soltem! Me soltem agora! – gritava a voz de um rapaz lá de dentro.

– vai ficar tudo bem meu jovem – dizia uma das enfermeiras – vamos só te dar um calmante, você vai esquecer de tudo.

– não posso esquecer! Tudo existiu! Ela existe! A Isa existe.

Meu corpo trava e meus olhos se esbugalham, num ímpeto corro até junto a porta do quarto para ver ele...

Ícaro, sendo sedado e atado a cama branca.

– Isa existe! Ela existe!

Ele existe!

– vamos sua mexeriqueira! – a enfermeira me puxa pelo braço e trancafia-me no meu quarto.

Ele existe! Ele existe! Ele existe!

É uma da manha e o corredor está em silencio, posso ouvir atrás da porta. Todos dormem; os malucos, as enfermeiras de plantão e os zeladores, todos menos eu, vomitei meu remédio pra dormir como de costume.

Forço a porta, inútil, está trancada e bem trancada. Começo a chorar de frustração.

Vou pra minha cama e afundo meu rosto no travesseiro, as lagrimas correm, escorrem e percorrem-me, inundando tudo, cada sentimento sufocado.

Uma súbita e arriscada ideia me ocorre, se aquele no quarto a frente do meu é Ícaro eu não posso perder nem mais um segundo.

Esgueiro-me até o banheiro, toda segurança tem suas falhas, tateio no escuro e sinto a barra de metal da porta de correr do Box, é fina mas para meu plano é mais do que suficiente, desrosqueio-a do seu eixo e tenho em minha mão uma arma, uma barra de ferro maciça.

Corro até a cama, coloco a barra debaixo do travesseiro.

E grito, grito com todas as minhas forças, começo a berrar como nunca na vida, minha voz é um pedido horroroso de socorro, não demora muito, a enfermeira gorda entra pela porta acendendo a luz com a seringa nas mãos e uma cara de irritação e sono.

–tive um pesadelo – digo arfando.

– vai passar queridinha, me dê seu braço...

Quando a enfermeira se aproximou o suficiente saquei a barra de ferro, um golpe, atingi bem em sua cabeça como uma bola de tênis em movimento, o golpe foi tão forte que fez a pobre se espatifar no chão completamente inconsciente.

– sinto muito. Sinto muito mesmo. E espero que você não esteja morta.

Amarrei bem a enfermeira com um dos lençóis e tratei de fazer a fronha de mordaça, a porta do meu quarto estava entreaberta, peguei o molho de chave em seu bolso que dava acesso aos outros quartos deste corredor.

Tranquei a enfermeira no meu leito, e sem pensar duas vezes, quase sem respirar pego as chaves correspondentes ao quarto da frente e abro-o entrando de rompante, com urgência.

A imagem dele desmaiado em seu leito, apenas com a luz da lua que vinha da janela fez tudo cair por terra, tudo fora real, eu tenho certeza, ali estava Ícaro, iluminado. Tranquei as portas novamente com o coração acelerado me aproximei devagar do seu leito, sentei-me na beirada da cama, comecei a acariciar seu cabelo e suas bochechas.

Um susto, ele abriu os olhos e seus braço foram direto em meu pescoço, me seguraram tão forte como se fossem quebrar ao meio.

–Isadora?

Assenti e ele afrouxou o aperto dos dedos.

– isso é um sonho? – perguntou ele com a voz doce.

Segurei-o pelos cabelos e o beijei como nunca beijei ninguém em toda minha vida, fazendo nós dois cairmos no seu leito.

– se for, por favor, eu te imploro pra não me acordar. – disse em meio aos soluços do meu choro desenfreado.

Ele me abraçou.

–então eu não estou maluco como todos dizem? Então tudo aquilo existiu mesmo? O Mundo Meridional, você, Aria, e as Flechas e...

– você é a prova viva de que nós não somos malucos, tudo aconteceu mesmo!

Ícaro tirou de dentro do bolso do pijama de terça-feira o pingente de cetro, agora parecia um colar comum, simples, não havia mais brilho mágico nele como outrora.

– eu carreguei isso comigo todo esse tempo! Ninguém queria acreditar em mim, eu simplesmente acordei no meu quarto depois do dia... que você reviveu, minha mãe e meu padrasto decidiram por fim que eu estava maluco e me internaram, mas no fundo do meu coração eu sempre tive certeza que você existiu Isadora! Eu sempre soube – ele suspirou me abraçando.

–revivi?

Ícaro engoliu seco e perguntou se eu estava preparada pra ouvir a verdade. Eu nunca estive tão pronta pra ela.

–quando você morreu, a Reversa apareceu, Glenda Purian, uma bruxa rival de Meredith prisioneira, eu estava colhendo cravos pra você pois aquele dia era o dia do seu cortejo de cremação, quando eu me aproximava do seu templo eu vi a hora em que Hugo desejou dar o fôlego de vida dele pra você, então a Reversa fez a troca, ela deu a saúde do corpo e da alma de Hugo pra você e você reviveu e ele...

– isso não é justo! – murmurei eu pensando no calor do sorriso de Hugo, na vida toda que ele poderia ter pela frente.

–ele te amava muito Isadora. – disse ele – agora o sangue que escorre em suas veias, seu coração,seu ar... é tudo dele, ele vive dentro de você, então os Guardiões nos levaram para a entrada do portal,todos os humanos, eles nos desmemoriaram em seguida colocaram a névoa para agir no mundo humano, criando uma historia diferente para justificar os acontecimentos, confundiram o tempo e espaço embaralharam tudo para que ninguém soubesse da existência real do Mundo Meridional, mas por algum motivo...

–nós dois lembramos de tudo...

– e você recuperou seu corpo.

– é - disse ele sorrindo – eu estava até bem acostumado a ser um espírito. Por um breve momento eu cheguei a acreditar que estava louco mesmo, que tudo que tinha acontecido, inclusive você era invençao da minha cabeça.

Hugo estava dentro de mim, sua essência, seu fôlego de vida habitavam em mim.

Não pude deixar de sorri com tristeza, meu coração bateu mais forte.

– se não somos loucos o que estamos fazendo aqui? Eles inventaram desculpas pra morte de Hugo, anularam os desaparecimentos e nós dois derrotamos Meredith, porque vamos pagar de loucos se estamos certos?

Eu e ele sorrimos maliciosamente um pro outro.

– você existe! – eu disse.

– você também!

Ele me beijou longamente por tanto tempo que me fez parar e esquecer tudo em volta. O dia já estava amanhecendo, a fraca luz das cinco da manha estava invadindo as janelas...

Ele pegou em minha mao e eu peguei o molho de chaves, tranquilamente enquanto tudo dormia ao nosso derredor saímos de mãos dadas para fora do hospital.

– tem vigias lá fora –lembrou-me ele.

– derrotamos uma pá de monstros, uma praga e uma bruxa satânica, você está com medo de um guardinha de hospital?

Ele sorriu e colocou o colar de cetro em meu pescoço.

– Ícaro?

–sim, meu amor?

–onde estamos?

O carro roubado estava a cem por hora na estrada, metros de desertos se estendiam pelos dois lados da estrada, unidos a vegetação seca, o por do sol se misturava ao inicio de uma noite mágica as estrelas começavam a se erguer no horizonte azul marinho.

– não faço a menor ideia meu bem.

Eu sorri.

Peguei em sua mão que mexia com atenção na macha do carro, ele estava realmente lindo o cabelo voando pra trás e um sério óculos de sol, fora seu sorriso que iluminava meu mundo.

Aumentei o volume do som do carro.

– está afim de acampar no deserto meu bem?

–isso faria mal ao bebê não? – eu alisei a barriga.

– creio que não. Nada mais pode fazer mal a gente, nada! É hora de viver meu bem! É hora de viver.

Ícaro pegou o colar de cetro no meu pescoço, não havia mais o espírito de magia nele, Aria se fora, iria descansar em paz pra sempre agora.

Ele jogou-o pra fora longe, estacionou o carro num trecho seguro do deserto.

Ele me beijou longamente.

– isso não é um feliz pra sempre, temos 20 anos, não temos emprego e um bebe a caminho.

– cara... sobrevivemos a muito que isso.

– e vamos continuar sobrevivendo meu bem. Confie em mim.

Segurei em sua mão, sem temores...a vida agora pra nós três: Eu, Ícaro e o bebe Hugo era um livro aberto, real, onde tudo era possível.


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