Dangerous escrita por Carolina Moreira


Capítulo 12
A felicidade é momentânea


Notas iniciais do capítulo

Olá vocês! Obrigada por comentarem, favoritarem e tudo mais. Vejo que o numero de leitores crescem a cada dia.



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Capitulo 12 – A felicidade é momentânea

Acordou sorrindo, olhou para o teto e viu seu ventilador quebrado, ela estava na sala, a dor de cabeça era forte, se levanto e foi até a cozinha, pegou algumas pílulas e engoliu. Pegou o telefone e discou o numero de uma faxineira. Em alguns minutos a mulher chegou.

– Seu dinheiro está em cima do balcão – disse Lira subindo as escadas, ela queria desmontar em sua cama, mas ela estava ocupada por duas garotas. Chegou mais perto pra ver quem era e não reconheceu – ao orgulho gay! – sussurrou tomando um gole da garrafa que tinha em seu criado-mudo, deitou-se no meio das meninas que acordaram vagarosamente, riram - vai um beijo triplo pra fechar - recebeu em sua boca duas línguas suaves e sorrisos. Levantou-se e deixou que elas descansassem.

Ela havia trancado o quarto de seu irmão então sabia que lá havia um espaço vago, destrancou a porta e se adentrou, subiu no berço e se colocou em posição fetal e adormeceu.

Acordou quando já era noite, saiu do berço, não tinha um caco de vidro fora do lugar, aquela mulher era magica. Não haviam mais pessoas na sua casa, e até as pichações de Lira a mulher tirou das paredes. Pegou a chave do Volvo e dirigiu até o hospital. Na recepção disse seu nome e foi encaminhada até o quarto de seu pai, infelizmente ele só recebia pessoas na hora de visita. Esperou um pouco até que a deixaram entrar. Ela não estava se sentindo bem, mas sabia que precisava ver o cara que quase matou.

Ele sorriu ao ver Lira, oque foi impressionante vindo de uma pessoa que esta vendo o seu agressor. Sorrindo torto ela se aproximou da cama.

– Me desculpe – sibilou e o homem concordou, começando a chorar ele apertou a mão de Lira – eu te amo – falou Lira aos sussurros, ele não respondeu só balançou a cabeça. Seu braço estava enfaixado. Ele disse que receberia alta hoje e que iriam pra casa da Avó Liranda. Lira recebera o nome em homenagem a avó por parte de pai. Ele disse que sua mãe estava exigindo que ela crescesse um pouco sozinha, que requeria atenção demais e por isso era desse jeito.

Mas na verdade era o ao contrário. Lira não recebia atenção nenhuma por isso era assim. A enfermeira bateu na porta avisando que o tempo de visita estava acabado, Lira deu um beijo na cabeça do pai e saiu sem olhar pra trás. No carro colocou pra tocar Dark Paradise da Lana Del Rey e sentia as lagrimas escorrendo em suas maças do rosto. Parou o carro perto do beco e limpou o rosto com a manga da camiseta. Subiu a escada de metal em espiral e entrou na casa de Naomi.

A menina estava sozinha, estática no sofá. Quando ouviu que Lira se aproximava virou o rosto para encara-la.

– Oi – disse timidamente a garota com cabelos ruivos. Lira não sabia oque queria ali, só sabia que deveria estar ali. Naomi olhava pra ela com seus olhos cinzas e não falava nenhuma palavra, encostou a cabeça no ombro de Lira e adormeceu, a menina ficou fazendo cafuné, observando tigresa dormir. Quando acordou, piscou seus olhos doces pra garota que a acariciou durante todo seu sono – quer... Conhecer um lugar? – perguntou Lira.

Ela balançou a cabeça e deu aquele sorriso torto favorito de Lira. Lira era apaixonada por sorrisos. Entraram no carro, e foram até a estrada de terra. Lira pediu que Naomi fechasse os olhos e conduziu-a até seu lugar favorito. O campo de amoreiras.

– Pode abrir – falou Lira. Estava amanhecendo, oque tornava tudo mais especial. Elas viram o céu róseo se tornar laranja, e então amarelo com linhas azuis, viu a copa das árvores serem acesas com a luz do dia e os passarinhos acordarem e começarem a cantar.

– É lindo – falou Naomi finalmente – um lugar adorável – completou sorrindo pra Lira, que retribuiu o sorriso meio sem jeito. Se levantou e foi olhar as amoreiras – pena que não é tempo de amoras – disse procurando atentamente nos galhos da planta.

Lira também se levantou, vasculhou, vasculhou e finalmente avistou uma amora gorda e roxeada no topo de uma das amoreiras.

– Ali – falou mais alto para que Naomi que estava um pouco distante escutasse – ali tem uma – sem pensar duas vezes Lira foi escalando a árvore, não era uma coisa que ela costumava fazer, mas se fosse por Naomi nem existiria alternativa, seus cabelos estavam ficando cheios de folhas verdes, chegou até o topo da árvore e esticava o braço pra alcança-la, os galhos ali eram muito finos e quebráveis, ela precisava ser cuidadosa, quando conseguiu pegar a amora não hesitou em pular, mas seus joelhos eram fracos e cederam, mas ela ficou de joelhos e segurou a amora com força suficiente para não derruba-la e não amassa-la – toma – disse estendendo a amora das mãos para Naomi, a menina pegou a amora e ajudou Lira se levantar, deu uma mordida e deu a outra metade pra Lira – obrigada – Naomi estendeu a mão, mas quando Lira foi pegar Naomi recuou, colocou mais alto para que ela colocasse direto na boca, sorrindo Lira abriu a boca, sentiu o gosto da amora ali, era tão doce. Lira sorriu pra Naomi e se levantou, mordeu o lábio – esta com você- disse tocando no ombro da amiga e correndo.

Naomi demorou um pouco pra aceitar a brincadeira, mas se levantou de bom grado depois de pensar. Elas correram na colina, se esconderam atrás de arvores, fizeram cocegas uma na outra e se divertiram.

– Vou te pegar – gritou Naomi correndo, Lira tropeçou e rolou a ladeira parando numa clareira – cadê você?

– Aqui – gritou Lira - eu cai – completou. Logo Naomi chegou e se sentou na clareira do lado dela. Lira viu algo brilhar perto de um dos arbustos. Engatinhou até e achou. Aquela sua lâmina velha perdida.

– Que foi? – perguntou Naomi que respirava com dificuldade depois de tanto correr.

– Não, não é nada não – retrucou Lira analisando a lâmina que começara ficar um pouco enferrujada. Ouviu algumas folhas sendo amassadas, e galhos sendo quebrados por pés e quando olhou para a sombra de um carvalho velho e cheio de folhas, viu o sorriso de Clove sair das sombras – oque você quer? - perguntou grosseira.

Ela sorriu, Naomi abraçou a menina dizendo que estava ali, mas os ouvidos de Lira estavam tampados para sons externos, ela só conseguia ouvir a risada de Clove tintinando em seus ouvidos.

– Você não aprende não é – disse se referindo a Naomi, se uma pessoa normal ouvisse oque Clove dizia talvez não entendesse, mas Lira seguia a linha de pensamento de Clove sem nenhum problema – ela não te ama, ela não te quer. Ninguém te quer como eu.

Lira se soltou do abraço de Naomi e chegou perto de Clove, olhando com desprezo cuspiu em sua cara.

– Eu tenho nojo de você, nojo – Clove dava gargalhadas, e todo o poder que Lira sentiu por um momento se esvaiu, Clove conseguiu ver isso pelos olhos da menina. Naomi estava jogada no chão, olhando com medo pra Lira.

– Igual a sua mãe – disse Clove circulando Lira, que cerrava os punhos e bufava – você é completamente igual a vadia da sua mãe – dizia ainda rindo. Lira empurrou Clove e pegou a mão de Naomi, saiu correndo.

Não adiantava o quão rápido ela corresse, não adiantava pra onde ela ia, se Lira fechasse os olhos sentia que Clove estava ali, como uma sombra.

– Oque foi Lira? – perguntava gritando Naomi – Lira, você está me assustando. Oque tem aqui? Quem está atrás de nós? – perguntou Naomi apavorada.

A risada de Clove ecoava nos ouvidos de Lira, ela estava em todo lugar, atrás de árvores, ao seu lado, na sua mente, em tudo, em qualquer lugar. Lira parou de correr e cerrou os punhos. Que ela venha. Pensou.

Lira olhava por entre os fios de cabelo que caiam sobre sua face. Ela não estava ali. Ela não queria olhar, não queria ousar tanto. Mas Naomi estava gritando desesperada enquanto Lira ficava ali, com os cabelos no rosto, estática, arfando ainda com os punhos cerrados. Assustadora.

Sem saber oque fazer Naomi puxou ela por um dos pulsos forçando a garota a andar, ela não sabia do que estava correndo, porque estava correndo e nem pra onde ela estava indo. Ela só corria. Lira estava fora de si, parece que havia se teletrasportando pra outro mundo, onde não houvesse nenhuma outra alma viva, ou eu sei lá, nenhum motivo pra que ela mesma mantivesse a sua alma com vida.

Acabou que Naomi escorregou e elas rolaram até que elas bateram em pedras que beiravam uma cachoeira linda.

– Uau – suspirou admirada Lira, ela olhou para Naomi e estava com os olhos igualmente alarmados e encantados. Elas estavam sentadas, uma por cima da outra. Naomi olhou para Lira e sorriu.

Naomi nem pensou mais de uma vez antes de tirar sua camiseta laranja e seu short jeans, olhou para Lira e sorriu. Pulou na água.

– Nossa! – exclamou com a boca aberta – essa água esta muito boa. Uma delicia.

Lira se virou e começou a se despir, enquanto Naomi batia queixo e ficava com a boca roxa de frio Lira pulou de olhos fechados.

– Merda – disse Lira quando chegou a superfície depois do mergulho – essa merda está congelante – jogou água na cara de Naomi brincando – você mentiu pra mim idiota.

Naomi retribuiu a brincadeira, e elas riram um pouco, deixando tudo que estava em sua mente por fora. Lira se apoiou numa pedra, deixando seu braço fora da água. Horrorizada Naomi chegou perto da menina e segurou com força seu braço.

– Oque é isso? – perguntou ainda olhando pra os machucados que começavam a se cicatrizar – você me prometeu que pararia com isso – protestou jogando o braço de Lira dentro da água e repreendendo a garota com o olhar – porque Lira?

Ela não respondeu, desviou o olhar e foi se enfiando vagarosamente dentro da água até estar completamente submersa. Nadou até outra extremidade. Estava envergonhada, mas não queria que estragasse aquele único bom momento de sua vida em tantos outros que ela preferia nem ter vivido.

Lira saiu da água quase que implorando por ar, enquanto estava pensando em como salvar o dia esqueceu-se de respirar. Idiota. Apoiou-se novamente numa pedra e olhou para cachoeira, pra copa das árvores, pras pedras com musgo. Quase que implorando que elas lhe dessem uma resposta. Olhou pra Naomi que estava sentada na água. Ela estava encantadora, seus olhos se contrastavam com a água límpida e seus cabelos molhados faziam seu rosto ficar proeminente dentre o resto do corpo. Ela parecia tão madura olhando daquele jeito, com o rosto cheio de amargura e sabe-se lá oque mais ela estava querendo transparecer. Lançou um olhar raivoso para Lira, que desviou seu próprio olhar para uma pedra que cortava o fluxo da cachoeira. Forçou a vista e percebeu que na mesma altura havia uma depressão pra dentro, um buraco, uma caverna.

– Ei – chamou atenção de Naomi – eu te desafio a entrar no buraco – Naomi continuava olhando pra ela com aquele olhar desaprovador, olhou para o buraco, provavelmente analisando a proposta – ah, por favor, Naoms – implorou.

Naomi pegou seu short e o maço de cigarros que ali guardava, olhou para o buraco novamente, olhou pra Lira, sorriu e indicou pra entrarem.

Lá dentro era muito úmido, era bom estar ali, só com Naomi, longe de tudo. O lugar era um pouco apertado, mas era tão bonito ver a floresta por entre a água corrente. Lira olhava fixamente para o verde embaçado das árvores, podia jurar ver os olhos de Clove guiando-lhe, mas afastou aquilo dela enquanto podia, antes que Clove penetrasse em sua mente e a enlouquecesse. Naomi fumava seu cigarro.

– Quer? – perguntou oferecendo pra Lira, que aceitou. Fumavam em silêncio, Lira continuava olhando a floresta enquanto Naomi olhava os ossos proeminentes de Lira – você parece a merda de uma Barbie anoréxica – dizendo isso Naomi sacodia a cabeça.

– Não começa – pediu Lira que não queria pensar nisso, ela gostava de ser assim – alias, a Barbie é loira, tipo você – falando nisso ela pensava em como seu corpo era perfeito, ela amava seu colar de ossos, sua clavícula, achava lindo poder contar suas costelas e sentir o osso em sua perna se afundasse um pouco o dedo na carne.

Naomi continuava balançando a cabeça, Naomi não era de todo magrela, ela tinha umas gordurinhas aqui e ali ao lado do corpo, tinha pernas grossas, sua barriga era bonita, as gorduras não invadiam ali, com a barriga chapada seus peitos pareciam maiores, pareciam saltar de seu corpo. Seu sutiã era branco, Lira como uma ótima observadora que era conseguiu notar que, mesmo por baixo de seu sutiã, o bico do peito de Naomi era delicado e rosado.

– Seu corpo é ridículo Lira – não, não é – você parece uma vareta. Se eu soprar muito forte você voa – riu Naomi, Lira achou engraçado, mas não queria rir, se ela risse se daria por vencido e ela não queria perder.

– Naomi – começou Lira – eu queria te dizer uma coisa – mas ela já havia dito, não havia nada pra dizer, mas ela não queria perder a oportunidade que ganhara – eu... eu te... Oque eu sinto por você.... Eu sinto que...

– Me ama – completou Naomi ainda sem olhar nos olhos de Lira – mas se me amasse não faria isso no seu braço, você tinha me prometido – botou o cigarro na boca silenciando à si mesma, fumou um pouco, tragando seu cigarro com vontade.

Lira balançou a cabeça em concordância.

– Naomi, será que você não entende? – dizia com tom angustiado e indignado – É uma força maior que eu – dizia Lira – eu não sou nada.

O celular de Naomi começou a tocar, era James. Ela clicou o botão de desligar. Eles tinham marcado de se encontrar no bar perto da casa dela, mas foda-se. Foda-se tudo.

Naomi pegou o cigarro de Lira e jogou junto o seu pra fora da corrente da cachoeira. Pegou na cintura fina de Lira e a empurrou pra o chão, sentou em cima dela e colocou os lábios nos lábios tremidos de Lira, a garota não sabia oque fazer, estava totalmente sóbria, não sabia nem onde por a mão. Naomi começou a passar a língua perto dos lábios de Lira. Ela estava delirando? Não. Lira decidiu que se aproveitaria dessa oportunidade, não deixaria isso passar. Colocou a língua na boca de Naomi. Elas se entrelaçavam e se uniam. A saliva quente de Naomi tinha gosto de menta, como a de quem acaba de escovar o dente. Naomi pegava nos cabelos da nuca de Lira, fazendo-a estremecer. Lira girou o corpo, ficando por cima de Naomi, dominando a situação. Ela tinha visto como fazer isso num filme, mas não sabia direito onde por a mão, a lingua nem nada, mas continuou. Desceu o corpo de Naomi beijando cada centímetro, sentiu a água gelada correr em seus pés, o lugar era ruim, mas foda-se. Puxou vagarosamente a calcinha de Naomi pra fora e começou a fazer seu oral. Naomi colocou as mãos pra trás, abriu os olhos e suspirou forte, começando a arfar. Lira começou a trabalhar além da língua os dedos, pela expressão da parceira parecia estar indo bem. Naomi fechou os olhos e soltou gemidos leves. Lira colocou mais um dedo e decidiu voltar para beijar Naomi enquanto dedava a moça. Não satisfeita com dois dedos colocou o terceiro. Naomi não conseguiu beijar Lira, soltou um gemido alto. Lira sentiu sua mão molhada.

Colocando as roupas Naomi olhava pra Lira de um modo diferente, sorrindo maliciosa, como quem quer dizer algo. Depois de vestidas começaram a subir o morro que desceram rolando. Naomi segurou a mão Lira, oque fez o coração da menina parar por alguns instantes.

– Pra quem se dizia virgem você parece bem experiente – soltou Naomi enquanto olhava seus próprios pés - James nunca foi capaz.

Estava preocupada se este seria apenas mais um daqueles seus altos e baixos, onde tudo parecia ser perfeito e depois desmoronasse tudo nas suas costas.


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Notas finais do capítulo

Eai? Oque acharam? Criticas são sempre bem vindas.
Obrigada por tudo, espero que gostem.