Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 28
Capítulo Vinte e Oito


Notas iniciais do capítulo

Felizes?
dois capítulos em um dia.
é Só pra comemorar a nova capa.
Digam o que acharam dela!
Boa leitura ;)



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Duas semanas se passaram, Não tivemos nenhuma noticia de Misty, acredito que ela esteja morta, mas meu coração deseja que ela tenha encontrado algum lugar bom para se proteger. Adrian e meu pai já estão bem melhores dos ferimentos. E nós quatro – homens - estamos revezando a vigilância da casa em turnos de seis horas cada.

No momento são três da tarde, tenho mais três horas aqui no mirante. O melhor de tudo é que aqui, além de podermos ver quase toda extensão da fazenda, temos os televisores com as imagens de cada câmera. Conforme os dias foram se passando, começaram a aparecer mortos nas redondezas da casa, mas os muros, além de altos, são muito resistentes, no começo das aparições, decidimos matar cada um que ia aparecendo, mas vimos que era inútil, e outra, cada vez que matávamos um apareciam mais dois. Então deixamos cercarem a casa, no momento não precisamos de nada lá de fora. E eles não vão conseguir nada daqui.

Em algumas horas vagas Adrian e Ben me ensinam a pilotar moto e carro, Jenna também tem aulas, mas é sozinha com Adrian. Meu pai nem desconfia da relação deles, mas minha mãe sabe de cada detalhe, e aprova o namoro.

Vejo Adrian subindo as escadas, vindo me substituir.

– Não deu seu horário ainda Adrian. – comento.

– Eu sei, mas estava precisando conversar com você sobre alguns assuntos... – Não sei o que ele quer falar comigo, mas deve ser alguma coisa do relacionamento dele com a Jenna.

– Cara, depois do tiro que levei... – Ele interrompe, indo até a janela do mirante e olha por toda extensão da fazenda. Não tem nada a ver com ela, mas é pior que isso, já tinha até me esquecido daquele incidente. Ele prossegue, sem olhar para mim. - Fiquei pensando em algumas coisas. Eu estava sendo muito vaidoso, o mundo em completo caos e eu aqui, pensando em minha forma física, talvez tenha sido por isso que levei aquele tiro. Colocou muita coisa no lugar...

– Adrian. – Interrompo. – Tenho que te confessar uma coisa...

– Fala aí.

– Sabe quando estávamos saindo da cidade, então... – Agora sou eu quem não consegue olhar para ele, abaixo minha cabeça. – Eu pensei em atirar em você, mas não tinha sido por mal, os zumbis estavam te alcançando e eu peguei uma arma, ia pegar um fuzil M4, mas decidi não pegar por poder acabar te acertando, mas lembro em detalhes meus pensamentos naquele momento. mas bem que ele merecia tomar um. Foi isso que pensei.

– Tudo bem...

– Mas não é só isso – interrompo novamente. – Na hora que fugi pra floresta, lembrei que você tinha cochichado no ouvido do Ben, e ele deixou Misty ficar de campana. No momento fiquei com ódio de você, e pensei em te dar um tiro mesmo.

Ele não diz mais nada, chego ao lado dele e vejo que ele está com raiva.

– Pode ir, eu assumo o restante do seu turno.

– Cara, acho que é pedir muito, mas gostaria que você me perdoasse, juro pra você que não queria ter atirado em você, mas dizem que a força do pensamento é muito forte.

– Já disse, pode voltar pra lá. Eu assumo daqui.

Desço as escadas e volto para a casa de bicicleta, decidimos trocar os meios de locomoção dentro da fazenda, por alguns motivos óbvios: Não podemos gastar muito combustível, faz menos barulho, atrai menos deles, é bom para a saúde. Apesar de ser mais cansativo.

Chegando a casa, posso sentir um cheiro delicioso de refeição. Entro na cozinha e vejo que minha mãe está preparando arroz de forno, bife a milanesa, salada grega.

– Que horas sai à refeição? – Pergunto.

– Já chegou menino? Não era pra estar no mirante?

– Sim, mas Adrian pediu pra me substituir. – Explico.

- Então vá tomar um banho, quando o jantar sair peço pra alguém te chamar.

– Subo as escadas, vou até o banheiro, e tomo um banho rápido, e me jogo na cama.


* * *

Desço as escadas, e não vejo ninguém na casa, procuro em todos os cantos e nada. O que será que aconteceu? Um silêncio paira no ar, ouço somente os sons do coaxar dos sapos, e os grilos estridulando.

Saio de casa, não vejo ninguém, uma luz está acesa na casa menor, corro até lá, e vejo todos sentados, estão todos chorando. Não sei o motivo, vejo que está faltando alguém muito importante. Grito:

– MÂE! Cadê minha mãe?

Ninguém responde, ouço o barulho da porta do quarto de Ben sendo arranhada, não acredito no que vem em minha mente.

– Não me digam que... – Começo a chorar incontrolavelmente. – E vocês não vão fazer nada? Vão deixa-la nesse estado?

– Seu pai não quer mata-la. Ele quer procurar a cura para essa doença.

– Como ela se transformou? - Tenho que vê-la.

Corro em direção do quarto. Abro a porta, ela tenta me atacar, mas está presa em duas cordas. Vejo os olhos dela sem vida, que antes eram castanhos claros, e sempre brilhando com esperança. Lagrimas rolam constantemente.

– Mãe, eu te amo, por que nos deixou? É triste ver você nesse estado. – Nesse momento algo surreal acontece, parece que estou lendo os pensamentos dela.

– Filho... Sei que... – Não, não são pensamentos, ela está falando de verdade. Mas pausadamente. Como isso é possível? – o Char... Não quer... Me matar...

Minhas lagrimas aumentam, e começo a chorar de soluçar, agora tenho mais esperança. No fundo eles não estão mortos, isso é somente alguma doença. Concordo plenamente com o meu pai, temos que procurar uma cura para isso.

– Mas por... Favor... Faça isso.

– O que? Como assim? Vendo você pronunciar essas palavras, só aumenta minha vontade de ver você viva novamente.

– Filho... Espe... Rança... É o que... Sempre tive... Mas só voltei... A andar... Depois de Morrer... É muita... Ironia do... Destino...

– Mas mãe...

Ela volta a ficar incontrolável. Tenta me atacar de todas as maneiras, acredito que seja minha imaginação. Ela nunca poderia falar comigo mesmo, estou ficando louco. Mas ela volta a se acalmar.

– Filho... Você não... Sabe... Mas quando... Estamos ne... Nesse estado... O que... Mais desejamos... É poder... Morrer em paz... Tenho plena... Consciência... De tudo... Que faço... Mas tem uma... Força maior... - Ela para de falar, e coloca as mãos na cabeça. Se joga no chão, e se debate, vejo muita gosma saindo de sua boca. Ela bate mais duas vezes a cabeça no chão e se acalma.

– Tem... Uma força maior... Nos controlando... Por favor... Mate a mim... E também... Mate a todos... Todos os outros... Que encontrar...

– Mas e uma cura mãe?

– Não existe... Não existe... – Ela coloca as duas mãos sobre a cabeça. Parece que alguém não quer que ela fale. Ela faz um grande esforço para se restabelecer. – Não existe Cura!

Após proferir essas palavras, ela corre em direção à parede, se chocando fortemente. Vejo seu crânio se partindo e ela desabando no chão.

– NÃO! – Grito bem alto.


* * *

Olho para os lados e só vejo escuridão. Desço as escadas, estão todos se ajeitando à mesa. Vejo minha mãe pegando os talheres, corro até ela e dou um abraço forte nela.

– Eu te amo. – digo e repito: - Eu te amo demais mãe. E desculpa todas às vezes que te desobedeço, e em momentos que não te digo isso. Quero dizer também que sou muito grato por você me tratar como um príncipe, e não agradecer de maneira apropriada.

– Obrigado filho. – Vejo lágrimas nos olhos dela. Olho em volta, todos estão olhando estupefados, e com lagrimas nos olhos. – Mas o que deu em você?

– Foi só um pesadelo que tive mamãe. Só um pesadelo.


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