– Desculpa, mas tudo o que aconteceu foi culpa minha. – Admito.

– Não é bem assim não. – Explica Ben. – A garota lá estava estranha, querendo ficar sozinha, enquanto procurávamos os geradores.

– Imaginei que ela fosse fazer isso. – Meu pai diz. – Continue.

– A deixamos de vigia na entrada do hospital, e quando voltamos, ela não estava, tinha sumido. Pensamos em procurar ela, mas a cidade estava dominada por aqueles seres – ele para e olha para mim. – Agora é com você.

Pensei que ele fosse contar tudo em seu ponto de vista, mas ele me permite explicar o porquê fiz tudo aquilo.

– Então... Eu estava furioso com os dois por não estarem procurando ela, por termos abandonado ela naquele fim de mundo. Pulei da caminhonete e corri pra voltar para a cidade. Alguns zumbis me perseguiram na mata, e foi então que Adrian apareceu de repente, com o susto acabei atirando nele. Mas juro que não foi minha intensão.

– Richard, essa garota já queria ter sumido da outra vez. – Meu pai vem até a mim pedindo para sentar-me no sofá. – Não sei se o que estou pensando é verdade, mas algo me diz que o que aconteceu na cabana tem a ver com aquele sumiço dela. Não tenho certeza, é uma somente uma hipótese. O mais seguro agora será ativarmos as câmeras e fazermos turnos vigiando a casa.

Levanto-me, não acredito que ele está pensando isso dela. Ela não seria capaz de fazer isso comigo, salvei a vida dela. Vejo meu avô vindo até a sala.

– Desculpa a intromissão. Mas não podemos priorizar a vigilância da casa, estou velho e não posso cuidar sozinho da fazenda, preciso da ajuda de vocês para cuidar das plantações e animais também.

– Verdade. – Diz meu pai. – Eu ia conversar com eles isso também.

– Estou indo arrumar os geradores, você pode me ajudar? – Pergunta Ben, dirigindo-se ao meu pai.

– Claro! Vamos lá.

– Vocês não vão comer primeiro? - Pergunta minha mãe. – A comida já deve até estar fria.

– Depois querida.

– Você. – minha mãe aponta para mim. - Venha almoçar filho.

Assinto, vou até a cozinha. Abro as panelas e vejo uma excelente refeição. Arroz, feijão, Purê de batata e salada repleta de folhas e legumes. Sirvo-me e sento sozinho na cozinha. Levanto e busco a jarra de suco de limão. Volto para a mesa e tomo um susto ao ver quem está sentado comendo minha comida.

– Adrian!

– Não está feliz de me ver? – ele diz, sorrindo.

– Estou, mas pensei que você estivesse dormindo.

– Obrigado por me servir. – Caçoa. – Só podia ter esquentado, mas está deliciosa.

– Desculpa ter acertado o tiro em você.

– Com o jeito que você atira, posso servir até de alvo se quiser. – Percebo que nem um tiro o faz perder o bom humor, o que é muito bom. Ele não vai tentar se vingar de mim.

– Como está o ferimento?

– Ótimo, não pegou em cheio no peito, além de ter sido no lado direito. Mas agora vou falar sério. – Ele se ajeita na cadeira. – Eu sei que às vezes eu sou chato, só faço brincadeiras, e menti pra você mais cedo. Mas isso não deve ser motivo pra você querer me matar. Me fala uma coisa, e por favor, com sinceridade. Por que você não gosta de mim? Eu fiz alguma coisa que te magoou? Afinal, eu sempre tento levar você comigo nas buscas, pra tentar me aproximar.

– Desculpa novamente. Não foi te acertei por que eu quis, eu juro. – Aproximar? Ele realmente disse isso, Ele quer ser meu amigo? Tenho que contar pra ele os motivos, mas não nesse momento. – Gosto de você sim, e tenho muito a te agradecer. Se não fosse você, não estaríamos aqui.

Terminamos de almoçar, e nos reunimos todos na sala. Meu pai explica como ficarão os turnos. Adrian e meu pai - por estarem machucados - vão fazer turnos durante o dia no mirante, enquanto Ben e eu faremos turnos no período noturno. Jenna e mamãe ficarão responsáveis pela casa e todos os homens irão ajudar com as plantações e animais, como o vovô tinha pedido.