Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 12
Capítulo Doze




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Após morder o braço de Tina, ela avança rapidamente para o pescoço. A garotinha solta um grito abafado que faz com que meu pai saia da cozinha e veja a cena. Hanna e Don também vêem. Hanna se desespera e vai até a zumbi e chuta a cabeça dela com toda sua força para afasta-la de Tina.

– Ajudem aqui! - Grita ela desesperada. Tentando estancar o sangramento que está no pescoço e no braço de Tina.

Donovan chega perto delas e olha para Grace, que está tentando se levantar.

– Como você se tornou um deles? - Pergunta Donovan, mas não está esperando resposta dela. Grace se levanta e faz alguns barulhos que saem por sua boca, mas ninguém entende o que fala. Como ela se transformou tão rápido? Faz poucas horas que tinha falado com ela. Percebo que a história que Misty nos contou é verdadeira. Todos estão parados olhando a cena acontecer. Grace ataca Donovan, que rapidamente pega a arma do cinto e acerta uma bala na cabeça de quem antes era sua avó. Vejo Hanna chorando ao lado do corpo de Tina que ainda está viva, mas a respiração está ficando mais fraca.

– Peguem os kits de primeiros socorros! - É minha mãe ordenando. - Rápido!

Saio correndo para buscar os kits.

Donovan se abaixa e pega Grace no colo, ele chora, é deprimente vê-lo chorar. Adrian chega perto dele.

– Desculpe Don. - Diz ele coloocando a mão sobre seu ombro para conforta-lo. - Eu imaginei que ela se transformaria, mas não pensei que seria agora. - Donovan com uma expressão confusa no rosto solta Grace e se levanta.

– Como assim sabia? - Vejo que ele está se alterando. - Como sabia disso? Ela não foi mordida! Ela não podia se transformar em um deles!



– Calma cara. Mais cedo a garota ali nos contou como a avó dela se transformou em zumbi. - Vendo que Donovan está chegando mais perto, Adrian dá dois passos pra trás por precaução - Não precisa ser mordido para se transf... - Não deixando Adrian terminar de falar, Donovan dá um soco na cara dele.



– Por que não nos contou?! Você sempre faz isso, guarda as coisas pra você! Nunca conta nada pra ninguém! Quer dar uma de sabe tudo. Já cansei desses showzinhos seus, sempre querendo impressionar as pessoas; garotas principalmente.

– Me dá os kits, Richard. Rápido! - Tinha se esquecido de dar os kits pra minha mãe, estava muito interessante a briga entre os dois. Quando vou enregar os kits para ela, algo me faz parar. Hanna que estava olhando a briga dos dois não percebeu que a Tina já não se mexia. E de repente, Tina acorda e agarra os cabelos de Hanna. Ela grita. Donovan olha pra trás e vê a cena acontecer. Tina, aquela garotinha frágil e sorridente, morde o rosto de Hanna, que grita novamente, mas dessa vez de dor. Meu pai reage ao acontecimento, e atira na cabeça de Tina com a arma que estava em seu cinto. O sangue dela espirra para todos os lados.

Donovan olha para meu pai com uma cara de espanto. Mas não está preocupado com o tiro que acertou a Tina, mas sim em socorrer sua esposa. Ele tira a camisa e coloca no rosto de Hanna. Ela está chorando, não parece ser um choro de dor, mas de saber o que vai vir a seguir. Donovan que já estava triste pela morte de sua avó, agora está desesperado. Imagino como é perder todos que ama. Se fosse eu em seu lugar, não sei o que faria. Ele pega Hanna no colo e leva para o quarto deles.

Entrego então os kits para mamãe, mas não sei se ela pretende usar. Ela pega e vai até Adrian, que está com um sangramento na altura dos olhos.

– Precisa de ajuda? - Pergunta ela. Mas ele não responde. Levanta e anda até a borda da piscina onde se senta.

* * *

Vejo Jenna indo até Adrian. Meu pai chama minha mãe para a sala, Misty e eu ficamos na cozinha. O vírus é muito rápido, quando menos imaginar, ele já tomou conta das pessoas. Estou começando a sentir medo.

– Eu avisei, mas acho que nenhum de vocês acreditou em mim. - Não consigo ver compaixão nenhuma na voz de Misty enquanto ela fala. Eu aqui pensando que poderia ter sido com minha mãe ou irmã e ela nem ligou para o que aconteceu.

Passam-se algumas horas. Ninguém mais conseguiu tocar no assunto. Donovan e Hanna ainda estão trancados no quarto. Misty se juntou a Adrian e Jenna. Enquanto eu e meus pais estamos sentados na sala.

Ouço o barulho da porta do quarto, Donovan sai de lá. A expressão em seu rosto é sanguinária. Ele sai pela porta da frente, Vai até a Montana e pega armas, bombas e munição, muita munição. Perto da Montana está uma moto, que é de Adrian; ele sobe nela e dispara pela estrada.

– Onde esse louca está indo com a minha moto? - Adrian Chega correndo após ouvir o ronco de seu brinquedo.

– Não sei, ele pegou armas e saiu, nem falou com ninguém. - Respondo. Vejo todos chegando e olhando para a estrada - que está com um imenso rastro de poeira - onde Donovan foi.

– Preciso pegar minha moto. - Diz Adrian, mas imagino que o que ele queria dizer era: vou lá ajudar o babaca do meu primo. Ele entra na Montana, o sigo e entro também.

– Onde você pensa que vai? - Pergunta Adrian.

– Vou junto, estou precisando me divertir.

– Richard, Você fica. Deixa que eu ajude o Adrian. - Meu pai abre a porta do passageiro. - Ele vai precisar de alguém que saiba usar uma arma.

– Isso mesmo pai, Você fica na carroceria pra atirar nos zumbis, e eu fico de co-piloto do Adrian. - Vejo que meu pai não gosta do que falo, mas Adrian ri do comentário.

– Deixa ele ir com a gente, tá na hora dele virar homem. - Meu pai olha com uma cara de quem quer dizer: Está bem, mas se acontecer alguma coisa... Mas até que foi uma boa ideia a minha. Meu pai sobe na carroceria, joga uma arma nas mãos de Misty e adverte:

– Só atire se for realmente necessário. Não quero chegar aqui e levar um tiro na cabeça. - Misty assente. Partimos na direção em que Donovan foi.

Chegando ao final da estrada de terra ouvimos tiros, começa com pouco e com bastante tempo entre eles, mas no decorrer da estrada eles se tornam mais constantes. Passamos algumas ruas onde tem alguns zumbis agitados pelos barulhos. Já posso ver onde está Donovan.

– Ali ele. - Aponto na direção onde ele está. Podemos ver que ele está matando os mortos-vivos, mas conforme ele mata aparece ainda mais. Adrian chega o mais perto que pode de Donovan e derrapa, deixando a caçamba da Montana ao lado de Donovan. Zumbis tentam subir nela, mas meu pai atira em todos com seu AR-15.

– Sobe logo Don. - Grita Adrian. - Você ficou louco?

Donovan olha para a carroceria do carro e sobe nela, mas não para de atirar. Vejo-o pegando uma granada, tirando o pino e lançando em direção aos monstros que se acumulam perto da gente. Adrian acelera o mais rápido que pode, mas a explosão vem. Carcaças voam para todos os lados.

– Agora fodeu tudo. - Vejo o motivo da frase de Adrian. Centenas de mortos começam a bloquear a estrada de onde viemos. Ele guina o carro, os dois que estão na caçamba quase são jogados para fora. Ele acelera em uma rua de mão única. Olho para trás e vejo que os mortos estão mais distantes, o carro bate em mais dois zumbis que estavam no caminho. Meu pai se recompõe e atira nos monstros que vão aparecendo. Adrian para o carro repentinamente, por não estar de cinto de segurança acerto minha cabeça no vidro e apago.

* * *

Acordo está tudo escuro; não consigo enxergar quase nada em minha volta. Coloco as mãos no ferimento em minha testa, dói muito, tem um curativo improvisado.

– Tem alguém ai? - Falo, minha voz ecoa.

Shiiiu, não faça barulho. Eles estão na porta. - Cochicha alguém que não sei quem é. Não parece ser a voz de Adrian nem Donovan, muito menos meu pai. Fico quieto.

– Venha comigo! - Sigo a pessoa, não por ver aonde ela vai, mas pelos sons de seus sapatos. Aos poucos vou me acostumando com a escuridão. Vejo pelo vulto que é um homem baixo, com aproximadamente 1,65 de altura, e muito magro. Ele me leva em direção a uma escada, descemos. Ele abre a porta que range, e uma luz ilumina tudo em volta. Protejo meus olhos com as mãos. Vejo sentadas cinco pessoas sentadas em cadeiras de bar. Aos pouco percebo que essas pessoas são, meu pai, Adrian e Donovan; um homem barbudo com um boné dos Hornets, - um time da NBA - com uma garrafa de cachaça na mão, e uma mulher gorda de vestido. O homem que estava em minha frente parece ter sessenta anos de idade, vejo poucos cabelos em sua cabeça, e os fios restantes são todos brancos.

– Como você adora dormir, hein Rich?! - É Adrian.

– Onde estamos? - Pergunto

– No melhor lugar onde poderíamos estar. - Responde o barbudo, vejo que ele está embriagado. - Num depósito de bebidas.

– Continuando o assunto Evandro, - diz meu pai olhando para o velho. - Como é esse negócio de estádio?

– Então, estava procurando notícias na frequência do rádio policial. Não achei nada. De repente parei em uma estação onde dizia: Procurem os Estádios de futebol, estamos usando eles, são os melhores lugares para nos protegermos da epidemia. Sempre repetindo as mesmas palavras. Decidimos procurar.

– Encontraram? - Pergunta Adrian.

– Ainda não. Quando ouvimos a notícia nosso grupo era bem maior, éramos quatorze pessoas, mas fomos perdendo um por um, só sobrou à gente.

– O que pretendem fazer agora? - Pergunto.

– Continuar à procura desses tais estádios. - Responde a mulher. - Esse foi o pedido do meu marido antes de se tornar um comedor de cérebros.

– Tem como sair daqui? - Pergunta meu pai, e foi uma boa pergunta. Já que pelo que percebi estamos cercados pelos zumbis.

– Vamos ter que esperar de novo, já estávamos de saída quando vocês apareceram. Ficamos horas trancados aqui, esperando essas coisas irem embora, mas vocês estragaram tudo. - Responde Evandro.

– Calma aí. Vocês disseram que estamos em um depósito de bebidas? - Meus olhos iluminam, olho para Adrian e meu pai; eles balançam a cabeça em sinal negativo.

– Estamos sim, - responde o barbudo rindo. - Não saio nunca mais daqui!

Não tinha reparado, mas Donovan está muito pensativo. Não ouvi a voz dele até agora. Deve ter surtado depois de perder todos aqueles que ele mais amava de uma só vez. Chamo meu pai para conversarmos.

– O que tem o Donovan? Conseguiram falar com ele?

– Não, ainda não sabemos. Ele não pronunciou uma palavra até agora.

– Como vamos sair daqui pai? A mamãe e Jenna estão sozinhas lá.

– Calma filho, não vai perder a cabeça, vamos esperar um pouco, já arrumaremos uma solução. - Ele entra na sala. Mas não vou atrás dele. Subo de volta de onde vim. Percebo que já caiu à noite, por isso o lugar está tão escuro, mas a luz do luar está começando iluminar um pouco as brechas do telhado. Vejo o motivo de não podermos fazer barulho, as portas não parecem ser muito resistentes. Ando em volta do lugar e vejo uma escada de aço que leva até um alçapão no teto; subo até lá. Ao abrir o alçapão posso ver um pedaço da cidade; é linda, a iluminação da lua cheia deixa as casas - misturadas com prédios pequenos -, parecendo um desenho em preto e branco. Vou até a beirada e vejo centenas de mortos na rua em frente ao depósito. Vou até o outro lado e vejo a rua sem saída, e dezenas de mortos perambulando por ali. Realmente estamos cercados. De um lado a rua por onde viemos - cheia de mortos -, do outro; uma cidade inteira dominada por eles. Percebo que não temos alternativas a não ser esperar.





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