Sangue Quente - O Contágio escrita por Wesley Belmonte, Jaíne Belmonte


Capítulo 11
Capítulo Onze




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Terminamos de almoçar. Hanna se oferece para lavar a louça, Don e meu pai estão sentados na mesa da cozinha conversando sobre algum assunto que não consigo ouvir. Minha mãe pede que eu vá com ela até o quarto da senhora doente pra ver como ela está. Enquanto guio a cadeira de rodas pelo corredor, mamãe me fala que o nome daquela senhora é Grace e que pelos sintomas que ela apresenta, deve estar com tuberculose.

– Mas mãe, essa doença não é contagiosa?

– É querido. Mas meu pai costumava dizer que você só contrai uma doença de outra pessoa se estiver com medo que isso aconteça.

– Sério?

– Não querido. - Ela diz, sorrindo. - Isso é só um daqueles "achismos" que toda pessoa mais velha tem. Essa doença pode ser contraída se você estiver com a imunidade baixa por exemplo ou se não foi vacinado. Mas não se preocupe. Todos nós tomamos vacina contra essa doença há algum tempo, para nossa sorte.

– Ah entendi. E os outros? São vacinados?

– Não sei, mas caso não forem, vamos torcer pra que eles não fiquem doentes também.

Fico em silêncio assim que entramos no quarto. Grace está sentada na cama com uma expressão muito abatida. No criado mudo ao lado da cama, vejo o prato que Donovan havia levado para ela. A comida continua lá, intacta.

– A senhora precisa comer, está muito magra. - Diz minha mãe, enquanto pega o prato e coloca sobre seu colo. - Não temos os remédios adequados para tratar você, então o mínimo que a senhora pode fazer é se alimentar bem.

– Não estou com fome. - Ela é curta e grossa, fico com raiva. Estamos tentando ajuda-la, mas é como se ela não quisesse ajuda.

Minha mãe se vira na cadeira de rodas, balançando a cabeça negativamente e pede pra eu ajuda-la a sair do quarto.

– Bom... - Mamãe diz, enquanto estamos saindo. - Se a senhora precisar de alguma coisa, é só me chamar.

Saímos do quarto, guio a cadeira até a cozinha e deixo mamãe lá conversando com Hanna sobre o fato de Grace não querer comer. Vou para a sala de estar, onde Misty, Jenna e Adrian estão conversando. Tina também está lá, encostada nos ombros de Adrian.

Há dois sofás na sala, um de três lugares e outro de dois. E uma poltrona também. Me sento no sofá onde Misty e Jenna estão.

– E aí? Sobre o que estão conversando? - Pergunto.

– Sobre como esses zumbis apareceram. - Adrian diz. - Eu acho que isso tudo foi culpa do governo.

– Do governo? Como assim? - Jenna pergunta, parecendo estar muito interessada. Mais interessada em Adrian do que na conversa, pelo visto.

– Há algum tempo atrás eu vi uns vídeos na internet de uns caras que diziam que o governo queria exterminar uma parte da população. Aí eles devem ter mandando os cientistas desenvolverem algum vírus mortífero, mas eles devem ter acabado desenvolvendo algo que trouxe os mortos de volta a vida. Só que transformados em criaturas sedentas por sangue.

– Sedentas por sangue? Isso é bem a cara de vampiros, não de zumbis. - Jenna diz, com um brilho no olhar. Tenho certeza que ela queria que o mundo estivesse tomado por vampiros ao invés de zumbis. Ela sempre adorou isso.

– Sedentas por cérebros então. Aí as pessoas infectadas com os vírus começaram a morder outras e a situação fugiu completamente do controle. E virou isso daí que é hoje. - Adrian diz, enquanto passa a mão pelo cabelo.

– Isso não tem nada a ver cara! - Misty diz, com uma expressão de indiferença. - Isso foi obra de Deus, só ele pode trazer uma pessoa morta de volta a vida. Assim como ele fez com Lázaro. Lembram?

– Só que Lázaro não voltou como um morto-vivo. - Adrian fala, se inclinando para a frente. - Qual é, sua ideia sim que não tem nada a ver. Deus jamais faria uma coisa dessas. Ele nos ama. Isso foi obra dos próprios homens que sempre gostaram de ferrar com tudo.

Percebo que a conversa tomou um rumo religioso e me surpreendo, Misty e Adrian não fazem o tipo de pessoas que vão para a igreja todo domingo. Resolvo me manifestar.

– Eu não sei qual das teorias pode estar certa. Mas não faz diferença. O fato é que esses zumbis já apareceram e com certeza devem estar aumentando de número a cada dia que passa. Só não faz sentido como tantos deles apareceram tão rápido...

– Não deve ter nem uma semana que essa praga começou. Mas imagina, se um zumbi consegue morder duas pessoas. Aí essas duas pessoas se transformam e mordem outras duas. Em pouco tempo eles se tornam muitos. - Misty diz, alternando o olhar entre Adrian e eu.

– Ela tem razão. - Concorda Adrian. - Imaginem quantos cidades já não devem ter sido tomadas? Será que isso está acontecendo mo mundo todo?

São muitas perguntas pra poucas respostas.

– Mudando completamente o assunto. - Fala Misty, se ajeitando no sofá. - Hanna é mulher do Donovan?

– É sim, e a Tina essa princesinha aqui do meu lado. - Diz Adrian, brincando com a menininha e fazendo-a rir. - É irmã dele, eu sou primo, e Grace nossa avó, caso essas forem suas próximas perguntas.

– Entendi, gato. - Responde Misty, piscando um dos olhos. Já deu pra perceber que ela está encantada pelo Adrian e Jenna... Também. Ela parece se derreter com tudo que esse cara diz. E ele? Bom, ele parece estar encantado pelas duas.

Ficamos quietos por um tempo, até que Adrian pede para a Tina ir até o quarto de Grace ver se ela precisa de alguma coisa. Ela obedece, e vai toda saltitante pelo corredor em direção ao quarto.

Alguns segundo depois, olho de relance para o corredor e vejo uma Tina desesperada saindo pela porta do quarto. Ela se atrapalha e acaba tropeçando nas próprias pernas. O barulho faz todo voltarem a olhar para ela. E antes que qualquer um de nós possa fazer alguma coisa, vemos uma zumbi - que há poucas horas atrás era Grace. - Abocanhando o braço da garotinha.



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