Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 38
Capitulo 38


Notas iniciais do capítulo

Pov - Castiel



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Eu estava certo. Realmente eu era “nada” para ela. Era mais do que simplesmente uma palavra que poderia nos definir depois de dez anos, era a realidade. Por mais que eu fosse pai do filho dela, eu continuaria sendo só pai/amigo para Matt, e “nada” para ela. E daqui pra frente seria mais “nada” ainda com seu casamento.
O médico olhou de volta ao prontuário, olhou para mim e depois para ela, como se tudo aquilo fosse normal, ele resmungou:
– OK. São amigos então?
Ninguém respondeu novamente de imediato, e nem depois.
– Prefiro acreditar que sim, e que brigaram. Não quero crer que há estranhos aqui dentro. – ele continuou a olhar para a prancheta, tirando a caneta do bolso do jaleco, para movimentos mais tardios, rabiscar o papel.
– Ele é amigo da minha família. – Nee hesitou – E pai do meu filho.
Me conti para não rir quando ela disse eu era amiga da família dela. Certamente, eu não era mais.
Ele olhou novamente para mim, e muito incomodado com a situação que Nee estava criando, eu saí da sala.
***
Eu nunca gostei de lanchonetes de hospitais. Eram frias e sombrias, lembravam muito o tempo em que fiquei com meu pai, esperando o resultado de sua doença. Aquele tempo nunca fora um dos melhores da minha vida; eu e desgastava demais, chorava demais, perdia quem eu mais amava demais. Eu me lembro bem. Ele tinha acabado de sofrer uma parada cardiorrespiratória, quando eu sentei pela enésima vez numa das mesinhas da lanchonete. E quando eu levantei, recebi a notícia de que meu pai estava morto.
Era a primeira vez no ano em que eu tinha pensado na morte do meu pai. Eu havia superado bem, o que marcou a minha vida, há três anos. A cada vez que eu me lembrava, novos detalhes surgiam, como a cor da blusa que eu usava o clima no dia, a cara da enfermeira, entre outros.

Logo em que eu cheguei, Patch se aproximou de mim, até sentar na cadeira a minha frente.
– O que quer aqui? – eu disse mal-humorado.
– Calma. – ele ainda tinha humor para gracinhas – Estou aqui apenas para acertar as contas. Pode ficar tranquilo, não vou revidar.
– Pouco me aborrece. Afinal, você tem que manter as aparências não é? – a ironia tomou conta de mim novamente.
– Que aparências? – rosnou.
– Ah... Sei lá... Você tem que se mostrar um bom homem não é? Se não Nee vai desistir do casamento... Estou certo?
Ele bateu na mesa.
– o que você disse pra ela?! Hein?! – estava tremendo, talvez de medo.
– Calminha aí. Eu não disse nada. Mas vejo tudo. E você sabe bem do que estou falando. Todo mundo sabe. Até Matt! E vou te dar um aviso: é melhor você ficar longe do meu filho! Está ouvindo?
Patch cerrou olhos e dentes. Eu tinha falado besteira. Aliás, eu tinha falado a coisa certa na hora errada.
– O quê? Matt é seu filho?! – ele cerrou os punhos também.
– Sim. Você achou que ele fosse filho de quem? Seu que não era.
– Então você a deixou. Grávida ainda. Você não sabe o que fez.
Continuei sereno para ira dele.
– Eu não a deixei porque eu quis. Acho que você sabe muito bem o que me separou dela. – fiz uma longa pausa – E vou deixar bem claro: eu não tinha conhecimento do meu filho. Nee sabe que eu iria até o fim do mundo por Matt. Quanto a isso, você não precisa “se preocupar” – imitei as aspas -, eu sei cuidar bem do meu filho.
Ele bufou.
E não disse mais nada.
Eu também não.
Para não dar motivos a mais brigas, disse apenas um “Olá” para Matt, e fui embora.
***
Outra semana sem ver Nee e Matt. Já estava se tornando normal e rotineiro, me afastar dos dois para menores estragos. Diante de tudo, eu me sentia como um passarinho fora do ninho, como se eu não fizesse parte daquilo. E eu realmente, não fazia de modo algum. Ser pai de Matt não me dava o direito de interferir na vida de Nee, e tampouco em seu casamento. Mesmo achando que Patch não era bom para ela. Mas o que eu posso fazer? Ela o escolheu, e, devo respeitá-la.

Cedar Falls Park não estava muito cheio no primeiro domingo do mês. As pessoas voltavam de recesso na segunda, e certamente queriam descansar suas energias, hibernadas em suas casas.
Eu já estava pensando em como eu iria dizer ao meu chefe que eu precisava mais uma semana de férias. Tentei ligar várias vezes, mas só caía na caixa postal.
– Droga! – resmunguei colocando o celular no bolso. Eu estava sentado num dos bancos, suado depois de uma caminhada, vendo as outras pessoas fazerem o mesmo.
Pouco tempo depois de baixar a cabeça, ouvi alguém próximo de mim:
– Não acredito! – era a voz de uma mulher. Bem familiar.
Levantei a cabeça.
– Auria! – corri para seu abraço caloroso.
– Cast! Seu sumido! – sua voz foi abafada no abraço.
– Me desculpe por não ligar e nem escrever alguma carta. Desculpe. – desvencilhei-me do abraço, e tentei olhar nos olhos dela.
– Bom, ligar você podia... Mas escrever cartas...? Nunca imaginei essa possibilidade. É raro alguém escrever cartas. É estranho. Alguém como você escrever cartas. Você nunca foi de surpreender ninguém. Sempre foi tão... Previsível!
Previsível. Era isso que eu era então?!
Eu deveria ser assim mesmo. Eu deveria ser tão previsível que devia soar ridículo!
– Não é. – discordei sério.
Ela colocou as mãos nos meus ombros.
– Ah é? Então... Quantas pessoas você conhece que usam cartas como forma de comunicação? Nessa era de internet, de tecnologia? – ela levantou as sobrancelhas.
– Um monte. – brinquei.
– Nee e Lysandre não vale.
– Não vale descarta-los. São os únicos. – sorri.
Puxei ela para mais um abraço, e ficamos lá, agarrados, como dois bobos no parque.
Sentamos juntos e comecei acariciar seu rosto.
– Que bom que você veio.
Ela encostou a cabeça no meu ombro.
Abri, fechei; abri, fechei novamente os olhos. Na segunda vez em que eu abri, vi a imagem de Nee alguns metros de distância de nós, com uma cara de decepção.
Conferi se Auria continuava com os olhos fechados, e ela estava intacta. Não sei o que Nee pensou sobre aquilo, mas boa coisa não foi. Ela me encarou durante alguns minutos... E saiu. Correndo.
Dessa vez, deixei que ela pensasse o que quisesse. De nada adiantaria correr atrás. Ela sempre foi durona.
Quando Nee sumiu no parque, Auria se manifestou:
– Tenho um recado para você. – ela levantou a cabeça – É do meu tio. Ele disse que irá permitir mais um tempo de férias da construtora. Eu contei tudo a ele. Desculpa, mas achei que seria mais fácil para você se eu contasse.
– Tudo bem. Seu tio é como um pai pra mim. – lembrei-me de fazer uma mera comparação entre Jeff e papai. Ambos pegavam no meu pé e gostavam de saber da vida toda em detalhes. Aliviado com a única questão que ainda me perturbava, abracei Auria e a deixei partir em meio às árvores vivas do parque.


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