Tinha de ser paciente para aguentar todos os caprichos de Auria. Ela queria tudo perfeito para o casamento e eu não podia reclamar disso, porque confesso que queria uma baita festa para o MEU casamento. Foram mais de cinco provas de bolo e eu já estava cheio de tanto doce. Quando o sétimo pedaço chegou, eu tive que me retirar para não passar mal vendo aquilo. 
- Tenho que ir ali, amor. – disse enquanto saía porta afora.
Respirando um ar totalmente diferente da loja, sentei num banco de praça e esperei Auria, que apareceu vinte minutos depois.
- Não podia esperar mais vinte minutos, querido? – queixou-se.
- Realmente não.
Depois disso Auria balbuciou mais alguma coisa que não pude saber por que dei atenção ao anuncio logo na minha frente. Olhei para ela e apontei para um outdoor.
Ela olhou só por olhar e voltou para o diálogo: 
- Então. Do que eu estava falando mesmo? Ahh! Então...
A interrompi. Estava de saco cheio. Na verdade eu estava cansado de preparar casamento, tinha me esquecido como era preparar um, já que faziam anos que eu quase casei.
- Eu preciso... De um tempo!
Ela me encarou curiosa:
- Tempo? Que tempo? Não temos tempo!
- Eu preciso descansar. Viajar sabe. Pra não ficar estressado no dia e dar tudo errado!
- Pelo amor de Deus né Castiel! Quer viajar faltando quatro semanas para o casamento? 
- Quero.
No caminho para casa ela continuou protestando até eu dar a última palavra como sempre dei.
- Vou para Chapel Hill e ponto final! – freei bruscamente no sinal vermelho e sacudi o volante quando o veículo parou.
***
Mesmo ter concordado, Auria não mudou o tempo: continuou com sua cara de insatisfação e com os ombros encolhidos enquanto eu arrumava minha mochila.
- Eu só preciso de uma semana. Prometo que volto a tempo. Eu preciso de descanso, Auria. – coloquei minhas mãos no rosto dela.
- Mas precisa ser  longe de mim?
- Não. Não precisa. – entreguei um celular a ela – Me liguei quando precisar e mande mensagens, compre pra você.
- Tem certeza, que passando um tempo em Chapel Hill você vai ficar preparado para o casamento?
Beijei sua testa e coloquei um fio rebelde atrás de sua orelha.
- Mais do que nunca.
Ela sorriu e eu concordei comigo mesmo de que estava fazendo a coisa certa. Iria dar tudo certo, e em uma semana eu estaria de volta preparando os detalhes finais antecedentes ao casamento.
Antes de sair da cidade, passei na casa de Tim para de despedir e explicar tudo, antes que Auria fizesse um “escarcel” torcendo os fatos. Tim concordou com tudo que eu disse ainda me incentivou; tudo que ele não queria era que os preparativos me sugassem por completo. Além do mas, Auria também deveria fazer o mesmo, porém a nova órbita dela era esse bendito casamento. 
Sei que parecia loucura partir de Virginia com destino a Chapel Hill, dirigindo uma moto. Mas fazia muito tempo que eu não pegava uma boa estrada; fazia muito, mas muito tempo, que eu não era de ninguém só por um momento. E era disso que eu precisava. Sem preocupações, sem festa, sem mulher, sem amigos. Quando se passa muito tempo acompanhado, começamos a nos perguntar se nos daríamos bem se estivéssemos sozinhos. Talvez ficar só seja bom pra todo mundo. Pensamos na vida, uma vida só nossa; uma vida em que existe somente você. Isso ajuda a concertar as oscilações de emoções que ocorrem o tempo todo sem que eu perceba. Sabe, no meio de todo o estresse, eu acabo me autodestruindo sem vestígios, e quando eu menos esperar, eu explodo. Pode parecer redundante, mas pelo menos é um pouco plausível.