A Escolhida escrita por Madu Oms


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Por que você está postando, Maria Eduarda? E a história de postar um por semana?
Ah, fala sério, não cumpro minhas próprias palavras.
Ele ficou meio grande, e estou com a impressão de que a maioria dos capítulos daqui por diante vão ser grandes também.
Eu ia colocar o aluno novo (spoilers) nesse capítulo, mas o "vai ficar longo demais e massante demais" falou mais alto e eu mudei de ideia. Enjoy.



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Um pouco antes de entrar no Palácio dos Deuses, eu comecei a me sentir uma estúpida adolescente fútil e comum, tendo as mais ridículas preocupações como “será que minha roupa está amassada?” ou “meu cabelo está bom?”. Como se os deuses fossem notar esse tipo de detalhe.

- É o seguinte. – Josh parou um pouco antes do riacho, onde a serpente gigante continuava nadando em círculos. Era como se nunca tivesse acontecido batalha alguma. Nostrae estava perfeitamente comum, com a grama cheirosa e bem-aparada, as árvores intupidas de frutos suculentos e o clima tão agradável que minha vontade era de ficar ali para sempre. – Os deuses não podem permitir que você entre em Discente sem, antes, ter certeza de que é uma escolhida. Eles não lembram muito bem de seus escolhidos, só te viram uma vez na vida. E, é claro, deuses tem várias preocupações além de saber como estão os seres humanos que eles escolheram.

Como uma guerra iminente contra bruxos das trevas que pretendem acabar com todo o reino de Sócera.

- Você entra, se curva, e a deusa que te escolheu vai se apresentar.

De repente, me ocorreu que eu não sabia de quem Josh era escolhido.

Ah, vamos, eu não sabia nada sobre ele.

- Você é...

- Electi de Aquantis. – ele falou, e quando viu que não entendi, completou. – É o deus da água e da purificação. Vamos.

Josh começou a andar normalmente em direção ao lago, e só parou quando a serpente gigante olhou para nós, com um olhar de fúria.

Não, não era para nós.

Era exclusivamente para mim.

O que ela faz aqui? – A serpente me encarava com tanta raiva que eu me escondi atrás de Josh. Era claro que, além de não gostar de mim, aquela serpente gigante poderia causar um estrago muitogrande. Só depois eu me toquei de que a cobra havia sibilado e que eu havia entendido perfeitamente. – Sabe os prejuízos que essa menina trará á Sócera, Josh Blames. Não quero ver essa garota pisando dentro da minha terra.

- Ectione... – ele começou a falar, mas parou, como se estivesse escolhendo as palavras certas. – O que você viu foi umapossibilidade, algo que talvez aconteça. Ora, não olhe para Savanna como se ela já estivesse lutando ao lado dos Luditors.

Ela irá. Aguarda, jovem Blames, e verá que estou certo. Por hora... – a serpente recuou um pouco para que eu e Josh passássemos. Á este ponto, eu já sabia que Ectione era um deus. Só não sabia do quê e, sinceramente? Não queria descobrir. – pode entrar, menina. E pense antes de fazer suas escolhas. Talvez você esteja entendendo errado.

- Entendendo o quê errado?

Mas o deus já havia mergulhado e voltado ao seu percurso, dando voltas no rio.

- Ectione, deus da proteção. – Josh me explicou. – Os deuses tem acesso ao futuro dos seres mágicos mais importantes ou especiais. Se ele se interessou pelo seu futuro... Problemas.

E eu fiquei imaginando á que tipo de problemas ele se referia. Mas preferi ficar calada.

Josh me guiou até a grande porta de ferro fechada que dava entrada ao castelo dos deuses. Não conseguia imaginar por quêEctione precisava ficar dando voltas no lago para proteger o castelo, quando a única entrada era quase tão impossível de ser aberta quanto uma dinamite.

- Ectione protege toda Nostrae. – Josh falou, como se lesse a minha mente.

Eu ia perguntar como ele sabia o que eu estava pensando quando a porta começou a ranger e, lentamente, a abrir. O escolhido de Aquantis se curvou antes de subir no primeiro degrau que dava acesso ao castelo, e eu não tinha outra opção senão me curvar também – apesar de não sabe o motivo, nem se havia um motivo.

Nós entramos no salão principal do Palácio dos Deuses.

E, por um instante, eu pensei que estava no céu.

Para começo de conversa, não era nada do que eu imaginava. Quando Josh me falou que nós iríamos dar uma voltinha na moradia dos deuses, eu imaginei que o castelo era parecido com o exterior: frio, feito de pedras e madeira. Mas não. Por dentro, ele era inteiro branco e dourado – o chão de um porcelanato tão branco que eu quase pude ver meu reflexo, e as paredes pintadas de um dourado tão vivo que eu me perguntei se não era ouro de verdade – com alguns detalhes em prata. A sala principal continha uma mesa enorme e arqueada, formando uma meia-lua, e com dez lugares. Aquilo não seria tão estranho se os tronos não fossem feitos, cada um, de um material diferente – e não tivessem quatro metros, mas, ah, meros detalhes.

As outras salas não eram visíveis, pois portas de madeira – finalmente um material comum! – bloqueavam as passagens. Talvez não fosse um lugar para que os escolhidos entrassem. Afinal, era o Palácio dos Deuses, não dos caras-que-carregam-o-poder-gasto-dos-deuses.

- Curve-se. – Josh pediu, e eu, mais uma vez, fiz uma reverência. Porém, quando eu pensei que podia levantar, ele me encarou com dureza e seus olhos praticamente berravam “não se mova”.

- Podem se levantar. – uma voz quase-reptíliana falou.

Quando voltei da reverência, notei que as dez cadeiras enormes estavam ocupadas por seres quase tão grandes quanto. Eu cheguei a pensar que eram humanos, mas que espécie de humano tem mais de cinco metros?

- Percebo que ainda não conhece os deuses, Savanna Jones. – falou a mulher da ante-penúltima cadeira. Ela tinha olhos cor de mel e cabelos um pouco mais escuros que isso. Era branca, levemente bronzeada, e tinha feições tão belas que, por um momento, quis chamá-la de Afrodite. – Levantem-se, por favor. A menina deve saber quem são.

E então a mulher sentou, enquanto, um a um, os deuses iam se aprensentando.

- Aris. Deusa da lua e da loucura. – falou a primeira, que tinha um olho roxo e o outro azul. Seu cabelo negro pussuía reflexos azuis, eu reparei.

- E da bipolaridade. – acrescentou o homem sentado ao seu lado.

- Cale essa boca. – Aris comprimiu o lábio e sentou-se novamente, com uma carranca que seria quase engraçada se ela não fosse maior que um tanque de guerra.

- Eu sou Ars. – o segundo deus se levantou. – Deus das artes e trabalhos manuais.

A outra se levantou, deu uma piscadela quase imperceptível para Josh e voltou a olhar para mim.

- Aquantis, deusa da água, da purificação e dos bons fluídos.

Percebi que ela possuía os mesmos olhos azuis que Josh tinha. Queria perguntar se era algo que passava de deus-para-Electi, e procurei entre os dez pares um que fosse violeta igual ao meu olho. Não encontrei ninguém, e confesso que fiquei desapontada.

- Caelum. – se levantou um homem que estava sentado ao lado de Aquantis. – Deus dos ventos e do céu.

- Se sua chapinha um dia estragar por causa de uma maldita chuva, Savanna, querida, a culpa será dele. – Aris falou, ainda com a carranca de antes.

Eu ia rir quando vi que Caelum não tinha achado graça nenhuma.

- E você ainda reclama quando te reconhecem como a deusa da bipolaridade? – ele grunhiu.

- Eu sou a deusa da bipolaridade, não a deusa bipolar. – ela deu de ombros e voltou a sorrir, como se tivesse acabado de se dar conta daquele fato.

Outro homem se levantou, e foi só ouví-lo sibilando que eu já sabia quem era.

- Sou Ectione. O deus guardião de Nostrae, e também da proteção e da segurança.

Confesso que fiquei com medo desse imortal em questão ser meu inimigo. Segurança nunca é demais, certo?

- Lux. – levantou-se a outra. Ela tinha a pele negra, cabelos escuros e olhos amarelados. Seu sorriso era tão perfeito que paretia emitir uma luz própria. Na realidade, a deusa inteira parecia brilhar. – A deusa da luz, do sol e do calor.

Lux sentou-se para que a outra deusa se levantasse. Se eu não soubesse que a mitologia grega não passava de mitologia, diria que aquela deusa era Ártemis. Talvez fosse pelo arco que carregava atrás de si. Talvez por seu trono ser feito por pele de urso pardo.

Na verdade, todos os tronos eram esquisitos. Um era de água, outro de nuvens, outro de luz... Todos pareciam ser uma ilustração do poder do deus que nele sentava.

- Sou Messis. – ela sorriu amorosamente. – Deusa dos animais, das plantações, da primavera, das colhe...

- De várias coisas, Messis, nós entendemos. – o penúltimo deus se apresentou. Eu queria questionar porque a deusa que se sentava ao lado de Messis não havia se apresentado, mas algo me mandava ficar calada. – Proelium. Deus da guerra, força bruta e armas.

- E eu sou Scire. Deusa da filosofia, inteligência e das estratégias.

Vou rezar para você nas provas de matemática.

A deusa sorriu, como se tivesse lido meu pensamento e achado graça na piada, e depois sentou-se novamente.

- Onum? – Ectione falou. – Ande logo com isso, não suporto esses dois Electi.

- Você não suporta ninguém, Ecti. – Ars resmungou e revirou os olhos.

- Não me chame de Ecti, seu artista de quinta. – o deus da segurança falou.

A última á se apresentar, que respondia como Onum, deu um basta.

- Parem de discutir. Não na presença da minha escolhida. – ela olhou para mim e sorriu. – Sou Onum, Savanna. Deusa da bondade, da perseverança, do amor, da magia, da cura e do equilíbrio.

Automaticamente me lembrei do sonho, quando eu consegui equilibrar os sentimentos bons e ruins dentro de mim para que as trevas não me dominassem e me levassem á loucura.

E então olhei para Josh, que permanecera calado o tempo todo. Ele tinha um olhar severo, mas quase pude ouvir sua mente berrandonós temos muitos problemas agora.

- Oh, não pense assim, querida. – Onum se aproximou. – Vocês não tem exatamente problemas. O que você tem são caminhos. Pode escolher o do bem ou o do mal.

- Então...?

- A mãe dos deuses te escolheu, sim, é isso aí. – Ectione falou. – Agora pare de nos importunar e volte logo á sua dimensão terrena onde é seu lugar, Electi.

Ele pronunciou aquela última palavra com tanto desprezo que eu tive vontade de arrancar sua língua bífida e enfiar nas fendas que ele chamava de nariz. Quem aquela cobra pensava que era? Lord Voldemort.

Equilíbrio, Jones. A voz de Josh soou em minha mente.

Josh, saia dos meus pensamentos. Agora. Antes que eu arranque a sua língua e enfie no lugar onde o sol não toca.

Lux fez uma careta de desgosto, mas Josh se limitou a sacudir a cabeça negativamente.

- Eu ficaria quieto se fosse você, Ectione. – Ars falou. – A escolhida ali é mais poderosa que você vezes dois.

- Poderosa? – Ectione revirou os olhos. – Então ela que fique cuidando de Nostrae, já que é tão poderosa.

- Quer competir com a deusa da magia?

Escolhida da deusa da magia, não confunda, Ars.

- Dá no mesmo.

- Calem a boca. – Lux interveio.

Onum riu, como se tudo aquilo fosse extremamente engraçado.

- Treine, Savanna. Treine muito. Aprenda a controlar seus poderes em Discente.

- Pensei que nós, os escolhidos, fôssemos treinados aqui. – franzi o cenho.

- Ah, largue de ser tola. – Ectione esbravejou. – Aqui trabalham os Electis que já sabem controlar seus poderes. Imagina se um escolhido fosse treinado aqui, um novato? HA-HA. Esse Palácio não estava em pé.

- Cale a boca. – Aris berrou, agora ficando carrancuda novamente.

- Aprenda a controlar seus poderes. – Onum continuou, como se jamais tivesse sido interrompida. – Fique forte, treine muito, Savanna. Você ainda vai precisar.

E quando eu pisquei, não estava mais em Nostrae. Estava em meu quarto, na Terra mesmo, e sem Josh ao meu lado – o que era aliviante, pois seria uma vergonha que ele visse a zona que era meu quarto.

Respirei fundo, tentando acalmar meus sentidos e encontrar o equilíbrio dentro de mim. Quando percebi que não tinha energia suficiente para isso – a gastara quase completamente para criar um portal, junto com Josh, para Nostrae –, desisti e me joguei na cama. Estava tão exausta que acabei dormindo.

Dessa vez sem sonhos.


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Notas finais do capítulo

Desisto de você, Madu.
E de você também, Ectione. C'mon.



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