A situação estava muito complicada.

     Um exemplo era Stefan ter sonhado de novo com Suzannah. O tempo dela estava acabando.   Vamos relembrar que quando chegamos fazia uns três meses que ela tinha sido capturada, eu, Stefan e Rafael estamos em Serenity há quase um ano. Então considerando que ela, nesse tempo todo, tenha ficado presa em uma geleira enorme sem ter comido ou bebido água, já era para estar morta. Mas aparentemente ela esta viva.

     Agora estou sentada no meu trono que é recoberto por uma almofada fofa, Daniel já tinha melhorado e estava em pé ao meu lado. Stefan e Rafael estavam sentados num banco só observando como eu, Daniel, Melissa e Letícia observavam os elfos chefes discutirem uns com os outros. O negocio estava sério. Segundo um relato escrito por um elfo que foi enviado para descobrir uma entrada para podermos ajudar Suzannah, que chegou numa águia, havia sim uma entrada. O alarme todo era que o papel estava manchado de sangue, provavelmente eles tinham sido atacados. A discussão era se eles mandavam ou não um grupo de resgate antes de irmos resgata-la.

     Eles gritavam na língua élfica e às vezes apontavam o dedo para a cara de alguém. Isso estava começando a me irritar. Como princesa eu poderia fazer praticamente tudo o que me viesse a cabeça. Então me levantei e comecei a caminhar para fora do salão Daniel me seguiu assim como os outros, enquanto me retirava o silêncio aumentava. Já não estava mais aguentando aquela confusão toda. Resgatar Suzannah parecia ser um assunto indiscutível para todos, principalmente Daniel e Stefan.

     Subi as escadas até o meu aposento. Ele era muito grande praticamente do tamanho de uma cobertura de um prédio em Manhattan. Minha cama ficava no meio e era de dossel, tinha uma mesa com papeis e tinteiros – era difícil escrever com penas, mas acabei pegando o jeito – tinha dois sofás  e estantes de livros os quais eu gostava de ler, e um guarda roupa gigantesco com vários vestidos de todos os tipos. Eu não tinha cortado todos e Elinor ficou aliviada por isso.

     Assim que entrei me joguei na cama sem cerimônia, Daniel se se encostou à parede Letícia, Melissa, Rafael e Stefan se sentaram nos sofás. Ficamos cada um no seu silencio, pensando.

_Isso está começando a ficar sem sentido._Melissa se pronunciou, eu não sabia se ela estava falando consigo ou conosco._Suzannah morrerá antes que eles decidam o que fazer!

_É. Não podemos ficar sentados esperando, quanto mais demorarmos mais a situação vai piorar._Letícia concordou.

_Mas não podemos sair do Vale sem a autorização de Aladar._falou Rafael.

_Então temos que ir mesmo assim!Temos que ajuda-la!_Stefan disse.

_Concordo com o Stefan, precisamos ir agora ou será tarde de mais!_ele se virou para mim e eu –ainda deitada – o encarei._Katherine, princesa, você é a que mais precisa da ajuda dela. Se pedir Aladar atenderá ao seu pedido.

     Seus olhar era muito penetrante. Ele nunca havia me olhado assim antes, bem uma única vez só, quando nos conhecemos. Fechei os olhos e virei a cabeça para a outra direção. Eu deveria ser a ultima pessoa para quem ele deveria pedir isso, não que eu não quisesse ajudar a Suzannah era só que eu estava com raiva dela por ter todos ao redor. Como se ela fosse o centro do universo!

     Mesmo assim ela tinha também aparecido para mim num sonho, eu não poderia deixar de lado a imagem da garota doce e calma que estava numa clareira, para colocar uma esnobe e egoísta no lugar. Eu não a conhecia e não poderia tirar conclusões precipitadas sobre ela, nunca gostei de fazer isso com os outros e realmente nunca tinha feito isso com ninguém. Porque ela seria exceção?

     Respirei fundo e tentei raciocinar direito. Estava uma bagunça meus pensamentos e minhas ideias ficavam brincando de gato e rato comigo. Abri meus olhos e olhei o teto da minha cama, senti os olhares de todos em mim, isso só serviu para aumentar minha tensão. Tentei criar uma parede entre mim e eles só que imaginaria.

     Quando consegui, reorganizei minhas ideias e o que eu já sabia até agora sobre tudo relacionado à Serenity. Todas as informações que eu se lembrava de Aladar e Letícia terem me dado, dos livros que li e de Daniel ter contado. Sentei-me na cama e brinquei com o fogo que nasceu da palma da minha mão, estava o fazendo passear por meus dedos.

_Me tragam um mapa!_pedi, eles me olharam._Agora!Rápido!

     Stefan sorriu para mim e foi procurar na minha estante de livros, eu sabia que tinha algum mapa por ali. Assim que ele me trouxe eu o estendi no chão no meio da roda que tínhamos feito e o observei por um tempo tentando traçar um raciocínio lógico e não imaginário.

_O que está tentando fazer?_Letícia perguntou.

_Bom se vamos resgatar ela precisamos sair de lá o mais rápido possível e ir para um lugar seguro e que tenha muita comida. Além disso, ela precisará de cuidados e provavelmente nós também.

_Então você esta procurando amigos, certo?_Melissa perguntou e eu confirmei.

_ Então você procura Castelo Branco._Daniel se pronunciou._O rei e a rainha tem grande apreço por Suzannah assim como seus filhos.

_Achei que Suzannah nunca tinha ido ao norte._Letícia falou.

_Foi há muito tempo. Mas a questão é que o rei Jaime ficará feliz em nos dar abrigo por um determinado tempo.

_Certo!_Stefan disse ainda olhando o mapa com uma atenção nada própria dele._Temos que ir ao Vale Gelado e ele fica fora do poder do rei do norte certo?_confirmamos._Então precisamos de asas, por ar é muito mais rápido chegar e sair.

_Exatamente._Aladar falou entrando em meu quarto com um sorriso._Por isso vocês precisaram das águias de Talquíria elas são mais rápidas que os hipogrifos e os grifos, dizem até que mais rápidas que os pegasos._ele sorriu._A entrada fica embaixo da muralha do lado esquerdo perto da montanha, parece que pode ser acessada por um portador de anel.

     Aladar ajudou bastante com aquelas informações, dava para ver que além de mim todos ali estavam com mil planos diferentes passando por sua cabeça.

_Obrigado!_agradeci.

_Agradeça quando voltarem. Boa sorte!

     Ele saiu do quarto e fechou a porta. Depois eu teria uma conversa com ele sobre bater na porta antes de entrar. Já tínhamos nossa passagem de ida e volta e tínhamos o refugio para onde ir que era o lar do rei do norte, que provavelmente odeia o meu tio.

_Já temos o meio de ir e de voltar._Daniel começou._Melissa você irá para Castelo Branco falar com o rei e a rainha, é só falar o nome de Suzannah, você explicará ao rei. Não fale para ele sobre Katherine, não sabemos como eles irão reagir._Melissa concordou._Eu, Stefan e a princesa iremos buscar Suzannah e...

_Mas e eu?_perguntou Rafael.

_Você e Letícia irão ficar do lado de fora guardando a entrada até voltarmos, não sabemos quem é que podem aparecer, vocês nos darão cobertura e protegerão a passagem até voltarmos._ele explicou.

_Mas Kate é a princesa ela não deveria ser protegida?_Rafael perguntou, eu fiquei particularmente ofendida, sabia muito bem como me defender.

_Sim. É por isso que eu vou com ela._um pensamento muito malicioso passou pela minha cabeça impura._Sou o protetor dela, o que significa que tenho que ficar ao lado dela sempre e só deixo de ser, quando eu morrer ou quando ela falecer._ele falou de uma maneira sombria e um pensamento horrível me ocorreu._Sou um ótimo espadachim, o arco de Stefan pode nos fornecer uma saída mais rápida se for necessário e a princesa Katherine controla o fogo o que pode ser muito útil se tivermos que iluminar o caminho.

     Tudo o que ele tinha dito fazia muito sentido. Então concordamos com o plano dele que era basicamente eu, ele e Stefan entrarmos sem sermos notados, resgatar Suzannah e sair. Simples. Isso era só a teoria. Queria ver agora na prática. Quando terminamos de repassar o plano pela décima terceira vez, só para garantir que todos tinham entendido fomos nos preparar. Daniel foi  arrumar nossa carona junto com Stefan que foi preparar Zeus. Letícia tinha ido a algum lugar com Melissa e Rafael foi se despedir de Nayra.

     Eu fiquei no quarto, tomei um banho bem demorado. Estava tensa e nervosa. Com medo e temerosa. Enfim, estava com meu emocional a mil por hora. Não sabia o que poderíamos encontrar lá e a única certeza que eu tinha era que algo muito ruim iria acontecer com algum de nós. Vesti uma calça preta e coloquei uma bota da mesma cor, vesti uma camisa amarela e um colete de couro. Peguei um casaco de couro com forragem por dentro e vesti, afinal no norte era muito frio. Na minha mochila coloquei algumas frutas, pão, queijo e outras coisa, fechei a mochila e a coloquei nas costas. Guardei minha espada na bainha e coloquei uma de minhas adagas dentro da bota esquerda e a outra pendurei na cintura. Sai do quarto sem olhar para trás e senti algo se enrolando na minha perna e subir até meu ombro.  

 _Oi Toni._cumprimentei o dragão chinês._Onde estava?

_Arrumando algumas coisas. Está pronta?_sua voz embora esganiçada foi suave.

_Vamos ver!

________________#________________

     Já estava tudo pronto. Melissa tinha saído primeiro, pois iria para Castelo Branco e sabe se lá quando ela conseguiria ter uma audiência com o rei. As águias de telquíria eram águias só que com dois metros e meio -mais ou menos- de altura e dois de largura, dava para se sentar certinha nelas, com as asas abertas elas eram bem maiores.

     Todos já estavam montados e Zeus já louco para se içar para o céu, assim como as águias. Toni estava enrolado em meu ombro e soltava fogo pelas narinas, talvez de nervosismo. Daniel estava do meu lado esquerdo e Letícia do meu lado direito Rafael do lado dela e Stefan com Zeus na nossa frente. Todos com uma mochila e vários armamentos, menos Stefan que só levava o arco e um cantil de água.  

     Decolamos para o céu que estava começando a ficar escuro. As montanhas, fortalezas e até a muralha que separava os dois reinos passaram rápidos. No entanto pareciam semanas, meses, anos, décadas era como se estivéssemos parados no tempo. O meu nervosismo estava começando a me deixar louca, a queda livre me pareceu bem atraente num determinado momento mais isso sumiu quando acima do barulho do vento ouvi a voz de Stefan gritar.

     Olhei para frente e vi o branco, literalmente. Finalmente chegamos ao Vale Gelado. O nome caia muito bem, pois ali nevava sem parar e a muralha estava coberta por gelo, se olhasse uma única vez poderia pensar que era apenas uma montanha que se fundia com as outras, no entanto olhando com atenção poderia se ver que não era bem assim. As águias não conseguiram subir até o topo da muralha isso significava que ela era mais alta que a muralha que separava os reinos.

     Descemos perto da montanha, as águias se ajuntaram para se esquentar, realmente estava muito frio o que me lembrava de que eu só tinha vestido um casaco. Quando todos desceram começamos a procurar pela passagem. Eu, Stefan, Rafael e Letícia tinham que ficar passando a mão na neve para ver se alguma coisa acontecia.

_Que luz é essa?_Stefan perguntou, olhei para ele sem entender.

_Que luz?_ ele apontou para um canto do tapete branco que cobria toda e extensão da paisagem, soltei um pouco de fogo pela boca para esquentar minhas mãos._Não vejo nada Stefan!_tínhamos que praticamente gritar, pois o barulho do vento era muito alto.

     Ele andou olhando para o chão e parou a uns dez passos de mim e colocou a mão do anel no chão. A coisa mais inesperada aconteceu, a terra embaixo de nossos pés começou a tremer, um buraco redondo e largo o bastante para passar um elefante, se abriu onde Stefan colocou a mão chegamos mais perto e olhamos  a escuridão.

     Rafael cuspiu lá dentro para ver a profundidade só que com o barulho do vento não escutamos nada então joguei uma bola de fogo que iluminou a extensão do buraco escuro e adivinha não era tão profundo, dava até para subir sem muita dificuldade.

_Bem é isso._sussurrei.

_ Letícia e Rafael vocês esperam aqui com Toni ele pode ajudar a esquenta-los._Daniel falou e olhou para mim e Stefan que estava do meu lado._Vamos!

     Pulei primeiro no buraco já abri a palma da mão onde brilhava uma chama, depois veio Stefan e por fim Daniel. Olhamos mais uma vez para cima onde Letícia com Toni pendurado no ombro e Rafael nos olhava, eles deram boa sorte e saíram da nossa vista indo para suas posições para guardar a passagem.

     Olhei o longo corredor que tinha a minha frente, dei um passo à frente e uma luz se acendeu na parede, não tinha nada para ela ser apoiada como um lampião ou algo assim, a chama flutuava. Dei outros passos e à medida que eu avançava o caminho ia se iluminando com as chamas flutuantes. Olhei para Daniel procurando uma explicação e ele só balançou a cabeça e desembainhou a espada e se, pois a caminhar na minha frente, fiz o mesmo com a minha e Stefan pegou o arco. Continuamos avançando até o final.

     Não sei o que eu esperava. Talvez uma placa com uma seta indicando o caminho ou um caminho sem curvas direto a cela da garota de luz, como foi quando encontrei Toni. No entanto no final do corredor encontramos mais três corredores cada um indo para um lado. O da nossa esquerda parecia descer, o da direita seguia reto e o da nossa frente também. Isso era um labirinto.

_Labirinto?_Daniel parecia frustrado, talvez ele tivesse as mesmas esperanças que eu. Ele suspirou e parou._Devemos procurar, provavelmente, o lugar onde tiver mais guardas. Eles não devem ter deixado esse lugar desprevenido, principalmente sabendo que os elfos tinham descoberto._ele raciocinava bem rápido.

_Então temos que procurar por movimentações de pessoas ou monstros?_perguntei olhando para os três corredores, Stefan estava atrás de nós, olhei para ele que estava olhando o teto.

_Não sei._Daniel respondeu ainda fitando o chão e com a mão no queixo._Vamos seguir em frente e ver se conseguimos achar alguma cela ou guarda. No entanto não faço a mínima ideia se é humano ou não.

_Sim._Stefan falou e seguiu Daniel que já andava, olhei para trás e para os outros corredores. Não faço a mínima ideia se é humano ou não a frase ficou rondando a minha mente por todo o caminho.

     Seguimos reto até não haver mais corredor a nosso frente, depois fomos pelo o da direita e continuamos indo reto até que não tinha mais um corredor a nossa frente para seguirmos. Daniel suspirou e olhou para os outros dois corredores tirando o da onde tínhamos vindo. O lugar estava estranhamente silencioso e não tinha  nenhum sinal de vida. Como intrusos eles já deveriam ter chegado com armas e ameaças, era assim que acontecia em filmes alguma coisa sempre dava errado. 

     Ou estávamos com sorte ou eles estavam esperando o momento certo para nos surpreender. Isso estava me incomodando.

_Não acham que isso está muito estranho?Já não deveríamos ter sido atacados ou surpreendidos?_perguntei para eles que estavam tentando decidir que caminho tomar.

_É verdade._Daniel falou._Também estou com uma sensação estranha. Talvez eles nem precisem disso, pois isso é um labirinto e serve para confundir a mente das pessoas então é bem provável que nos percamos ou fiquemos loucos._ele tomou fôlego, enquanto ele falava nuvens saia da sua boca, a temperatura aqui em baixo deveria ser muito mais baixo do que lá fora._Eles não precisaram mexer um músculo a não ser que cheguemos perto de encontrar o caminho.

_Então está sugerindo que fiquemos andando por aí como cegos?_ele confirmou.

_É o único jeito de se achar a passagem certa.

_Porque não seguimos a luz?_Stefan perguntou e eu olhei para ele como se ele fosse louco e talvez estivesse ficando.

_Stefan a luz é minha e vai se acendendo à medida que eu andar,isso é óbvio!E não tem outra luz nesse lugar!

_Vamos continuar, estamos perdendo tempo!_Daniel seguiu pelo o corredor a nossa esquerda a da direita tinha uma inclinação para baixo.

     Seguimos em silêncio até a outra extremidade que tinha a divisão essa, porém não tinha mais um corredor seguindo na mesma direção ela só  era para a esquerda de onde estávamos, seguimos, chegando à outra extremidade dessa vez encontramos três corredores  e nos três tinha portas de madeira.

_A temperatura esquentou._Daniel comentou.

_Desculpe eu estou um pouco nervosa._falei e ele virou com um sorriso no rosto, não pude evitar sorrir também.

_Onde está o Stefan?_ele perguntou sério, olhei para trás assustada.

_Ele estava atrás de mim!

     Eu ia voltando para o corredor quando um som estranho inundou o local, parecia um rosnado e raspar de garras. Parei e olhei para os lados assustada e com muito medo. Voltei devagar para trás até senti o braço de Daniel, ele estava com a espada erguida e também olhava para os corredores. Percebi que as luzes que antes se apagavam quando eu me distanciava estava se apagando na extremidade de onde saímos. Daniel me puxou para trás e entramos no corredor, ele tentou abrir a porta só que a primeira estava trancada, ele soltou meu braço e foi tenta as outras. Fiquei com a minha atenção voltada para os corredores.

     O barulho aumentava olhei para o corredor da minha direita e depois o da minha esquerda, nada. Olhei para o da minha frente uma sombra enorme vinha não parecia com pressa e pareciam farejar o nosso rastro talvez estivéssemos procurando comida, outra vez nós. Não se parecia com um humano, mais as sombras podem enganar. Tentei ficar com raiva para poder usar a energia do anel mais o medo a estava esmagando. A sombra cobriu a parede ainda estava muito longe de mim, mas consegui ver uma mão com garras enormes, a mão fez um pouco de força e um focinho apareceu no meu campo de visão, percebi que a mão era cabeluda.

     O focinho farejou e a cabeça apareceu, a cabeça de um cão. Deixei minha espada abaixar, senti minhas pernas tremerem. A cabeça de cachorro se virou para mim e pude vislumbrar – embora não quisesse - seus olhos, eram como duas brasas incandescentes que pareciam fitar minha alma.

_O que?_senti pânico quando ele começou a correr na minha direção.

     O bicho era enorme e tinha corpo de homem cheio de pelos e... Senti uma mão me puxando para trás e vi enormes garras vindas na direção do meu rosto. Uma espada o acertou no ombro e ele soltou um uivo. Cai de costas no chão, Daniel voltava a espeta-lo com a espada o cachorro  se afastou ganindo. Daniel se colocou na minha frente.

_Levante-se e vá para aquele quarto!A porta está aberta!_ele se virou para mim e viu minha expressão._Katherine...

     Suas mãos ainda enfaixadas das queimaduras se afrouxaram no punho da espada, vi com espanto o cachorro olhar para ele com ódio e se preparar para ataca-lo.

_Daniel!_ele se virou a tempo de ver o enorme cachorro pulando com os dentes a amostra em cima dele.

     O impacto os levou para de trás de mim, me virei e observei o monstro encima do meu protetor. Um pensamento horrível invadiu minha mente e um desespero enorme me atingiu assim como um aperto no coração. Levantei-me tão depressa que estralei meu joelho se isso é possível. Peguei minha espada e caminhei lentamente até eles, o cachorro começou a se mexer e eu me afastei dele pronta para enfiar minha espada nele. O corpo do cachorro foi jogado para o lado e ouvi a respiração irregular de Daniel, lagrimas veio aos meus olhos e escorreram pelo o meu rosto. Corri até ele e o ajudei a levantar.

_Você tá bem?_me voz saiu rouca e chorosa ele me olhou.

_Porque você está chorando?Por acaso ficou preocupada?_ele sorriu, mas fez uma careta logo em seguida, o ajudei a se levantar e ele se apoiou na parede ouvi uivos e rosnados dos dois lados dos corredores.

_Eles estão vindos._falei para ele que estava de costas para mim._Isso é um lobisomem?_apontei para o monstro com cara de cachorro e corpo de homem.

_Sim._a voz dele soou estranha.

_Você se machucou?

_Ele só me arranhou nada de mais._ele se virou para mim com a mão no ombro esquerdo, seu rosto brilhava com o suor._Vamos temos que nos esconder.

     Eu peguei a espada dele e o ajudei a ir até uma porta que estava aberta, atrás de mim as chamas flutuantes iam se apagando e os rosnados iam ficando mais altos. Quando chegamos à porta olhei para lá dentro e duas chamas se acenderam de cada canto da parede, era um quarto com apenas uma cama no canto. Daniel foi se apoiando até ela e eu fechei a porta.

_Queime as brechas._ele falou.

_O que?

_Os cantos da porta!_ele começou a puxar a cama e eu fiz o que ele me pediu a fechadura e as beiradas da porta eu queimei.

     Depois de fazer isso o ajudei a levantar a cama e a colocar contra a porta o colchão virado para o nosso lado. Os rosnados se intensificaram e ouvi o raspar de várias garras e de focinhos farejando, era igual quando os cachorros da minha vizinha saiam e começavam a farejar atrás do meu gato.

_O que fazemos?_perguntei e ele fez um gesto para eu ficar calada e apontou para o ouvido.

     Ótimo. Eu tinha me esquecido que os cães ouvem muito bem. Tentei acalmar minha respiração e controlar meus batimentos cardíacos. Quando eu estava quase conseguindo um estrondo vindo da porta empurrou a cama e sem pensar a segurei no lugar junto com Daniel. Seu rosto demonstrava o cansaço  e a dor que ele estava sentindo, seu ombro esquerdo estava sangrando e parecia que a qualquer instante ele poderia desmaiar, o que seria um problema para nós dois. Os ataques à porta eram insistentes e os rosnados eram altos e empolgados. Claro as presas estavam encurraladas num quarto sem saída. E Stefan tinha sumido e eu esperava que ele estivesse bem, o arco dele seria de grande ajuda agora! Pensei       

_Que droga!_as pancadas ficavam muito mais fortes e não tinha intervalo eu estava já ouvindo a madeira ranger, ela com certeza iam partir._Tem gente, até parece banheiro de rodoviária!

_O que?Rodo- o que?_eu revirei os olhos e bufei.

     Meus momentos sarcásticos e engraçados eram completamente desperdiçados com Daniel. Eu só esperava que os outros estivessem melhor que a gente.

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