Learning To Live escrita por Greice Ferreira


Capítulo 3
Egocêntrico


Notas iniciais do capítulo

Hey Girls!
Sentiram minha falta??
Desculpem a demora, mas vida de pobre é difícil! Comecei a trabalhar e o tempo pra escrever diminuiu... espero que vcs gostem do post. Fiz com carinho pra vcs ^^
Obrigada a todas pelos belos reviews!
E SEJAM BEM VINDAS NOVAS LEITORAS!
E aqueles que leêm e nao comentam, eu nao mordo! Juro! Deixe apenas um pequeno review! :)
#Boa leitura



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#Capítulo 3 – Egocêntrico#

A água da piscina estava fria, mas isso não impediu Leah de continuar sua busca.


Por não ter as pernas funcionando, Rosalie afundou depressa. Engoliu bastante água enquanto tentava respirar. Antes, era boa nadadora, mas suas pernas não lhe ajudavam mais. Ela já se despedia mentalmente de seu irmão Jasper. Sabia que iria morrer ali naquela piscina. Ninguém naquele ginásio gostava dela de verdade. Gostavam da sua antiga popularidade, do seu dinheiro e dos benefícios que poderiam conseguir a bajulando. Mas agora... todas as máscaras haviam caído, e só o que restou foi frio sombrio da solidão.


Fechou os olhos e permitiu-se chorar enquanto pensava nas duas únicas pessoas que amava: seu irmão Jasper e Emmett. Desculpou-se mentalmente com cada um deles e depois se declarou:


Amo vocês. Sempre! Adeus. – despediu-se por fim. Os pulmões ardiam querendo ar. Sentia-se sufocada, a pressão em sua cabeça fazia parecer que a mesma explodiria a qualquer momento. A dor era tanta, que ela caiu na inconsciência.


Leah lutava pra tentar achá-la. A água tratada a base de cloro faziam seus olhos arderem quando tentava abri-los, mas ainda assim ela não desistiu. Continuou assim mesmo sua busca. Às vezes conseguia abrir os olhos por poucos segundos e quando percebia que a loira não estava lá, virava em outra direção. Às vezes procurava as cegas, somente batendo os braços ao redor de si tentando tatear algo.


A piscina era muito grande e profunda, e isso dificultava as coisas, mas o que tornava sua busca dolorosa, era aquela água tratada em seus olhos não protegidos.


Quando a loira foi jogada lá, ela não pensou em nada, apenas em ajudá-la. E era isso que ela estava tentando fazer.


Estava quase no fundo da piscina, quando abriu os olhos mais uma vez. Deixou-se sorrir quando encontrou a garota. Estava aliviada. Mas ela não podia perder mais tempo, seu corpo estava cansado, e a loira parecia desacordada. Nadou ainda mais rápido tentando alcançar o corpo esguio. Quando o alcançou, circulou seu braço ao redor da cintura, e nadou de volta a superfície.


Seus pulmões já começavam a doer, porém o que fez com que se apreçasse, foi o estado inerte daquela garota. Ela poderia ter se machucado, e isso a preocupava.


Ela pode ter seqüelas. – pensou condolente.


Enfim alcançou a superfície. Puxou uma grande lufada de ar. Seus pulmões agradeceram. Com sua pouca força, trouxe a garota para cima também, para que ela não colocasse mais água para dentro de si.


Chegou à margem da piscina, e um homem grande, forte e moreno segurou à loira e a tirou da piscina, deitando-a ali mesmo para prestar-lhe os primeiros socorros. Leah saiu da água sozinha. Seu queixo tremendo por conta do frio. Ficou perto da garota, e viu quando ela começou a cuspir toda a água que havia engolido.


Abraçou seu próprio corpo e limitou-se a olhar.



Jacob ficou assustado quando viu a garota que ele secretamente observava pulou na água. Na verdade, ele pensou em ajudar Rosalie, mas ficou em estado de choque. Jamais imaginou que Bella, a pequena Bella fosse capaz de algo tão maldoso. Se isso tivesse ocorrido há seis meses, ele não ligaria, mas agora Rosalie estava numa cadeira de rodas, foi covardia jogá-la na piscina.


O coração martelava em expectativa de vê-las emergindo. Ele participou por um tempo do time de pólo aquático, e sabia bem o quanto aquela piscina era profunda.


Demoraram-se alguns poucos minutos, e enfim viu aquela que ele denominou de garota estranha emergir junto com Rosalie. Viu quando a morena inspirou uma grande quantidade de ar pela boca e percebeu que Rosalie estava desacordada. Arregalou os olhos diante da cena. Olhou para o lado e nem sinal de Isabella ou Alice. Voltou a olhar pra frente, e viu a morena se aproximar da beirada da piscina. Aproximou-se também, e se abaixou ali, segurando o corpo desacordado da loira e o tirando da água, pra em seguida deitá-lo a margem da piscina e prestar os primeiros socorros.


Soprou ar em sua boca e comprimiu seu peito repetidas vezes até que ela cuspisse toda a água que havia engolido. Ele ficou atento aos seus movimentos e a observou tossir assim que cuspiu a água.


__Jasper ... – ela sussurrou fracamente. __Jasper ... – chamou-o novamente. Jacob se aproximou dela e tirou um pouco dos cabelos que estava grudados em seu rosto.


__Você tem que ir pra enfermaria agora, mas eu aviso ao seu irmão. – falou próximo a ela.


__Não. Quero ir pra casa. – ela disse chorosa. __Por favor? – suplicou enquanto as lágrimas caiam.


__Mas você precisa...


__Por favor? – implorou novamente antes dele completar a frase. __Eu preciso do meu irmão. – disse bem baixinho ainda chorando.


Jacob suspirou rendido. Por mais duro que ele fosse, a cena era de cortar o coração. Como dizer não a uma garota que quase morreu duas vezes? Primeiro no acidente de carro e depois na piscina.


__Tudo bem. – passou os braços por baixo do corpo feminino. __Eu te levo pra casa. – falou ao colocar-se de pé. Começou a caminhar e então lembrou-se da garota que salvara Rosalie, virou-se e ficou de frente para ela, há uns cinco metros de distância.


Ela estava de pé olhando para ele e Rosalie. Estava tentando controlar os tremores do seu corpo, mas não conseguia fazer o mesmo com o seu queixo, que não parava de bater. A garota abraçava seu próprio corpo como se pudesse aquecê-lo assim, mas suas roupas totalmente molhadas a impediam de alcançar seu objetivo.


Jacob novamente se surpreendeu com o sentimento de compaixão que o invadiu, e ouviu-se dizer com voz branda:


__Tem roupa aqui na escola pra se trocar? – ela apenas negou com a cabeça. O queixo tremia tanto que era incapaz de responder. __Então vem que te dou uma carona pra sua casa.


Leah caminhou depressa para as arquibancadas a fim de pegar seu material. Pegou sua mochila e desceu. Ficou ao lado do moreno alto que nunca havia visto até ele pegar a loira na beira da piscina.


Ambos ficaram em silencio enquanto caminhavam para o estacionamento.


__Abre a porta detrás pra eu colocar ela. – pediu a Leah, quando ficaram em frente ao carro.


__Ta bom. – disse baixo. Abriu a porta de trás como ele havia pedido, e Jacob colocou Rosalie deitada ali e a prendeu com o sinto.


__É melhor você ir no carona. – ela balançou a cabeça concordando e entrou no carro junto com ele.


Jacob ligou o carro e depois o aquecedor. As meninas estavam tremendo por conta do frio.


__Obrigada. – disse Leah.


__Não precisa agradecer. – disse ele enquanto manobrava o carro pra sair de sua vaga.


__Precisa sim. – Leah olhou pra ele, que devolveu o olhar. __Você está me dando carona mesmo eu estando molhando todo o seu luxuoso carro. – ela sorriu. __É muito nobre.


Jacob riu sem humor. Ele jamais se achou digno de nobreza. Muito menos por aquilo que ela estava dizendo. Ele não tinha nada de nobre, então, do que ela estava falando?


__Você acabou de salvar uma garota que você provavelmente nem conhece, e diz que eu sou nobre? – franziu o cenho.


__Digo. – ela sorriu de novo. __Eu tirei a loira da piscina, mas não iria conseguir fazê-la cuspir a água e nem carregá-la no colo até a enfermaria. Eu até a colocaria molhada dentro do meu carro de luxo, mas... não tenho um. – ele olhou pra ela atento. __Você pode até não ser uma pessoa boa, mas teve uma atitude nobre.


__Ok. – disse apenas.


O restante do caminho seguiu-se em silencio.


Quando chegou em frente a mansão Hale, desceu do carro pedindo a Leah que permanecesse ali. Abriu a porta do passageiro e pegou Rosalie no colo. Percebeu então que ela estava dormindo.


Foi até a frente do casarão e conseguiu tocar a campainha mesmo segurando à loira. Quem atendeu foi a empregada.


__Oh meu Deus! O que aconteceu com ela? – a senhora de meia idade perguntou espantada.


__O irmão dela está? – perguntou fingindo não ouvir a pergunta de Cassie, a empregada.


Eu não tenho por que dar explicações a empregados. – pensou.


__Está sim. Entre. – deu espaço pra ele entrar e o conduziu até a sala de estar. __Vou chamar o menino Jasper. – saiu em direção as escadas.


Jacob a colocou deitada no sofá, e esperou que o irmão dela aparecesse. Jasper desceu as escadas correndo e parecendo desesperado, passou direto por Jacob e ajoelhou-se perto da irmã.


__O que aconteceu com ela? – perguntou perturbado enquanto olhava para Jacob.


Jake tentou ser o mais breve possível, embora tenha ficado surpreso quando ouviu Jasper dizer que prestaria queixa contra Isabella por tentativa de homicídio.


__Tem certeza que você vai fazer isso? – Jacob perguntou. Não queria ver Isabella atrás das grades.


__Sim. – Jasper suspirou. __Eu sei que você não vai testemunhar contra ela, mas deve ter outras pessoas pra fazer isso. – olhou para a irmã mais uma vez, que dormia tranquilamente. __Obrigado por salvá-la. – voltou a olhar pra ele. __Ela é tudo pra mim.


__Não fui eu quem a salvou. – confessou. __Foi à aluna nova da escola. Ela mergulhou pra salvar sua irmã. Eu só me dispus a trazê-la. A garota está lá fora no carro.


__Mesmo? – Jacob afirmou. __Eu iria até lá agradecer, mas... preciso cuidar de Rosie. Mas... agradeça a ela por mim.


__Tudo bem. – despediram-se e Jacob voltou para o carro.


__Como ela está? – perguntou Leah.


__Vai ficar bem. – disse enquanto ligava o carro. Leah lhe disse onde morava e ele seguiu pra lá. __O irmão dela agradeceu... por você salvar a irmã dele.


__Não preciso de honras. – disse Leah enquanto olhava pra fora da janela. __Eu teria feito o mesmo por qualquer outra pessoa.


__Você faz isso sempre err... como é o seu nome? – enrugou o cenho enquanto lhe olhava.


__Leah. Leah Clearwater. E o seu?


__Jacob Black. – voltou a olhar pra estrada. __Como estava dizendo... você faz isso sempre? Banca a heroína?


__Não. Eu faço isso apenas no meu horário vago sabe, quando eu não estou na escola ou azarando algum gatinho. Porque eu preciso me divertir também, salvar o mundo não é moleza. – disse séria, porém brincando. Jacob esforçou-se muito pra não esboçar nenhum sorriso.


__Muito engraçado. – disse de cara fechada tentando não sorrir.


__Você é sempre tão sério assim ou está apenas incomodado com a minha presença?


__Eu sou sempre assim.


__Porque? – arqueou as sobrancelhas. __A sua vida não deve ser tão ruim assim. Tente apenas levar as coisas na esportiva e você vai ver como tudo vai melhorar. – Jacob riu sem humor.


__Você não tem idéia de como a minha vida é. Por que está opinando?


__Ta vendo, é disso que eu to falando. Você leva tudo tão a sério! Se você passasse a levar as coisas mais na boa, você teria uma vida menos zangada. – cruzou os braços e ficou quieta.


Jacob não disse mais nada. Recusou-se a se desculpar.


Eu não peço desculpas. Não mesmo! – pensou.


Parou em frente da casa dela e olhou tudo em volta. Era TÃO simples. Todas as casas eram iguais e absolutamente sem graça, na opinião dele.


__É aqui que você mora?


__Sim. – Leah sorriu. __Nem todo mundo pode morar numa mansão como aquela garota.


__É... ta certo. – disse apenas.


__Você quer entrar? – perguntou pegando-lhe desprevenido.


__O quê? – ficou surpreso.


__Perguntei se quer entrar!? – abriu a porta do carro.


__A gente nem se conhece...


__E é exatamente por isso que estou perguntando. Porque se eu te conhecesse, te arrastaria lá pra dentro.


__Eu não sei...


__Vem logo! – disse e depois saiu do carro. Jacob continuou sentado sem saber o que fazer. __Vem logo! – Leah disse pela janela do carro.


__Ok. – estava agindo por impulso, mas ele não tinha nada pra fazer durante o dia mesmo.


Desceu do carro e entrou na casa junto com Leah.


__Sinta-se em casa ok?! – Leah falou quando eles adentraram a sala.


Jacob olhava cada mínino detalhe abismado com tanta simplicidade. Como alguém poderia viver ali?


Um sofá mais ou menos velho, um mesinha de centro de madeira recentemente polida, uma televisão de tamanho médio em cima de um rack de frente para o sofá e um aparelho de som ultrapassado.


Como alguém poderia viver ali? – repetia a si mesmo a pergunta.


__Bonita a casa. – Jacob mentiu chamando a atenção de Leah. Ela soltou uma risadinha achando graça da mentira dele. Ela bem reparou nas caretas que ele fazia enquanto observava tudo.


__Obrigada. – jogou o material escolar no sofá. __Eu gosto muito dela. Mas acredito que a sua seja mais bonita não é mesmo?


__Com certeza! – falou sem se importar em ser grosso.


__Eu aposto que sim. – sorriu. __Vamos no meu quarto pra você não ficar aqui sozinho. Eu preciso tomar um banho e tirar essa roupa molhada. – foi para o pé da escada.


__Eu espero aqui... – Leah revirou os olhos e foi até ele segurando em seu braço e o puxando em direção as escadas.


__Deixa de ser chato e vem logo. Você não corre perigo algum em subir as escadas.


__Acho melhor eu ir pra casa. – falou, mas se deixou ser levado por ela.


__Olha, com a cara de tédio que você está, aposto que ficaria deitado na cama curtindo uma bela depressão.


Jacob bufou irritado por ela desvendá-lo tão facilmente, e falou em seguida: __Fala sério! – mas se perguntando mentalmente como ela poderia saber daquilo.


Terminaram de subir as escadas e pararam em frente a uma porta de madeira com uma placa escrita Leah C. e o desenho de um rostinho feliz ao lado.


Será que essa garota estranha não se cansa de sorrir?


__Vamos entrar. – Leah abriu a porta e eles entraram. Mas uma vez ele se pôs a reparar em tudo.


Uma cama com uma estrutura de ferro, uma estante que ficava de frente para a cama. A estante era repleta de livros e nela havia outro aparelho de som ultrapassado. Na parte inferior da estante havia vários CD’s que não davam pra ver o título de onde ele estava. Em uma das paredes tinha uma janela, e embaixo dela um pequeno sofá, que era aberto embaixo para acomodar mais livros. Uma pequena escrivaninha de um lado do sofá, uma mesinha de outro, e um guarda-roupa de solteiro na outra parede.


O quarto era bem simples se comparado com o dele e o de outras famílias de Forks, mas era bem arrumadinho e... alegre!


Notava-se que Leah vivia ali.



__Seja bem vindo ao meu santuário! – disse simpática.


__Uhum... – disse somente.


__Eu vou tomar um banho, mas você pode ficar a vontade viu. A casa é sua. – foi até o guarda-roupas e pegou uma calça jeans clara, uma blusa de frio e sua lingerie. Saiu do quarto e entrou no banheiro, que ficava de frente para o seu santuário.


Jacob colocou a mochila em cima da cama e começou a estudar as coisas de forma mais minuciosa, deixando a estante por último. Por fim, examinou os livros e CD’s.


Pelo visto ela era sim uma amante da leitura.



__Willian Shakespeare, Nora Roberts, Agatha Christie… Não sei o que essa garota vê de tão interessante nos livros! – Sacudiu a cabeça em negativa. __Malcon X, O Poderoso Chefão... Que nerd! – falava enquanto passava os olhos pelos livros de Leah. Depois fixou-os nos discos. __Mas os CD’s... ahhh ela tem bom gosto musical. – começou a ler os títulos. __Elvis Presley, The Beatles, Queen, Jon Bon Jovi, Michael Jackson, Mariah Carey, Stevie Wonder … caramba! Ela sabe apreciar uma boa música... vamos escutar esse aqui... – pegou o CD Will You be There e se dirigiu ao aparelho de som. __Como se liga essa porcaria de outro século?


Apertou diversos botões até que o rádio ligou. Pôs o CD dentro dele e escolheu uma música. Isso lhe acalmava. Sentou-se no sofá que havia embaixo da janela, e olhou para fora.


Até que a vista não era tão ruim assim. Apesar da vizinhança ser mais humilde, o lugar onde Leah morava era no mínimo... agradável.


Jacob não reparou quanto tempo ficou ali parado olhando pra fora da janela. Só se deu conta de que existia um mundo que não era apenas seu quando ouviu a voz de Leah lhe falando:


__Também gosta do Michael Jackson? – ele desviou os olhos da janela para olhar Leah. Ela já estava vestida. Os cabelos estavam secos e... mais uma vez ela estava sorrindo. Aquele tipo de sorriso que iluminava tudo. Aquele tipo de sorriso que ele jamais soube dar.


Ela não se cansa disso não é? – pensava irritado. Mas decidiu responder de forma cordial.


__Gosto. – levantou-se. __Ao que tudo indica temos um gosto musical muito parecido. – apontou para os discos.


__É eu to vendo. – disse apenas. E então seguiu-se o silêncio.


__É melhor eu ir pra casa agora. – colocou as mãos nos bolsos do seu casaco. Leah franziu o cenho fazendo uma careta engraçada.


__Não. De jeito nenhum! A gente nem conversou ainda. – segurou-o pelo pulso. __Vamos pra cozinha comer alguma coisa. – puxou-o para fora do quarto.


__Não. Eu não quero... – tentou protestar.


__Vem logo! – arrastou-o até a simples cozinha mesmo sob os protestos dele.


__Eu não estou com fome. – mentiu quando ela o pôs sentado em frente à mesa.


__Sua mentira não me convenceu. – disse enquanto caminhava até a geladeira. __Vou fazer uma caçarola de legumes. O que você acha? – olhou pra ele esperando uma resposta que não veio. Ele apenas arqueou a sobrancelha esquerda sentindo-se deslocado.


A garota só sabia o seu nome, o convidou a entrar, o levou a seu quarto e agora estava lhe oferecendo um almoço. De que mundo ela veio?


Essa garota só pode ser um alien. – conjecturou.


__Eu sei que você deve estar acostumado com comidas mais sofisticadas, mas eu não mando tão mal assim no fogão. – sorriu sem jeito pela primeira vez.


Aquilo incomodou Jacob.


A garota estava tentando ser simpática desde o início, mesmo sem conhecê-lo, e ele até agora apenas demonstrou dureza.


__A caçarola está ótimo. – falou mesmo sem saber o que era aquele troço. Tentou esboçar um sorriso, que saiu mais como uma careta e isso fez Leah rir.


__É tão difícil assim pra você sorrir? – pendeu a cabeça para o lado enquanto colocava os legumes em cima da pia.


__Só não estou acostumado a fazer isso o tempo todo como você. – cruzou os braços a frente do peito.


__Hey, eu não faço isso o tempo todo! – ralhou.


__Claro que faz! Até mesmo pelas coisas mais simples e idiotas você sorri. Você não cansa de fazer isso todo o tempo? – perguntou o que estava lhe incomodando desde que ela entrara em seu carro.


__Não. – respondeu com ar inocente. __Sorrir é bom. Faz bem a saúde. Você deveria experimentar fazer isso mais vezes. Essa cara emburrada não combina com você. – disse como uma mãe fala ao filho.


__Como você pode dizer o que combina comigo se você nem me conhece? – levantou-se e ficou parado de frente para ela.


Leah levantou a cabeça para poder olhar dentro daqueles olhos de ébano.


__Não preciso te conhecer pra deduzir coisas... – uma simples frase acompanhada de um intenso olhar. __Vejo que você não é feliz. E nem mesmo todo o seu dinheiro consegue te deixar menos ranzinza. – ele sentiu a seriedade nas palavras dela, e mesmo estando com raiva, permitiu que ela continuasse. __Desde que chegamos aqui em casa você não parou de olhar tudo a sua volta. E levando em conta esse seu jeitão prepotente, aposto que estava se perguntando como eu posso ser tão feliz tendo tão pouco. Estou errada? – ela continuava a lhe olhar fixamente.


Jacob ficou constrangido com aquele olhar. Sentiu-se desvendado por ela mais uma vez naquele dia. Nem Bella conseguia fazer isso. Apesar de estar minimamente constrangido, ele estava literalmente curioso.


__Como você consegue? – prendeu o olhar no dela. Queria capturar toda a sinceridade daquela garota.


__Simplicidade. – respondeu e sorriu, deixando Jacob mais a vontade. O sorriso dela era ... acolhedor.


__Como assim?


__Quando se leva a vida com simplicidade, tudo fica mais leve, mais bonito, mais gostoso... rir de coisas idiotas é bom. O segredo pra ser feliz é você tirar o máximo de proveito de cada mínimo detalhe da sua vida por mais banal que seja.


__Você não diria isso se estivesse na minha pele. – voltou a usar seu ar de dureza.


__Olha... eu não sei o que você já passou ou o que já sofreu. Mas seja lá o que for... você não é o único. Você não é a única pessoa que sofre ou já sofreu. Não é a primeira e nem a última. – disse sem julgamentos.


Jacob ficou irritado!


__Do que você está falando? – esbravejou. __Eu sei que eu não sou a única pessoa nesse mundo a sofrer, mas com certeza os outros não sofrem o mesmo que eu! – gritou.


__O que importa não é o que você passa, mas a intensidade da dor. – Leah continuou pondo sua sinceridade às claras. __Talvez você tenha passado por coisas ruins, mas você não pode tapar os olhos e achar que a sua dor é superior a de todo o mundo. Há pessoas que se encontram em situações muito piores do que a sua e nem por isso agem como você!


__Agem como eu? – franziu o cenho. __E de que forma eu ajo? – queria ouvir a resposta.


Ninguém jamais teve coragem de dizer-lhe na cara o que pensavam a seu respeito, essa era a primeira vez.


__Age como se fosse o único a passar ter problemas. Como se fosse o único a ter sentimentos. – dessa vez Leah riu sem humor. __Só estamos há um pouco de tempo juntos, e toda vez que eu falo algo você se irrita porque de alguma forma minhas palavras te tocam. – Jacob franziu o cenho tentando entender como ela poderia ser tão observadora. Sentia-se desnudo perto dela. __Você se machuca com o que as pessoas falam e pensam, mas não quer saber se suas palavras vão machucar alguém. Desde que você chegou aqui não parou de soltar frases grosseiras sem se importar se elas iriam surtir algum efeito negativo em mim.


__Isso não é verdade! – defendeu-se.


__Mas é claro que é! – riu sem humor mais uma vez. __Está vendo? Você nem percebe se suas palavras são fagulhas! Está tão acostumado a soltar farpas o tempo todo que já nem consegue perceber quando o faz.


__Você está mentindo. Não sabe o que diz. Me conheceu hoje. – defendeu-se.


__E já aprendi muito sobre você. – observou.


Jacob sacudiu a cabeça aturdido e puxou os cabelos da nuca.


__Quem é você garota? Como pode falar da minha dor? Você não sabe nada sobre meu sofrimento... você não sabe nada sobre perder alguém que se ama! – soltou tudo num fôlego só.


__Mas eu sei o que é ser abandonada! – ele olhou pra ela mais fixamente agora, atento ao que ela diria. __Eu sei o que é ficar acordada até de madrugada esperando o pai voltar do trabalho mesmo sabendo que ele não volta! – disse ficando com olhos marejados. __Isso dói também.


__Seu pai foi embora? – perguntou num sussurro.


__Sem nem se despedir. – deixou a lágrima rolar.


__Você não culpa a sua mãe? – franziu o cenho. Se o pai dela foi embora, era óbvio que a culpa era da mãe dela, segundo seus princípios.


__Culpá-la? Pelo quê? – semi-cerrou os olhos. __Desde que ele foi embora, minha mãe se tornou minha melhor amiga. – abriu um sorriso largo ao pronunciar as palavras de sua mãe: __Somos nós duas contra o mundo.


__Não é a mesma coisa... – engoliu em seco. __A minha mãe... morreu.


__Situações diferentes... dores diferentes... mas no fim das contas, é tudo dor. – Jacob olhou em seus olhos mais uma vez. Ele gostava da sinceridade daquelas esferas azuis. __No meu caso, transformei a minha dor em lembrança.


__De que jeito? – perguntou interessado.


__Me apeguei ao que tinha, e parei de pensar no que eu perdi.


__Não dá pra fazer isso... – Leah aproximou-se e tocou o seu rosto acariciando ali.


__Dá sim. – abriu aquele sorriso acolhedor. __Você aprende. – ele segurou a Mao que estava em seu rosto.


__De que jeito?


__Não se prenda tanto aos seus problemas. Perceba a dor dos outros. Tente ajudá-los... quando você parar de achar que é o centro do mundo tudo vai melhorar.


__Eu não acho que sou o centro do mundo.


__Acha sim. Disse que ninguém sofre como você.


__E isso é verdade!


__Não é não. E eu vou te provar. – arrastou-o para fora de casa e pegou a chave do carro dele para dirigi-lo. __Eu vou te mostrar que há pessoas mais novas do que você e que têm muito mais problemas.




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Notas finais do capítulo

Então...? O que acharam da Leah passando lição de moral??
Gostaram??
Então deixe seu comment aqui. :)
#Kisses amores
Bye Bye