No Such Thing escrita por sakurako, Heydoll


Capítulo 6
Esclarecedor.




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– Então, você vai comigo e o Aiden!
– Tá, mas eu tenho que avisar a Carly pra ver se ela volta com o Will ou qualquer coisa.
– Acho que ela já foi, Sunny. - Eric apontou, rindo, para uma Carly já um pouco longe de onde estávamos.
– Avisar ela não quer né? - fiz cara de brava e peguei o celular no bolso, pronta para manda-la uma mensagem. Junto do celular, estava um papel avisando que ela estava indo para casa e que ia estudar com o Will mais tarde.
– Quando... Quando ela deixou isso aqui? - Perguntei para Eric um pouco assustada e ele deu de ombros, mostrando que não sabia.
– E a Li? Ela nem falou comigo e já tá lá com o Bri... Pera, a Li tá com o Brian! - falei, eufórica. Eric riu da minha empolgação.
– A Li gosta do Brian?
– Gosta. - fiz careta. - não era pra eu ter te contado até sua iniciação!
– Iniciação? - ele fez uma expressão de medo e eu ri maldosa. - Que tipo de iniciação? Sério, Sunny..
– Surpresa. - Eric começou a caminhar e eu o segui. Eu nem sabia para onde estávamos indo, mas estávamos indo. De qualquer maneira, vou embora com ele hoje e rezo para que o que Eric tem para me contar não seja que ele é um maluco psicótico que planeja me prender no porão.
– Se você não me contar, eu não digo o que o Brian acha da Li. - chantageou.
– Você nunca vai entrar pra nossa seita desse jeito, isso não se faz! Chantagem! Usando os interesses de uma amiga! - dramatizei e ele riu.
– Agora vocês são uma seita?! Achei que eram só um grupo de amigos, eu até queria entrar no grupo mas.. Uma seita? O que dizem sobre você é verdade então? - seu tom era brincalhão, mas meu sorriso se desmanchou.
– Dizem muita coisa sobre mim... - encarei os pés, sentindo o olho marejar. Balancei a cabeça e voltei a sorrir.
– Você já foi entrando no grupinho, espertinho. Foi chegando de mansinho! - rimos. - Não tem iniciação, eu só tava tirando uma com a sua cara! Agora me conta, o que o Brian acha da Li?
– Você se incomoda com o que dizem sobre você?
– Não é como se bilhetes maldosos e xingamentos mudassem quem eu sou. - Dei de ombros, tentando manter o sorriso e rezando para mudar de assunto. Eu não estou afim de falar disso agora que esqueceram de mim um pouco. Alguns bilhetes, mas ninguém gritando coisas ruins no corredor ou algo do tipo.
– O treino do Aiden acaba em dez minutos. - Ele sorriu fraco e parou de andar, fazendo com que eu finalmente desse conta de onde estávamos; era a entrada da quadra de futebol.
– Nós vamos entrar? - Perguntei, curiosa. Eu nunca tinha entrado lá em horário de treino.
– Não é melhor a gente sentar ali naquele banquinho bonitinho e esperar?
– Ta. - concordei, já indo me sentar. Eric se sentou ao meu lado.
– Agora, me conta, o que o Brian acha da Li? E o que você tem pra contar? Você tá grávido? Achei que isso só era possivel em fanfics de mpreg! - fiz piadinha e Eric riu.
– Primeiramente, o Brian também gosta da Li. - ele pausou, para que eu digerisse a noticia. - e, o que eu queria te contar é... Sunny, você é fofa, engraçada e eu nunca me dei tão bem tão rápido com alguém como com você. - Eric respirou fundo, como se tomasse coragem. Eu estava quase morrendo, apesar de estar convencida de que aquilo não era uma confissão amorosa.
– Sun, eu sou gay. - mas eu também não esperava por isso. Arregalei os olhos e fiquei tentando saber o que dizer por alguns segundos.
– Antes de você dizer qualquer coisa... Eu to te contando isso porque eu não aguento mais. Eu gosto de um cara, mas eu nem posso me confessar pra ele. Eu to te contando isso porque você é, ou pelo menos parece, tolerante. É a pessoa mais gracinha que eu já conheci e eu realmente espero que você não vire as costas e me dê a prova de que o mundo é cruel quando você é diferente. Também tem a Li, a Carly e o Will e vocês me passaram essa confiança. Eu quero ter amigos que gostem do que eu sou de verdade, Sun, até agora todo mundo queria se aproximar do meu irmão ou então sei lá porque as pessoas se aproximam de mim. Popularidade por associação? Não sei. - Ouvi seu desabafo com atenção. Para deixá-lo mais relaxado, sorri e disse:
– A gente gosta de você porque você faz piada com tomate. Contanto que você faça piada com tomate, tá tudo bem. – Ele riu e eu pude perceber que tentava segurar as lágrimas. – Obrigado. – Ele disse, abrindo os braços para um abraço. O abracei e disse: - Se você chorar, eu vou chorar junto. – Eric soltou o abraço e sorriu. – Desculpe. É que tem sido difícil. – Dei tapinhas em suas costas, como forma de consolação, enquanto ainda pensava sobre isso.
Aquela imagem onde nós estamos sentados ao redor da mesa com as nossas crianças adotadas, sumiu. Mas eu não estava tão preocupada com isso, talvez um pouco decepcionada, mas não sentia como se o mundo fosse acabar – e era assim que descreviam as coisas quando alguém que você gosta diz que gosta de outra pessoa.
Eu estava preocupada com Eric. Preocupada com que ele teria que passar.
Se eu tivesse sido uma czarina me chamariam de Sunny, a inútil. Sou desajeitada, não consigo fazer contas, me distraio fácil e tenho mais de milhões de defeitos, mas se tem algo de que eu me orgulho é que desde sempre eu fui muito consciente quanto à opção sexual das pessoas.
As pessoas mexem comigo desde que me entendo por gente por algo que eu nem sei direito. Diziam que eu parecia um menino (eu tinha o cabelo curto e adorava aqueles carrinhos de fricção), depois diziam que eu me vestia errado (a época dos tutus) e depois, se acostumaram a apontar para mim e rir. Talvez porque eu seja magra e pequena e não tenha muita força pra socar a cara de alguém, ou talvez realmente tenha algo de muito errado comigo. Eu não sei. Dizem que sou estranha.
Eu sabia que para o Eric não seria fácil. Eu já tinha me envolvido em inúmeras discussões nas aulas onde já haviam proposto a homossexualidade como tema e os absurdos que eu ouvi de gente dessa escola mesmo, me fizeram ter vontade de vomitar. Sério, um garoto disse que se tivesse um filho gay, bateria no garoto até virar homem. Eu disse que se ele fizesse isso, eu ia caçá-lo e pendurar a cabeça na parede da minha sala de estar.
– As pessoas podem ser muito cruéis. – Comentei. – mas nem todas são assim. Eu já odiei todo mundo. Todo mundo. Eu detestava sair de casa, detestava os velhinhos, as crianças. Para mim, todos eram ruins. A humanidade, no geral, não valia um centavo. Por que todo mundo me tratava mal... Quer dizer, quase todo mundo. Sabe o que mudou minha maneira de ver as coisas? Uma senhora na TV. Ela morava em uma casa de barro, não tinha acesso a quase nada, mas sabe o que ela tinha? Um sorriso no rosto. E ela tratava á todos como velhos amigos. Eu quero ser esse tipo de pessoa. Eu quero fazer a diferença. Pode parecer bobagem, mas ela fez a diferença pra mim, com um sorriso. Isso está ficando cada vez mais confuso... O que eu quero dizer, é que você pode contar comigo! Eu não sou muito forte, mas tenho contatos na máfia. – Tentei fazer cara de mafiosa. Eric riu.
– Daqui pra frente, nós seremos como Key e Tae...
– Vamos embora. – Foi cortado pelo irmão bonito, porém sempre rabugento.
– ...min. – Revirou os olhos. – Não é á toa que as pessoas acham que a mãe não te deu educação. – Bronqueou. O mais velho olhou para mim, ergueu uma sobrancelha e, sorrindo cínico, sem mostrar os dentes, disse:
– Oi, Pigmeu, tudo bem?
– Sim, Zangado, tudo bem.
– Você não pode me chamar como se eu fosse um anão da Branca de Neve. Além de a sua moral ser do seu tamanho, sou considerado relativamente alto.
– Quem disse que eu estava levando em conta sua altura? Estava tratando de personalidade mesmo.
– Ok, vamos indo! – Eric se levantou, ficando entre mim e Aiden. Garotinho irritante esse Aiden.
Fui para a casa de Eric e Zangado e passei à tarde com Eric, fazendo (ou tentando fazer) o trabalho de química. Assistimos Bonequinha de Luxo e eu fui devidamente exposta ao lado glamoroso de Eric, o que me fez gostar dele mais ainda, no sentido de “tenho um amigo”. Era quase obvio que ele estava mais confortável depois de contar seu “segredo”.
No inicio da noite, quando percebi que já deveria estar indo embora, a Sra. Foster obrigou Zangado a me levar em casa. Quando cheguei, tia Marie disse que Carly estava toda alegrinha e eu me dirigi até seu quarto, para que ela me contasse o motivo.

Sra. Foster POV

– Bonita sua amiga nova. – Eu disse, enquanto tirava os pratos da mesa. Eric olhou para mim desconfiado e disse: - O que a senhora está tramando? Eu vi como você quase ameaçou decapitar o Aiden para que ele a levasse para casa. Eu disse que podia fazer isso, mas você insistiu que eu ficasse.
– Eles combinam. – Falei convencida e Eric quase teve uma convulsão de tanto que ria. – Mãe, desiste da carreira de cupido. Eles quase que se odiaram instantaneamente.
– Sunny disse que odiava seu irmão?
– Não, mas eles tiveram um primeiro contato desagradável. Aiden a chamou de pigmeu.
– Aiden é grosso com todo mundo, não sei qual é o problema desse garoto – Revirei os olhos. – mas eu gostei dela. Gostei mesmo. E eles combinam. – Insisti.
– Eu também gosto dela, por isso que é melhor manter o Aiden longe. Você sabe como ele é. Não combinam!
– Quem combina com quem? – Aiden jogou a chave do carro na mesa.
– Já voltou? – Olhei para ele, decepcionada.
– Você disse pra que eu a levasse para casa, não pra Bagdá.

Summer POV

– VOCÊ FOI ASSALTADA? – Gritei, assim que Carly terminou a frase “Um cara me roubou.”. – OH MEU DEUS, A CRIMINALIDADE NESSE PAÍS, É LOUCURA! – Coloquei as mãos na cabeça e minha irmã começou a rir do meu desespero. Eu nunca havia sido assaltada, mas imaginava algo horrível.
– Calma, Sunny. – Fez sinal para que eu me acalmasse. – Eu estou bem, ele não levou nada! – Levantou os dois braços, mostrando que estava inteira. Estávamos sentadas em sua cama e ela estava me dando um resumo de seu dia.
– Logan me salvou – Sorriu, meio abobalhada, e eu lembrei da minha pequena decepção. Grande decepção, se considerarmos todos os planos para o futuro que eu tinha feito. Carly continuou sua história e por fim, me perguntou:
– E você, como foi seu dia com Eric?
– Eu não tenho chances – Fiz careta. – Mas sabe o que é engraçado? Eu não ligo. Eu quero ser amiga dele, não ligo se não tenho chances, se ele gosta de outra pessoa.
– Talvez você tenha confundido as coisas, antes. Tipo, talvez você quisesse se aproximar dele, mas não necessariamente para ser a mina do Eric. – Ri de como Carly falou e concordei.
– Você provavelmente está certa. Agora, eu preciso tomar um banho quente, colocar meu pijama e vinte meias. To com frio! – Falei, me abraçando.
– Depois que você se esquentar, vamos jogar Banco Imobiliário? – Sugeriu. Fiz careta. Eu nunca tinha paciência para jogar Banco Imobiliário até o final.
– Vamos assistir Bastardos Inglórios?


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Notas finais do capítulo

MIL TRETAS ATÉ CONSEGUIR POSTAR ESSE CAPÍTULO, MIL TRETAS. '-' haha mas enfim, deu certo ae ae



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